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Na liturgia judaica, páscoa é a
festa na qual os judeus comemoram anualmente celebrando a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito. Segundo a Bíblia, o povo de Israel reunia-se anualmente, em Jerusalém, para comemorar a páscoa no mês primeiro,
aos 14 do mês, no crepúsculo da tarde” (Ex 12.2).
Pelo fato de a Páscoa assinalar um
novo começo para Israel, o mês que ela ocorreu (março / abril em nosso
calendário), tornou-se o primeiro dos meses de um ano novo para a nação.
A páscoa devia ser observada por
todos os israelitas (Ex 12), inclusive Jesus, sendo judeu, também a celebrava (Mt 26.19; Jo 2.23). A refeição
da páscoa consistia de um cordeiro assado ou um cabrito, pães asmos (pão sem
fermento) e ervas amargas.
A origem do nome é devido a
passagem do anjo por cima das casas que tinham o sangue aspergido nos umbrais de suas portas. (Leia Ex
12.7-13). Parte do sangue do cordeiro sacrificado, os israelitas deviam
aspergir nas duas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Quando o
destruidor passasse por aquela terra, ele passaria por cima das casas que
tinham sangue em seus umbrais (daí o termo Páscoa , do hebraico "pessach", que significa “passar por cima”, “poupar”, “passagem”). Por outro lado, os egípcios foram alcançados pela punição divina, e o "anjo da morte" tirou a vida de todos os seus primogênitos.
Toda a comida utilizada na festa
da páscoa tinha um simbolismo próprio. Os pães asmos, por exemplo, simbolizava a
pureza, pois Israel deveria ser um povo separado dos demais. Pães asmos são pães sem fermento. As ervas
amargas simbolizavam a escravidão no Egito, é um modo do povo nunca se esquecer
que Deus os tirou do sofrimento da escravidão, pois eles não tinham a sua própria pátria, e serviam ao rei egípcio. O cordeiro assado é símbolo de
sacrifício, pois o sangue do animal serviu de substituto pela morte do filho
primogênito de cada família (Leia Ex. 12.27 e Hb 9.22).
Na liturgia cristã, a páscoa
comemorada pelos judeus não tem qualquer sentido representativo. Em seu lugar
celebramos a Santa Ceia que é um memorial da morte de Cristo para nos salvar da
condenação eterna. Os rituais judaicas encontrados no Antigo Testamento são
sombras das coisas futuras, ou seja, representavam algo que deveria acontecer mais a frente (Leia Cl 2. 16,17; Hb 10.1).
Ao lermos sobre a páscoa judaica e
seus rituais, nos transportamos em pensamento à Cristo, que é a nossa Páscoa (passagem, acesso à salvação) - (1
co 5.7). Ele representa para nós, cristãos, o que a páscoa representa para o povo
judeu. Assim como o cordeiro, cujo sangue serviu para espargir nas portas,
livrando os seus moradores do castigo de Deus, Jesus é o Cordeiro de Deus que
livra da condenação eterna os que aceitarem o seu sangue remidor (Jo 1.36). Assim como o
cordeiro da páscoa deveria ser sem mancha, o apóstolo Pedro faz analogia com o cordeiro pascoal, dizendo que fomos comprados com o precioso sangue de Cristo, como o de
um cordeiro imaculado (sem mancha). Os romanos tinham talento para a lei e a justiça e representavam o poder judicial mais alto do mundo, e eles inocentaram Jesus, através de Pilatos, ao dizer as seguintes palavras: "Não acho nele crime algum"(Jo 19.4-6). O apóstolo Paulo também faz alegoria entre
a Páscoa e Cristo, dizendo aos cristão que estamos sem fermento (sem mistura,
santificados, separados), e que Cristo,
nossa páscoa (nossa passagem, nosso acesso à salvação) foi sacrificado por nós (1Co 5.7). Em relação ao cordeiro, a Bíblia conta que Cristo entregou-se à morte como um cordeiro mudo (Is 52.7; Mt 20. 28; 26.56).
O objetivo central da comemoração
da páscoa é fazer os judeus relembrarem-se do livramento que Deus lhes deu,
quando da opressão do Egito,
onde serviam como escravos. (Dt 7.7,8). Da mesma forma a Santa Ceia, que foi
instituída por Jesus, serve para relembrar aos cristãos o livramento que Deus
nos deu através do sangue de Cristo espargido na cruz do Calvário (Lc 22.17-20; 1Co 11. 23-26; Ef. 2.11-13;
Tt 3.4, 5).
Jesus recomendou aos discípulos
que participassem da Ceia em memória dele, ou seja, lembrando-se da libertação que Deus,
por meio dele, nos proporcionou. Da mesma forma como o povo de Israel participa da Páscoa em memória da sua libertação do
Egito, lembrando-se do que Deus, por meio de Moisés, fez por eles.
Páscoa, no seu sentido original,
nada tem a ver com ovo de chocolate, ou com coelhinho. Os ovos de chocolate foi uma invenção do comércio para aumentar suas vendas. Na realidade, a páscoa apresentada no Antigo Testamento, é um memorial perpétuo entre Deus
e Israel para que eles nunca se esqueçam do amor e poder de Deus em seu
favor, lembrando-se por meio dos pães asmos, que eles não podem se misturar com
o paganismo de outras nações, por meio das ervas amargas, que eles se lembrem o quanto sofreram por terem rejeitado a Deus, e, por meio do cordeiro assado, eles se recordem de que Deus não permitiu que o
sangue deles fossem derramado, providenciando-lhes um escape pelo sacrifício do cordeiro, que substituiu o sangue de seus filhos. O cordeiro, que apontava para o seu próprio Filho, que Ele daria em sacrifício em nosso lugar.
E para nós, cristãos, que não pertencemos à nação judaica, resta-nos a Ceia do Senhor, para lembrar-mo-nos de seu sacrifício e tudo o que ele implica para nós: separação da contaminação do mundo e libertação da escravidão do pecado. Cerimônia esta que, a exemplo da Páscoa judaica, deve ser celebrada perpetuamente, isto é, até que Cristo venha buscar a sua Igreja (1 Co 11. 26).
Espero tê-lo ajudado a entender o significado da páscoa para os judeus, e para nós, cristãos.
Despeço-me,
no amor de Cristo,
no amor de Cristo,
Leila Castanha