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Analisando a promessa
messiânica relembrada pelo escritor aos hebreus (10.18): “De vossos pecados não
me lembrarei mais”, profecia esta registrada em Jr 31.33,34, é perfeitamente
clara a palavra profética que implica em o sacrifício de Cristo ser suficiente
para Deus não mais levar em conta os nossos pecados, bênção esta não alcançada
pelo sacrifício de animais no A. T. (AntigoTestamento).
A grande diferenciação
entre o sacrifício de animais (A.T.) e o sacrifício de Cristo (N.T.) está no
valor da oferta perante Deus.
O sangue dos animais tinha a função de encobrir o
pecado do homem dos olhos de Deus, mas não podia
justifica-lo. Isto é, a cada pecado necessitava-se de um novo sacrifício
para adquirirem novo perdão de Deus. O homem era visto por Deus, como servo do
pecado, logo, separado dele (Is 59.1,2). Não bastava uma confissão, apenas,
precisava continuamente se oferecer uma vida inocente pela vida do pecador (Lv
1; 5).
O sacrifício de Cristo foi
mais excelente que o primeiro porque apesar de fazer parte do novo concerto,
ele selou o velho pacto cumprindo a lei (Mt 5.17), pela
expiação do seu sangue, conforme o testemunho do apóstolo Pedro
, no qual diz que o justo (Cristo) morreu pelos
injustos (1 Pe 3.18), ou seja, conforme exigia a lei do A.T. (Hb 9.22), assim,
Ele deu a sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28; 1 Tm 2.6). Porém, como um
novo concerto, seu sangue não apenas encobria o
pecado dos olhos de Deus, mas os apagava (tirava
o pecado - 1 Jo 3.5).
O sacrifício de animais
exigia que o ato sacrificial fosse continuamente realizado, enquanto que, em
relação ao de Cristo, era necessário que padecesse (sofresse, morresse e
ressuscitasse) apenas
uma vez (Hb 9.26-28). Isto porque ele não era simplesmente uma
criatura de Deus, como os animais (usados como sacrifício no A.T), mas
era o próprio filho de Deus, que segundo ele mesmo declarara, com o Pai se
fazia um (Jo 10.30), logo, seu sacrifício resultou no próprio sacrifício do Pai
(2 Co 5.19). Jesus era o Cordeiro de Deus (Filho de Deus, enviado pelo próprio
Deus – Jo 5.30;), por isso o poder de seu sangue é
suficiente para nos purificar (limpar) de todo o pecado e nos justificar (nos
tornar justos) perante os olhos de Deus. Por isso podemos chegar
a Sua presença, com confiança (Hb 4.16).
Devemos estar conscientes
de que a Bíblia é enfática em dizer que como cristãos não devemos ter prazer no
pecado, mas resisti-lo (Rm 6.11; 1Pe 2.24; 1Jo3.8; 1Jo 5.18). Para enfatizar a
necessidade de não pecarmos, o apóstolo aos gentios (Paulo – Ef. 3.6,7) lança
esta pergunta aos irmãos romanos (6.1): ”Que diremos, pois? Permaneceremos no
pecado para que a graça seja mais abundante?”, isto é, uma vez sendo
justificados estamos livres para pecar? Sua resposta foi uma extensa
explicação na qual ele lhes diz que o fato de termos sido justificado do pecado
não nos dá o direito de vivermos em pecado,
raciocínio este defendido por João (1Jo 3.8,9).
Todavia, havendo
possibilidade de falharmos, porque, conforme afirma o apóstolo Paulo, o pecado
habita em nós (Rm 7.18-23), não devemos aceitá-lo passivamente, mas procurar
viver no Espírito, crucificando a carne (Rm 6.6; Gl 2.20). Paulo afirma ainda
que, sendo o pecado muitas vezes um ato involuntário (Rm 7.22,23), Deus não nos
condena quando pecamos porque o sangue de Jesus já nos livrou de vez por todas
da condenação imposta ao pecador, o que nos condena agora é a nossa atitude
para com a graça recebida (abandonar os rudimentos da doutrina de Cristo). Veja
Hb 6.4-6 . No entanto,
algumas pessoas entendem que o texto de Hb 9.24-28, no qual afirma que era
necessário que Cristo padecesse apenas uma vez para
a remissão de pecados, evidencia que não se faz necessário pedirmos perdão por
nossos pecados cometidos no dia a dia, já que Cristo já perdoou a todos eles
(passados, presentes e futuros), de uma só vez. Porém, afirmação como esta
anula outros textos, do próprio autor aos hebreus, como por exemplo, em 4.14-16.
Observamos que este texto
evidencia a necessidade de nos humilhar perante sua potente mão (a fim de
alcançarmos graça- v16), conforme confirma Pedro (1 Pe 5.6), e nos admoesta a
ter confiança ( crer) ao entrarmos a sua presença (em oração), pois como sumo
sacerdote (aquele que apresenta o pecado do homem a Deus a fim de que lhe
perdoe), sendo o seu próprio sangue a expiação pelo pecado, ele terá
misericórdia das nossas fraquezas, porque também já foi tentado, embora não
pecou (Hb 4.16). Paulo, escreveu aos efésios (2.16-19),
dizendo-lhes que não precisamos mais ter medo de nos chegar a
presença de Deus porque em Cristo (nosso sumo sacerdote), temos acesso a ele, e
não somos mais estrangeiros, mas tornamo-nos família de Deus.
O mesmo ele diz em Hb
2.17, que podemos ir direto a Deus, sem medo (mas, em confiança), pois Cristo é
um sumo sacerdote misericordioso e fiel. Vemos aqui, que a admoestação não é
que não devemos pedir perdão por nossas falhas, mas que não precisamos ter medo de
que ele não tenha “misericórdia e graça a fim de nos ajudar”, pois ele é
misericordioso e fiel. Leia Rm 8.34.
Ainda em Hb 3.1, o autor diz ser Jesus o sumo sacerdote “de nossa confissão”, logo,
é claro a necessidade de confessarmos nossos pecados diários a ele.
Em Pv 28.13, encontramos
as palavras do sábio Salomão: ”O que confessa o
seu pecado e
deixa, alcançará misericórdia”. Confessar (ato de reconhecimento) e deixar
(ato de arrependimento). Tiago diz (5.15), que a oração da fé será
capaz de perdoar pecados. A oração da fé,
nada mais é do que o entendimento de Hb 4. 16, isto é, que podemos ter
confiança (fé) ao entrarmos na presença divina, mesmo que seja para pedir-lhe
perdão pelas nossas faltas cometidas.
No Sl 32.15, o salmista diz ter sido imprescindível, para que Deus
perdoasse-lhe o pecado, confessá-los à Ele.
Através da parábola do
filho pródigo em Lc 15, Jesus também enfatizou a importância de se pedir perdão
a Deus (o Pai) quando pecamos. Especialmente nos vers 17-22, Ele
demonstra que a reação do pai diante do afastamento do filho foi esperar que
ele se arrependesse e voltasse, enquanto que a reação do filho ao compreender
que havia pecado foi a de decidir confessar ao
pai o seu pecado (v 17,18). Em
outra ocasião, quando Jesus estava ensinando seus discípulos como orar, ele
lhes deu um modelo, o uinte lição:
“Quando orardes dizeis assim: Pai nosso que estás no céu ... Perdoa as nossas
dívidas assim como nós perdoamos a dos nossos devedores...” (Mt
6.9,12). “Perdoa (presente)
as nossas dividas”, esta é a frase que nos interessa agora. Se não fosse
importante pedirmos perdão a Deus pelos nossos pecados cotidianos, porque Jesus
se daria ao trabalho de nos ensinar a fazê-lo?
O apóstolo S. João também
compreendeu esta necessidade, pois que escreveu: “Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça”. (1 Jo 1.9). No cp. 2.1, ele enfatiza que não
devemos pecar, mas se pecarmos temos um advogado, Jesus, o Justo, no entanto,
não podemos nos esquecer que ele antecedeu estas palavras mostrando
a necessidade da confissão para a obtenção do perdão dos pecados (a partir de
sua conversão), afinal, Deus não leva em conta o tempo da ignorância (At
17.30; 1 Tm 1.12,13). Aí
sim, uma vez se arrependido e pedido perdão, Deus não mais se lembrará deles
(nem dos passados, nem dos presentes - Jr 31.33-34; hb 10.18). Veja o que diz 2
Cr 7.14: Ser
humilde faz parte do caráter do autêntico servo de Deus.
A questão do pedir perdão
pelos nossos pecados atuais, não fere a capacidade expiatória do sacrifício de
Cristo, mas dá a Ele a chance de ser misericordioso para com nossas fraquezas,
pois conforme S.Pedro (5.5) “Deus resiste ao soberbo (arrogante), mas dá graça
(favorece) ao humilde. O próprio Jesus nos ensinou que devemos aprender duas
qualidades com ele: Ser manso e humilde de coração (Mt
11.29). Em Mt 5.3, no sermão da montanha, uma das bem-aventuranças
que Jesus declarou aos seus discípulos foi a humildade ( ser pobre de espírito)
.
Em hb 10.18 está escrito
que “onde há remissão dos pecados, não há mais oblação (sacrifício) pelo pecado”,
e nisto concordo plenamente. Se houve remissão (resgate), não se faz mais
necessário pagar nenhum preço. O apóstolo Paulo nos explica esse raciocínio
dizendo que fomos libertados do pecado, portanto, não devemos mais nos pôr
debaixo da sua servidão (Gl 5.1). Agora, uma vez redimidos (resgatados) do
pecado, a Bíblia deixa bem claro que se quisermos voltar para o domínio dele é
por escolha nossa (Gl 5.16), pois, segundo Paulo, quando passamos a pertencer a
Cristo, o pecado já não
tem domínio sobre nós (Rm 6.14), por isso adverte-nos: “Não
reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas
concupiscências (desejos carnais – v. 12).
Uma coisa é você pecar e
outra, bem diferente, é deleitar-se no pecado. Podemos pensar coisas que não
queremos (pecado involuntário), mas não é a mesma coisa de provocarmos estes
pensamentos por atitudes que nos levarão a eles. Podemos cultiva-los, ou arranca-los
de nossa mente. Um pensamento na mente é bem diferente de um pensamento no
coração.
Pedir perdão por algum
pecado cometido no nosso dia a dia, não invalida o sacrifício de Cristo,
tornando-lhe a crucifica-lo,segundo o pensamento de algumas
pessoas, pois, de acordo com as Escrituras, o único modo de
tornar a crucificar a Cristo é se a pessoa obteve conhecimento (foram
iluminados) e “recaíram”, conforme aponta Hb 6.1, 4-6. O nosso ato de confissão
e pedido de perdão pelos nossos pecados, valida ainda mais o poder expiatório
desse sangue, porque, diferente do sangue de animais (A.T), seu poder
expiatório perdura enquanto a porta da graça estiver aberta.
Quando pedimos perdão a
alguém não quer dizer que a pessoa a quem nos humilhamos só será capaz de nos
perdoar se assim fizermos, mas o nosso pedido apenas demonstra nosso arrependimento pela
nossa má conduta e a nossa humildade ao
percebermos que erramos. Do
mesmo modo como Deus sabe tudo o que precisamos e desejamos, e ainda assim
Jesus nos disse que quem pede, recebe,
quem busca, encontra e à quem bate se abre (Mt 7.7,8),
entendo que, embora Cristo tenha já padecido pelos nossos pecados e
nos “purificado”, justificando –nos perante Deus, Ele quer que nos
humilhemos diante dele quando o afrontarmos com nossos pecados.
Assim, uma vez
arrependidos, podemos pedir seu perdão e o receberemos, porque o preço por
nossa justificação já foi pago antecipadamente, na cruz do Calvário, através do
sangue de Cristo (1 Pe1.18,19).
O poder do sacrifício
eterno de Jesus está em condicionar ao pecador arrependido a oportunidade diária de
arrepender-se de seus pecados e acertar o alvo proposto pela sua redenção, a
saber, uma vida de santificação, “sem a qual ninguém verá a Deus” (1 Ts 4.3;2
ts 2.13; Hb 12.14) .
Encerro esta reflexão com
o Sl 51.17: “O sacrifício
para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus”.
No amor de Cristo,
Leila Castanha