A palavra batismo vem do grego - baptismos - e significa imersão ou mergulho.
É uma ordem: Diferente de outras celebrações e rituais, o batismo nas águas foi uma ordenança de Jesus para todos os seus seguidores e foi cumprida e ensinada pelos seus discípulos - leia Mc 16.16; Mt 3.13-15; 28.19; Lc 3.21; Jo 1.13; 1Pe 2,21.
É um simbolismo: todo símbolo traz consigo um significado, a representação de algo. O símbolo é a representação concreta de alguma coisa abstrata. Em outras palavras, a função do símbolo é representar algo que não pode ser materializado: a bandeira é o símbolo da nação, ou seja, representa um povo e a sua cultura. A pomba branca é o símbolo da paz. Como podemos observar, o símbolo não é a coisa representada, mas apenas a sua representação: a bandeira não é a nação, e a pomba não é a paz. Para melhor explicar isso, o artista surrealista belga, René Magritte, desenhou um cachimbo e embaixo dele escreveu em belga as seguintes palavras: "Isto não é um cachimbo". O que ele estava tentando demonstrar com aquele trabalho é que a arte é a representação do real, e não a realidade. Assim também devemos entender a representação por trás do simbolismo do batismo nas águas cujo objetivo é tornar público o que aconteceu no interior da pessoa quando ela se rende a Cristo, isto é, morremos para o mundo e passamos a viver para Deus. No batismo isso é representado quando o pastor mergulha o batizando (imerge), simbolizando que ele morreu para as coisas mundanas, e depois o levanta (emerge) das águas, representando que ele nasceu de novo para viver guiado por Deus.
O QUE NÃO É O BATISMO NAS ÁGUAS
1. Não pode ser entendido como algo literal: Como já vimos, o batismo nas águas é um acontecimento simbólico que testemunha diante dos presentes a nova situação do batizando, representado pelo imergir e emergir a morte para o mundo e a nova vida em Cristo. Ou seja, o batismo nas águas é o testemunho simbólico de a pessoa batizada nasceu de novo, de modo que as coisas antigas já passaram (não conta mais), e agora tudo se fez novo (Deus contabiliza as ações do batizando à partir de sua decisão por Cristo) - leia 2 Co 5.17.
O apóstolo Pedro confirma isso, dizendo que o batismo nas águas é uma figura da salvação que recebemos em Cristo -1 Pe 3.20,21. Figura é alguma coisa que sempre para representar outra. O apóstolo Paulo, compara o batismo com um sepultamento - Rm 6.4. É claro que não fomos enterrados de verdade, logo, isso se trata de simbolismo.
2. Não é salvação: Embora Mc 16.15 diz “quem crer e for batizado será salvo”, a parte b do versículo afirma que “quem não crê será condenado”. Perceba que na segunda parte do versículo não diz “quem não crê e não for batizado será condenado”, mas apenas “quem não crer será condenado”. Isso porque o batismo por si só não pode salvar ninguém, assim como ninguém pode fumar o cachimbo desenhado por Magritte. No caso do desenho do artista é a representação de algo que existe, e o batismo nas águas também é a representação de um fenômeno que já aconteceu quando a pessoa se entregou a Cristo. O batismo só confirma o acontecido para testemunho diante dos que assistem ao ato, mas ninguém ‘nasce de novo’ só porque foi batizado. A salvação é garantida para quem nasceu de novo, isto é, para aqueles que experimentaram uma mudança de vida, conforme Jesus assinalou a Nicodemus em Jo 3.1-7.
Se o simples ato de ser batizado nas nas águas fosse condição para a salvação, o ladrão que estava ao lado da cruz de Cristo não poderia ser recebido no paraíso, visto que não teve tempo para se batizar. E o que dizer das pessoas que se decidem por Cristo no último minuto de vida? Elas não serão salvas? Segundo a Bíblia, a condição para alguém ser salvo é aceitar a salvação oferecida por Cristo, ou seja, receber a Jesus como o caminho que o leva a Deus - leia At 4.12; 16.30,31; Jo 1.12; Jo 10.28; Rm 10.9; Hb 7.21.
Por que então Mc 16.15a diz que “quem crê e for batizado será salvo”? Porque a fé precisa das obras para ser eficaz. É isso que Tiago diz - 2. 14-26, visto que, segundo o raciocínio dele, só conseguimos identificar o que uma pessoa acredita se ela demonstrar por suas atitudes. Não dá para dizer que alguém realmente mudou de vida se ele não demonstrar isso em suas ações diárias. O casamento civil é um exemplo bem claro sobre isso: ninguém toma a decisão de casar após ir ao civil formalizar a união. Na verdade, essa formalização acontece porque o casal tomou a decisão de viver juntos antes de formalizá-la. Então para que serve o casamento? Simplesmente para testemunhar aos convidados e a quem interessar sobre a decisão que ambos fizeram de assumir o outro para se amarem e viverem uma vida mútua. O casamento em si não pode fazer ninguém se amar nem se respeitar, tanto é que muita gente se divorcia, mas ele tem a função de testemunhar perante a sociedade o acordo de amor construído entre os nubentes. A aliança tem a mesma função simbólica: ela simboliza o compromisso entre duas pessoas e seu formato também representa a intenção de uma união sem fim. Mas usar uma aliança não garante isso, ela apenas retrata o que o contrato de fidelidade que há entre o casal. O batismo nas águas é a mesma coisa: é só a ‘materialização’ de um compromisso firmado entre o homem e Deus. O apóstolo Paulo coloca o ato batismal como prova de que fomos unidos a Cristo - Gl 3.25-28.
A rejeição em ser batizado limita o agir de Deus em nós, visto que é entendido pelos céus como uma negação ao mandamento divino - leia Lc 7. 29,30 - os que não se batizaram “rejeitaram o plano de Deus para suas vidas". Quando Pedro pregou o Evangelho e alguns gentios foram batizados com o Espírito Santo, ele entendeu que o ‘plano de Deus se cumpriu entre eles’, então ele entendeu que deveriam ser batizados nas águas. Aqui, aconteceu de maneira contrária, visto que eles não conheciam Jesus, mas, de qualquer modo, a resposta à aceitação de Cristo é, em seguida, testemunhar essa decisão por meio do batismo nas águas - At 10.44-48.
3. Não é a regeneração: Regeneração é o ato de nascer de novo, de ser gerado de novo. Jesus disse a NIcodemus - Jo 3.5 - que era necessário nascer ‘da água e do Espírito’. Ou seja, não se trata de um nascimento natural, mas sobrenatural. Logo, o simples ato de ser batizado não pode culminar em uma ação que ultrapassa a ação da água. Não há milagre no ato, mas ele é a representação plausível do milagre anteriormente ocorrido. Quem faz a pessoa ser transformada, nascer de novo, é somente o Espírito Santo, por meio da ação da Palavra de Deus - leia Jo 3.5,6; Tt 3.5; 1 Pe 1.3; 1.23.
4. Não é santificação: o ato de ser batizado não vai tornar ninguém santo. A santificação é um processo que ocorre com a ajuda do Espírito Santo a medida que vamos obedecendo a Cristo. O batismo não pode fazer em minutos o que levamos uma vida inteira para alcançar, inclusive, o apóstolo Paulo deixa bem claro que estamos sendo transformados à imagem de Cristo, de modo gradual - 2 Co3.18. A santidade é alcançada por esforço, não é algo mágico - leia Hb 12.14; temos que nos aperfeiçoar em santificação - 2 Co 7.1. temos que matar nossos desejos mundanos (carnais) para a natureza em Cristo ir se renovando - Cl 3.5-10. Percebe que é um processo?
Assim, concluímos que, embora o batismo nas águas, por si só, não salva, não regenera nem santifica ninguém, ele faz parte das ordenanças de Cristo e deve ser obedecido. Fica para nossa reflexão a seguinte pergunta de Jesus: "Por que vocês me chamam 'Senhor, Senhor' e não fazem o que eu digo?" - Lc 6.46. Pois é, não é o não batizar que nos condena, mas a desobediência a uma ordem expressa do Mestre, conforme ele mesmo diz: "Se alguém ouve as minhas palavras e não lhes obedece eu não os julgo; ... a própria palavras que proferi o condenará no último dia..." - Jo 12.47-50. Ou seja, quem crê, obedece, quem não obedece não crê e quem não crê será condenado, porque não obedece o que ele ordenou fazer. É duro de ouvir, mas é simples assim. O Evangelho é simples, claro e objetivo. Basta ler a Bíblia com atenção e com o coração aberto.
Vamos lá, faça parte dessa grande família cristã, confirmando sua decisão por Cristo, por meio do batismo nas águas. Agregue-se formalmente a esse gigantesco grupo de redimidos, espalhados por todo o globo terrestre. Vem! Você é muito bem-vindo a fazer parte desse corpo cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo.
Com amor,
Leila Castanha
21/05/2024
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