sábado, 31 de agosto de 2013

DEVEMOS PEDIR PERDÃO A DEUS POR NOSSOS PECADOS DIÁRIOS?


Imagem extraída de: http://paraqoutrosvivam.blogspot.com

Analisando a promessa messiânica relembrada pelo escritor aos hebreus (10.18): “De vossos pecados não me lembrarei mais”, profecia esta registrada em Jr 31.33,34, é perfeitamente clara a palavra profética que implica em o sacrifício de Cristo ser suficiente para Deus não mais levar em conta os nossos pecados, bênção esta não alcançada pelo sacrifício de animais no A. T. (AntigoTestamento).
A grande diferenciação entre o sacrifício de animais (A.T.) e o sacrifício de Cristo (N.T.) está no valor da oferta perante Deus. O sangue dos animais tinha a função de encobrir o pecado do homem dos olhos de Deus, mas não podia justifica-lo. Isto é, a cada pecado necessitava-se de um novo sacrifício para adquirirem novo perdão de Deus. O homem era visto por Deus, como servo do pecado, logo, separado dele (Is 59.1,2). Não bastava uma confissão, apenas, precisava continuamente se oferecer uma vida inocente pela vida do pecador (Lv 1;  5).
O sacrifício de Cristo foi mais excelente que o primeiro porque apesar de fazer parte do novo concerto, ele selou o velho pacto cumprindo a lei  (Mt 5.17),  pela expiação  do seu sangue,  conforme o testemunho do apóstolo  Pedro , no qual diz que o  justo  (Cristo) morreu  pelos injustos (1 Pe 3.18), ou seja, conforme exigia a lei do A.T. (Hb 9.22), assim, Ele deu a sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28; 1 Tm 2.6). Porém, como um novo concerto, seu sangue não apenas encobria o pecado dos olhos de Deus, mas os apagava (tirava o pecado - 1 Jo 3.5).
O sacrifício de animais exigia que o ato sacrificial fosse continuamente realizado, enquanto que, em relação ao de Cristo, era necessário que padecesse (sofresse, morresse e ressuscitasse) apenas uma vez (Hb 9.26-28). Isto porque ele não era simplesmente uma criatura de Deus, como os animais (usados como sacrifício no A.T),  mas era o próprio filho de Deus, que segundo ele mesmo declarara, com o Pai se fazia um (Jo 10.30), logo, seu sacrifício resultou no próprio sacrifício do Pai (2 Co 5.19). Jesus era o Cordeiro de Deus (Filho de Deus, enviado pelo próprio Deus – Jo 5.30;), por isso o poder de seu sangue é suficiente para nos purificar (limpar) de todo o pecado e nos justificar (nos tornar justos) perante os olhos de Deus.  Por isso podemos chegar a Sua presença, com confiança (Hb 4.16).
Devemos estar conscientes de que a Bíblia é enfática em dizer que como cristãos não devemos ter prazer no pecado, mas resisti-lo (Rm 6.11; 1Pe 2.24; 1Jo3.8; 1Jo 5.18). Para enfatizar a necessidade de não pecarmos, o apóstolo aos gentios (Paulo – Ef. 3.6,7) lança esta pergunta aos irmãos romanos (6.1): ”Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que a graça seja mais abundante?”, isto é, uma vez sendo justificados estamos livres para pecar?  Sua resposta foi uma extensa explicação na qual ele lhes diz que o fato de termos sido justificado do pecado não nos dá o direito de vivermos em pecado, raciocínio este defendido por João (1Jo 3.8,9).
Todavia, havendo possibilidade de falharmos, porque, conforme afirma o apóstolo Paulo, o pecado habita em nós (Rm 7.18-23), não devemos aceitá-lo passivamente, mas procurar viver no Espírito, crucificando a carne (Rm 6.6; Gl 2.20). Paulo afirma ainda que, sendo o pecado muitas vezes um ato involuntário (Rm 7.22,23), Deus não nos condena quando pecamos porque o sangue de Jesus já nos livrou de vez por todas da condenação imposta ao pecador, o que nos condena agora é a nossa atitude para com a graça recebida (abandonar os rudimentos da doutrina de Cristo). Veja Hb 6.4-6 . No entanto, algumas pessoas entendem que o texto de Hb 9.24-28, no qual afirma que era necessário que Cristo padecesse apenas uma vez para a remissão de pecados, evidencia que não se faz necessário pedirmos perdão por nossos pecados cometidos no dia a dia, já que Cristo já perdoou a todos eles (passados, presentes e futuros), de uma só vez. Porém, afirmação como esta anula outros textos, do próprio autor aos hebreus, como por exemplo, em 4.14-16.
Observamos que este texto evidencia a necessidade de nos humilhar perante sua potente mão (a fim de alcançarmos graça- v16), conforme confirma Pedro (1 Pe 5.6), e nos admoesta a ter confiança ( crer) ao entrarmos a sua presença (em oração), pois como sumo sacerdote (aquele que apresenta o pecado do homem a Deus a fim de que lhe perdoe), sendo o seu próprio sangue a expiação pelo pecado, ele terá misericórdia das nossas fraquezas, porque também já foi tentado, embora não pecou (Hb   4.16). Paulo, escreveu aos efésios (2.16-19), dizendo-lhes que não precisamos mais ter medo de  nos chegar a presença de Deus porque em Cristo (nosso sumo sacerdote), temos acesso a ele, e não somos mais estrangeiros, mas tornamo-nos família de Deus.
O mesmo ele diz em Hb 2.17, que podemos ir direto a Deus, sem medo (mas, em confiança), pois Cristo é um sumo sacerdote misericordioso e fiel. Vemos aqui, que a admoestação não é que não devemos pedir perdão por nossas falhas, mas que não precisamos ter medo de que ele não tenha “misericórdia e graça a fim de nos ajudar”, pois ele é misericordioso e fiel. Leia Rm 8.34. Ainda em Hb 3.1, o autor diz ser Jesus o sumo sacerdote “de nossa confissão”, logo, é claro a necessidade de confessarmos nossos pecados diários a ele.
Em Pv 28.13, encontramos as palavras do sábio Salomão: ”O que confessa o seu pecado e deixa, alcançará misericórdia”. Confessar (ato de reconhecimento) e deixar (ato de arrependimento). Tiago diz (5.15), que a oração da fé será capaz de perdoar pecados.  A oração da fé, nada mais é do que o entendimento de Hb 4. 16, isto é, que podemos ter confiança (fé) ao entrarmos na presença divina, mesmo que seja para  pedir-lhe perdão pelas nossas faltas cometidas. No Sl 32.15, o salmista diz ter sido imprescindível, para que Deus perdoasse-lhe o pecado, confessá-los à Ele.
Através da parábola do filho pródigo em Lc 15, Jesus também enfatizou a importância de se pedir perdão a Deus (o Pai) quando pecamos.  Especialmente nos vers 17-22, Ele demonstra que a reação do pai diante do afastamento do filho foi esperar que ele se arrependesse e voltasse, enquanto que a reação do filho ao compreender que havia pecado foi a de decidir confessar ao pai o seu pecado (v 17,18).Em outra ocasião, quando Jesus estava ensinando seus discípulos como orar, ele lhes deu um modelo, o  uinte lição: “Quando orardes dizeis assim: Pai nosso que estás no céu ... Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos a dos nossos devedores...” (Mt 6.9,12). “Perdoa (presente) as nossas dividas”, esta é a frase que nos interessa agora. Se não fosse importante pedirmos perdão a Deus pelos nossos pecados cotidianos, porque Jesus se daria ao trabalho de nos ensinar a fazê-lo?
O apóstolo S. João também compreendeu esta necessidade, pois que escreveu: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.  (1 Jo 1.9). No cp. 2.1, ele enfatiza que não devemos pecar, mas se pecarmos temos um advogado, Jesus, o Justo, no entanto, não podemos nos esquecer que ele antecedeu estas palavras  mostrando a necessidade da confissão para a obtenção do perdão dos pecados (a partir de sua conversão),  afinal, Deus não leva em conta o tempo da ignorância (At 17.30; 1 Tm 1.12,13).  Aí sim, uma vez se arrependido e pedido perdão, Deus não mais se lembrará deles (nem dos passados, nem dos presentes - Jr 31.33-34; hb 10.18). Veja o que diz 2 Cr 7.14: Ser humilde faz parte do caráter do autêntico servo de Deus.
A questão do pedir perdão pelos nossos pecados atuais, não fere a capacidade expiatória do sacrifício de Cristo, mas dá a Ele a chance de ser misericordioso para com nossas fraquezas, pois conforme S.Pedro (5.5) “Deus resiste ao soberbo (arrogante), mas dá graça (favorece) ao humilde. O próprio Jesus nos ensinou que devemos aprender duas qualidades com ele: Ser manso e humilde de coração (Mt 11.29).  Em Mt 5.3, no sermão da montanha, uma das bem-aventuranças que Jesus declarou aos seus discípulos foi a humildade ( ser pobre de espírito) .
Em hb 10.18 está escrito que “onde há remissão dos pecados, não há mais oblação (sacrifício) pelo pecado”, e nisto concordo plenamente. Se houve remissão (resgate), não se faz mais necessário pagar nenhum preço. O apóstolo Paulo nos explica esse raciocínio dizendo que fomos libertados do pecado, portanto, não devemos mais nos pôr debaixo da sua servidão (Gl 5.1). Agora, uma vez redimidos (resgatados) do pecado, a Bíblia deixa bem claro que se quisermos voltar para o domínio dele é por escolha nossa (Gl 5.16), pois, segundo Paulo, quando passamos a pertencer a Cristo, o pecado já não tem domínio sobre nós (Rm 6.14), por isso adverte-nos: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências (desejos carnais – v. 12).
Uma coisa é você pecar e outra, bem diferente, é deleitar-se no pecado. Podemos pensar coisas que não queremos (pecado involuntário), mas não é a mesma coisa de provocarmos estes pensamentos por atitudes que nos levarão a eles. Podemos cultiva-los, ou arranca-los de nossa mente. Um pensamento na mente é bem diferente de um pensamento no coração.
Pedir perdão por algum pecado cometido no nosso dia a dia, não invalida o sacrifício de Cristo, tornando-lhe a crucifica-lo,segundo o pensamento de algumas pessoas, pois, de acordo com as Escrituras, o único modo de tornar a crucificar a Cristo é se a pessoa obteve conhecimento (foram iluminados) e “recaíram”, conforme aponta Hb 6.1, 4-6. O nosso ato de confissão e pedido de perdão pelos nossos pecados, valida ainda mais o poder expiatório desse sangue, porque, diferente do sangue de animais (A.T), seu poder expiatório perdura enquanto a porta da graça estiver aberta.
Quando pedimos perdão a alguém não quer dizer que a pessoa a quem nos humilhamos só será capaz de nos perdoar se assim fizermos, mas o nosso pedido apenas demonstra nosso arrependimento pela nossa má conduta e a nossa humildade ao percebermos que erramos. Do mesmo modo como Deus sabe tudo o que precisamos e desejamos, e ainda assim Jesus nos disse que quem pede, recebe, quem  busca, encontra e à quem bate se abre (Mt 7.7,8), entendo que, embora  Cristo tenha já padecido pelos nossos pecados e nos “purificado”,  justificando –nos perante Deus, Ele quer que nos humilhemos diante dele quando o afrontarmos com nossos pecados.
Assim, uma vez arrependidos, podemos pedir seu perdão e o receberemos, porque o preço por nossa justificação já foi pago antecipadamente, na cruz do Calvário, através do sangue de Cristo (1 Pe1.18,19). O poder do sacrifício eterno de Jesus está em condicionar ao pecador arrependido a oportunidade diária de arrepender-se de seus pecados e acertar o alvo proposto pela sua redenção, a saber, uma vida de santificação, “sem a qual ninguém verá a Deus” (1 Ts 4.3;2 ts 2.13;  Hb 12.14).

Encerro esta reflexão com o Sl 51.17: “O sacrifício para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”.


No amor de Cristo,

Leila Castanha





sábado, 10 de agosto de 2013

A FUNÇÃO DO PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO

imagem extraída de https://aminoapps.com/

A palavra “Profeta” vem do hebraico e a tradução mais comum é “nabi”.
Não é certa a significação original da raiz (NB’). Segundo alguns estudiosos, esta raiz significa “Ferver, borbulhar”, ao que muitos entendem o termo “Profeta” como sendo, “Aquele que ferve com a mensagem ou com a inspiração divina”.
Todavia, outros acham mais provável que Nabi esteja em conexão com uma raiz assíria ou árabe, que significa “proferir, anunciar uma mensagem”, e está em conformidade com Êxodo 7:1, onde está escrito o seguinte: “...Tenho te posto por deus..., e Arão,... será o teu profeta (mensageiro)”.
Sabemos que Arão foi enviado por Deus para entregar sua mensagem a Faraó, porque Moisés achava que não conseguiria falar. Deus, então, fez um acordo com Moisés  dizendo-lhe que lhe diria o que deveria dizer  ao rei, mas o autorizava a  passar a missão a Arão, que por sua vez seria o seu mensageiro. (Ex 4.14-16).
Só para constar, Arão era o irmão primogênito de Moises (3 anos mais velho), sendo a irmã do meio Miriã, e Moisés era  o caçula. Leia Ex 7.7.
A palavra “Profeta” no grego é “Prophetes”, que significa “alguém que fala por um deus e interpreta sua vontade”. Assim, de acordo com a Pequena Enciclopédia Bíblica, Profeta é “Alguém cujo ofício é servir como porta-voz de Deus, cuja mensagem é para admoestação ou predição”.
Apesar de Moisés ter servido como profeta (porta-voz de Deus ao povo), ser profeta ainda não era considerado um ofício, uma função reconhecida, como era a de sacerdote.
 Assim, a primeira pessoa que foi reconhecida como tal, foi Samuel. Ou seja, a partir dele, assim como havia o ofício de rei, de pastor de ovelhas, de artesão, de sacerdote, também havia o de profeta.
Após a vinda de Jesus à Terra,não houve mais esse oficio, na verdade, segundo a Bíblia, o último homem a ser reconhecido na função de profeta, foi João Batista. (Veja em Mt 11:13).Entenda: Reconhecido pelo nome de profeta como um cargo.
Deus instituiu homens para a função de profetas, isto é, Ele elegeu algumas pessoas para entregar seus recados ao povo. Isto ocorreu porque  na época de Moisés o povo teve medo de morrer caso Deus lhes falasse diretamente, então pediram que Moisés lhes falasse em lugar de Deus. Daí para frente, Deus falava com Moisés e este servia  de  porta-voz ao povo. (Leia Ex 19.17; 20;18,19; Dt 5. 1,4,5; 18.15,18).
Uma vez que Deus não falava mais diretamente com o povo, ele falava com eles através dos profetas. Por isso em Pv 29.18, Salomão diz: “Não havendo profecia o povo se corrompe”. Em outras palavras, nós podemos entender que, se não houvesse profetas (mensageiros de Deus), o povo se perderia em seus pecados.
Havia uma grande diferença entre “profetas” e “sacerdotes”, dois ofícios importantíssimos na época do Velho Testamento (da velha aliança de Deus com Israel). Os profetas eram como canais onde Deus se utilizava para falar com o povo. Já os sacerdotes, eram pessoas separadas por Deus para sacrificar a Ele em favor do povo.
No Antigo Testamento, isto é, no Antigo Pacto de Deus com Israel, quando alguém pecava devia levar um animal para que o sacerdote o sacrificasse para remissão do pecado do ofertante, a fim de que Deus os visse novamente  como um povo puro.
Então, podemos resumir da seguinte maneira: O homem falava com Deus através do sacerdote; Deus falava com o homem através do profeta. 
Os profetas no Antigo Testamento são classificados da seguinte maneira: Profetas Maiores e Profetas Menores. 
É importante que entendamos que esta classificação nada tem a ver com a importância dos profetas, mas com o tamanho de seus livros. Por exemplo, o livro de Isaias, Jeremias, Ezequiel e Daniel, são livros relacionados a profecias e ao mesmo tempo são mais extensos do que os demais livros proféticos, então, por essa razão foram classificados como Profetas Maiores. 
Os outros doze livros que são respectivamente: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum,  Habacuque,  Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias,  que também tratam de assuntos relacionados a profecias, são chamados de Profetas Menores, porque seus livros são menores que os outros.
Também são classificados como Profetas Orais e Escritores: Os orais são aqueles profetas que são mencionados em algum livro da Bíblia, mas não tem o seu próprio, como é o caso de Natã, que é um profeta mencionado no livro de 1 Samuel e não existe um livro com o seu nome. O mesmo acontece com os profetas Elias e Eliseu, cujos nomes são mencionados no livro de Reis, e nenhum deles possui o seu próprio livro.
Já os Profetas classificados como Escritores, são aqueles cujos nomes foram mencionados no próprio livro escrito por eles. É o caso de Isaias, Daniel, Jeremias, Jonas e demais citados acima.
No início Israel vivia sob o regime da teocracia (governo onde o próprio Deus era o governante), e o povo conhecia suas leis através dos profetas que lhes anunciavam: Deus dava a ordem ao profeta e ele passava ao povo. Veja por exemplo, Isaias 1. 2: “Ouvi, ó céus, e dá ouvido, ó terra, porque o Senhor é que fala ...”  (itálicos meus)
Observe: O profeta falava em nome do próprio Deus. Ele era apenas um mensageiro, enquanto que Deus era o autor da mensagem.
Em 2 Rs13.15-17, vemos uma historia onde um rei vai procurar um profeta para que ele lhe diga o que Deus ordena que ele faça. Era dessa maneira que funcionava a teocracia (o governo de Deus): Deus enviava sua palavra ao homem através do profeta, e recebia o povo através do sacerdote.
Porém, em uma determinada época, os israelitas não queriam mais ser governados por Deus e pediram para que  Ele lhes permitisse ter um rei humano, assim como era nas outras nações.
 Apesar de Deus ficar muito triste por ser rejeitado pelo seu povo e saber a grande bobagem que eles estavam fazendo, ordenou que Samuel (seu profeta) lhes dissesse que Ele atenderia o desejo deles, e a partir daí Saul foi constituído por Deus, como o primeiro rei de Israel (Leia 1 Sm 8.4-9).
Para finalizar, vamos relembra duas coisas sobre os profetas:
1º: O primeiro a ser reconhecido na função de profeta foi Samuel.
2º: O último a ser considerado profeta foi João Batista.
Portanto, devemos tomar cuidado com aqueles que assim se denominam dizendo ter o ofício (cargo) de profetas. Leia sobre isso no texto “Ainda existe o ofício de profeta?”.
Creio que Deus ainda usa seus profetas, pois o apóstolo Paulo fala que existe o dom de profecia (1 Co 12.10), no entanto, existem muitas “profetadas” (falsas profecias) no meio pentecostal que devem ser analisadas e julgadas, conforme nos admoesta a Palavra de Deus em 1 Coríntios 14.29.
Quando a profecia é da parte de Deus ela tem que se cumprir cabalmente, não em partes. Observe o alerta de Deus em Deuteronômio 18.21,22:
“Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o Senhor não disse; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.”
E, em relação aos que profetizam falsamente em nome do Senhor, fica a advertência do próprio Deus em Ezequiel 13. Leia e medite no quanto Deus se ira com aqueles que, em Seu nome dizem o que o Senhor não disse.
Leia a Bíblia, pois é a profecia que jamais falha. Não vá atrás de profeta, pois Deus há de falar com você, como e quando Ele quiser, ainda que o faça por meio de profecia. 
Profecia é um dos meios pelos quais Deus fala conosco, não o único. E, aliás, se Deus não mandava seus profetas do Antigo Testamento, que “trabalhavam” como Profeta, para falar toda hora com seu povo, mas só os enviava em casos especiais, por que hoje, quase todos os dias, ouvimos profetas profetizando sobre as coisas mais banais da vida?
Ore, peça sabedoria a Deus, pois Ele a dá (Leia Tiago 1.5,6 ). Fuja de qualquer movimento onde impere a emoção acima da razão, pois Deus não é Deus de confusão (1 Co 14.33).
Somos seres emocionais, todavia, não podemos nos esquecer de que, da mesma forma, somos seres racionais, conforme nos exorta o apóstolo Paulo ao aconselhar os irmãos de Roma a apresentarem a Deus um culto racional (com a razão, com o entendimento), conforme observamos no texto abaixo:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional.” (Rm 12.1).
Espero tê-lo ajudado com este texto. Qualquer dúvida ou comentário pode utilizar o espaço de comentário abaixo, ou utilizar meu e-mail que se encontra do lado direito do blog. 

Em Cristo,
Leila Castanha
02/2013

Observação: Os comentários degradantes e desrespeitosos a regras de fé aqui professas (direito de todo cidadão em um país laico), ou afrontas a religiões, serão excluídos. Opinar é permitido, desde que se faça de forma polida e civilizada.






sábado, 3 de agosto de 2013

A IMPORTÂNCIA DA GENEALOGIA DE JESUS


     O Livro de Mateus é o primeiro dos Evangelhos Sinóticos, embora alguns estudiosos da Bíblia acreditem que o Livro de Marcos foi escrito antes dele. O autor desse livro é o próprio Mateus, por isso recebeu o nome de “Evangelho Segundo São Mateus”, ou seja, “O Evangelho contado de acordo com Mateus”. Esse livro é o único do Novo Testamento escrito originalmente em hebraico.

     O livro de Mateus foi escrito aos judeus por cerca de 60 d.C. (depois de Cristo) e apresenta-lhes Jesus como  Rei . Ele enfatiza que Cristo era o Messias que viria para reinar sobre o seu povo (os judeus). Messias é a forma hebraica do nome Cristo que significa Ungido. 
Segundo a tradição judaica, aquele que fosse ungido por um sacerdote receberia autoridade para exercer o seu ofício, e, uma vez que os discípulos criam que Jesus era o Ungido de Deus que veio ao mundo a fim de realizar sua missão redentora e  levar o homem de volta a Deus, eles o chamavam de Cristo, que era o mesmo que dizer que reconheciam que Jesus tinha autoridade sobre eles. Para entendermos um pouco mais este vocábulo, leiamos Mc 8.27-29:

“E saiu Jesus e os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe; e, no caminho, perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João Batista; e outros, Elias; mas outros, um dos profetas. E ele lhes disse: Mas vós que dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse:  Tu és o Cristo.” (negrito meu)


Quando Pedro disse: “Tu és o Cristo”, ele estava dizendo a Jesus que reconhecia que ele era o Ungido de Deus (a pessoa a quem Deus deu autoridade), para trazer o reino de dele a Terra (Veja Mt 3.1,2).
 O povo de Israel esperava, segundo predissera as Escrituras, a chegada de um rei que o livraria da opressão romana, porém, muitos deles não criam que Jesus era esse Rei predito. Por isso, Mateus escreveu seu livro aos seus conterrâneos para provar-lhes que Jesus era, realmente, esse homem.

Os judeus sabiam que o Cristo (o Ungido de Deus) o qual esperavam para reinar sobre eles, viria da descendência de Abraão e de Davi, conforme dissera os profetas (Veja 2 Sm 7.12-16; Jr.23.5; Gn12.3). Então, Mateus achou por bem iniciar seu livro mostrando a origem de Jesus, ou seja, de onde ele descendia, e intitulou seu livro de “Livro da geração de Jesus CristoFilho de DaviFilho de Abraão.” (Mateus 1.1) – (itálico meu). Ou seja, Mateus escreveu seu livro com o intuito de chamar a atenção dos judeus para o fato de que Jesus era o Rei que havia de vir, porque, em primeiro lugar, ele pertencia a geração de Davi e de Abraão, exatamente a linhagem da qual as profecias diziam que o Cristo deveria vir.
A partir desta prova confirmada, Mateus começou a contar a história do nascimento de Jesus até a sua ascensão (sua subida ao céu), comparando cada etapa de sua vida com as profecias do Antigo Testamento. Inclusive, ele cita quarenta passagens do Velho Testamento na tentativa de ser o mais convincente possível. Quando ele conta, por exemplo, sobre o nascimento de Jesus, ele faz questão de comparar os fatos narrados por ele com a profecia de Isaías, a qual predisse que Jesus havia de nascer de uma virgem. Assim, após contar o que o anjo dissera a Maria, ele relata que ela era virgem, então, no capítulo 1. 22 e 23, ele escreve:

“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá e dará a luz a um filho, ele será chamado Emanuel, que quer dizer Deus conosco”. (negrito meu)


Leia esta profecia em Isaias 9.6 e compare com o versículo que lemos agora. Leia também (Mt 2.2; 2.5-6; 2.15; 2.17,18; 2.22,23) e veja como Mateus usou as Escrituras do Antigo Testamento para provar que tudo o que foi profetizado se cumpriu desde o nascimento de Jesus até o seu retorno ao céu. Só desse jeito ele poderia convencer os judeus de que Jesus era realmente o Rei que eles esperavam, porque os judeus se baseavam nas profecias. 
Mateus tinha um trabalho difícil para executar. Marcos, por exemplo, escreveu seu livro aos romanos, um povo que mal conhecia as Escrituras. Lucas escreveu aos gentios (ao povo não judeu), que nada sabiam acerca de Cristo e que há pouco haviam conhecido sua  história pela pregação dos apóstolos e demais discípulos. Para estes, bastava contar o que dissera os profetas e como isso havia se cumprido em Cristo. Mas, para Mateus era diferente. Ele estava contando a história de Jesus para um povo que conhecia muito bem as profecias e as Escrituras. Além do mais, muitos judeus duvidavam que Jesus fosse o Rei esperado, porque acreditavam que o Cristo viria fazendo uma revolução para liberta-los da opressão de Roma.  Por isso, não bastava apenas contar-lhes a história de Jesus nem dizer-lhes que as profecias falavam sobre ele, Mateus precisava provar-lhes isso. Então, ele começou seu trabalho, provando-lhes que Jesus era o Filho de Abraão e o Filho de Davi, isto é, que ele era, de fato, descendente destes dois homens.

Primeiro ele escreveu sobre o que trataria seu livro: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (1.1)
 Ao dizer “Filho de Abraão” e “Filho de Davi”, ele já inicia o assunto chamando a atenção dos judeus porque eles sabiam que o Messias (O Cristo) viria dessa linhagem.
Em seguida, para ser mais preciso e não deixar qualquer dúvida, ele resolveu escrever um por um os nomes dos antepassados de Cristo, começando por Abraão até chegar a ele, descrevendo sua árvore genealógica da seguinte maneira:


“Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó; Jacó gerou a Judá e seus irmãos (...); Matã gerou a Jacó; Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”. (1.1- 15)

Em outras palavras, Mateus escreveu mais ou menos o seguinte:

“Livro da genealogia de Jesus Cristo, o qual comprova que Jesus é da linhagem de Davi e da linhagem de Abraão, conforme predisse as Profecias. Para comprovar o que estou dizendo, vou citar um por um os descendentes dele começando por Abraão: Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó (este é outro Jacó); Jacó gerou a José, o marido de Maria, a virgem da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo, isto é, o Ungido de Deus, de quem dizia as Profecias.”

Quando Mateus diz no início de sua narrativa que Jesus é o “Filho de Davi” e o “Filho de Abraão” (Leia o versículo 1),  Mateus não estava dizendo que Cristo foi gerado por Davi e por Abraão, no sentido biológico, mas, quanto a sua linhagem, isto é, ele pertencia a mesma linhagem de Davi e de Abraão.

Observamos, também, que apesar de todos nós termos duas linhagens, isto é, uma pela parte de pai e outra pela parte de mãe, Mateus escolheu apresentar a descendência de Cristo pela linhagem de José, seu pai adotivo.  Sabemos que o nascimento de Jesus foi um ato milagroso, pois ele era filho de Maria (uma humana) e do Espírito Santo (um Ser divino) e que José não era o pai biológico dele. O próprio Mateus conta isso (1.18,25). Todavia, tendo José se casado com Maria ele tornou-se legalmente o pai de Jesus, de maneira que os próprios judeus o reconheciam como tal (Leia Mt 13.53-55 e Lc 3.23).
Mateus não apresentou a descendência de Maria, que também era da linhagem de Davi, porque os judeus costumavam considerar os ancestrais pela linhagem paterna. Veja um exemplo de como apresentavam a genealogia de alguém, em 1 Cr 1.8, e observe que só  há menção de nomes de homens.  Lembre-se, também, que naquela época a mulher era valorizada apenas para a procriação, elas não podiam sequer falar em público e suas vidas reduziam-se a servir os seus pais, irmãos ou maridos.

Mateus até incluiu algumas mulheres na genealogia de Jesus, mas preferiu usar a árvore genealógica do pai para apresentar a linhagem de Cristo. Lucas também apresenta a genealogia de Jesus (Lc 3.23-38), porém, alguns eruditos da Bíblia, como o dr. Scofield, defende a tese de que em Lucas, a linhagem de Jesus é descrita pela arvore genealógica de Maria, todavia, apesar de tentador, não nos compete entrar nesse pormenor, apenas nos limitemos ao fato já comprovado de Mateus que apresenta a linhagem de Cristo pela linha paterna, para provar que Jesus era, por legitimidade, descendente de Abraão e de Davi, logo, ele se encaixava nas Profecias.
Outra preocupação de Mateus era enfatizar que Cristo era o Rei que os judeus esperavam, por isso ele usava muito a expressão “Reino dos Céus”, para fazê-los entender que Cristo não era um rei qualquer, mas que seu reino não era desse mundo, isto é, ele era o Rei do qual profetizara as Escrituras. Ele usou tanto esta expressão em seus escritos que alguns estudiosos da Bíblia apelidaram seu livro de “O Livro do Evangelho do Reino”. Leia Mt 4.23; 6.33; 9.35; 24.12. 

Mateus, que também é chamado de Levi (veja Mc 2.14; Lc 5.27), era um dos doze apóstolos de Cristo, conforme está escrito em Mt 10.3. A palavra “Apóstolo” significa “mensageiro ou enviado”, logo, os apóstolos de Jesus, dos quais Mateus fazia parte, eram homens enviados por Cristo para levar a mensagem do Evangelho. Lembre-se de que a palavra “Evangelho”, significa “Boas Novas, Boas Notícias ou Boas Mensagens”. E Mateus, em seu livro, anunciava essas Boas Noticias (o Evangelho) especialmente aos judeus, dizendo-lhes que Jesus é o Messias que eles esperavam e o Rei predito pelas profecias do Antigo Testamento. Não devemos nos esquecer de que os judeus eram conhecedores das Escrituras, por isso era indispensável que Mateus usasse todas as provas possíveis a fim de fazê-los compreender que Jesus era o Cristo.
Espero que agora você tenha compreendido como foi importante Mateus ter escrito sobre a genealogia de Jesus e citado tantas passagens do Antigo Testamento.
Leia este maravilhoso livro que foi dividido em vinte e oito capítulos e tente imaginar Mateus se esforçando para contar a história de Jesus aos judeus, seus conterrâneos, de forma convincente e sem perder nenhum detalhe descrito pelas profecias do Antigo Testamento.

 Boa Leitura e que o Espírito Santo fale ao teu coração.

Fique na doce paz de Cristo!

Leila Castanha

07/2013