O Livro de Mateus é
o primeiro dos Evangelhos Sinóticos, embora alguns estudiosos da Bíblia
acreditem que o Livro de Marcos foi escrito antes dele. O autor desse livro é o
próprio Mateus, por isso recebeu o nome de “Evangelho Segundo São Mateus”, ou
seja, “O Evangelho contado de acordo com Mateus”. Esse livro é o único do Novo
Testamento escrito originalmente em hebraico.
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, o qual comprova que Jesus é da linhagem de Davi e da linhagem de Abraão, conforme predisse as Profecias. Para comprovar o que estou dizendo, vou citar um por um os descendentes dele começando por Abraão: Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó (este é outro Jacó); Jacó gerou a José, o marido de Maria, a virgem da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo, isto é, o Ungido de Deus, de quem dizia as Profecias.”
Boa
Leitura e que o Espírito Santo fale ao teu coração.
O livro de Mateus foi escrito aos
judeus por cerca de 60 d.C. (depois de Cristo) e apresenta-lhes Jesus
como Rei .
Ele enfatiza que Cristo era o Messias que viria para reinar sobre o seu povo
(os judeus). Messias é
a forma hebraica do nome Cristo que
significa Ungido.
Segundo a tradição
judaica, aquele que fosse ungido por um sacerdote receberia autoridade para
exercer o seu ofício, e, uma vez que os discípulos criam que Jesus era o Ungido
de Deus que veio ao mundo a fim de realizar sua missão redentora e levar
o homem de volta a Deus, eles o chamavam de Cristo, que era o mesmo que dizer
que reconheciam que Jesus tinha autoridade sobre eles. Para entendermos um
pouco mais este vocábulo, leiamos Mc 8.27-29:
“E saiu Jesus e os seus discípulos
para as aldeias de Cesareia de Filipe; e, no caminho, perguntou aos seus
discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João
Batista; e outros, Elias; mas outros, um dos profetas. E ele lhes disse: Mas
vós que dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo.” (negrito meu)
Quando Pedro disse: “Tu
és o Cristo”, ele estava dizendo a Jesus que reconhecia que ele era o
Ungido de Deus (a pessoa a quem Deus deu autoridade), para trazer o reino de
dele a Terra (Veja Mt 3.1,2).
O povo de Israel
esperava, segundo predissera as Escrituras, a chegada de um rei que o livraria
da opressão romana, porém, muitos deles não criam que Jesus era esse Rei
predito. Por isso, Mateus escreveu seu livro aos seus conterrâneos para
provar-lhes que Jesus era, realmente, esse homem.
Os judeus sabiam que o Cristo (o Ungido de Deus) o qual esperavam
para reinar sobre eles, viria da descendência de Abraão e de Davi,
conforme dissera os profetas (Veja 2 Sm 7.12-16; Jr.23.5; Gn12.3). Então,
Mateus achou por bem iniciar seu livro mostrando a origem de Jesus, ou seja, de
onde ele descendia, e intitulou seu livro de “Livro da geração de
Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão.”
(Mateus 1.1) – (itálico
meu). Ou seja, Mateus escreveu seu livro com o intuito de chamar a
atenção dos judeus para o fato de que Jesus era o Rei que havia de vir, porque,
em primeiro lugar, ele pertencia a geração de Davi e de Abraão, exatamente a
linhagem da qual as profecias diziam que o Cristo deveria vir.
A partir desta prova
confirmada, Mateus começou a contar a história do nascimento de Jesus até a sua
ascensão (sua subida ao céu), comparando cada etapa de sua vida com as
profecias do Antigo Testamento. Inclusive, ele cita quarenta passagens do Velho
Testamento na tentativa de ser o mais convincente possível. Quando ele conta,
por exemplo, sobre o nascimento de Jesus, ele faz questão de comparar os fatos
narrados por ele com a profecia de Isaías, a qual predisse que Jesus havia de
nascer de uma virgem. Assim, após contar o que o anjo dissera a Maria, ele
relata que ela era virgem,
então, no capítulo 1. 22 e 23, ele escreve:
“Tudo isso aconteceu para que se
cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá
e dará a luz a um filho, ele será chamado Emanuel, que quer dizer Deus
conosco”. (negrito meu)
Leia esta profecia em Isaias 9.6 e compare com o versículo que
lemos agora. Leia também (Mt 2.2; 2.5-6; 2.15; 2.17,18; 2.22,23) e veja como
Mateus usou as Escrituras do Antigo Testamento para provar que tudo o que foi
profetizado se cumpriu desde o nascimento de Jesus até o seu retorno ao céu. Só
desse jeito ele poderia convencer os judeus de que Jesus era realmente o Rei
que eles esperavam, porque os judeus se baseavam nas profecias.
Mateus tinha um trabalho
difícil para executar. Marcos, por exemplo, escreveu seu livro aos romanos, um
povo que mal conhecia as Escrituras. Lucas escreveu aos gentios (ao povo não
judeu), que nada sabiam acerca de Cristo e que há pouco haviam conhecido sua história
pela pregação dos apóstolos e demais discípulos. Para estes, bastava contar o
que dissera os profetas e como isso havia se cumprido em Cristo. Mas, para
Mateus era diferente. Ele estava contando a história de Jesus para um povo que
conhecia muito bem as profecias e as Escrituras. Além do mais, muitos judeus
duvidavam que Jesus fosse o Rei esperado, porque acreditavam que o Cristo viria
fazendo uma revolução para liberta-los da opressão de Roma. Por
isso, não bastava apenas contar-lhes a história de Jesus nem dizer-lhes que as
profecias falavam sobre ele, Mateus precisava provar-lhes isso. Então, ele
começou seu trabalho, provando-lhes que Jesus era o Filho de Abraão e o
Filho de Davi, isto é, que ele era, de fato, descendente destes
dois homens.
Primeiro ele escreveu sobre o que trataria seu livro: “Livro da genealogia de Jesus Cristo,
filho de Davi, filho de Abraão.” (1.1)
Ao dizer “Filho
de Abraão” e “Filho
de Davi”, ele já inicia o assunto chamando a atenção dos judeus porque eles
sabiam que o Messias (O Cristo) viria dessa linhagem.
Em seguida, para ser mais
preciso e não deixar qualquer dúvida, ele resolveu escrever um por um os nomes
dos antepassados de Cristo, começando por Abraão até chegar a ele, descrevendo
sua árvore genealógica da seguinte maneira:
“Abraão
gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó; Jacó gerou a Judá e seus irmãos (...); Matã
gerou a Jacó; Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se
chama o Cristo”. (1.1- 15)
Em outras palavras, Mateus
escreveu mais ou menos o seguinte:
“Livro da genealogia de Jesus Cristo, o qual comprova que Jesus é da linhagem de Davi e da linhagem de Abraão, conforme predisse as Profecias. Para comprovar o que estou dizendo, vou citar um por um os descendentes dele começando por Abraão: Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó (este é outro Jacó); Jacó gerou a José, o marido de Maria, a virgem da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo, isto é, o Ungido de Deus, de quem dizia as Profecias.”
Quando Mateus diz no
início de sua narrativa que Jesus é o “Filho de Davi” e
o “Filho de
Abraão” (Leia o versículo 1), Mateus não estava dizendo que
Cristo foi gerado por Davi e por Abraão, no sentido biológico, mas, quanto a sua linhagem,
isto é, ele pertencia a mesma linhagem de Davi e de Abraão.
Observamos, também, que apesar de todos nós termos duas linhagens,
isto é, uma pela parte de pai e outra pela parte de mãe, Mateus escolheu
apresentar a descendência de Cristo pela linhagem de José, seu pai adotivo. Sabemos
que o nascimento de Jesus foi um ato milagroso, pois ele era filho de Maria (uma
humana) e do Espírito Santo (um Ser divino) e que José não era o pai biológico
dele. O próprio Mateus conta isso (1.18,25). Todavia, tendo José se casado com
Maria ele tornou-se legalmente o pai de Jesus, de maneira que os próprios
judeus o reconheciam como tal (Leia Mt 13.53-55 e Lc 3.23).
Mateus não apresentou a
descendência de Maria, que também era da linhagem de Davi, porque os judeus
costumavam considerar os ancestrais pela linhagem paterna. Veja um exemplo de
como apresentavam a genealogia de alguém, em 1 Cr 1.8, e observe que só há
menção de nomes de homens. Lembre-se, também, que naquela época a
mulher era valorizada apenas para a procriação, elas não podiam sequer falar em
público e suas vidas reduziam-se a servir os seus pais, irmãos ou maridos.
Mateus até incluiu algumas mulheres na genealogia de Jesus, mas
preferiu usar a árvore genealógica do pai para apresentar a linhagem de Cristo.
Lucas também apresenta a genealogia de Jesus (Lc 3.23-38), porém, alguns
eruditos da Bíblia, como o dr. Scofield, defende a tese de que em Lucas, a linhagem
de Jesus é descrita pela arvore genealógica de Maria, todavia, apesar de
tentador, não nos compete entrar nesse pormenor, apenas nos limitemos ao fato
já comprovado de Mateus que apresenta a linhagem de Cristo pela linha paterna,
para provar que Jesus era, por legitimidade, descendente de Abraão e de Davi,
logo, ele se encaixava nas Profecias.
Outra preocupação de
Mateus era enfatizar que Cristo era o Rei que os
judeus esperavam, por isso ele usava muito a expressão “Reino dos Céus”, para
fazê-los entender que Cristo não era um rei qualquer, mas que seu reino não era
desse mundo, isto é, ele era o Rei do qual profetizara as Escrituras. Ele usou
tanto esta expressão em seus escritos que alguns estudiosos da Bíblia
apelidaram seu livro de “O Livro do Evangelho do Reino”.
Leia Mt 4.23; 6.33; 9.35; 24.12.
Mateus, que também é chamado de Levi (veja Mc 2.14; Lc 5.27), era
um dos doze apóstolos de Cristo, conforme está escrito em Mt 10.3. A palavra “Apóstolo” significa “mensageiro
ou enviado”, logo, os apóstolos de Jesus, dos quais Mateus fazia parte,
eram homens enviados por Cristo para levar a mensagem do Evangelho. Lembre-se
de que a palavra “Evangelho”,
significa “Boas
Novas, Boas Notícias ou Boas Mensagens”. E Mateus, em seu livro, anunciava
essas Boas Noticias (o Evangelho) especialmente aos judeus, dizendo-lhes que
Jesus é o Messias que eles esperavam e o Rei predito pelas profecias do Antigo
Testamento. Não devemos nos esquecer de que os judeus eram conhecedores das
Escrituras, por isso era indispensável que Mateus usasse todas as provas
possíveis a fim de fazê-los compreender que Jesus era o Cristo.
Espero que agora você
tenha compreendido como foi importante Mateus ter escrito sobre a genealogia de
Jesus e citado tantas passagens do Antigo Testamento.
Leia este maravilhoso
livro que foi dividido em vinte e oito capítulos e tente imaginar Mateus se
esforçando para contar a história de Jesus aos judeus, seus conterrâneos, de
forma convincente e sem perder nenhum detalhe descrito pelas profecias do
Antigo Testamento.
Fique na doce paz de
Cristo!
Leila Castanha
07/2013