domingo, 10 de fevereiro de 2013

MARCOS, O EVANGELHO DO SERVO


A palavra  grega, “evangelho”, significa “boa nova, boa notícia ou boa mensagem”.
Quando falamos do “Evangelho Segundo São Marcos”, queremos dizer que aquela notícia ou mensagem, é anunciada segundo (de acordo) com este discípulo de Cristo.
Na realidade, Marcos não teve a honra de acompanhar Jesus em seu ministério terreno. Marcos, era o nome pelo qual João Marcos era chamado. De acordo com Colossenses 4.10, ele era  sobrinho de Barnabé, que em uma certa ocasião se desentendeu com Paulo por sua causa (At 15. 37-39). Anos mais tarde, tornou-se de grande ajuda no ministério do apóstolo Paulo (2 Tm 4.11; Fm 24)
O livro de Marcos faz parte dos Evangelhos Sinóticos. Esta última palavra significa “resumido”, isto porque, os Evangelhos são o resumo da história de vida e ação de Cristo durante seu ministério terreno. Também são chamados “sinóticos”, porque apresentam semelhanças em suas narrativas, sendo complementadas nos livros dos três evangelistas: Mateus, Marcos e Lucas.
Embora o livro de João faça parte dos Evangelhos, não é considerado sinótico, provavelmente, porque contém outras referências não apresentadas pelos demais.
Cada um dos evangelhos apresenta um tema principal, sobre o qual dissertam na extensão de seus escritos. O livro de Mateus, por exemplo, foi escrito para os judeus e por isso apresenta Jesus como Rei. Uma vez que os judeus esperavam que o Cristo (nome grego que significa Ungido), viesse como um governante poderoso, Mateus dedicou-se em provar-lhes que Jesus era verdadeiramente o Rei que esperavam. Por este motivo a a palavra “Reino” aparece mais de cinquenta vezes, sendo que a expressão “Reino dos Céus”, que  só é encontrada neste livro, é encontrada trinta e três vezes. Mateus é o mesmo chamado Levi( Mt 9.9;Mc 2.14).
Lucas, sendo gentio (nome dado aos que não eram judeus), escreveu sua carta à seu amigo Teófilo, onde através de pesquisas e entrevistas, narra a historia da missão de Cristo na Terra, apresentando-lhe como  “filho do homem”. Como os gentios não tinham tanta proximidade com Deus, certamente entenderiam  a mensagem da redenção, se lhes fosse apresentado, enfatizando o lado humano de Cristo. Afinal Jesus era o homem-Deus, pois fora nascido da carne (de Maria) e do Espírito (do Espírito Santo).
Quanto a Marcos, há quem creia que o seu Evangelho  foi o primeiro a ser escrito, datando de 55-65 dc. Ele  escreveu para os romanos, cujo império oprimia os judeus. Segundo a história, os cristãos eram perseguidos por não reconhecerem o imperador como seu Senhor, dando este título a Jesus. Marcos, então, possuído pela sabedoria divina, escreve aos romanos apresentando Jesus como Servo.
Para entendermos melhor o propósito da escrita de Marcos, ao apresentar Jesus na forma de Servo, façamos um pequeno passeio pela história.
 Na década de 60-70 d.c., os crentes de Roma eram tratados cruelmente e muitos chegaram a ser torturados e mortos pelo imperador Nero. Segundo a tradição, entre os mártires cristão, estavam os apóstolos Pedro e Paulo.
A intenção de Marcos, portanto, era a de fortalecer os alicerces da fé dos crentes romanos e, se necessário, inspirá-los a sofrer fielmente em prol do evangelho, oferecendo-lhes como modelo de vida o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus, que cumpriu toda a vontade de Deus, como um servo obediente.
Por amor a seu Senhor, Ele enfrentou afrontas dos religiosos da época,especialmente os fariseus, que a todo instante tentavam achar alguma falha nele, além de ser mal compreendido até pelos de sua família, que pensavam que ele estava fora de si (Veja Mc 3.20-22). Detalhe: Só Marcos narra este episódio.
As expressões mais usadas por Marcos em seu Evangelho são “logo” e “imediatamente”, expressões estas que indicam ação. Podemos observar alguns exemplos em  Mc 1.10,12,18,20; 2.2.
Um certo pregador fez uma observação importante acerca da chamada de Cristo aos seus primeiros discípulos, dizendo:
“Todos os que Jesus chamou teve que deixar alguma coisa que eram importantes para eles, a fim de seguirem a Jesus. Pedro e João, dois irmãos que eram pescadores, precisaram deixar suas redes, que eram suas única fonte.Pedro, era casado (Mc 29,30), e com certeza teve de se decidir entre suas responsabilidades de chefe de família ou seguir ao Senhor”.
O que Jesus exigia dos seus servos foi exatamente o que ele mesmo se deu por exemplo. O apóstolo Paulo diz que “Ele aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo”. (Fp 2.4-8)
“Aniquilar-se a si mesmo e tomar a forma de servo”, é o que Cristo nos ensina através do Evangelho Segundo S. Marcos.
Mateus narrou em seu livro (16.24), as palavras de Jesus, em que dizia:
“Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Negar-se a si mesmo é abrir mão de tudo o que  somos, e passar a ser o que Jesus quer. É abri mão dos nossos prazeres que ofendem sua santidade e passar a ter prazer na sua palavra, tal como o salmista Davi:
“A tua lei é o meu prazer”.( Sl 119. 77b)
Pedro é um dos grandes exemplos de cristão  que ainda não  aprendeu a  sujeitar-se a Cristo. Embora amasse a Cristo, na hora difícil, negou que o conhecia dizendo aos seus acusadores: “Eu não conheço este homem”. Porém, se ele tivesse dito estas mesmas palavras sobre si mesmo, então, ele teria compreendido o que Jesus tanto ensinara: “Negar-se a si mesmo”.
“Negar-se a si mesmo”, é fazer como o apóstolo Paulo: matar o velho homem e viver para Deus. (Gl 2.19)
Jesus, como servo, realmente servia. Marcos conta-nos (9. 33-37)que certa feita Jesus fora descansar com seus discípulos num lugar reservado e a multidão o seguiu. Como estavam num lugar deserto e a hora já era avançada, não tinha nada para servi-los nem lugar onde comprar. No entanto, ele cobrou dos seus discípulos que não dispensassem o povo com fome, pois ele era consciente de que, apesar deles terem uma alma para ser alimentada, também possuíam um  estômago.
Tiago aprendeu com tanta eficiência esta lição, que em seu livro encontra-se o registro de sua exortação,na qual dizia a Igreja de seu tempo:
“Meus irmãos, que adianta se alguém disser que tem fé, mas não tiver as obras? E se o irmão , ou a irmã estiverem nus tiverem falta do alimento cotidiano, e algum de vós lhe disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá disso? Assim também a fé sem as obras é morta”.(Tg 2.14-17)
Marcos narra também, um episódio no qual os discípulos de Cristo vinham discutindo pelo caminho acerca de quem seria o maior,  que Jesus ensinou-lhes a seguinte lição:
“Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos” (Mc 9. 23-35)
Para fazer-se exemplo, o próprio Jesus lavou os pés dos discípulos, embora Pedro tentasse impedi-lo por achar que não era correto o Senhor servir aos servos. Ao que Cristo revidou:
“Se eu não te lavar os pés , não tens parte comigo”Ao que Pedro respondeu-lhe:“Não, Senhor, não lave-me somente os pés, mas todo”. (Jo 13.4-9)
Esta é lição que Marcos nos passa em seu livro: Quem não aprendeu a servir ao próximo, não compreendeu ainda o que Cristo disse:
“Eu não vim para ser servido, mas para servir”. (Mc 10.45)
Em outra ocasião, os discípulos repreenderam as crianças que se alvoroçavam em torno de Jesus, e apesar de  terem trazido-as  apenas para que Jesus as tocasse,  Ele fez mais que isto; pegou cada uma e as colocou no colo (Mc 10.13-16). Afinal o próprio Cristo havia feito a seguinte promessa:
“Aquele que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (Jo 6. 37)
Será que esta tem sido a nossa atitude, como seguidores do Servo Perfeito?
Marcos ainda relata que mesmo depois de Cristo voltar para o céu, continuava cooperando com eles (Mc 16. 19,20)
Finalmente, por não me ser possível citar tantos outros exemplos de seu serviço, encerro esta meditação sobre o “Evangelho do Servo” com as palavras animadoras do Mestre, a tantos cristão que procuram servi-lo com a mesma intensidade que Ele serviu ao Pai:
“Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. (Mt 28.20 b)

No amor de Cristo,
Leila Castanha

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Prezado leitor,
      Agradeço o comentário e seja sempre bem-vindo a este blog.

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