sábado, 3 de agosto de 2013

A IMPORTÂNCIA DA GENEALOGIA DE JESUS


     O Livro de Mateus é o primeiro dos Evangelhos Sinóticos, embora alguns estudiosos da Bíblia acreditem que o Livro de Marcos foi escrito antes dele. O autor desse livro é o próprio Mateus, por isso recebeu o nome de “Evangelho Segundo São Mateus”, ou seja, “O Evangelho contado de acordo com Mateus”. Esse livro é o único do Novo Testamento escrito originalmente em hebraico.

     O livro de Mateus foi escrito aos judeus por cerca de 60 d.C. (depois de Cristo) e apresenta-lhes Jesus como  Rei . Ele enfatiza que Cristo era o Messias que viria para reinar sobre o seu povo (os judeus). Messias é a forma hebraica do nome Cristo que significa Ungido. 
Segundo a tradição judaica, aquele que fosse ungido por um sacerdote receberia autoridade para exercer o seu ofício, e, uma vez que os discípulos criam que Jesus era o Ungido de Deus que veio ao mundo a fim de realizar sua missão redentora e  levar o homem de volta a Deus, eles o chamavam de Cristo, que era o mesmo que dizer que reconheciam que Jesus tinha autoridade sobre eles. Para entendermos um pouco mais este vocábulo, leiamos Mc 8.27-29:

“E saiu Jesus e os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe; e, no caminho, perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João Batista; e outros, Elias; mas outros, um dos profetas. E ele lhes disse: Mas vós que dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse:  Tu és o Cristo.” (negrito meu)


Quando Pedro disse: “Tu és o Cristo”, ele estava dizendo a Jesus que reconhecia que ele era o Ungido de Deus (a pessoa a quem Deus deu autoridade), para trazer o reino de dele a Terra (Veja Mt 3.1,2).
 O povo de Israel esperava, segundo predissera as Escrituras, a chegada de um rei que o livraria da opressão romana, porém, muitos deles não criam que Jesus era esse Rei predito. Por isso, Mateus escreveu seu livro aos seus conterrâneos para provar-lhes que Jesus era, realmente, esse homem.

Os judeus sabiam que o Cristo (o Ungido de Deus) o qual esperavam para reinar sobre eles, viria da descendência de Abraão e de Davi, conforme dissera os profetas (Veja 2 Sm 7.12-16; Jr.23.5; Gn12.3). Então, Mateus achou por bem iniciar seu livro mostrando a origem de Jesus, ou seja, de onde ele descendia, e intitulou seu livro de “Livro da geração de Jesus CristoFilho de DaviFilho de Abraão.” (Mateus 1.1) – (itálico meu). Ou seja, Mateus escreveu seu livro com o intuito de chamar a atenção dos judeus para o fato de que Jesus era o Rei que havia de vir, porque, em primeiro lugar, ele pertencia a geração de Davi e de Abraão, exatamente a linhagem da qual as profecias diziam que o Cristo deveria vir.
A partir desta prova confirmada, Mateus começou a contar a história do nascimento de Jesus até a sua ascensão (sua subida ao céu), comparando cada etapa de sua vida com as profecias do Antigo Testamento. Inclusive, ele cita quarenta passagens do Velho Testamento na tentativa de ser o mais convincente possível. Quando ele conta, por exemplo, sobre o nascimento de Jesus, ele faz questão de comparar os fatos narrados por ele com a profecia de Isaías, a qual predisse que Jesus havia de nascer de uma virgem. Assim, após contar o que o anjo dissera a Maria, ele relata que ela era virgem, então, no capítulo 1. 22 e 23, ele escreve:

“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá e dará a luz a um filho, ele será chamado Emanuel, que quer dizer Deus conosco”. (negrito meu)


Leia esta profecia em Isaias 9.6 e compare com o versículo que lemos agora. Leia também (Mt 2.2; 2.5-6; 2.15; 2.17,18; 2.22,23) e veja como Mateus usou as Escrituras do Antigo Testamento para provar que tudo o que foi profetizado se cumpriu desde o nascimento de Jesus até o seu retorno ao céu. Só desse jeito ele poderia convencer os judeus de que Jesus era realmente o Rei que eles esperavam, porque os judeus se baseavam nas profecias. 
Mateus tinha um trabalho difícil para executar. Marcos, por exemplo, escreveu seu livro aos romanos, um povo que mal conhecia as Escrituras. Lucas escreveu aos gentios (ao povo não judeu), que nada sabiam acerca de Cristo e que há pouco haviam conhecido sua  história pela pregação dos apóstolos e demais discípulos. Para estes, bastava contar o que dissera os profetas e como isso havia se cumprido em Cristo. Mas, para Mateus era diferente. Ele estava contando a história de Jesus para um povo que conhecia muito bem as profecias e as Escrituras. Além do mais, muitos judeus duvidavam que Jesus fosse o Rei esperado, porque acreditavam que o Cristo viria fazendo uma revolução para liberta-los da opressão de Roma.  Por isso, não bastava apenas contar-lhes a história de Jesus nem dizer-lhes que as profecias falavam sobre ele, Mateus precisava provar-lhes isso. Então, ele começou seu trabalho, provando-lhes que Jesus era o Filho de Abraão e o Filho de Davi, isto é, que ele era, de fato, descendente destes dois homens.

Primeiro ele escreveu sobre o que trataria seu livro: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (1.1)
 Ao dizer “Filho de Abraão” e “Filho de Davi”, ele já inicia o assunto chamando a atenção dos judeus porque eles sabiam que o Messias (O Cristo) viria dessa linhagem.
Em seguida, para ser mais preciso e não deixar qualquer dúvida, ele resolveu escrever um por um os nomes dos antepassados de Cristo, começando por Abraão até chegar a ele, descrevendo sua árvore genealógica da seguinte maneira:


“Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó; Jacó gerou a Judá e seus irmãos (...); Matã gerou a Jacó; Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”. (1.1- 15)

Em outras palavras, Mateus escreveu mais ou menos o seguinte:

“Livro da genealogia de Jesus Cristo, o qual comprova que Jesus é da linhagem de Davi e da linhagem de Abraão, conforme predisse as Profecias. Para comprovar o que estou dizendo, vou citar um por um os descendentes dele começando por Abraão: Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó (este é outro Jacó); Jacó gerou a José, o marido de Maria, a virgem da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo, isto é, o Ungido de Deus, de quem dizia as Profecias.”

Quando Mateus diz no início de sua narrativa que Jesus é o “Filho de Davi” e o “Filho de Abraão” (Leia o versículo 1),  Mateus não estava dizendo que Cristo foi gerado por Davi e por Abraão, no sentido biológico, mas, quanto a sua linhagem, isto é, ele pertencia a mesma linhagem de Davi e de Abraão.

Observamos, também, que apesar de todos nós termos duas linhagens, isto é, uma pela parte de pai e outra pela parte de mãe, Mateus escolheu apresentar a descendência de Cristo pela linhagem de José, seu pai adotivo.  Sabemos que o nascimento de Jesus foi um ato milagroso, pois ele era filho de Maria (uma humana) e do Espírito Santo (um Ser divino) e que José não era o pai biológico dele. O próprio Mateus conta isso (1.18,25). Todavia, tendo José se casado com Maria ele tornou-se legalmente o pai de Jesus, de maneira que os próprios judeus o reconheciam como tal (Leia Mt 13.53-55 e Lc 3.23).
Mateus não apresentou a descendência de Maria, que também era da linhagem de Davi, porque os judeus costumavam considerar os ancestrais pela linhagem paterna. Veja um exemplo de como apresentavam a genealogia de alguém, em 1 Cr 1.8, e observe que só  há menção de nomes de homens.  Lembre-se, também, que naquela época a mulher era valorizada apenas para a procriação, elas não podiam sequer falar em público e suas vidas reduziam-se a servir os seus pais, irmãos ou maridos.

Mateus até incluiu algumas mulheres na genealogia de Jesus, mas preferiu usar a árvore genealógica do pai para apresentar a linhagem de Cristo. Lucas também apresenta a genealogia de Jesus (Lc 3.23-38), porém, alguns eruditos da Bíblia, como o dr. Scofield, defende a tese de que em Lucas, a linhagem de Jesus é descrita pela arvore genealógica de Maria, todavia, apesar de tentador, não nos compete entrar nesse pormenor, apenas nos limitemos ao fato já comprovado de Mateus que apresenta a linhagem de Cristo pela linha paterna, para provar que Jesus era, por legitimidade, descendente de Abraão e de Davi, logo, ele se encaixava nas Profecias.
Outra preocupação de Mateus era enfatizar que Cristo era o Rei que os judeus esperavam, por isso ele usava muito a expressão “Reino dos Céus”, para fazê-los entender que Cristo não era um rei qualquer, mas que seu reino não era desse mundo, isto é, ele era o Rei do qual profetizara as Escrituras. Ele usou tanto esta expressão em seus escritos que alguns estudiosos da Bíblia apelidaram seu livro de “O Livro do Evangelho do Reino”. Leia Mt 4.23; 6.33; 9.35; 24.12. 

Mateus, que também é chamado de Levi (veja Mc 2.14; Lc 5.27), era um dos doze apóstolos de Cristo, conforme está escrito em Mt 10.3. A palavra “Apóstolo” significa “mensageiro ou enviado”, logo, os apóstolos de Jesus, dos quais Mateus fazia parte, eram homens enviados por Cristo para levar a mensagem do Evangelho. Lembre-se de que a palavra “Evangelho”, significa “Boas Novas, Boas Notícias ou Boas Mensagens”. E Mateus, em seu livro, anunciava essas Boas Noticias (o Evangelho) especialmente aos judeus, dizendo-lhes que Jesus é o Messias que eles esperavam e o Rei predito pelas profecias do Antigo Testamento. Não devemos nos esquecer de que os judeus eram conhecedores das Escrituras, por isso era indispensável que Mateus usasse todas as provas possíveis a fim de fazê-los compreender que Jesus era o Cristo.
Espero que agora você tenha compreendido como foi importante Mateus ter escrito sobre a genealogia de Jesus e citado tantas passagens do Antigo Testamento.
Leia este maravilhoso livro que foi dividido em vinte e oito capítulos e tente imaginar Mateus se esforçando para contar a história de Jesus aos judeus, seus conterrâneos, de forma convincente e sem perder nenhum detalhe descrito pelas profecias do Antigo Testamento.

 Boa Leitura e que o Espírito Santo fale ao teu coração.

Fique na doce paz de Cristo!

Leila Castanha

07/2013




16 comentários:

  1. Prezado leitor,
    Obrigada pela visita e comentário. Seja sempre bem vindo.

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  2. Maravilhosa leitura Deixa Deus continuar te usando que derrame bençãos..

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    1. Prezado leitor,
      Agradeço por sua participação, e seja sempre bem-vindo.

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  3. Agradeço a visita ao blog e participação. Seja sempre bem-vindo!

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    1. Prezado leitor,
      Agradeço pela sua participação e palavras. Que Deus te abençoe também.

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  5. Conteúdo de excelência! Parabéns!!

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    1. Prezado Silvio,
      Agradeço pelo comentário, e seja sempre bem-vindo a este blog.

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  6. Que o senhor te abençoe e te guarde que o senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te agraciar de paz...parabens fui muito edificado por esse estudo...

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    1. Prezado leitor,
      Agradeço a Deus por este post ter-lhe servido de edificação. Continue buscando as riquezas no profundo rio da graça divina. Que Deus continue te abençoando.

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    1. Prezado leitor,
      Agradeço o respaldo, e que Deus continue te abençoando em sua busca pela sua Palavra.

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    1. Prezado leitor,
      Agradeço a sua participação, no entanto não poderei responder a sua indagação porque não compreendi a sua pergunta. Não há menção alguma de Buda nesse texto, assim sendo, aconselho que reformule sua pergunta. Desde já agradeço.

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