quinta-feira, 19 de junho de 2014

COMO DEVO ORAR



O que é orar?
Do latim orare, essa palavra tem o mesmo sentido de prece ou súplica a Deus. Em termos mais simples, orar é conversar com Deus, para agradecer-lhe, pedir-lhe, confessar-lhe, interceder por alguém etc.
Apesar de muitos já compreenderem isso, alguns se perguntam se há algum tipo de ritual ou hábito no momento de oração. A resposta é NÃO. Falamos com Deus com a mesma naturalidade com que falamos com o nosso próximo. No entanto, a Bíblia faz algumas observações para que a nossas orações sejam atendidas por Ele. Apesar de enumerá-las para maior facilidade na leitura, isto não quer dizer que tais itens devem ser seguidos consecutivamente.
 Assim sendo, copiarei algumas exigências bíblicas para a oração ter efeito positivo. A começar pela epístola aos hebreus (11.6), conforme podemos observar a seguir:  “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; Porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que o buscam.”
Observamos neste texto bíblico três pontos cruciais para Deus atender as nossas orações: 

1. Ter fé: O mesmo escritor (não sabemos quem escreveu a carta aos hebreus), nos esclarece o conceito de fé, dizendo: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem (Hb11.1)
O que você sentiria se um filho ou um amigo seu lhe pedisse dez reais, e antes da sua resposta ele dissesse: “Estou lhe pedindo que me empreste dez reais, mas sei que você não irá me arrumar”?
Se fosse comigo eu pensaria o seguinte: “Se você sabia que eu não iria lhe arranjar o dinheiro, então por que se deu ao trabalho de me pedir?”
O mesmo aconteceria se eu fosse uma médica, e após atender  meu paciente e receitar-lhe os devidos medicamentos, ele me dissesse:
“Desculpe-me, doutora, mas não irei tomar esses remédios porque não confio no seu diagnóstico.” Para que, então, o tal paciente tomaria o meu tempo, se não confia em mim como médica?
Assim, muitos de nós agimos para com Deus, vamos até Ele, porém não acreditamos que Ele poderá resolver nossos problemas ou satisfazer nossas ansiedades. Agimos como aquelas pessoas que dizem: “Só acredito vendo!”
 O problema é que o escritor aos hebreus diz que para agradar a Deus é preciso ter fé, e ter fé é acreditar que Deus me atenderá, e ter tanta certeza disso de forma que você se sente arraigada no “firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.”
Isto é, devemos ter certeza que receberemos o que pedimos a Ele, e sentirmo-nos como se já houvéssemos recebido mesmo antes de ver a resposta concretizada.

2.    Crer que Ele existe: Uma vez explicado o que é a fé percebemos que se orarmos a Deus sem acreditarmos que Ele existe nossa oração não fará diferença alguma. Ninguém em sã consciência conseguirá manter contato com outro ser em cuja existência não acredite, mas que o vê apenas como fruto da imaginação infantil ou como uma lenda cultural.
Prova disto é que, quando a criança ou o adulto descobre que Papai Noel não existe até pode, por ocasião do natal, escrever-lhe uma cartinha pedindo-lhe um determinado presente. Todavia, ele têm consciência de que quem atenderá o seu pedido é uma pessoa real, de carne e osso, e não o bom velhinho. Alguns fingem acreditar em sua existência para entrar no clima das festividades natalinas, a fim, exclusivamente, de alcançar o que desejam do suposto Papai Noel.
Mas com Deus isso não funciona: O escritor aos hebreus diz que “é necessário que creia que Ele existe”.

3-    Crer que ele recompensa os que o buscam:  Aqui observamos duas coisas:
a.    O que ora a Deus deve crer que ele recompensa (é galardoador);
b.    Ele recompensa os que o buscam.
A palavra “galardoador”, quer dizer “aquele que dá galardão”. Galardão é prêmio ou recompensa. Assim, o escritor aos hebreus diz que devemos crer que Deus premia ou recompensa os que o buscam.
De nada adianta orarmos a Deus se não cremos que ele recompensará nossa busca por Ele. Além disso, devemos ter em mente que Ele só recompensa àqueles que o buscam, não as pessoas que o procuram como analgésico na hora da dor.
Em Mateus 7.7,8, o próprio Jesus ensinou que Deus atende a oração daqueles que pedem, buscam e batem, isto é, os que insistem em oração. No livro de 1Crônicas 7.14, no Antigo Testamento (O Antigo Testamento era o antigo pacto de Deus com o homem), lemos as palavras do próprio Deus ao seu povo: “E se o povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se  converter do seus maus caminhos, eu o ouvirei do céu...”
Dentre outras coisas, Deus exige que aqueles que se dizem povo dele o busquem em oração.
É bem verdade que a maioria dos crentes não acha dificuldade crer que Deus existe, afinal, não seriam crentes se não cressem (A palavra crente significa “aquele que crê”). No entanto, muitos encontram grande dificuldade em acreditar que Deus realmente recompensa a sua busca.
O problema disso está no fato de que, ao não se crer que haja recompensa em buscar-se a Deus, o cristão fica sem motivação de orar. E sem oração (momento em que o homem fala com Deus), não haverá resposta de Deus, pois ele recompensa aos que o buscam, conforme já vimos acima.
Um dos exemplos disso está registrado em Êxodo 3.9,19; 14.10,14. Crendo na existência e no poderio de Deus, os hebreus oraram por libertação da escravidão do Egito, no entanto, na hora de provarem que sabiam que Deus lhes recompensaria por buscá-lo, eles foram reprovados.
Passaram a lastimar-se para Moisés, dizendo-lhe que antes tivessem continuado escravos, pois lá no Egito comiam do melhor, e Deus apenas os levou para morrer no deserto. Ou seja, os hebreus acreditavam mais na recompensa do seu opressor, Faraó, do que no amor de Deus.
 Isso fez com que o Senhor se irasse de tal maneira contra eles, que não lhes permitiu entrar na Terra Prometida. Para que não dissessem que Deus puniu os hebreus (nome dado aos antigos judeus) porque não conseguiu cumprir sua promessa, O Senhor permitiu que os filhos daquele povo herdasse a Terra em lugar deles.
Costumo usar o seguinte exemplo para falar sobre a nossa falta de confiança na lealdade divina: Às vezes agimos com Deus como pessoas que apresentam suas causas trabalhistas à justiça falha do nosso país, a qual leva anos para julgar uma causa, e por conta da falta de fé nas leis brasileiras desistem de lutar por seus direitos.
Alguns, apesar de saber que existe o órgão da justiça para resolver os seus impasses, preferem deixar para lá, ou começam o processo, desistindo dele no meio dos trâmites, por não acreditarem que seus pedidos serão levados a sério.
É exatamente assim que acontece conosco. Sabemos que Deus nos dá direito de levarmos a ele nossas ansiedades (1 Pe 5.6,7). Porém, ao não acreditarmos que Deus se importa com os pedidos que lhe apresentamos, nossa falta de fé influenciará em nossa percepção sobre a fidelidade divina, e nos fará entregar os pontos, levando-nos a desistir de buscá-lo em oração.
No texto acima, Pedro deixa claro que devemos nos humilhar perante  Deus (depender de alguém é humilhante), no entanto,  o citado apóstolo garante que a seu tempo (no tempo de Deus) Ele nos exaltará.
Essa crença é fundamental para sermos atendidos em nossas petições a Deus.
Uma coisa eu aprendi durante o meu tempo de cristã: Deus nunca se esquece daquilo que entregamos em suas mãos.
Todavia, na nossa fraqueza, temos agido como o povo de Israel em face às dificuldades.
Muitas vezes, achamos mais conveniente crermos no diagnóstico médico do que no  médico dos médicos que promete ouvir nossas súplicas e curar-nos; Cremos mais na justiça humana, que é falha, do que na fidelidade divina em enxugar nossas lágrimas; Cremos  mais na força da tempestade do que no Senhor que domina a natureza, e assim por diante.

HOMENS QUE CONFIARAM NA RECOMPENSA DIVINA
Apesar de tantos exemplos negativos haviam aqueles que criam que Deus é leal com os que o buscam. Dentre eles, encontramos o salmista Davi, que angustiado diante das aflições que o afligiam orou em agonia:
“Por que estás abatida ó minha alma? E por que te perturbas dentro de  mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei.” (Sl 42.3,10, 11) (grifo meu).
O mesmo Davi, certa vez, orando, confessou a Deus: “...Tu, Senhor, nunca desamparas os que te buscam.” (Sl 9.10) (grifo meu)
Não é a toa que a Bíblia diz que Davi era o homem segundo o coração de Deus. Deus ama os que não desconfiam de sua fidelidade!
Jesus, ao orar, nos deixou o exemplo. Enquanto falava com Deus, em oração, ele disse-lhe: “Pai, eu bem sei que sempre me ouves.” (Jo 11.41,42) (grifo meu).
O escritor aos hebreus (10.22) também advertiu aos irmãos que deviam orar a Deus “Em inteira certeza de fé” (grifo meu).
 O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, disse-lhes: “Eu sei em quem tenho crido, e que é poderoso para guardar o meu depósito” (2 Tm 1.12) (grifo meu).
Isto é, Paulo só cria que Deus guardaria aquilo que depositou nele.
Um determinado 1escritor exemplificou esse versículo da seguinte forma:
“Se você tivesse sentado num terminal de aeroporto com sua maleta ao lado e ao afastar-se um momento para conversar com alguém, o que você faria se alguém houvesse roubado a sua bagagem?
Você poderia dirigir-se ao balcão e pedir que a mandassem procurar. A resposta seria provavelmente negativa. Se a maleta estava com você, e você a perdeu, não havia por que recorrer à empresa aérea. Mas, por outro lado, se você já houvesse registrado-se no balcão e constatasse, na chegada, a falta da sua  bagagem, você teria todo o direito de recorrer à transportadora, que logo iniciaria a procura da maleta perdida. Assim, a empresa aérea só é responsável por aquilo que lhe foi confiado.” (p.61)

Resumindo: Devemos orar com fé, crendo que Deus existe e que ele é galardoador (recompensador) dos que o buscam. E não podemos nos esquecer que Deus só resolve aquilo que entregamos aos cuidados dele. Leia as palavras do salmista abaixo:
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará” (Sl 37.5)
Observe que o primeiro passo é “entregar” para ele, e depois confiar nele.
Portanto, se assim fizermos, poderemos orar a Deus com a mesma certeza de Davi: “Ó tu que ouve as orações...” (Sl 65.2)

Com amor fraternal,
Em Cristo,
Leila Castanha


1Ravi Zacharias. Do coração de Deus – Editora Textus.





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