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sexta-feira, 28 de junho de 2024

DEUS USA AS CRIANÇAS COMO ELAS SÃO

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Além do Salmo 14.2 e Romanos 3. 23-26, que fala muito claramente sobre a realidade do pecado ter infectado toda a raça humana desde seu nascimento, ainda vemos na Bíblia histórias que nos fazem compreender que crianças também podem, não só ter influência de condutas más,  mas até mesmo serem possessas de espíritos malignos. Um dos exemplos acerca dessa verdade encontra-se em Mc 9.17-21.

Segundo Spurgeon, o problema por trás da ideia de que as crianças não suportam ouvir toda a verdade revelada na Bíblia é fundamentada na ignorância que muitos cristãos têm a respeito do quanto as crianças são capazes de entender o que lhe falamos , e, também é motivada pelo fato de acharem que as crianças são cem por cento puras, isto é, não têm pecado, de modo que não precisam das verdades do Evangelho, e, desse modo, expos--lhes as doutrinas cristãs em sua totalidade só vai confundi-las ou assustá-las

Precisamos entender que, apesar de ser criança, ser ingênua, pura,  ao nascer, ela já traz consigo a semente do pecado.

O escritor Dan Brewster, chamou a atenção de seus leitores para o fato de que  “Os bebês e as crianças não são só consumidores ou futuros adultos, ao contrário, eles foram concebidos para louvar a Deus e sua glória e receberam este mandamento. Essa afirmação foi fundamentada na reflexão do autor sobre a passagem do Salmo 8.2, que diz o seguinte"Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos firmaste o teu nome como fortaleza, por causa dos teus adversários, para silenciar o inimigo que busca vingança.(Brewster, 2015, p.39).

Tendo essa reflexão como premissa, as crianças e os adolescentes não devem ser relegados a segundo plano, mas eles precisam ser entendidos pelo que realmente são: pessoas reconhecidas por Deus como promotoras do perfeito louvor, e este louvor tem o poder de silenciar o Inimigo. Crianças não são pessoas sem valor, muito pelo contrário, elas sao armas poderosas nas mãos de Deus, e quanto mais novas estão livres dos preconceitos que alteram a visão dos adultos, mais cedo estarão abertas a aprenderem o temor do Senhor e se encherem da Sua glória.

Samuel era apenas uma criança quando o Senhor falou com ele. E, apesar de o menino não ter entendido nada do que estava acontecendo, achando que foi Eli quem o chamava, Deus via nele um potencial em suas mãos. A maioria dos pregadores costumam pontuar a inocência de Samuel em não entender quem lhe falava, porém se esquecem que o experiente profeta que o criava percebeu que era Deus quem chamava o menino na terceira vez que o garoto veio procurá-lo, achando que ele o chamara. É exatamente isso que Spurgeon aponta ao tentar nos convencer que tanto crianças como adultos podem não ter experiências com Deus ou não compreender o que Ele lhes diz pela Sua Palavra, porém, o Príncipe dos Pregadores evidencia que, nesse caso, só criticamos as crianças sob a desculpa de que não entendem nada, no entanto, o autor deixa claro que a não compreensão bíblica nada tem a ver com a idade, mas com o grau de compromisso com o Senhor e a revelação do Espírito Santo.

  O próprio Jesus mostrou o quanto valorizava as crianças, citando, provavelmente, esse salmo. Em Mt 21.16, após expulsar os comerciantes do templo, Jesus curou alguns coxos e cegos que se aproximaram dele e as crianças se puseram a gritar: “Hosana ao Filho de Davi!”. Isto deixou os sacerdotes do templo indignados pelo fato de Jesus estar dando vasão ao comportamento de simples crianças, e lhe perguntaram: “Você não está vendo o que estas crianças estão dizendo?”  E a resposta de Jesus foi a seguinte: “Sim. Vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças  e dos recém-nascidos suscitastes louvor?’ - (Mt 21.16). Em seguida, se retirou deles, sem falar mais nada.

Não houve adultos engrandecendo o Mestre naquele momento, apenas crianças. Jesus não ralhou com elas nem tampouco concordou com a crítica dos sacerdotes, nem fez observações sobre serem novas demais para falar de coisas sérias, mas aprovou o comportamento delas, salientando o que a Palavra de Deus dizia sobre os pequeninos, isto é, o louvor perfeito provém da boca deles, então deveriam louvá-lo, ao invés de serem silenciadas.

Dan Brewster, comentando sobre a passagem de Jo 3.3, na qual Jesus afirmou que “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não se fizer como uma criança”, argumenta que, embora esse texto seja bem conhecido e citado com frequência, nós não temos sido capazes de compreender o conceito de ser criança, bem como do que é a infância. Com essa afirmação de Jesus, Brewster procura mostrar que no texto supracitado não há menosprezo de Jesus pelas crianças, antes, Ele ordena que os adultos se tornem tais como elas, isto é, que comecem sua vida tudo de novo, afirmação essa contrária a  menosprezar os pequenos.

A criança está aberta a receber o ensinamento

Nesse ponto, Spurgeon acrescenta que as crianças, além de necessitar do conhecimento do Evangelho, precisa recebê-lo sem rodeios, nem minimizados, mas de modo integral, de modo que devemos lhes transmitir as verdades bíblicas de  modo simples, mas sem negar-lhes essa ou aquela doutrina, sob o pretexto de não serem adequadas para elas.

 O Charles Spurgeon, critica alguns professores de Escola Dominical que evitam falar às crianças sobre alguns textos bíblicos ou doutrinas, achando que não estão preparadas para ouvi-las, ao que conclui dizendo que não há qualquer doutrina da Bíblia que a criança não seja capaz de compreender, visto que “tudo o que Deus revelou deve ser pregado”, até para os pequeninos.

Entender a criança como o futuro da Igreja é condená-la a viver mais tempo em pecado e sem o conhecimento de Deus e da salvação de suas almas. A Bíblia ensina a ensinar a criança desde a infância, e não esperar que ela cresça para lhe comunicar as verdades divinas (Pv. 22.6) 

As crianças estão em nosso templo hoje, para serem evangelizadas hoje, serem transformadas por Cristo hoje e serem uma bênção para o Reino de Deus hoje. Deus não esperou Samuel crescer para entender mais a seu respeito, ele falou com o menino, embora o pequeno ficasse confuso sobre quem lhe falava, o Senhor insistiu em lhe falar até que, na prática, e sob orientação do experiente sacerdote Eli, Samuel aprendeu a reconhecer a voz divina e foi grandemente usado nas mãos do Todo-Poderoso. Sem deixar de  pontuar que a primeira mensagem que Deus entregou a Samuel para ele repassar a Eli foi ‘água com açúcar’, mas um recado tão pesado sobre um assunto tão delicado que Samuel ficou sem saber o que fazer com aquela revelação,  se compartilhava ou não com o idoso Eli - 1 Sm 3.15.

Deus não menospreza a capacidade intelectual e social de uma criança, então quem somos para achar que elas não podem ser vasos de bênção na casa de Deus?

 Observação: Clique aqui para saber mais sobre a capacidade da criança de entender a Palavra de Deus

Para saber sobre a criança e sua condição de pecador, clique aqui.


Com amor,

Leila Castanha

06/2024

 

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA - NVI

BREWSTER, Dan. A criança, a igreja e a missão. Viçosa, MG: Ultimato, 2015

SPURGEON, Charles. Pescadores de crianças: orientação prática para falar de Jesus às crianças. São Paulo: Shedd Publicações, 2004

      

 

     

 

segunda-feira, 3 de junho de 2024

A CRIANÇA E O SEU VALOR PARA O REINO DE DEUS


 TEXTO BÍBLICO: Mt 18.1-7

"A criança é o presente da Igreja e a garantia do nosso futuro”, esse é o lema da EBD kids da Assembleia de Deus Viva em Cristo. Esse lema ao ser formulado foi pensado de duas formas: em sua primeira parte, diz respeito à Igreja Universal, à noiva de Cristo, para quem a criança é um presente de Deus  e também se faz presente em sua história, visto que Deus sempre usou e ainda usa as crianças para os seus propósitos. A segunda parte, fala a respeito da Igreja Universal, bem como também da local, pois o próprio Jesus disse que o Reino dos Céus pertencem a elas, e a igreja local não subsiste sem haver crianças em seu meio, pois elas são os futuros obreiros, quando os adultos já não estiverem nessa vida e os jovens se tornarem idosos. Quem nos representará quando chegar essa realidade? A resposta é apenas uma: as crianças. Por isso é importante as educarmos no temor do Senhor e ensinamos a elas, com palavras, exemplos e atos, a servirem a Deus e a sua Igreja.

Brewster, autor de "A criança, a igreja e a missão", chama a nossa atenção para o fato de que todo grande movimento da história investiu nas crianças: o nazismo e o comunismo “treinaram legiões de crianças” para continuar suas ideologias políticas. O Talibã - uma organização fundamentalista do Afeganistão - treina crianças para defenderem suas causas. Na Bíblia, observamos governos como o de Nabucodonosor, que recrutou adolescentes, como Daniel e seus amigos, para treiná-los. Dan Brewster adverte que os evangélicos, nos últimos tempos, parece que se descuidaram dessa missão para com as crianças. 

A Igreja de Cristo nunca vai acabar: A primeira coisa que precisamos entender quando se fala em Igreja, a noiva de Cristo, é que  Jesus já garantiu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Logo ela é indestrutível. No entanto, quando nos reportamos à igreja, como uma congregação local, o sucesso dela vai depender do grau de obediência de seus líderes às instruções do Mestre - Jo 15.5-7

 “Será que já existiu um reino sem crianças?” Essa foi a pergunta do pregador Batista inglês, do século 19, Charles Spurgeon, denominado O Príncipe dos Pregadores, devido a sua eloquência na pregação da Palavra de Deus. João Batista, que veio para anunciar a Cristo, pregava a seguinte mensagem: “Arrependei-vos, pois é chegado o Reino dos Céus”. João pregava o Evangelho do Reino. Portanto, se o Evangelho é a boa notícia do Reino (de Deus), e, uma vez que todo e qualquer reino é composto de adultos e de crianças, segundo o pensamento de Spurgeon, não é possível que no Reino divino não haja a presença delas.

 Spurgeon também pontuou que, além de ser necessário haver crianças em qualquer reino, Jesus afirmou que O REINO DO CÉU PERTENCE A ELAS. Os pequeninos não são apenas participantes desse reino, mas são as peças principais nele. Cristo também declarou que "quem não se fizer como uma criança, de maneira nenhuma entrará no Reino dos céus". Logo, as crianças são o exemplo didático-pedagógico que Jesus deixou para quem quer pertencer ao seu governo  na Terra. No entanto, esquecemo-nos dessa verdade, e, ao invés de acolhermos os pequeninos, os expulsamos de nossos templos e lhes fechamos as portas.

As crianças sempre foram alvos do Inimigo: Na época da publicação do livro de Dan Brewster (2015), ele afirmou que havia,  segundo estimativas,  cerca de um  milhão de crianças por ano que ingressavam para o comércio do sexo. Por outro lado, eu tive a tristeza de testemunhar, há algum tempo atrás, bem próximo a minha casa, em uma escola estadual na qual trabalhei como professora, crianças de 11 e 12 anos, vendidas pela mãe, em troca de uns trocados,  para servirem homens bem maduros de idade. Havia crianças, inclusive, que, ficaram grávidas desses elementos. Se formos pesquisar as diversas violências pelas quais as crianças hodiernas (do nosso tempo) são expostas, veremos que vai de violência doméstica até torturas físicas e psicológicas. 

Brewster afirma que os últimos anos houve um aumento significativo de crianças com transtornos mentais. De acordo com Hugo Monteiro Ferreira, em seu livro "A geração do quarto", uma garota confessou que se cortava, juntamente com outros adolescentes, e depois se reuniam para ver o que mais fariam contra si mesmos. O autor também revela que colheu informações de pais e colegas de adolescentes que se mataram ou que programavam se matar. É "a geração incomodada consigo mesma, com o que dizem sobre ela, com o que ela vê no espelho, que lhe mostra o que não quer ver" - afirma Ferreira. 

 No Antigo Testamente, o diabo já investia contra as crianças: A ordem de Faraó para os  bebês hebreus, no tempo de Moisés; a matança das crianças, ordenada pelo rei Herodes,  no tempo de Jesus; as milhares de crianças sacrificadas a Moloque na época do Antigo Testamento, em diversas culturas do mundo, além de outras atrocidades cometidas contra os pequeninos, conforme observamos nos textos de Jó 24.9; Jl 3.3; Jr 7. 30,31;  32. 35


COMO DEUS VÊ A CRIANÇA

Mt 18.1- 6 - Jesus usa a humildade de uma criança para nos ensinar a ser seus discípulos. Por meio delas ele ensinou:

1) Jesus ensinou aos seus discípulos a serem humildes: V. 4 - a fé de uma criança é simples, não precisa de nada complexo. Jesus quer que tenhamos essa fé. No sermão do monte - Mt 5.5 - Jesus louva a humildade, ao dizer: “Bem-aventurado os humildes, pois deles é o Reino dos céus”; Filipenses 2:5-7 , o apóstolo Paulo nos mostra Cristo como exemplo de humildade, visto que ele se humilhou deixando sua majestade e assumindo a forma de homem. O livro de Marcos mostra Jesus como o Servo Sofredor. Se fosse um adulto que estivesse sendo escorraçado pelos discípulos de Jesus, muito provavelmente, voltariam para casa e,  nunca mais iriam procurar o Mestre, porque, de fato,  somos bastante geniosos. Mas a criança só se importa com o que lhe interessa: elas queriam que Jesus as tocasse, e para elas, os discípulos eram meros obstáculos. 

2) Jesus ensinou aos seus discípulos a não desprezar ninguém:  "Quem recebe as crianças, em meu nome,  me recebe" - v.5. O contrário dessa afirmação seria: "Quem não recebe as crianças, em  meu nome, não me recebe" -  percebe que gravidade há nessa afirmação do Mestre?

Temos o hábito de recebermos calorosamente os adultos em nossas reuniões e menosprezarmos as crianças. Cumprimentamos os pais com um aperto de mão, e nem sequer falamos com os pequeninos que estão ao lado deles, como se fossem invisíveis. Embora pareça que as crianças não se importam com essas atitudes, a verdade é bem outra. Eu mesma, em minha infância e adolescência, quando acompanhava meu pai em visitas às igrejas, ficava muito decepcionada ao ver a recepção calorosa que os irmãos faziam aos adultos, e, ao se reportaram a mim, nem mesmo diziam o meu nome, eu era apresentada como "a Filha do irmão Laerço". Anos mais tarde, tive a mesma experiência com o meu filho, que, na época, era um adolescente. Ao voltarmos para casa, após o término do culto em uma congregação que fomos visitar, ele criticou o fato de ser invisível para o pastor, que citou o nome dos adultos e os recebeu com alegria, enquanto mal notou a presença dele e da prima que estavam conosco naquela mesma visita. Isso é muito triste! Das crianças é o Reino de Deus, disse Jesus. Todavia, em nossas igrejas tudo é voltado para atender as necessidades do público adulto. Que inversão de valores! 

Em Mc 10.13-16, o autor desse Evangelho conta que Jesus se indignou com a atitude dos seus discípulos contra aquelas crianças. Ele se enfureceu mesmo, isto é, Jesus ficou bravo com eles. Então, ele parou tudo: chamou uma criança - movimento contrário aos dos discípulos -  a colocou em seu colo (acolhimento), e, por fim, atendeu ao seu pedido:  pôs as mãos sobre cada uma delas e as abençoou. Jesus mostrou aos adultos que as crianças eram as estrelas principais no seu Reino. Observe, ele fez exatamente o que elas queriam, mostrando o seu valor para Deus.

3) Ele as abençoou, ao invés de enxotá-las: as palavras que falamos pode abençoar ou amaldiçoar uma vida - Provérbios 18:20,21. Os discípulos de Jesus agiram errado, visto que tudo o que falarmos  deve contribuir para edificação de quem ouve, conforme indica Provérbios 10:11  e  Pv 12. 18; Pv 12. 18.

 4) O nome de Deus é firmado por meio das crianças: Sl 8.2 Sl 8.2 - Enquanto queremos adorar a Deus, livres das crianças, a Bíblia revela que é por meio delas que Deus cala o adversário. Lembramos, como exemplo disso, a ousadia de Davi, a quem o valente Golias, pejorativamente, o chama de "menino", para diminuir o seu valor naquela batalha, visto que ele era um simples pastor de campo, enquanto o gigante era um experiente guerreiro filisteu. 

Pregar o Evangelho a toda a criatura: Essa ordem de Jesus também inclui as crianças. Uma das coisas que Spurgeon frisa em seu livro “pescadores de crianças” é que não podemos ter a ideia judaica de que "o nascimento traz consigo a privilégios da aliança”. João Batista, protestou contra esse pensamento ao dizer que, se Deus quisesse, ele poderia fazer nascer  filhos a Abraão até mesmo daquelas pedras. Em seguida, ele exortou ao povo dizendo que os israelitas precisavam se arrepender dos seus pecados para poderem fazer parte do Reino de Deus. Da mesma forma são as nossas crianças, que, mesmo sendo filhos de cristãos,  nascidos no Evangelho, precisam também confessar a Cristo, por meio do arrependimento de seus pecados, tomando a decisão de servi-lo.

Outra coisa muito importante é a observação de Spurgeon ao dizer que pregar a uma criança, não significa que estamos semeando em solo virgem, pois todos já nascemos contaminados pelo pecado. Mas, o coração infantil, é um solo que está mais fértil agora do que estará anos mais tarde, quando for adulto. O que O Príncipe dos Pregadores está dizendo, é que quanto mais ervas daninhas forem semeadas no coração de uma pessoa, mais propensão terá de sufocar a semente do Evangelho.

Criança também peca: No N.T., vemos o apóstolo Paulo dizer a Timóteo que, apesar de jovem, ele conhecia as Sagradas Letras desde a sua infância - 2 Tm 3.15a. Spurgeon observa que o fato de uma pessoa conhecer a Bíblia já é muita coisa, mas ouvir alguém dizer: “desde criança você conhece”,  é outra coisa. A mãe de Timóteo, Eunice e sua vó, Lóide, o educaram muito bem. Assim também vemos exemplos como esse no A.T., como, por exemplo, a criança Samuel, que foi educada pelo sacerdote Eli e se tornou um homem temente a Deus. Todavia, na mesma casa, havia os filhos de Eli, Ofni e Fineias, que, assim como Samuel, acompanhou o seu pai trabalhando para Deus, no entanto, eram jovens sem respeito e sem temor ao Senhor.  Da mesma maneira, vemos um pedindo ajuda para Jesus porque seu filho era atormentado por espíritos imundos - Mc 9.21-27. Dessa feita fica evidente que, assim como Deus pode usar uma criança, elas podem ser usadas pelo nosso Inimigo também. Um outro escritor disse que, quando ganhamos um adulto para Jesus ganhamos apenas metade de uma vida, pois a outra metade o mundo já levou. Mas quando ganhamos uma criança para Jesus, ganhamos uma vida inteira.

DEUS OUVE AS CRIANÇAS: Gn 21. 1-20

Deus ouviu o choro da criança: A pergunta do anjo “o que tens, Agar?”, embora direcionada a ela, o que o anjo de fato perguntava, de acordo com Brewster,  era: “porque a criança está chorando?”  

Dan Brewster chama a nossa atenção para essa afirmação do anjo: “o q aconteceu, Agar?” - ou seja,  “porque o menino tá chorando?”. Ele afirma que essa é a pergunta de Deus para a sua Igreja: “Porque as crianças estão chorando?”

Por outro lado, com essa pergunta, Agar é obrigada confessar sua situação de vulnerabilidade: ela abandonou o filho porque não tinha como ajudá-lo. E essa é a situação de muitas mães e pais, que largam de mão os filhos quando não sabem o que fazer com eles. Porém, nossos pequeninos são responsabilidade nossa, dos pais, em primeiro lugar, e também da Igreja, que tem como ordem socorrer os fracos, órfãos e necessitados - Is 1.17 - e, até mesmo a lei dos homens, entende como abandono de incapaz a falta de proteção dos tutores às crianças que estão sob a sua responsabilidade. Deus não apoia covardes, como veremos mais adiante, e isso ele deixou claro pelas Escrituras, o Senhor quer  para si um povo destemido, que não desiste em meio à dificuldade, visto que temos a Ele, o Deus do Impossível. 

Levanta o menino: Agar estava desesperançada e, provavelmente, fraca devido ao efeito do sol causticante do deserto. Mas o anjo, apesar de vir em socorro do menino, se direciona a ela para lhe dar instruções, e, assim, ordena à mãe para levantar o menino. 

Somos nós, os adultos, que devemos levantar as crianças, e, em especial, nós, a Igreja de Jesus. Levantamos as crianças com palavras de afirmação, com atitudes de acolhimento, suprindo-lhes as necessidades físicas. Há muitas crianças pelo mundo todo chorando, assim também como há crianças em redor de nós que também choram: de fome, frio, medo, por causas das diversas formas de violência contra elas: violência doméstica, sexual, psicológica, contra os direitos humanos, etc. E a Igreja deverá ser agência de misericórdia para socorrer essas crianças, aliás, Jesus disse que "quem fizer tropeçar a um desses pequeninos que creem em mim, melhor seria colocar uma pedra no pescoço e se lançar no mar" - Mt 18.6. Imagina o tamanho do castigo para quem decepcionar uma criancinha que crê em Cristo? E quantas delas têm pavor de igreja porque foram escandalizados pelas atitudes dos cristãos!

Deus não trabalha com covardes: Trabalhar no ministério infantil, principalmente visando o cuidado integral com a criança (espiritual, psicológico e fisico), não é bem difícil e exige coragem. Todavia, para fazermos qualquer coisa para Jesus precisamos ser corajosos. Leia o que diz 2 Tm 1.7,82 Tm 1; Jz 7. 1-3Jz 7. 1-3; Ap 21.8Ap 21.8.  Em nossos dias, poucos valorizam a honra e o poder do sacrifício. Fazemos qualquer coisa, desde que não nos tire do nosso lugar de conforto. Deus não usa ninguém em sua rede de conforto. A primeira coisa que ele faz, é levar a pessoa a se posicionar, a demonstrar disposição para agir. Em   Ezequiel 2, vemos Deus convocar o profeta, iniciando sua conversa com a ordem: "Põe-te em pé e falarei contigo".  Veja também At 26.16At 26.16; Gn 31.13; Gn 35.1, etc.

 DEUS OUVIU O CHORO DO MENINO - v. 17 - Agar também estava chorando, mas o anjo revelou à Agar que Deus ouviu a voz do menino. Apesar de Deus ouvir a voz da criança (dar ouvido), quando ele decidiu socorrê-lo, o anjo foi falar com a mãe e não com a criança: “Qual é o problema? Não tenha medo, ele disse -  Deus ouviu o menino chorar, lá de onde você o deixou”. (Gn 21.17).

O anjo de Deus fala com a mãe e a instrui

1) Não tenha medo - v.17: É papel da igreja apoiar e incentivar os que cuidam das crianças. Mães solteiras, mães que vivem em um relacionamento abusivo e tentam proteger seus filhos; obreiros do ministério infantil, etc. As palavras positivas e as ações de apoio são importantes para quem luta pelas crianças. Elas mesmas, muitas vezes, se tornam violentas como meio de se defenderem dos adultos. Precisamos de incentivo por meio de palavras e de ações: envolvimento direto ou indireto. O anjo estava ali para resolver o problema.

Levante o menino - v.18: A criança não tem autonomia, ela precisa do amparo de um adulto. Apoio físico, moral e  espiritual. Muitas crianças são desvalorizadas e até sofrem bullying dentro da própria família. Algumas delas são filhos de pais separados que possuem outra família, e seus irmãos são paparicados, enquanto eles são desprezados. A Igreja precisa levantar essas crianças, e mostrar-lhes que Deus escuta o choro delas e nós somos seus enviados  para levantá-las, espiritual, psicológica e moralmente. -Mt 18.10

Pior é que, ao invés de acolher, a Igreja também tem rejeitado e menosprezado os pequeninos, vendo-os como problema, atrapalho. LEVANTA A CRIANÇA é a ordem de Deus, ao invés de compartilhar com os maus tratos que elas já sofrem.


2º) Tome-o pela mão - v.18: É nosso papel auxiliar os pais a orientarem, conduzirem às crianças no caminho certo - Pv 22.6.   A criança não irá aprender a amar a Deus e a igreja só pelo ensinamento dos pais, mas o exemplo dos cristãos de sua comunidade de fé, bem como sua participação nos trabalhos da igreja e a segurança da comunhão dos santos farão toda a diferença para uma vida firmada no amor de Cristo. Um  certo pastor, que não tinha paciência com a única criança que tinha na igreja, depois de aprender sobre o que Jesus pensa e disse sobre a importância das crianças em seu Reino, passou a chamar o garoto para se sentar ao lado dele no púlpito, e, ao invés de ralhar com ele, passou a defendê-lo, explicando à congregação que é necessário entender que criança não age como adultos. Essa criança passou a amar esse pastor de tal forma que, de repente, ele decidiu que quando crescesse também seria pastor. Esse ministro, com sua atitude de amor e paciência para com esse garoto, conseguiu orientá-lo no caminho que deveria andar, ao invés de jogá-la para fora da igreja, como fazia antes, demonstrando desprazer com a presença do pequeno inquieto.

3º) Deus lhe abriu os olhos e ela viu uma fonte: A Bíblia não diz que Deus fez nascer uma fonte perto da mulher, ela narra que Deus abriu os olhos dela para ver o que já estava lá: a tão desejada fonte. Apesar do anjo estar lá, mostrando a água, Agar teve de ir encher  a vasilha e dar água ao filho moribundo- v.19. Nosso medo do futuro - que não conhecemos - bem como nossa falta de fé em Deus, nos faz ver com detalhes o gigante deserto, e nos cega para achar o oásis, mesmo que estejamos a alguns passos dele. No entanto, apesar de Deus nos mostrar os recursos, nós temos de nos posicionarmos e agirmos em socorro das crianças que esperamos por socorro. Deus ouve o choro dos pequeninos, envia seus agentes para salvá-las (hoje, seus agentes somos nós, a Igreja), nos mostra os recurso e nós temos que ir atrás delas com o auxílio necessário.

 A igreja é o único plano de Deus para a libertação dos povos: Nós somos os representantes legais de Deus na Terra, somos os seus embaixadores, somos a sua boca, as suas mãos e os seus pés. Is 1.10-18.

Que Deus nos dê amor e sabedoria para salvarmos as crianças de hoje, a fim de salvarmos a geração futura.


No amor de Cristo,

Leila Castanha

26/05/2024

 

domingo, 12 de maio de 2024

DEUS PODE SER CONHECIDO?

 

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TEXTO BÍBLICO: Os 6.3

Ao deus desconhecido - At 17. 18-23

Muitas pessoas, nos dias atuais, assim como os atenienses da época do apóstolo Paulo, adoram a Deus sem ao menos o conhecer. Algumas delas, assim como o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), embora não descreiam da existência de Deus, negam a possibilidade de alguém poder conhecê-lo, visto que Deus faz parte de uma dimensão diferente da humana. Para Kant, por exemplo, só podemos conhecer o que somos capazes de ver, ouvir ou experimentar.

Deus é incompreensível -  A impossibilidade de se compreender Deus era defendida pelos teólogos medievais, os quais costumavam citar a seguinte frase: “O finito não pode conter o infinito”.

O teólogo reformado contemporâneo, Sproul, dizia que “nada é mais óbvio que isso - um objeto infinito não pode ser comprimido dentro de um espaço finito”. Com essa afirmação, Sproul corrobora para a ideia de que é impossível compreender Deus, pois ele é um ser superior. No entanto, para conhecermos algo ou alguém não é necessário compreendermos tudo a seu respeito. Nós, seres humanos, por exemplo, não somos de todo compreendido, como é o caso do nosso DNA, que, sendo complexo, não é compreendido pela ciência, mas isso não exclui a possibilidade de sermos entendidos em outras dimensões do nosso ser.

Deus pode e quer ser conhecido: Os 6.3

Oseias alerta o povo de Israel a conhecer e continuar procurando conhecer o Senhor. Por outro lado, ele demonstra que Deus também quer se apresentar a nós, de modo que ele faz uma demonstração desse encontro entre quem procura a Deus e o desejo de Deus em encontrar-se com essa pessoa: “Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno e como as chuvas de primavera que regam a terra” - versão NVI

Deus é tão incompreensível à mente humana que, quando Moisés perguntou qual o nome pelo qual ele deveria apresentá-lo a Faraó, não havia um sequer que fosse capaz de identificá-lo, de modo que o Senhor disse-lhe: “Diga que eu Sou o que Sou” - Ex 3.14.

Apesar de não sermos capazes de compreender Deus, ele quer se manifestar a fim de seu povo o conheça. Leia - Dt 4. 29; 2 Cr 15. 2; 7.14

Deus é compreensível até onde ele se revelou: Jr 9. 23, 24

Em Jó 11.7, Zofar pergunta a Jó se ele é capaz de compreender os mistérios de Deus, e ele mesmo nega essa possibilidade ao apontar que os pensamentos divinos são complexos. Por outro lado, Deus diz em Jeremias (texto acima), que se alguém se gloriar, glorie-se em compreendê-lo e conhecê-lo. Claro que essa compreensão não é total, mas superficial, visto que em Is 40. 18, 25, o próprio Deus diz que não há nada que possa ser comparado a ele, ou seja, não há como compreendermos algo ou alguém que não temos uma dimensão a qual possamos comparar. O “compreender” aqui, diz respeito ao que foi revelado sobre ele, inclusive, o fato de não podermos mensurar seus pensamentos. Tal ideia faz sentido, visto que em Dt 29.29, o texto bíblico afirma que as coisas encobertas pertencem a Deus e as reveladas, a nós e a nossos filhos.

A mente de Deus é elevada demais para nós o compreendermos - Is 55. 8,9 demonstra quão distante são os pensamentos e os caminhos de Deus dos nossos. O apóstolo Paulo, ao falar sobre a mente de Deus, pergunta “Quem, pois conheceu a mente do Senhor?”, e, em seguida, ele tenta descrevê-la como “profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência”. Quanto aos juízos divinos, Paulo diz que são insondáveis (inexplicáveis), e em relação aos caminhos de Deus, o apóstolo aos gentios chama-os de inescrutáveis (incompreensíveis) - Rm 11. 33, 34

Há níveis de conhecimento de Deus: Embora ninguém possa compreender Deus em sua plenitude, nem o conhecer além do que ele se revelou, há gente que o conhece mais do que outros.

Conta-se a história de uma criança que queria muito conhecer o mar, e de tanto insistir sua mãe a levou para ver o oceano. A garotinha chegou na recepção do hotel encantada, dizendo que conhecia o mar. Um velho marinheiro vendo a empolgação da criança, aproximou-se dela e disse: “Eu também conheço o mar!”. Apesar de ambos conhecerem o vasto oceano, é óbvio que o conhecimento da menina era muito superficial em relação ao do velho marinheiro, pois ele teve experiências no oceano, enquanto a garotinha apenas observou de longe.

Assim também é a diferença entre quem tem experiências com Deus e quem apenas ouviu falar dele ou observou as experiências alheias. Dentro daquilo que Deus se revela nós podemos conhecê-lo, e, embora nossa compreensão dele seja baseada em exemplos humanos, para ele é importante que o compreendamos, mesmo que tão superficialmente, pois isso nos dará uma dimensão melhor para conhecê-lo. Compreendê-lo como um pai amoroso, uma mãe abnegada, um amigo fiel, um advogado justo, enfim, são dimensões humanas, logo não dá conta de compreender Deus como de fato ele é, mas isso nos ajudar a ter um parâmetro para conhecê-lo de modo que nossa mente alcance.

João tentou descrever Deus no Apocalipse, e nos parece bem estranhas as suas características. Assim também, um Deus que é fogo consumidor não é tão fácil de relacionarmos com o Deus Amor, ambos apresentados pela Bíblia. Ou seja, nós não conseguimos compreender Deus, apenas temos uma ideia com base naquilo que ele apresentou sobre si mesmo na história e nas páginas da Bíblia.

Jó estava frustrado por não compreender a mente de Deus:

O maior problema de Jó, não era o que ele estava passando, mas por que  ele não entendia o motivo de seus sofrimentos. Por mais que ele procurasse uma causa justa, ele não achava, então se frustrava.

Até que, ele desejou ter uma audiência com Deus para argumentar com ele, pois tinha certeza de que Deus não teria justificativas para deixá-lo sofrer sem motivo - Jó 23. 3, 4

Deus concedeu a audiência que Jó desejava (Jó 38.1-3) e começou lhe perguntando: “Quem é esse que obscurece o conselho com palavras sem entendimento?” Em outras palavras, Deus perguntou a Jó: “Quem é você que fala do que não entende?”

Depois de ouvir Deus lhe perguntar coisas que ele não fazia ideia de como respondê-las, Jó assumiu que não entendia nada da mente de Deus, e agora assumiu a posição correta, ele diz: “Eu te perguntarei e tu me ensinarás”. Em seguida, revela que agora ele  conhecia Deus de verdade, e antes só o conhecia de ouvir falar, e termina suas palavras dizendo que se menospreza e se arrepende por sua ousadia de tentar argumentar com a sabedoria divina  - Jó 42. 1-6

Jó entendeu que conhecer Deus pressupunha entender que não somos capazes de compreender sua mente, mas, ainda assim, podemos confiar nele inteiramente.

Aprendamos com Jó para não vivermos frustrados: ao invés de perdermos tempo tentando entender a mente de Deus, encurvemo-nos diante de sua sabedoria e confiemos nele de olhos fechados. 

 

No amor de Cristo,

Leila  Castanha 

05/05/2024

 

BIBLIOGRAFIA

LIMA, Leandro. As grandes doutrinas da graça - a Bíblia e o ser de Deus. São Paulo: Agathos, 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2024

A BÍBLIA - ARMA CONTRA OS FALSOS ENSINOS




TEXTO BÍBLICO: Sl 1.1-6

Apesar de inúmeros ensinamentos que encontramos na Bíblia para nos proteger contra os falsos ensinos, de nada nos valeria sua eficiência e conselhos se nos esquecêssemos deles. Embora muitos cristãos têm crescido frequentando escolas bíblicas, com o passar do tempo de cristianismo, é comum que o primeiro amor se esfrie e a primeira coisa que fazemos quando isso acontece é desprezarmos a leitura da Bíblia. Às vezes, nos conformamos em ouvir alguém pregar e citá-la e, outras vezes, sequer temos desejo de ouvir falarem sobre ela. E, assim, as verdades espirituais que nos sustentam em Deus vão ficando tão apagadas em nossa vida que, com o passar do tempo, mal conseguimos nos lembrar o que está ou não está escrito.

Por isso, refletiremos sobre um método eficaz para não cairmos nos falsos ensinos: embora compreendamos que a leitura e/ou a audição da Bíblia - há pessoas que não conseguem ler - seja o meio eficaz para não cairmos em falsos ensinos, é a constante meditação nela que nos previne de nos desviar das leis de Deus, seja por desconhecimento ou por esquecimento do que está escrito. Deus fala a Josué  para ter cuidado de cumprir toda a lei que ele dera a Moisés, e para não se esquecer de seus preceitos, ele deveria meditar neles de dia e de noite - Js 1:8.

A IMPORTÂNCIA DAS REPETIÇÕES PARA SE GUARDAR O QUE ESTÁ ESCRITO

Há cristãos que vivem correndo atrás de novidades e desprezam as antigas crenças porque acham tudo muito repetitivo. No entanto, as repetições são importantes porque servem de reforço para nos ajudar a relembrar os nossos conceitos cristãos.

Como seres humanos que somos, é muito comum nos esquecermos das coisas que não ouvimos em nosso cotidiano. Por esta razão, a Bíblia privilegia as repetições das mensagens do Evangelho de Cristo, e desde o Antigo Testamento o Senhor advertiu aos pais que falassem e insistissem em falar aos seus filhos sobre Ele, em todos os momentos de sua vida (ao deitar-se, sentar-se, levantar-se etc.)

Repetição é a chave para não  nos esquecermos da Palavra de Deus e foi o método aplicado pelo próprio Jesus e seus discípulos, conforme observaremos abaixo:

O apóstolo Paulo escreveu aos filipenses (3:1dizendo-lhes que não se aborrecia de escrever-lhes as mesmas coisas, porque isso era segurança para eles, isto é, as repetições serviriam para firmá-los ainda mais na verdade do Evangelho que Paulos havia lhes pregado.

No Antigo Testamento, que era o antigo pacto de Deus com Israel, encontramos um livro cheio de repetições das leis, denominado Deuteronômio, cujo significado é “Segunda Lei”. Não se tratava de novas leis, mas, a maioria delas eram repetições da primeira que fora dada à primeira geração que saiu do Egito.

O livro de Deuteronômio foi escrito para a nova geração de hebreus que estava quase entrando na Canaã prometida. A cada sete anos todos os hebreus deveriam se juntar para ouvir a leitura desse livro - Dt 31. 10-12.   

Certamente, o apóstolo Paulo, tendo sido aluno de um dos maiores mestres de sua época, chamado Gamaliel  - At 22. 3; 5: 34 - aprendeu essa didática da repetição. Além disso, como ele mesmo afirmava, era  um imitador de Cristo - 1Co 11. 1 - cuja metodologia também era pautada nas repetições. Sendo discípulo de dois grandes mestres - Gamaliel e do mestre dos mestres, Jesus -  o apóstolo aos gentios sabia bem a importância das repetições em seus ensinos. Veja o que ele disse aos irmãos filipenses (da cidade de Filipos) e aos tessalonicenses (da cidade de Tessalônica): “Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas...” (Fp 3. 1) e “Muitos há, dos que, muitas vezes vos disse , e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” Fp 3: 18Observe: Paulo já havia dito isso muitas vezes, e disse-lhes que estava dizendo de novo

Em sua primeira carta aos irmãos de Tessalônica (os tessalonicenses), ele disse: “Vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor”, e, em seguida, ele repete cada um dos mandamentos que havia lhes ensinado (1 Ts 4. 2, 3). Quando escreve sua segunda carta a essa mesma igreja, o apóstolo Paulo novamente usa a didática da repetição para relembrar os irmãos do que lhes havia instruído em tempos anteriores: “... Não vos lembrais de que vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco?” - 2 Ts 2. 5 - e, assim, Paulo repete tudo o que já havia ensinado.

Pedro também aplicou esse método de ensino, como observamos abaixo: “Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais... Mas também eu procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas.” (2 Pe 1.12-15)  Observe que Pedro repetia as mesmas coisas com medo de, após morrer, os irmãos se esquecessem do que lhes ensinara. 

João, por sua vez, também escreveu o seguinte: “Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio ouvistes.” - 2 Jo 2: 7. O livro de 2 S. João é cheio de repetições de sua primeira carta. Novamente na segunda epístola (carta), o apóstolo João faz sua pregação repetindo os fundamentos da fé:  “Porque esta é a mensagem que desde o princípio ouvistes: Que vos ameis uns aos outros.” - 2 Jo 3: 11.

A ADVERTÊNCIA DE JESUS AOS SEUS DISCÍPULOS (ALUNOS):

“E chegando-se Jesus falou-lhes dizendo: ...Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações (...). Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado (...) -  Mt 28: 18-20

Observe: O papel dos discípulos não era apenas de pregar o Evangelho, mas de ensinar os novos discípulos a guardar tudo o que Jesus mandou. E para tanto, o método mais eficiente para isso era e ainda é as repetições.

E isso não é tática apenas dos cristãos, mas em instituições de ensino é comum o uso das repetições para que os educandos possa guardar o que lhes foi ensinado. No site *Gazeta digital, em um artigo da autoria de uma doutora e mestre em Psicanálise, ela afirma que, conforme estudos relacionados ao tema da repetição "é pela repetição dos estímulos que a aprendizagem acontece, pois, as conexões neurais tornam-se fortalecidas, devido o aumento do potencial de ação da célula especializada do sistema nervoso, o neurônio". Ela ainda assevera que "Quanto mais se repete a ação, mais consolidada é a reação entre as células neuronais".

No ensino regular, por exemplo, a maioria das pessoas aprendem a conjugar os verbos e depois, por não usá-los diariamente, visto que costumamos nos comunicar mais pela linguagem informal,  esquecem-nos, principalmente daqueles que dificilmente usamos, como é o caso do pretérito mais-que-perfeito (eu fizera, tu fizeras  etc.).  

Determinadas músicas, quando estão no auge do sucesso, são tão repetidas no rádio e televisão que grudam em nossa cabeça como chicletes. Porém, passando-se a época de sucesso elas param de tocar e, anos depois, percebemos que só lembramos de parte delas, e, finalmente, apenas de algumas palavras. A falta de ouvi-las fez nossa mente esquecê-las.

Assim também se dá na questão dos ensinamentos bíblicos: Precisamos estar sempre sendo lembrados dos primeiros rudimentos da nossa fé para que não venhamos nos desviar do nosso foco que é Cristo. A falta de repetição dos princípios cristãos tem levado muitas igrejas a se tornarem mornas, cheias de religiosidade, além de levar alguns líderes a permitirem práticas mundanas, em nome da modernidade, quando, na verdade, muitos deles sequer se lembram se suas atitudes condizem ou não com o que está escrito nas Escrituras.

É importante termos consciência de que jamais podemos deixar de ouvir temas sobre:

a.    A santificação, porque sem ela “ninguém verá Deus” - Hb 12. 14;

b.    O fruto do Espírito, que é a prova de que estamos vivendo em santificação - Gl 5: 22;

c.     A fé, sem a qual “é impossível agradar a Deus”  - Hb 11.6

d.       O amor, que é o maior mandamento - Jo 15. 12

Além de outros temas de igual importância.

Estes e outros assuntos priorizados pela Palavra de Deus são essenciais à fé cristã, e sem a lembrança deles não há cristianismo, mas apenas religiosidade morta, formalismos e rituais vazios, dos quais Deus já havia advertido seu povo que Ele nunca lhes exigiu isso, antes, e já se cansou de os sofrer, conforme observamos no primeiro capítulo do livro de Isaías.

Culto onde se preza a liturgia ao pé da letra, mas é destituído de seu espírito - do motivo central que o move-  para Deus não passa de solenidades vazias, não havendo nada de santo (separado) nisso.  Leia Isaias 1 e saiba o que Deus pensa de tais cultos.

Para não corrermos o risco de nossos templos se tornarem apenas um lugar para rituais religiosos, precisamos lembrar aos irmãos, e também sermos constantemente lembrados, sobre o que Deus espera de nós, enquanto seus servos. Nunca poderemos parar de ouvir e ler nas Escrituras sobre as verdades fundamentais da fé, pois isso seria o mesmo que tentarmos fazer um bolo do qual ouvimos há alguns anos, e nos esquecermos de alguns ingredientes essenciais à receita. Pode até sair um bolo, mas certamente será outro, diferente do que esperávamos, por não termos os produtos necessários para a sua composição. 

Portanto, querido irmão, não nos cansemos de relembrar e  de ensina aos outros acerca dos antigos mandamentos do Senhor, que desde o princípio temos ouvido.

 

 No amor de Cristo Jesus,

Leila Castanha

05/2014

 

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA SAGRADA, NVI

*Aprende-se pela emoção e repetição | Gazeta Digital - Dra Marta Relvas 

 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

QUANDO TEMOS IMAGENS EM CASA ESTAMOS PECANDO?



Conheci um determinado irmão em Cristo, que no auge de seu zelo pela Palavra de Deus, incentivava os novos convertidos a destruir tudo o que se tratasse de imagens, dizendo ser idolatria.
Em sua lista constavam fotografias, quadros de qualquer espécie, dentre outras coisas. Não sei se era o caso desse irmão, mas alguns até proibiam suas crianças de brincarem com bonecas por acreditarem ser imagens de pessoas, logo, idolatria. Para entendermos se tais pensamentos encontram apoio nas Sagradas Escrituras, devemos primeiramente entender o conceito de imagens.
No tocante ao território da visualidade, há pelo menos, três domínios principais de imagens, dentre os quais temos as das imagens como:
1-    Representações mentais, imaginadas, onoríficas (de sonhos), que são imagens que a mente pode criar, sem necessariamente pertencer ao mundo físico;
2-      Imagens diretamente perceptíveis, que são aquelas que assimilamos do próprio mundo físico em que vivemos; 
3-    Imagens visuais, que correspondem a desenhos, pinturas, gravuras, fotografias e todas as imagens cinematográficas, televisivas, holográficas, e computacionais.
4-      “(...). Também “podem ser considerados como imagens os diagramas, os mapas e, no terreno das imagens tridimensionais, também a arquitetura. Há pelo menos, três modalidades principais de imagens: Primeiro, as imagens em si mesmas. Segundo, as imagens figurativas, que se assemelham a algo existente no mundo, ou supostamente existente, como são as figuras imaginárias, mitológicas, religiosas etc. Há ainda as imagens simbólicas. Neste caso, embora as imagens apresentem figuras reconhecíveis, essas figuras têm por função representar significados que vão além daquilo que os olhos veem”.  (Leituras de Imagens: 2012, 17- 19).

Acho que já é suficiente para termos uma ideia do que vem a ser o conceito de imagem: Algo amplo, que vai desde pinturas até mapas e os complexos desenhos arquitetônicos. Creio que qualquer pessoa em seu perfeito juízo não julgaria ser pecado um arquiteto fazer um desenho de um prédio ou alguém comprar um mapa.
 Nosso dia-a-dia é repleto de comunicação imagética (por imagens), como é o caso dos sinais de sinalização, na qual vemos desenhos de crianças atravessando a rua, de lombadas etc.
Também nos hospitais, lemos a imagem de uma enfermeira com o dedo indicador na boca, sinalizando “silêncio”; nos corredores de lugares públicos, como faculdades e restaurantes, há placas com desenho de cigarro com um traço lateral sobre ele, indicando a proibição de fumar naquele local, e assim por diante.
Tudo isso é imagem, e não somente fotografias e quadros. Tudo o que vemos, na própria natureza (as árvores, as flores, os animais, enfim), se nos apresentam por meio de imagens, e a pintura ou a fotografia é a representação da imagem real que nos cerca. 
Uma vez entendido isto, vamos partir para a compreensão de que tipo de imagens a Bíblia afirma ser pecado.
Era costume entre os estrangeiros que habitavam no meio do povo hebreu (o povo de Israel) adorar a vários deuses. Eles faziam imagens de homens, de animais e de outras coisas relacionas a natureza com a intenção de adorá-los: A um, denominavam deus da fertilidade (como era o caso da deusa Diana, de Corinto), a outro, deus da riqueza (como, por exemplo, o deus Belial), e assim por diante. 
Para Israel, no entanto, Deus havia ordenado que não se corrompesse com os costumes dos estrangeiros, mas adorasse somente a Ele (O Deus Invisível) Leia Colossenses 1.15; 1 Timóteo 1.17).
Para evitar que imitassem as outras nações que tinham deuses, em Êxodo 20.4,5; Lv. 19.4; 26.1 e Dt 27.15, Deus proibiu os hebreus de fazerem imagens de escultura, que imitassem qualquer coisa do céu, da terra ou das águas, para que não fossem tentados a adorá-las. Mesmo que fosse imagem Dele não deveriam fazer porque, segundo explicou em  Dt 4.15-18, ninguém nunca o viu para compará-lo a qualquer ser.
E o apóstolo Paulo disse que, ao invés de  contentarem-se em adorar ao verdadeiro Deus (que se apresentava de forma invisível), o povo mudou a imagem do Deus incorruptível em imagem de homens corruptíveis, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1.23).  Em Ezequiel 8.10, o profeta diz ter visto imagens de ídolos em forma de répteis e animais abomináveis.
O povo tendia tanto à idolatria que certa vez Deus mandou fazer a imagem de uma serpente de bronze para que o povo, ao olhar para ela, fosse curado do veneno das outras serpentes que Deus, em sua ira (porque o povo estava adorando ídolos), mandou ao deserto para feri-lo.
Essa imagem de serpente simbolizava Cristo, que ao ser pendurado na cruz, todos quantos olhassem para ele seriam salvos  ira divina (Jo 3.14-15 e 2 Co 5.21). Lembre-se que o Antigo Testamento servia como figura apontando para o Novo.
No entanto, mais tarde, o povo já estava adorando a tal serpente, pelo que Deus mandou destruí-la.  Quem curava era Deus, olhar para a serpente era apenas um modo de o povo obedecer a Deus, a fim de ser curado.   Não era intenção de Deus que o povo a adorasse, mas que a cobra fosse um meio de o povo lembrar-se de sua misericórdia.
Adorar imagens, como sendo deuses, era costume dos povos pagãos. Eles curvavam-se diante delas e ofereciam-lhes sacrifícios, às vezes até humanos. O erro do povo hebreu (de Israel) era querer imitar os costumes desses povos estrangeiros, porque eles não gostavam de ser diferentes das outras nações.
Envergonhavam-se de ter em seu comando um Deus invisível, enquanto que os outros povos tinham imagens dos seus deuses, por isso, além de, aos poucos, abrirem seus corações para adorar imagens, também pediram a Deus que lhes desse um rei humano, como as outras nações o tinham. (1Sm 8.19-22)
Alguns adoravam deuses em forma humana, porém havia lugares em que seus deuses tinham aparência de animais, como observamos no texto de Ezequiel 8.10.  Samaria era uma das cidades que foi ocupada por povos estrangeiros e  corrompida pela idolatria deles, de tal forma que os judeus ortodoxos (conservadores) não gostavam dos samaritanos (Jo 4.9). Todavia, dentre os rebeldes, havia gente que não se misturava com os costumes pagãos, como o profeta Miquéias, que declarou:
 “Pois todas as nações andam, cada uma em nome dos seus deuses, mas nós andaremos em nome do Senhor, nosso Deus, para todo o sempre”. (Mq 4.5).
Josué também disse:
 “Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram os vossos pais, que estavam dalém do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor." Então responderam o povo: Longe de nós o abandonarmos o Senhor para servirmos a outros deuses”. (Js 24.15,16)
Após a escolha do povo pelo Deus de Israel, Josué fez com que eles jogassem todas as imagens que representavam os deuses dos estrangeiros e inclinassem o coração ao verdadeiro Deus (v. 23).
Observe: Josué não exigiu que o povo destruísse as imagens dos deuses estranhos e as substituísse pela a do Deus de Israel, porque ele sabia que Deus proibira que se fizesse qualquer imagem para adorarem, inclusive a Dele (Lv 19.4; Dt 4.16; Is 48.5). O salmista também sabia que as imagens de idolatria irritavam a Deus (Leia o Salmo 78.57-59).
As imagens de escultura, as quais os povos se prostravam, não tinham poder algum, conforme observamos nos versículos acima e no Salmo 135.15-17, no qual o salmista diz que os ídolos “têm boca, mas não falam, olhos e não veem, nariz e não cheiram, mãos e não apalpam, pés e não andam e som nenhum sai de suas gargantas, porque são obras das mãos dos homens”.
O rei Ezequias também compreendia isso, de modo que, ao receber ameaças do rei da Assíria, que dizia que assim como venceu e destruiu os deuses das outras nações também destruiria o Deus de Israel, orou ao Senhor dizendo-lhe que sabia serem verdade as façanhas do rei, e que, de fato, Senaqueribe havia destruído os deuses das nações conquistadas, todavia,  ele também confessou ao Senhor que compreendia que o rei da Assíria só os queimou porque não eram deuses de verdade, mas apenas madeira e pedra moldadas pelas mãos dos homens (2 Rs19.17,18). Habacuque, por sua vez, disse o seguinte sobre as imagens de adoração:
“De que vale uma imagem feita por um escultor? Ou um ídolo de metal que ensina mentiras? Pois aquele que o faz confia em sua própria criação, fazendo ídolos incapazes de falar. Ai daquele que diz à madeira: “Desperte!” Ou à pedra: “Acorde!”Poderá o ídolo dar orientação? Está coberto de ouro e prata, mas não respira” (Habacuque 2.18,19) .
Isaias também falou que “nada sabem os que carregam o lenho das suas imagens de escultura, e fazem súplicas a um deus que não pode salvar”. (45.20)
Elias, sabendo que os ídolos não são nada, desafiou o rei Acabe a enviar-lhe os 450 profetas de Baal a fim de provar-lhe que não passavam de piada. Durante o tempo em que os profetas de Baal sacrificavam-lhe pedindo-lhe que lhes enviasse fogo do céu, Elias zombava deles, dizendo:
“Clamai em altas vozes porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo as necessidades, ou de viagem, ou a dormir, e despertará”. (2 Reis 18. 27).
Como já vimos, em Deuteronômio 4.15,16, a Bíblia esclarece-nos que Deus proibiu todo tipo de imagens que tivesse por propósito a adoração ou outro fim espiritual. Portanto, compreendemos que as imagens proibidas por Deus são aquelas que têm por finalidade a idolatria. 
E o que é idolatria?
Idolatria é tudo aquilo que em nosso coração substitui a Deus. O dinheiro, uma carreira, um amuleto, um carro, um homem, uma mulher e outras infinidades de coisas nas quais depositamos nossa confiança e nossa esperança constituem-se em idolatria. Assim sendo, qualquer coisa que, em nosso coração, está colocado acima de Deus, é idolatria.
Se a fotografia dependurada em sua parede é apenas a imagem de alguém que você preza muito, não há problema em pendurá-la ou exibi-la sobre os móveis. No entanto, se a foto ali impressa representa para você a razão da sua vida, aí é pecado. Não é a fotografia em si, mas a importância que aquela pessoa exerce entre você e Deus. Nesse caso, aquela imagem na foto transforma-se em imagem de idolatria.
 Um exemplo muito comum disso são as dos ídolos que as fãs espalham pela casa ou colam em todos os seus pertences.  A verdade é que há várias imagens associadas à idolatria, assim como vários sentimentos que podem ser indícios de um coração idólatra, que é mais difícil de detectar do que, meramente, as imagens de esculturas.
Tanto é que a Bíblia diz que a avareza (que é o amor ao dinheiro) é idolatria (Cl 3.5). Por que é idolatria? Simples: Porque a pessoa avarenta coloca o dinheiro como a coisa principal e indispensável à sua vida, de modo que não conseguem viver sem ele.
Deus exige lugar de supremacia, isto é, de destaque em nossa vida, e por isso não admite que nada ou ninguém ocupe sua posição. Ele decretou que o primeiro mandamento é Amar a Deus acima de todas as coisas (Veja Mt 22.36-38).
Quando uma imagem, representa para nós, algo mais importante do que Deus, essa imagem é considerada pecado, porque qualquer tipo de idolatria é pecado (Leia 1Co 6.9,10; 10.7; Ef 5.5; Ap 21.8). Não é a imagem em si que é pecado, porque o ídolo (de escultura ou de qualquer outra coisa) não passa de coisas sem poder algum, mas, o significado que você atribui a ela, que expulsa Deus de seu lugar de primazia em sua vida.
 Por exemplo: Uma bandeira com o brasão de um determinado time é apenas um símbolo. Porém, para os fanáticos que colocam o futebol acima de tudo, é muito mais do que isso: Aquela bandeira é a sua glória e a razão de sua vida, de sorte que muitos se matam por não suportar a perda de seu time. 
 A questão é que Deus não vê como o homem, que só enxerga a aparência, Ele vê o coração (1Sm 16. 7) e, àqueles cujo coração está em seus  ídolos (seja ele qual for), provoca a ira de Deus,  porque Ele próprio disse que  não dá a   sua glória a ninguém (Is 42.8, 11).
A irritabilidade de Deus em relação à idolatria não é porque Ele pensa que tais deuses sejam reais e, de fato, tenham poder.  A ira de Deus contra os que adoram a outra coisa ou pessoa, no lugar dele, é porque Ele não admite ser trocado.
Em Deuteronômio 32.21, Deus mostra que os ídolos não são deuses reais, logo, não é a disputa entre eles que provoca o seu ciúme, mas o fato de seu povo não reconhecer sua grandeza e trocá-lo por coisas inferiores, sem poder algum (Leia Isaías 45. 20-22 e Jeremias 2. 11-13). No texto de Jeremias, observamos o quanto Deus ficou horrorizado de ver a cabeça dura dos hebreus. Ele não se conformava em como o seu povo foi tolo em trocar o Verdadeiro Deus por deuses que não são nada, além de invenção dos homens!
Assim também, observamos hoje, pessoas que trocam o verdadeiro culto a Deus pela busca de riquezas e bens materiais. Outros que substituem o verdadeiro culto a Deus pelo prazer momentâneo causados por meros shows, onde se apresentaram seus ídolos, que os leva ao êxtase, movidos pelo barulho e a euforia, contradizendo o ensinamento paulino (do apóstolo Paulo) que diz que nosso culto deve ser racional (com a razão), não apenas movidos pela emoção (Rm 12.1).
 Existem também, crentes idólatras, cuja idolatria os leva a prezar uns pregadores mais do que outros, a ponto de só irem à igreja se estes forem pregar. Como vimos, a idolatria tem uma lista gigantesca: É tudo que toma o lugar soberano de Deus em nossa vida.
Existe grande perigo na prática da idolatria (seja ela representada por imagens ou mais introspectiva, através dos sentimentos). Embora Deus houvesse dito que as imagens de ídolos não eram deuses reais, ele afirmou que, por trás da adoração a elas estão os demônios (Leia Dt 32. 16,17,21).
 O apóstolo Paulo também ensinou aos cristãos que ao comermos carne na casa de alguém não precisamos perguntar se foram oferecidas a ídolos (porque eles não são nada) (Leia 1 Co 8.4), todavia, ele adverte para não nos juntarmos, conscientemente, à mesa oferecida aos ídolos, porque sabemos que por trás deles, estão os demônios, e isso provoca o zelo (o ciúme) de Deus (1Co 10.20,21,22). O salmista também diz que trocar Deus pelos ídolos Lhe provoca ciúmes. (Sl 78.58)
Deus tem tanto ciúme do seu povo quando este o troca por algo ou alguém, que o apóstolo João termina sua carta com os seguintes dizeres: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo 5.21). Muitos profetas, também, se referiram às imagens diante das quais os homens se prostram para orar ou dar algum louvor como “As imagens do ciúme do Senhor” (Veja Ez 8.3,5).
Assim, é clara a determinação divina de não se fazer qualquer imagem com finalidade de dirigir-lhe qualquer tipo de adoração. É por isso que os cristãos não concordam com a imagem de santos, nem mesmo de Maria.
Resumindo: É pecado ter imagens em casa quando esta é objeto de adoração para nós. Leia o texto intitulado "Porque não tenho imagens de Maria e de santos" para aumentar sua compreensão sobre o que a Bíblia diz em relação a imagens.

Espero tê-lo ajudado!
Com amor fraternal,

Em Cristo Jesus,
Leila Castanha
2014

BIBLIOGRAFIA CITADA:
SANTAELLA, Lucia. Como Eu Ensino Leitura de Imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012.