O que é orar?
Do latim orare, essa palavra tem o mesmo sentido
de prece ou súplica a Deus. Em termos mais simples, orar é conversar
com Deus, para agradecer-lhe, pedir-lhe, confessar-lhe, interceder por
alguém etc.
Apesar de muitos já compreenderem isso, alguns se perguntam se há
algum tipo de ritual ou hábito no momento de oração. A resposta é NÃO. Falamos
com Deus com a mesma naturalidade com que falamos com o nosso próximo. No
entanto, a Bíblia faz algumas observações para que a nossas orações sejam
atendidas por Ele. Apesar de enumerá-las para maior facilidade na leitura, isto
não quer dizer que tais itens devem ser seguidos consecutivamente.
Assim sendo, copiarei algumas exigências bíblicas para a
oração ter efeito positivo. A começar pela epístola aos hebreus (11.6),
conforme podemos observar a seguir: “Ora, sem
fé é impossível agradar-lhe; Porque é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que Ele existe e que é
galardoador dos que o buscam.”
Observamos neste texto bíblico três pontos cruciais para Deus
atender as nossas orações:
1. Ter fé: O mesmo escritor (não sabemos quem escreveu a carta aos hebreus), nos esclarece o conceito de fé, dizendo: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem (Hb11.1)
1. Ter fé: O mesmo escritor (não sabemos quem escreveu a carta aos hebreus), nos esclarece o conceito de fé, dizendo: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem (Hb11.1)
O que você sentiria se um filho ou um amigo seu lhe pedisse dez
reais, e antes da sua resposta ele dissesse: “Estou lhe pedindo que me empreste
dez reais, mas sei que você não irá me arrumar”?
Se fosse comigo eu pensaria o seguinte: “Se você sabia que eu não
iria lhe arranjar o dinheiro, então por que se deu ao trabalho de me pedir?”
O mesmo aconteceria se eu fosse uma médica, e após atender
meu paciente e receitar-lhe os devidos medicamentos, ele me dissesse:
“Desculpe-me, doutora, mas não irei tomar esses remédios porque
não confio no seu diagnóstico.” Para que, então, o tal paciente tomaria o meu
tempo, se não confia em mim como médica?
Assim, muitos de nós agimos para com Deus, vamos até Ele, porém
não acreditamos que Ele poderá resolver nossos problemas ou satisfazer nossas
ansiedades. Agimos como aquelas pessoas que dizem: “Só acredito vendo!”
O problema é que o escritor aos hebreus diz que para agradar
a Deus é preciso ter fé, e ter fé é acreditar que Deus me atenderá, e ter tanta
certeza disso de forma que você se sente arraigada no “firme fundamento das
coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.”
Isto é,
devemos ter certeza que receberemos o que pedimos a Ele, e sentirmo-nos como se
já houvéssemos recebido mesmo antes de ver a resposta concretizada.
2.
Crer que Ele existe: Uma
vez explicado o que é a fé percebemos que se orarmos a Deus sem acreditarmos
que Ele existe nossa oração não fará diferença alguma. Ninguém em sã
consciência conseguirá manter contato com outro ser em cuja existência não
acredite, mas que o vê apenas como fruto da imaginação infantil ou como uma
lenda cultural.
Prova
disto é que, quando a criança ou o adulto descobre que Papai Noel não existe até pode, por ocasião do natal, escrever-lhe uma cartinha pedindo-lhe um
determinado presente. Todavia, ele têm consciência de que quem atenderá o seu
pedido é uma pessoa real, de carne e osso, e não o bom velhinho. Alguns fingem
acreditar em sua existência para entrar no clima das festividades natalinas, a
fim, exclusivamente, de alcançar o que desejam do suposto Papai Noel.
Mas com
Deus isso não funciona: O escritor aos hebreus diz que “é necessário que creia
que Ele existe”.
3- Crer
que ele recompensa os que o buscam: Aqui
observamos duas coisas:
a. O que ora
a Deus deve crer que ele recompensa (é galardoador) ;
b. Ele
recompensa os que o buscam .
A palavra
“galardoador”, quer dizer “aquele que dá galardão”. Galardão é prêmio ou recompensa.
Assim, o escritor aos hebreus diz que devemos crer que Deus premia ou
recompensa os que o buscam.
De nada
adianta orarmos a Deus se não cremos que ele recompensará nossa busca por Ele.
Além disso, devemos ter em mente que Ele só recompensa àqueles que o buscam,
não as pessoas que o procuram como analgésico na hora da dor.
Em Mateus
7.7,8, o próprio Jesus ensinou que Deus atende a oração daqueles que pedem,
buscam e batem, isto é, os que insistem em oração. No livro de 1Crônicas 7.14,
no Antigo Testamento (O Antigo Testamento era o antigo pacto de Deus com o
homem), lemos as palavras do próprio Deus ao seu povo: “E se o povo que se
chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter do
seus maus caminhos, eu o ouvirei do céu...”
Dentre outras coisas, Deus exige que aqueles que se dizem povo
dele o busquem em oração.
É bem verdade que a maioria dos crentes não acha dificuldade crer que Deus existe, afinal, não seriam crentes se não cressem (A palavra
crente significa “aquele que crê”). No entanto, muitos encontram grande
dificuldade em acreditar que Deus realmente recompensa a sua busca.
O problema disso está no fato de que, ao não se crer que haja
recompensa em buscar-se a Deus, o cristão fica sem motivação de orar. E sem oração (momento em
que o homem fala com Deus), não haverá resposta de Deus, pois ele recompensa
aos que o buscam, conforme já vimos
acima.
Um dos exemplos disso está registrado em Êxodo 3.9,19; 14.10,14.
Crendo na existência e no poderio de Deus, os hebreus oraram por libertação da
escravidão do Egito, no entanto, na hora de provarem que sabiam que Deus lhes
recompensaria por buscá-lo, eles foram reprovados.
Passaram a lastimar-se para Moisés, dizendo-lhe que antes tivessem
continuado escravos, pois lá no Egito comiam do melhor, e Deus apenas os levou
para morrer no deserto. Ou seja, os hebreus acreditavam mais na recompensa do
seu opressor, Faraó, do que no amor de Deus.
Isso fez com que o Senhor se irasse de tal maneira contra
eles, que não lhes permitiu entrar na Terra Prometida. Para que não dissessem
que Deus puniu os hebreus (nome dado aos antigos judeus) porque não conseguiu
cumprir sua promessa, O Senhor permitiu que os filhos daquele povo herdasse a
Terra em lugar deles.
Costumo usar o seguinte exemplo para falar sobre a nossa falta de
confiança na lealdade divina: Às vezes agimos com Deus como pessoas que apresentam
suas causas trabalhistas à justiça falha do nosso país, a qual leva anos para
julgar uma causa, e por conta da falta de fé nas leis brasileiras desistem de
lutar por seus direitos.
Alguns, apesar de saber que existe o órgão da justiça para
resolver os seus impasses, preferem deixar para lá, ou começam o processo,
desistindo dele no meio dos trâmites, por não acreditarem que seus pedidos serão
levados a sério.
É exatamente assim que acontece conosco. Sabemos que Deus nos dá
direito de levarmos a ele nossas ansiedades (1 Pe 5.6,7). Porém, ao não
acreditarmos que Deus se importa com os pedidos que lhe apresentamos, nossa
falta de fé influenciará em nossa percepção sobre a fidelidade divina, e nos
fará entregar os pontos, levando-nos a desistir de buscá-lo em oração.
No texto acima, Pedro deixa claro que devemos nos humilhar perante Deus (depender de alguém é humilhante), no
entanto, o citado apóstolo garante que a
seu tempo (no tempo de Deus) Ele nos exaltará.
Essa crença é fundamental para sermos atendidos em nossas petições
a Deus.
Uma coisa eu aprendi durante o meu tempo de cristã: Deus nunca se
esquece daquilo que entregamos em suas mãos.
Todavia, na nossa fraqueza, temos agido como o povo de Israel em
face às dificuldades.
Muitas vezes, achamos mais conveniente crermos no diagnóstico
médico do que no médico dos médicos que promete ouvir nossas súplicas e
curar-nos; Cremos mais na justiça humana, que é falha, do que na fidelidade
divina em enxugar nossas lágrimas; Cremos mais na força da tempestade do
que no Senhor que domina a natureza, e assim por diante.
HOMENS QUE CONFIARAM NA RECOMPENSA DIVINA
Apesar de tantos exemplos negativos haviam aqueles que criam que
Deus é leal com os que o buscam. Dentre eles, encontramos o salmista Davi,
que angustiado diante das aflições que o afligiam orou em agonia:
“Por que estás abatida ó minha alma? E por que te perturbas dentro
de mim? Espera em Deus, pois
ainda o louvarei.” (Sl 42.3,10, 11) (grifo
meu).
O mesmo Davi, certa vez, orando, confessou a Deus: “...Tu, Senhor, nunca desamparas os que te buscam.”
(Sl 9.10) (grifo
meu)
Não é a toa que a Bíblia diz que Davi era o homem segundo o
coração de Deus. Deus ama os que não desconfiam de sua fidelidade!
Jesus, ao orar, nos deixou o exemplo. Enquanto falava com Deus, em
oração, ele disse-lhe: “Pai, eu
bem sei que sempre me ouves.” (Jo 11.41,42) (grifo
meu).
O escritor aos hebreus (10.22) também advertiu aos irmãos que
deviam orar a Deus “Em inteira
certeza de fé” (grifo
meu).
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, disse-lhes: “Eu sei
em quem tenho crido, e que é poderoso para guardar o meu depósito” (2 Tm 1.12) (grifo meu).
Isto é, Paulo só cria que Deus guardaria aquilo que depositou nele.
Um determinado 1escritor
exemplificou esse versículo da seguinte forma:
“Se você
tivesse sentado num terminal de aeroporto com sua maleta ao lado e ao
afastar-se um momento para conversar com alguém, o que você faria se alguém
houvesse roubado a sua bagagem?
Você
poderia dirigir-se ao balcão e pedir que a mandassem procurar. A resposta seria
provavelmente negativa. Se a maleta estava com você, e você a perdeu, não havia
por que recorrer à empresa aérea. Mas, por outro lado, se você já houvesse
registrado-se no balcão e constatasse, na chegada, a falta da sua
bagagem, você teria todo o direito de recorrer à transportadora, que logo
iniciaria a procura da maleta perdida. Assim, a empresa aérea só é responsável
por aquilo que lhe foi confiado.” (p.61)
Resumindo: Devemos orar com fé, crendo que Deus existe e que ele é galardoador (recompensador)
dos que o buscam. E não podemos nos esquecer que Deus só resolve
aquilo que entregamos aos cuidados dele. Leia as palavras do salmista abaixo:
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará”
(Sl 37.5)
Observe que o primeiro passo é “entregar” para ele, e depois
confiar nele.
Portanto, se assim fizermos, poderemos orar a Deus com a mesma
certeza de Davi: “Ó tu que ouve as
orações...” (Sl 65.2)
Com amor fraternal,
Em Cristo,
Leila Castanha
1Ravi Zacharias. Do coração de Deus – Editora Textus.