terça-feira, 18 de janeiro de 2022

AVIVAMENTO: COMO ACONTECE

 
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De acordo com J.I.Parcker, um reavivamento anima ou reanima as igrejas cristãs, para que exerçam um impacto espritual e moral sobre as comunidades. Conforme a leitura  de Atos 2.41-47, num reavivamento deve haver:

a) Um impressionante senso da presença de Deus e da verdade do Evangelho.  No dia de Pentecostes, o povo ficou assustado com tamanha operação sem precedente. O carcereiro não queria saber de outra coisa a não ser o que devereria fazer para alcançar o perdão de seus pecados (herdar a vida eterna). Na Igreja Primitiva, a igreja caia na graça do povo devido aos milagres que se faziam em nome de Jesus e muitos se convertiam. Não podemos convencer ninguém falando de coisas que não conhecemos, assim também para pregarmos o Evangelho e vir um avivamento, devemos gozar da presença de Deus e praticar o Evangelho.

John Owen, um puritano, considerado um dos três maiores teólogos reformado de todos os tempos, junto com Calvino e Jonathan Edwards, dizia que só prega bem um sermão para os outros quando também o prega para a sua própria alma. Se a Palavra não exercer poder em nós, nao conseguirá sair de nós com poder.

Os mestres puritanos entendiam a autoridade das Escrituras não apenas como Palavra de Deus, mas também como o poder de Deus, sob a forma de experiência pessoal, as quais eles reconheciam como instrumento de iluminação e  aplicação do Espírito Santo.

b) Um profundo arrependimento com a aceitação de Cristo, de coração (v. 43). O apóstolo Luiz Hermínio, em uma de suas pregações, afirmou uma  grande verdade: "Avivamento não é quando a gente sai da igreja feliz com o pregadodr, mas quando saimos triste conosco mesmo". Ou seja, há avivamento quando há confronto com o pecado e saímos envergonhados com os nossos atos pecaminosos, arrependidos e com o coração contrito.

O famoso sermão de Jonathan Edwards, "pecadores nas  mãos  de  um Deus irado", fez com que as pessoas se segurassem nos bancos com medo de cair no inferno, e nas casas podia-se ouvir o lamento de arrependimento do povo.

c) Testemunhos do  poder e da glória de Cristo, para promover a glória Dele (v.40). o apóstolo Luiz Hermínio relatou que nasceu em lar cristão e se preocupava muito em aumentar sua meta, procurando fazer mais para Deus. Após conhecer a Jesus ele percebeu que seu zelo religioso não tinha qualquer importância e procurou perseguir ao próprio Cristo a fim de encontrá-lo. Avivamento é precedido por humildade. Quando João Batista estava preparando o caminho para Jesus, uma das falas dele foi "convém que  ele cresça e eu diminua".Quando há esse sentimento no povo de Deus, pode ser um prelúdio de um avivamento às portas. O próprio Jesus alegava que o que Ele fazia fazia-o de acordo com o que o Pai lhe enviou a fazer, ou seja, ele obedecia. A Bíblia diz que Jesus despojou-se de si mesmo e rebaixou-se a semelhança de homem (Fp 2. 6-11). O apóstolo Paulo também disse que ele já não vivia, mas era Cristo quem vivia nele (Gl 2.20).

Avivamento só é possível com a nossa "morte", isto é, quando nos despojamos de nós mesmos e deixamos a glória de Deus brilhar em nós.

d) A alegria no Senhor, o amor ao  seu povo e o temor de pecar são evidentes (vv. 43, 44).  O salmo 51.10,11 observamos o desespero do salmista suplicando que Deus não retirasse o seu Espírito Santo de sua vida. Davi dizia (Sl 119.11) que escondeu a palavra de Deus no coração para não pecar contra ele. Em Ap 2. 1-5. Em relação ao amor,  Jesus apontou três coisas na igreja de Éfeso dizendo que Ele conhecia:

A) conheço tuas obras: a igreja não tolerava os homens maus (pessoas más), e nem os que usavam de engano;

B) conheço teu labor (trabalho): a igreja trabalhava arduamente;

C) conheço a  tua perseverança (paciência): a igreja sofreu por amor ao seu nome e não desfaleceu na fé. Não basta sofrer pelo nome de Jesus se no final perdermos o entusiasmo promovido pela fé. (hb 11.1)

No entanto, havia uma coisa na qual foi  reprovada, isto é, faltou o primeiro amor. Não faltou amor, pois de alguma maneira a igreja tinha amor, o que faltou foi o amor que sentiam nos primórdios da fé, o primeiro amor. Aquele que todo novo convertido possui, que nos impele a fazer o que for preciso para aprender de e com Cristo. Aquele amor que pensa nas pessoas sem Jesus padecendo na eternidade.  Sem o primeiro  amor corremos o risco de virarmos crentes programados: fazemos tudo o que tem que fazer porque conhecemos bem a cartilha do B-A-BA bíblico. Ou nos tornamos crentes apáticos, de modo que não nos importamos com nada nem com ninguém: se trabalhamos na obra está bom, se estamos parados melhor ainda; se alguém aceita Cristo nos cultos é ótimo, mas se não há manifestações de almas paciência. Perder o primeiro amor significa que temos que dar uma repaginada em nossa vida cristã para vermos onde ou quando perdemos esse ingrediente indispensável para a Igreja.

Neemias (8.10) anima o povo a se alegrar no Senhor, porque, disse ele: "A alegria do Senhor é a nossa força". No Salmo 100 o salmista dá uma lição de como louvar ao  Senhor, e dentre as demais coisas ele chama a atenção do povo  dizendo-lhes: "louvai ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico". Deus  gosta de servos alegres, porque em sua presença há abundancia de alegria (Sl 16.11)

Agora vamos falar um pouco sobre os puritanos.

Puritanismo: Foi um movimento religioso protestante, que começou na Inglaterra em  linhas mais reformistas, nos séculos 16 e 17. Esse movimento começou no século 14 com o pré-reformador, professor e teólogo John Wicliffe e os seus  seguidores, os lolardos, que exigiam a reforma da Igreja Católica, no século 14. Wicliffe trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o inglês. Hoje, quando se fala em puritano vem a ideia de alguém quadrado, exagerado e extremamente tradicional. No entanto, os puritanos eram teólogos, intelectuais, pastores dos séculos XVI e XVII que davam primazia à Palavra de Deus e à oração, como meio de se obter a santidade. 

De acordo com Richard Baxter, que era um pastor puritano inglês, do século 17, os puritanos eram educadores da mente. O ponto de partida deles era que a mente precisava ser iluminada e instruída, antes que a fé e a obediência sejam possíveis. É dele a  frase "a ignorância é quase todo o erro". Ele visitava a casa de todos os crentes para lhes ensinar as Escrituras, e a igreja que liderava tinha cerca de 800 membros. 

Ronaldo Lidório, autor do livro "Vocacionados", disse em outras palavras essas verdades acima ao afirmar que "o ministério não nos define, o que nos define é a nossa vida em Cristo". Ou seja, serviço e vivência pode não estar em harmonia. Eu posso  ser uma professora de Língua Portuguesa, mas não utilizar as regras gramaticais corretamente no momento da escrita.

Para acontecer um avivamente, não basta conhecermos a Bíblia, mas vivê-la. Ela tem que fazer parte de nós. Devemos viver o Evangelho de  modo que não podemos nos desvencilhar dele em nenhum lugar ou momento. Quanto a isso, o Dr. Stephen Finemore, pastor batista na Inglaterra, em um de seus livros escreveu que devemos nos lembrar que somos igreja, não só aos domingos quando nos reunimos nos cultos, mas na escola, no trabalho, no hospital etc. Ele diz que vocação cristão não é ser pregador, pastor ou teólogo, mas é ser conselheiro, psicólogo, taxista etc.

O Dr. Finemore também chama a atenção para o erro de alguns pentecostais acharem que os dons principais são  os usados dentro da igreja. Em sua visão bíblica, ele defende que os crentes devem ser incentivados a trabalhar fora da igreja. Não como os jovens que ele citou como exemplo, que não aceitaram o trabalho para o qual foram comissionados porque para eles "não era espiritual". 

Os homens da história que foram responsáveis pelos grandes avivamentos, lutaram pelas causas sociais, como John Wesley, Finney, dentre outros. Carey foi um homem que Deus usou poderosamente para ajudar a  Índia, no  entanto, a igreja que ele abriu lá, em sua época não teve tanto sucesso quanto as obras sociais que ele ajudou a implatar. Ao morrer ele foi honrado, e outros missionários conseguiram levar a Palavra de Deus naquelas terras, porque o missionário Carey abriu as portas daquele país com seus trabalhos "seculares".

A Bíblia e exemplos de comissão dada por Deus ao seu povo:

José foi usado por Deus no  Egito para prover provisões em tempos difíceis e salvar o seu povo;

Moisés foi escalado por Deus para libertar o povo hebreu da escravidão;

Elias vivia confrontando os atos maléficos dos reis contra o povo;

Neemias foi separado para levantar os muros de Jerusalém a fim de fortificá-la;

Ester foi a peça-chave para livrar os judeus da extinção;

Davi agiu para livrar seus compatriotas da opressão dos filisteus que os aterrorizavam através de seu campeão Golias; 

A Igreja Primitiva se mobilizou pela causa dos pobre e necessitados da comunidade cristã.


Ficaremos por aqui, mas o meu desejo é que o Espírito Santo nos ilumine a fim de compreendermos que, como disse um determinado escritor, o alvo das missões é trazer as nações a glorificar a Deus. E como faremos isso? Mostrando-lhes que somos gente como eles e nos importando com as suas necessidades (todas elas, não apenas as espirituais), pois somos seres tríplice, possuimos corpo, alma e espírito. Bem explicou Tiago (2. 15-18), que de nada vale dizer "Deus  te abençoe" se não nos deixar ser os instrumentos para Deus abençoar o nosso próximo. Sobre esse assunto a Bíblia é vasta. Leia também Jo 13.34, 35; At 2.41-44; 4.32-37; 6.1-6; 11.27; Hb 10. 32-34; Gl 2.7-10; 1Co 16. 1-3; 2 Co 8.1-6; 9.1,2; 8.13-15, 18-23; Rm 15. 26,27.


Desejo que o Espírito Santo seja fecundo em sua vida.

Leila Castanha

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