domingo, 29 de maio de 2022

AS COSMOVISÕES ANTICRISTÃS


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Primeiramente, para entendermos esse assunto, vamos entender o que são cosmovisões.

COSMOVISÕES: De acordo com a Larousse Cultural, essa palavra é originada de outras duas de origens diferentes: Kosmos (grego- significa mundo) e visio, visiones (latim – significa visão). Assim sendo, COSMOVISÃO é a “visão do mundo e do homem, ponto de vista a respeito do Universo, nas várias filosofias”.

Em poucas palavras, pode-se dizer que COSMOVISÕES são as nossas percepções a respeito do mundo, isto é, como vemos e interpretamos a realidade. Partindo desse entendimento, ao falarmos de COSMOVISÕES ANTICRISTÃS entendemos ser todo pensamento, ideia ou filosofia que se choca contra a Palavra de Deus.

 

SÉCULO 21 E AS COSMOVISÕES ANTICRISTÃS

O pensamento atual defende o respeito às crenças e aos valores de todos. Em nome desse respeito, não se pode falar nada que fira a crença alheia. Isso tem exigido a Igreja a rever seu modo de pregar o Evangelho sem secularizar a Palavra de Deus, mas, ao mesmo tendo, usando de estratégias para evitar processos, no caso de alguém alegar ter sido ofendido pela pregação do Evangelho.

Veremos a seguir algumas ideias que têm se estabelecido no pensamento hodierno (atual, moderno) e quais são as suas consequências em relação à Igreja.

Existem três pensamentos decorrentes das cosmovisões anticristãs, os quais são: pluralismo, humanismo e relativismo. Nesse estudo me aplicarei em comentar apenas o pluralismo e o humanismo para o texto não ficar muito extenso.

 

O QUE É PLURALISMO?

O termo “pluralismo” indica algo que não é único, ou seja, que possui multiplicidade. O pluralismo religioso se refere a todas as crenças como legítimas, e defende que todos os caminhos levam a Deus. Assim, há pluralismo religioso quando se aceita como válidas ideias religiosas diferentes e até contraditórias entre si. Por exemplo: Eu posso concordar com a doutrina de determinada religião que prega a prática de boas obras como requisito definidor de uma pessoa que pertence a Deus, porque a Bíblia também defende tais práticas como próprias do comportamento cristão, no entanto, não posso aceitar o ensinamento de tal religião quando prega que as boas obras por si só são capazes de levar alguém à salvação. Isso porque a Bíblia declara que só Jesus pode conceder o perdão dos pecados e justificar o homem diante de Deus (Rm 5: 1,16-18; 8:5; 1 Co 6:11; Gl 3:24; Fp 3:9 etc).

 Jesus disse que ele é “o único caminho” que leva a Deus (Jo 14.6), logo não posso concordar que “qualquer caminho” seja possível para alcançar esse fim. Porém, se eu aderir ao pluralismo religioso precisarei aceitar que não há “um único” caminho para alguém se relacionar com Deus, mas “muitos”, e que cada pessoa deverá encontrar o seu modo de ter acesso à divindade.

Alguns cristãos defendem o pluralismo religioso porque o confunde com liberdade religiosa. A liberdade religiosa me faz respeitar o direito das pessoas de escolher qualquer crença, independente da minha. O pluralismo religioso me conduz a escolher as crenças de outras pessoas agregando-as às minhas.  Ou seja, uma coisa é legitimar o direito das pessoas em crer no que quiserem, outra coisa, bem diferente, é legitimar essas crenças aceitando-as como verdades.

Outro problema bem comum na concepção moderna é a ignorância sobre as concepções de “respeito às crenças” e “liberdade de expressão”. A meu ver, nesse contexto, respeitar a crença de alguém é dar à pessoa a liberdade de seguir ou acreditar no que quiser.  Liberdade de expressão é dar às pessoas a liberdade de exprimir suas crenças. Na modernidade, é bem claro nosso dever de respeitar as crenças alheias, mas não é politicamente correto expressar nossas crenças religiosas, sob o pretexto de que podem “desagradar” a alguém, uma atitude que, aos poucos, vai cerceando nossa liberdade de expressão. Somos o que somos por meio de nossas relações sociais, culturais, políticas e religiosas, e é a totalidade dessas partes que formam nossa visão de mundo.  

Precisamos nos atentar para a realidade de que sempre haverá pensamentos contraditórios a nossa fé, e cabe a nós, cristãos, respeitar o livre arbítrio que Deus deu às pessoas, nos relacionando com todos de modo respeitoso, sem discriminar ninguém por conta de sua opção de fé, mas mantendo o diálogo inter-religioso, franco, mas, ao mesmo tempo, com respeito à liberdade do outro.

Por outro lado, no âmbito de nossa crença, não podemos conceber o pluralismo religioso, pois aos que querem introduzir na igreja doutrinas diferentes das professadas pela Palavra de Deus, ou contrárias a ela, a Bíblia chama herege, e nos faz severas advertências contra as tais pessoas e ensinamentos (Gl 1:8; Ap 22:18,19; 2 Pe 2:2-3; Cl 2:6,7; 1Tm 6:3-5; Gl 1.8,9; Gl 1:6,7; Ef 4:14,15)

 

HUMANISMO:

De acordo com a Larousse Cultural, essa palavra provém do francês “humanisme” e se trata de uma “corrente filosófica que coloca o homem e os valores humanos acima de todos os outros valores. Em outras palavras, o humanismo é a deificação do homem, isto é., tudo se baseia no ser humano.

 Esse movimento aconteceu no século XV (15) na Itália, e teve grande influência na mentalidade religiosa na Idade Média. É importante nos lembrar que a Idade Média foi um período em que o pensamento religioso era predominante, de modo que todas as esferas da vida estavam envolvidas pelo pensamento teocêntrico (Deus no centro). Se antes havia a crença de que Deus era o centro de todas as coisas, agora era o homem quem deveria ocupar esse lugar (antropocentrismo). Ninguém precisava mais “olhar para cima” a fim de medir suas práticas, crenças e filosofias, tudo dependia agora da subjetividade, individualidade e experiências humanas. O homem teria que olhar para si mesmo para medir suas ações, crenças e atitudes, por meio não apenas da fé, mas da experiência.

Vemos essa prática desde há muito, antes mesmo do antropocentrismo receber esse nome. A Igreja de Sardes estava vivendo segundo as suas próprias normas, deixando Jesus fora dela (Ap 3.1,2), isto indica que tinha cara de Igreja, mas não passavam de organização religiosa. Outra igreja que agia da mesma forma (antropocentricamente) era a igreja de Laodiceia, seus membros “se achavam” enquanto para Cristo eles estavam mortos, isto é, estavam vivendo segundo seus próprios conceitos, e acreditavam que agradavam a Deus  (Ap 3.14-18).

Na Idade Média, apesar do antropocentrismo ter adentrado na igreja, a religião não foi desprezada, mas sofreu um “reajuste”, pois agora o homem era protagonista da história, visto que, segundo o entendimento dos pensadores da época, sendo dotado de inteligência, o homem poderia mudar o seu destino. Assim, não haveria mais verdades preestabelecidas, tudo deveria ser passado pela experimentação (empirismo). O EMPIRISMO é a “maneira de se comportar levando em conta as circunstâncias e sem princípios preestabelecidos; pragmatismo”. (Larousse Cultural).

O pragmatismo é uma corrente de pensamento que defende que a validade de uma doutrina (ensinamento) é determinada pelo seu efeito prático. Um cristão pragmático é aquele que só aceita as verdades bíblicas que lhe sejam úteis, ou seja, aquelas que funcionam na prática. Conduzidos por tal pensamento, há igrejas que abdicaram da oração e promovem shows gospel, por exemplo, porque alegam que o povo moderno não gosta de orar, então precisam “se modernizar” para chamar a atenção do povo para Cristo. Uma coisa é modernizar-se, outra coisa é renegar os fundamentos da fé cristã. Sem oração não há comunicação da Igreja com Deus o que acarretará a suspensão da comunicação de Deus com a Igreja. É só observamos o que ocasionou o chamado “Período Interbíblico”, no qual Deus ficou durante muito tempo sem se comunicar com o povo.

Outros desprezam o ensino da Palavra de Deus sob o pretexto de atrair almas para Cristo por meio de práticas modernas. No entanto, o apóstolo Paulo dizia aos irmãos de Roma que não se envergonhava do Evangelho de Cristo porque “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”. (Rm 1.16) grifo meu. Veja que pensamento diferente de alguns líderes cristãos modernos: a “isca” para salvação, segundo o apóstolo Paulo, é o Evangelho de Cristo, e muitos estão querendo trazer almas para Cristo, sem o PODER DE DEUS, assim como cortar uma árvore com o cabo do machado.

Uma Igreja que abraça a filosofia humanista não pode ser considerada cristã, visto que isso a forçará  adaptar as doutrinas bíblicas ao parecer moderno, e, ao invés se moldarem aos ditames bíblicos, toda a mensagem da Palavra será adaptada ao contento dos ouvintes. A Bíblia já previa essa inversão dos valores cristãos. O apóstolo Paulo disse que nos últimos tempos haveria homens amantes de si mesmos, e que “virá tempo que não suportarão a sã doutrina; ... amontoarão para si doutores conforme a suas próprias concupiscências”. (2 Tm 2.1, 22; Tm 2.3). (grifo meu)

No humanismo só serve aquilo que agrada ao homem, o que lhe deixa confortável, no entanto, a Palavra de Deus é quem dita nossa conduta e conduz os nossos pensamentos, ou seja, não podemos escolher no que crer e o que queremos fazer. A exemplo do Sl 119:105, a Palavra de Deus deve ser lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Leia também: Ef 5.1-15; Mt 10:32, 39; Mc 16:15,16; Rm 12.8; Ef.4:22-24; 1Pe 1:14-16; ‘Ts 4:7; Rm 6:11; Cl 3.5-8; 1Co 6.9-11 etc.

Cristianismo é Cristo no centro. O que Ele diz deve ser lei para o cristão, independente de nossa compreensão, sentimento ou experiência.

E, como disse o apóstolo Pedro: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” – At 5.29

 

Que o Espírito Santo ilumine nossas mentes e nos ajude a ser fiéis até o fim.

No amor de Cristo,

Leila Castanha