sábado, 31 de agosto de 2013

DEVEMOS PEDIR PERDÃO A DEUS POR NOSSOS PECADOS DIÁRIOS?


Imagem extraída de: http://paraqoutrosvivam.blogspot.com

Analisando a promessa messiânica relembrada pelo escritor aos hebreus (10.18): “De vossos pecados não me lembrarei mais”, profecia esta registrada em Jr 31.33,34, é perfeitamente clara a palavra profética que implica em o sacrifício de Cristo ser suficiente para Deus não mais levar em conta os nossos pecados, bênção esta não alcançada pelo sacrifício de animais no A. T. (AntigoTestamento).
A grande diferenciação entre o sacrifício de animais (A.T.) e o sacrifício de Cristo (N.T.) está no valor da oferta perante Deus. O sangue dos animais tinha a função de encobrir o pecado do homem dos olhos de Deus, mas não podia justifica-lo. Isto é, a cada pecado necessitava-se de um novo sacrifício para adquirirem novo perdão de Deus. O homem era visto por Deus, como servo do pecado, logo, separado dele (Is 59.1,2). Não bastava uma confissão, apenas, precisava continuamente se oferecer uma vida inocente pela vida do pecador (Lv 1;  5).
O sacrifício de Cristo foi mais excelente que o primeiro porque apesar de fazer parte do novo concerto, ele selou o velho pacto cumprindo a lei  (Mt 5.17),  pela expiação  do seu sangue,  conforme o testemunho do apóstolo  Pedro , no qual diz que o  justo  (Cristo) morreu  pelos injustos (1 Pe 3.18), ou seja, conforme exigia a lei do A.T. (Hb 9.22), assim, Ele deu a sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28; 1 Tm 2.6). Porém, como um novo concerto, seu sangue não apenas encobria o pecado dos olhos de Deus, mas os apagava (tirava o pecado - 1 Jo 3.5).
O sacrifício de animais exigia que o ato sacrificial fosse continuamente realizado, enquanto que, em relação ao de Cristo, era necessário que padecesse (sofresse, morresse e ressuscitasse) apenas uma vez (Hb 9.26-28). Isto porque ele não era simplesmente uma criatura de Deus, como os animais (usados como sacrifício no A.T),  mas era o próprio filho de Deus, que segundo ele mesmo declarara, com o Pai se fazia um (Jo 10.30), logo, seu sacrifício resultou no próprio sacrifício do Pai (2 Co 5.19). Jesus era o Cordeiro de Deus (Filho de Deus, enviado pelo próprio Deus – Jo 5.30;), por isso o poder de seu sangue é suficiente para nos purificar (limpar) de todo o pecado e nos justificar (nos tornar justos) perante os olhos de Deus.  Por isso podemos chegar a Sua presença, com confiança (Hb 4.16).
Devemos estar conscientes de que a Bíblia é enfática em dizer que como cristãos não devemos ter prazer no pecado, mas resisti-lo (Rm 6.11; 1Pe 2.24; 1Jo3.8; 1Jo 5.18). Para enfatizar a necessidade de não pecarmos, o apóstolo aos gentios (Paulo – Ef. 3.6,7) lança esta pergunta aos irmãos romanos (6.1): ”Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que a graça seja mais abundante?”, isto é, uma vez sendo justificados estamos livres para pecar?  Sua resposta foi uma extensa explicação na qual ele lhes diz que o fato de termos sido justificado do pecado não nos dá o direito de vivermos em pecado, raciocínio este defendido por João (1Jo 3.8,9).
Todavia, havendo possibilidade de falharmos, porque, conforme afirma o apóstolo Paulo, o pecado habita em nós (Rm 7.18-23), não devemos aceitá-lo passivamente, mas procurar viver no Espírito, crucificando a carne (Rm 6.6; Gl 2.20). Paulo afirma ainda que, sendo o pecado muitas vezes um ato involuntário (Rm 7.22,23), Deus não nos condena quando pecamos porque o sangue de Jesus já nos livrou de vez por todas da condenação imposta ao pecador, o que nos condena agora é a nossa atitude para com a graça recebida (abandonar os rudimentos da doutrina de Cristo). Veja Hb 6.4-6 . No entanto, algumas pessoas entendem que o texto de Hb 9.24-28, no qual afirma que era necessário que Cristo padecesse apenas uma vez para a remissão de pecados, evidencia que não se faz necessário pedirmos perdão por nossos pecados cometidos no dia a dia, já que Cristo já perdoou a todos eles (passados, presentes e futuros), de uma só vez. Porém, afirmação como esta anula outros textos, do próprio autor aos hebreus, como por exemplo, em 4.14-16.
Observamos que este texto evidencia a necessidade de nos humilhar perante sua potente mão (a fim de alcançarmos graça- v16), conforme confirma Pedro (1 Pe 5.6), e nos admoesta a ter confiança ( crer) ao entrarmos a sua presença (em oração), pois como sumo sacerdote (aquele que apresenta o pecado do homem a Deus a fim de que lhe perdoe), sendo o seu próprio sangue a expiação pelo pecado, ele terá misericórdia das nossas fraquezas, porque também já foi tentado, embora não pecou (Hb   4.16). Paulo, escreveu aos efésios (2.16-19), dizendo-lhes que não precisamos mais ter medo de  nos chegar a presença de Deus porque em Cristo (nosso sumo sacerdote), temos acesso a ele, e não somos mais estrangeiros, mas tornamo-nos família de Deus.
O mesmo ele diz em Hb 2.17, que podemos ir direto a Deus, sem medo (mas, em confiança), pois Cristo é um sumo sacerdote misericordioso e fiel. Vemos aqui, que a admoestação não é que não devemos pedir perdão por nossas falhas, mas que não precisamos ter medo de que ele não tenha “misericórdia e graça a fim de nos ajudar”, pois ele é misericordioso e fiel. Leia Rm 8.34. Ainda em Hb 3.1, o autor diz ser Jesus o sumo sacerdote “de nossa confissão”, logo, é claro a necessidade de confessarmos nossos pecados diários a ele.
Em Pv 28.13, encontramos as palavras do sábio Salomão: ”O que confessa o seu pecado e deixa, alcançará misericórdia”. Confessar (ato de reconhecimento) e deixar (ato de arrependimento). Tiago diz (5.15), que a oração da fé será capaz de perdoar pecados.  A oração da fé, nada mais é do que o entendimento de Hb 4. 16, isto é, que podemos ter confiança (fé) ao entrarmos na presença divina, mesmo que seja para  pedir-lhe perdão pelas nossas faltas cometidas. No Sl 32.15, o salmista diz ter sido imprescindível, para que Deus perdoasse-lhe o pecado, confessá-los à Ele.
Através da parábola do filho pródigo em Lc 15, Jesus também enfatizou a importância de se pedir perdão a Deus (o Pai) quando pecamos.  Especialmente nos vers 17-22, Ele demonstra que a reação do pai diante do afastamento do filho foi esperar que ele se arrependesse e voltasse, enquanto que a reação do filho ao compreender que havia pecado foi a de decidir confessar ao pai o seu pecado (v 17,18).Em outra ocasião, quando Jesus estava ensinando seus discípulos como orar, ele lhes deu um modelo, o  uinte lição: “Quando orardes dizeis assim: Pai nosso que estás no céu ... Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos a dos nossos devedores...” (Mt 6.9,12). “Perdoa (presente) as nossas dividas”, esta é a frase que nos interessa agora. Se não fosse importante pedirmos perdão a Deus pelos nossos pecados cotidianos, porque Jesus se daria ao trabalho de nos ensinar a fazê-lo?
O apóstolo S. João também compreendeu esta necessidade, pois que escreveu: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.  (1 Jo 1.9). No cp. 2.1, ele enfatiza que não devemos pecar, mas se pecarmos temos um advogado, Jesus, o Justo, no entanto, não podemos nos esquecer que ele antecedeu estas palavras  mostrando a necessidade da confissão para a obtenção do perdão dos pecados (a partir de sua conversão),  afinal, Deus não leva em conta o tempo da ignorância (At 17.30; 1 Tm 1.12,13).  Aí sim, uma vez se arrependido e pedido perdão, Deus não mais se lembrará deles (nem dos passados, nem dos presentes - Jr 31.33-34; hb 10.18). Veja o que diz 2 Cr 7.14: Ser humilde faz parte do caráter do autêntico servo de Deus.
A questão do pedir perdão pelos nossos pecados atuais, não fere a capacidade expiatória do sacrifício de Cristo, mas dá a Ele a chance de ser misericordioso para com nossas fraquezas, pois conforme S.Pedro (5.5) “Deus resiste ao soberbo (arrogante), mas dá graça (favorece) ao humilde. O próprio Jesus nos ensinou que devemos aprender duas qualidades com ele: Ser manso e humilde de coração (Mt 11.29).  Em Mt 5.3, no sermão da montanha, uma das bem-aventuranças que Jesus declarou aos seus discípulos foi a humildade ( ser pobre de espírito) .
Em hb 10.18 está escrito que “onde há remissão dos pecados, não há mais oblação (sacrifício) pelo pecado”, e nisto concordo plenamente. Se houve remissão (resgate), não se faz mais necessário pagar nenhum preço. O apóstolo Paulo nos explica esse raciocínio dizendo que fomos libertados do pecado, portanto, não devemos mais nos pôr debaixo da sua servidão (Gl 5.1). Agora, uma vez redimidos (resgatados) do pecado, a Bíblia deixa bem claro que se quisermos voltar para o domínio dele é por escolha nossa (Gl 5.16), pois, segundo Paulo, quando passamos a pertencer a Cristo, o pecado já não tem domínio sobre nós (Rm 6.14), por isso adverte-nos: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências (desejos carnais – v. 12).
Uma coisa é você pecar e outra, bem diferente, é deleitar-se no pecado. Podemos pensar coisas que não queremos (pecado involuntário), mas não é a mesma coisa de provocarmos estes pensamentos por atitudes que nos levarão a eles. Podemos cultiva-los, ou arranca-los de nossa mente. Um pensamento na mente é bem diferente de um pensamento no coração.
Pedir perdão por algum pecado cometido no nosso dia a dia, não invalida o sacrifício de Cristo, tornando-lhe a crucifica-lo,segundo o pensamento de algumas pessoas, pois, de acordo com as Escrituras, o único modo de tornar a crucificar a Cristo é se a pessoa obteve conhecimento (foram iluminados) e “recaíram”, conforme aponta Hb 6.1, 4-6. O nosso ato de confissão e pedido de perdão pelos nossos pecados, valida ainda mais o poder expiatório desse sangue, porque, diferente do sangue de animais (A.T), seu poder expiatório perdura enquanto a porta da graça estiver aberta.
Quando pedimos perdão a alguém não quer dizer que a pessoa a quem nos humilhamos só será capaz de nos perdoar se assim fizermos, mas o nosso pedido apenas demonstra nosso arrependimento pela nossa má conduta e a nossa humildade ao percebermos que erramos. Do mesmo modo como Deus sabe tudo o que precisamos e desejamos, e ainda assim Jesus nos disse que quem pede, recebe, quem  busca, encontra e à quem bate se abre (Mt 7.7,8), entendo que, embora  Cristo tenha já padecido pelos nossos pecados e nos “purificado”,  justificando –nos perante Deus, Ele quer que nos humilhemos diante dele quando o afrontarmos com nossos pecados.
Assim, uma vez arrependidos, podemos pedir seu perdão e o receberemos, porque o preço por nossa justificação já foi pago antecipadamente, na cruz do Calvário, através do sangue de Cristo (1 Pe1.18,19). O poder do sacrifício eterno de Jesus está em condicionar ao pecador arrependido a oportunidade diária de arrepender-se de seus pecados e acertar o alvo proposto pela sua redenção, a saber, uma vida de santificação, “sem a qual ninguém verá a Deus” (1 Ts 4.3;2 ts 2.13;  Hb 12.14).

Encerro esta reflexão com o Sl 51.17: “O sacrifício para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”.


No amor de Cristo,

Leila Castanha





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre suas dúvidas ou opinião sobre o texto acima. Será um prazer ler seu comentário.