quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

PRAGA ROGADA CONTRA CRISTÃO, "PEGA"?


Primeiramente, vamos procurar entender o que significa essa palavra: praga. De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa, “praga” é também um dos sinônimos da palavra “maldição”, muito utilizada na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento.
Antes de adentrarmos na pergunta sugerida, devemos compreender que na linguagem bíblica a palavra que dava o sentido contrário à maldição era bênção. Encontramos, como exemplo, o texto de Dt 11.26:
 “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamento do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes”. (itálico meu)
Em Tiago 3:10, também fica bastante evidente o contraste entre esses dois termos: “Da mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos não convém que isso se faça assim”. (itálico meu)
Uma vez observado a oposição entre ambas as palavras, veremos o significado de cada uma delas  de acordo com a Grande Enciclopédia Larousse Cultural:
1º) Bênção: (do lat. Benedictio), que quer dizer, favor divino.
2º) Maldição: (do lat. Maledictio), que significa:
a)     Palavra com que se amaldiçoa alguém, praga;
b)      Desgraça, fatalidade;
c)      Desaprovação divina e os males que daí decorre como castigo.
Obs.: itálicos meus
Agora que já tivemos uma luz sobre o que significa essa palavra, precisamos relembrar que a maldição teve origem no Éden, quando Adão e Eva pecaram, isto é, desobedeceram a ordem de Deus ao comerem o fruto da árvore proibida (Gn 2.16,17) 
Porém, no princípio, antes do casal desobedecer a ordem divina, Deus os havia abençoado conforme está escrito em Gn 1.27,28: “E criou Deus o homem à sua imagem o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou...”
Nessa passagem bíblica percebemos que o ser humano não foi criado sob a maldição, mas debaixo de bênção. Após o pecado, então, começou a existir a maldição: a serpente foi amaldiçoada, assim como a terra, o homem e a mulher (Gn 3). 
Embora a maldição seja algo real, o fato do cristão cometer algum pecado não o faz tornar-se amaldiçoado por Deus, e, consequentemente, sujeito as pragas ou maldições, como alguns pensam. Segundo a Bíblia, a maldição é reservada para aqueles que desprezam a Deus e preferem viver fora de suas Leis, ou seja, escolhem uma vida de pecado.
O fato do cristão fraquejar e cometer algum pecado, não significa que ele tenha rejeitado a Deus, pois  em   1 Jo 1.8-10, lemos o seguinte: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”.
O apóstolo Paulo, após fazer uma análise de seu comportamento, fez o seguinte desabafo:
“Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior tenho prazer na lei de Deus.  Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros (...) (Rm 7.21,23)
No capitulo seguinte ele conclui seu raciocínio, dizendo: “Portanto, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito”. (Rm 8.1) – (itálicos meus)
É fato que há grande diferença entre “estar” feliz e “ser” feliz. Posso estar feliz hoje, embora não me julgue uma pessoa feliz, assim como posso estar triste, mas habitualmente sinto-me feliz. Da mesma maneira, uma pessoa pode ser doente, enquanto que outra possa apenas estar doente. “Ser” nesses casos é uma condição em que a pessoa vive, enquanto que “estar”, trata-se do momento atual, de um período do tempo.
Dessa forma, o cristão é reprovado por Deus quando  é  atuante no pecado, ou seja, quando ele tem prazer em viver na carne. No entanto, se o pecado cometido for como disse o apóstolo Paulo, um ato involuntário, produzido pela natureza carnal, mas sem o prazer que envolve uma vida pecaminosa, pois segundo o salmista, já fomos concebidos em pecado (Sl 51.5), não precisamos temer qualquer praga ou maldição que nos rogarem, pois o próprio Deus afirmou a Samuel:  “...O Senhor não vê como vê o homem; o homem atenta para a aparência, mas o Senhor olha o coração”. (1 Sm16.7b)
Sabemos que não vivemos em pecado, quando a prática pecaminosa nos tira a alegria, nos angustia, nos faz sentir mal, conforme vemos a condição de Davi, após ter cometido pecado (leia o Salmo 51).

Se Deus estiver do nosso lado, não temos com o que nos preocupar porque, como o salmista, podemos afirmar: "O Senhor está comigo, não temerei o que me pode fazer o homem". (Sl 118.6)

Ou mesmo como disse o apóstolo Paulo: "Se Deus é por nós, quem será contra nós"? (Rm 8.31)
E, se pecarmos, como cristãos, seremos incomodados, então basta nos lembrar do alerta do apóstolo São João: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça”.(1Jo 1.9)
Ao servo de Deus que comete alguma desobediência as Suas Leis, o autor aos hebreus diz que “Deus castiga ao que ama e açoita ao que tem por filho” (Hb 12.6). Castigar não é o mesmo que amaldiçoar. Como vimos no início, a maldição requer alguma desgraça, fatalidade ou praga advindos como castigo por não se obedecer a Deus. Onde havia a maldição não podia coexistir a bênção.
 Quando avisava os hebreus sobre a consequência de suas escolhas, Deus os advertia da seguinte maneira: “...E todas estas bênção virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus”(Dt 28.1,2)
Em seguida, Ele os alertava caso suas escolhas fossem erradas, dizendo-lhes: “Será, porém que, se não deres ouvidos a voz do Senhor teu Deus (...) então sobre ti virão todas as maldições, e te alcançarão”.(v. 15) (itálicos meu)
Observamos claramente que, quando uma entrava a outra se retirava da vida da pessoa. Bênção e maldição não podem se misturar, assim como óleo não se mistura com água. Neemias, em sua oração a Deus, disse-lhe: “Ah! Senhor Deus dos céus, Deus grande e terrível! Que guardas a aliança e a benignidade para com aqueles que o amam e guardam os seus mandamentos”. (Nee 1.5)
Qual era a aliança que Deus tinha para com o seu povo? Que os abençoaria se ouvissem a sua voz.
Será então que Deus esperava que o povo nunca pecasse? É óbvio que não, pois, já na época do Novo Testamento, vemos o alerta do apóstolo Paulo, que deixaria bem desconsertado os que criam ser perfeitos: “Todos pecaram e separados estão da glória de Deus”. (Rm 3,23) (grifo meu)
O que acontece, então se alguém lançar maldição em um cristão?
O salmista Davi sabia tão bem que ninguém pode amaldiçoar a quem Deus abençoa que no salmo 109.28 ele diz ao Senhor: “Amaldiçoe eles, mas abençoa tu”. Ou seja, se tu me abençoares, não estou nem um pouco preocupado com a maldição que eles me lançarem.
Quando Simei  lançou uma maldição sobre Davi ele respondeu: “...O Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia” (Leia 2 Sm 6.5-12)
Em outra ocasião, Davi fez a seguinte exortação: “Amai ao Senhor, vós todos que sois seus santos; porque o Senhor guarda os fiéis...”(Sl 31.23)
No tão conhecido salmo 91 encontramos a resposta para esta dúvida. Diz o salmista: “Aquele que habita no esconderijo do Altissimo, à sombra do Onipotente descansará (...) Nenhum mal te sucederá nem praga alguma chegará atua tenda”. (v. 10)
Leia este salmo inteiro que você ficará certo do quanto estamos seguros e protegidos à sombra do Onipotente! E, ainda que fraquejemos e erremos o alvo (“errar o alvo “ é o significado da palavra pecado), nem por isso ele nos abandonará, porque em 2 Tm 2.13, encontramos a seguinte frase do apóstolo Paulo: “Se formos infiel,ele permanece fiel”.
E ainda  no salmo 125 o salmista afirma com ênfase: “Os que confiam no Senhor serão como os montes de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre”.

Com amor,
Leila Castanha


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