domingo, 31 de março de 2024

A BÍBLIA, O MANUAL DE MISSÕES

 

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TEXTO BÍBLICO: Mc 16.15

Quando falamos de missões, estamos nos referindo à pregação do Evangelho. A palavra EVANGELHO significa "boa nova, boa notícia ou boa mensagem". No entanto, por que a Igreja tem essa incumbência?

De acordo com Rm 10.13,24, as pessoas não poderão crer em quem nunca ouviram falar, também não poderão ouvir se ninguém for falar a elas. Pensando nisso, Jesus deu essa missão ao seu povo, isto é, cada um que for alcançado pelo evangelho deve levá-lo adiante.

Em Rm 10.14-17, Jesus diz que através da Palavra de Deus as pessoas crerão nele. Daí já entendemos que a mensagem que devemos pregar é a que ele ensinou em sua Palavra. No versículo 17, o apóstolo Paulo torna a dizer que a fé vem pelo ouvir, através da Palavra de Deus.

Uma vez que já entendemos que devemos pregar o evangelho para que as pessoas creiam em Jesus, no versículo 16 do texto acima, Paulo também não esconde que nem todos crerão na mensagem que anunciamos, mas isso não deve ser desculpa para não se pregar, porque os que crerem, só crerão se ouvirem o evangelho. O apóstolo Paulo disse que se fez tudo para todos, para de todo modo conseguir salvar alguns (1 Co 9.22). Esses alguns importa para Deus. Então, o que é de fato o evangelho, o que é essa boa notícia que Jesus nos mandou pregar?

Em 2 Co 5.17-20, o apóstolo Paulo afirma que essa mensagem a ser pregada é a mensagem de reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo está reconciliando consigo o mundo. Reconciliar é fazer as pazes. Quando um casal briga e decide se reconciliar, isto significa que ambos resolveram fazer as pazes. Além disso, Paulo esclarece que nós, a Igreja,  somos os embaixadores de Deus ao mundo, ele "pôs em nós o ministério da reconciliação" (v.19 - grifo meu). Esse é o ministério (o serviço) do qual Deus nos incumbiu. Desse modo, podemos resumir o que observamos até agora da seguinte maneira: as pessoas precisam ouvir o evangelho para poder crer,  nós somos os mensageiros enviados por Deus para lhes flar as boas novas, e o evangelho, essa boa nova, é a mensagem de Deus convidando o mundo para ser reconciliado com ele, ou seja, Deus está com uma bandeira branca e deseja que todos voltem a ter paz com ele, isto é, ele está pronto para nos receber de volta.

O EVANGELHO É CRISTOCÊNTRICO: Atualmente, é comum vermos nas igrejas uma preocupação muito grande com o conforto e a aceitação das pessoas em relação à liturgia do culto e toda a sua programação. Tememos magoar alguém, mesmo sem intenção, porque isso pode fazer com a pessoa magoada nunca mais retorne à igreja. Isso indica que estamos vivendo um evangelho antropocêntrico (o homem é o centro), quando, na verdade, o evangelho encontrado na Bíblia é cristocêntrico (Cristo é o centro). Há igrejas que ao separar alguém para o  ministério, fazem isso de acordo com o grau de amizade que possui com o candidato e o próprio ministério (igreja) passa de pai para filho, como se a igreja fosse uma empresa e a autoridade eclesiástica fosse por hierarquia. Não era assim na igreja primitiva: At 13.2,3 nos mostra que quem separava para a obra era o próprio Espírito Santo. A Igreja orava e jejuava e depois esperava o Senhor escolher.

Conta-se a história de um pastor que orava para Jesus levantar para o ministério de sua igreja um diácono e um porteiro. O pastor estava de olho em duas pessoas que eram exemplos na fé: um era banqueiro e o outro era um verdureiro. Apresentou-os a Jesus em oração e o Espírito Santo lhe disse: "Coloca o verdureiro como diácono e o banqueiro como porteiro". O pastor relutou, acreditando que o banqueiro não aceitaria a proposta devido ao cargo, a seu ver, ser muito humilde. Porém, obedecendo à ordem do Espírito, convidou os irmãos, conforme fora instruído em oração. Ambos ficaram muito felizes pelos cargos que lhes fora confiado. O verdureiro passou a servir dentro da igreja com muita alegria e o banqueiro trabalhava na porta com muito gosto. O templo começou a encher, e, após especularem sobre o motivo, o pastor descobriu que quando as pessoas passavam na rua e viam o banqueiro na porta, entravam na igreja porque pensavam: "Se o porteiro é um banqueiro, quem será que está no púlpito?". A igreja cristocêntrica é assim, deixa Deus agir em sua sabedoria.

O EVANGELHO DE CRISTO NÃO É POR CONVENIÊNCIA

 O pastor argentino Juan Carlos Ortiz diz, em seu livro "O discípulos",  que muitos cristãos têm pregado o 5º evangelho, o qual ele denomina de "Evangelho Segundo os Santos Evangélicos", ou seja, um evangelho por conveniência. De acordo com sua análise, pregamos textos, como Mt 11.28-30, evidenciando o versículo 28 - "Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e vos aliviarei" - todavia, negligenciando o restante do texto - "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. E encontrareis descanso para as vossas almas".

Quando a pessoa aceita Jesus, crendo Nele por meio de um evangelho pregado pela metade, ela tende a não permanecer na fé. Se dissermos a elas que vindo a Cristo ele as aliviará e acabará com toda opressão e cansaço que atormentem a sua, e, após aceitarem Cristo, tudo continua igual, a impressão que essas pessoas terão é de que fizemos propaganda enganosa. E nesse caso é enganosa mesmo, pois, de acordo com Jesus, o descanso para a alma será encontrado somente após ele tomar a direção da vida da pessoa e ela aprender com ele a ser mansa e humilde.  Pessoas sem autocontrole não podem ser controladas pelo Espírito Santo, e pessoas arrogantes querem o tempo todo tomar o lugar de Deus, e por isso precisam aprendem primeiro com Cristo, pois a glória divina, ele dá a ninguém (Is 42.8)

Certo dia passei por uma igreja que tinha uma grande faixa dizendo: "Pare de sofrer! Jesus quer mudar a tua história". Embora a mensagem pareça muito bíblica e, sem dúvida, possui um apelo humanitário, ela não está representando a mensagem do Evangelho de Jesus. Em Jo 6.33, Jesus não isenta os seus servos de sofrimento, pelo contrário, ele disse "no mundo tereis aflições". Não há brecha para se achar qualquer outra coisa além do que foi dito, o verbo está no indicativo (expressa certeza).  

Outro versículo muito comumente pregado nos cultos de evangelização é Fp 4.13 - "Posso todas as coisas naquele que me fortalece" - há quem pregue que o que você quiser conseguirá através de Cristo. Esse não é o Evangelho que a Bíblia prega, e nem o que o versículo citado expressa. Se lermos os versículos anteriores, isto é, versículos 10-14, veremos que o apóstolo Paulo está dizendo que aprendeu estar feliz em toda e qualquer circunstância, na fartura e na necessidade, na abundância e quando passa fome, ser honrado e ser desprezado, etc. Ele diz isso porque inicia sua carta agradecendo os irmãos de Filipos (os filipenses) pelo cuidado que tiveram para com ele (lembre-se que Paulo estava preso), no entanto, ele diz que embora seja grato, ele não depende dessa honra, pois ele aprendeu ficar bem, ser feliz em qualquer circunstância da vida, pois quem o fortalece é Deus. Essa é a mensagem do apóstolo Paulo e não a que ouvimos por aí e alguns saem divulgando como sendo o que a Bíblia diz.

O pastor Juan Carlos Ortiz, a quem já me referi acima, diz que há pessoas que aceitam a Jesus como uma garotinha que recebe um pão com geleia: come toda a geleia do pão e depois joga o pão fora. Essas pessoas são aquelas que aceitam Jesus por causa das bênçãos, de tudo o que ele pode lhes dar, mas quanto a Cristo, o pão vivo que desceu do céu (Jo 6.51), elas rejeitam. É por isso que há nas igrejas muitos crentes anêmicos espirituais, subnutridos, porque se alimentam de coisas passageiras (milagres, prosperidade financeira, etc.). Jesus disse que quem se alimenta dele (não do que ele dá), viverá eternamente. Estamos cheios de igrejas repletas de mortos espirituais, pois seus membros não têm prazer na Palavra de Deus, e Jesus já havia declarado que a Palavra que Deus enviou ao mundo é vida (Jo 12.50), e quem liberta o homem de toda opressão é a Palavra de Deus (Jo 8.32), é ela que santifica (Jo 17.17). Quando ficamos facilitando as coisas para as pessoas virem a Jesus, estamos demonstrando com isso que não conhecemos o manual de missões. a Bíblia Sagrada. Paulo diz, em Rm 1,16, que não se envergonha do evangelho de Cristo, "porque é o poder de Deus para SALVAÇÃO de todo aquele que crê". Não há coisa mais poderosa para salvar as pessoas e trazê-las para Deus do que a mensagem que o próprio Deus deixou para elas, isto é, o EVANGELHO. 

Quando o povo veio do cativeiro babilônico, Esdras começou a levá-los de volta para Deus, por meio da leitura diária da Palavra (7 dias consecutivos). Ele lia e explicava o texto para os homens, mulheres, crianças e todo o povo que tinha condição de entender. O período dessa aula era desde o início da manhã até o meio-dia. Esdras não se preocupou que as pessoas ficariam cansadas, ele só se lembrava de que sem Deus eles estariam perdidos. E, contrário alguns de nós pensariam hoje, o povo estava ATENTO à Palavra de Deus. Decerto, o cativeiro com todas as dificuldades que aquele povo enfrentou fez com que se voltassem de coração para as leis de Deus, pois na direção dele o povo estava seguro. Por isso, muitas vezes Deus permite que a Igreja seja perseguida e passe por momentos de muita dificuldade para ela poder se voltar para ele. Igrejas que tem o homem como centro, tira o Senhor do meio dela, e, por amor aos seus, muitas vezes Deus pesa a sua mão. Voltemos enquanto é tempo a dar ouvidos à Palavra do nosso Mestre, pois o Espírito Santo zela pelas coisas de Deus e ele tem ciúmes da Igreja  (Tg 4.5) e "dura coisa é cair nas mãos do Deus Vivo" - Hb 10.31

Vi uma frase que dizia: "Deus não é aspirina para a hora da dor" (aspirina serve como analgésico, assim como a dipirona e o paracetamol), e muita gente vem para a igreja procurando alívio para a sua dor, mas não procurando Deus. Deus está disposto a reconciliar o mundo consigo, por meio do seu Filho Jesus Cristo que pagou o nosso preço com seu sangue. No entanto, fazer as pazes conosco não significa que ele vai nos servir. Bem pelo contrário, ele vem nos reconciliar para começarmos do zero, assim como era no princípio, quando ele andava com o primeiro casal no jardim - Gn 3.8. O apóstolo Paulo explicou aos crentes da Galácia(os gálatas) que ao aceitar Jesus como seu Senhor e Salvador, agora ele morreu com Cristo ("estou crucificado com Cristo"); e agora eu não vivo mais, mas Cristo vive em mim. 

O Novo Testamento tem esse nome porque, através de Cristo, Deus firmou um testamento, um pacto, uma aliança com o mundo. Esse testamento é selado com o sangue de Jesus. Ele diz respeito ao novo acordo de paz entre Deus e o mundo (no Antigo Testamento seu acordo era com os judeus apenas, agora é com o mundo). E que acordo é esse? O acordo é o seguinte: Deus, por meio de seu Filho que se sacrificou pela humanidade, está com a bandeira branca hasteada, convidando a todas as pessoas a aceitarem o acordo de paz entre ele e nós. E esse acordo vem com um brinde: por causa do sangue que Jesus derramou por nós, entramos nesse acordo com o direito de sermos adotados como seus filhos.

É lindo esse plano magnífico de reconciliação! E as palavras de Paulo em 2 Co 5.17-20, despertando os  irmão de Corinto para fazerem a missão pela qual Jesus comissionou  sua Igreja foram as seguintes: "Somos embaixadores de Cristo, como se Deus tivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus". (versão NVI).  Ou seja, nosso papel como embaixadores de Cristo ao mundo é dizer a todos que Deus está pronto para se reconciliar com todos, e quem aceitar a sua proposta, deverá fazer um pacto de compromisso com o seu Filho Jesus, e então esse acordo será validado, pois o sangue de Cristo foi o preço pago por essa nova aliança entre Deus e o mundo.   

Um abraço!

No amor de Cristo,

Leila Castanha

31/03/2024

quarta-feira, 27 de março de 2024

COMO ESTUDAR A BÍBLIA - PARTE 2

 COMO ESTUDAR A BÍBLIA (Parte 2)

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TEXTO BÍBLICO: 1 Co 2.15,16

Embora haja muitas maneiras de como ler a Bíblia, refletiremos em apenas uma delas, ou seja, devemos ler a Bíblia desejando conhecer a mente de Deus. Conhecer a mente de Deus significa descobrir o que Deus pensa sobre nós, sobre as outras pessoas, sobre as coisas e as situações que nos envolve nessa vida e após ela.

Tiago Dias, autor do livro "Em busca de sentido", afirma que quando falamos a respeito de alguém ou de alguma coisa, falamos de fora, isto é, apenas conhecemos conceitos e ideias, no entanto, quando falamos sobre alguém ou alguma coisa, estamos falando de dentro, isto é, do que vivenciamos. Desse modo, com base nessa afirmativa, é fato que ninguém pode falar sobre quem não conhece. Além disso, para conhecermos alguém de verdade, é necessário que tenhamos certo grau de intimidade com essa pessoa.

Em relação a Deus, não é diferente, só podemos conhecê-lo, a ponto de podermos falar sobre ele, se desenvolvermos uma relação próxima com sua pessoa, e isso só é possível por meio da oração (momento em que falamos com Deus) e através da leitura da Bíblia (momento em que Deus fala conosco).

Um outro comentarista, Dr Stuart Holden, declarou que a verdadeira regra de fé não diz para vivermos uma vida terrena com a visão no céu, mas que vivamos uma vida celestial com a visão na Terra.  Esse pensamento é confirmado pela própria Palavra de Deus - leia Ef 2.6 e Cl 3.1 a 3. Quando vivemos nossa vida de modo natural, como quem vive influenciado pelas circunstâncias terrenas, é reflexo de que não conhecemos o que Deus pensa sobre aqueles que aceitam a seu Filho, Jesus Cristo. Pois, segundo os textos acima citados, “Vivemos juntamente com Cristo nas regiões celestiais”, e “estamos escondidos em Deus”, ou seja, vivemos de modo sobrenatural, isto é, tendo a mente de Cristo (2 Co 2.15,16), e não vivemos mais vendo as coisas em uma perspectiva carnal e humana. Segundo o apóstolo Paulo, quando estamos em Deus, não vivemos mais pelo que vemos, e sim pela fé (1 Co 5.7).

Por que devemos conhecer os pensamentos de Deus?

1) Porque seus pensamentos são superiores aos nossos. Leia Isaias 55.8,9.

Apesar de serem tão distantes dos nossos pensamentos, uma boa parte da mente de Deus o Espírito Santo já revelou nas Escrituras. Inclusive, Jesus falou que elas falam sobre ele, ou seja, a Bíblia é o livro da biografia de Jesus, e, conforme o próprio Cristo declarou, quem vê a ele vê o Pai (João 14.8-10).

O Espírito Santo inspirou os homens que escreveram a Bíblia, e, de acordo com as Escrituras, ele conhece os pensamentos de Deus (1Co 2.11). Quando rejeitamos ler as Sagradas Escrituras, estamos perdendo a oportunidade de conhecer o que o Espírito Santo revelou sobre  Deus, isto é, perdemos a oportunidade de descobrir o que Deus pensa sobre nós e sobre tudo o que nos envolve.

Por exemplo, diferente da nossa cultura atual, na visão de Deus, o castigo é prova de amor, e não de violência. A Bíblia revela que, para Deus, castigo é o modo que ele usa para nos dizer que nos ama e que somos seus filhos de verdade - leia Hb 12.5,6. Enquanto temos pena daqueles a quem Deus castiga, o Espírito Santo nos revela nas Escrituras, que “a tristeza segundo Deus produz arrependimento” - 2 Co7.9,10.

2) Não conhecer como Deus pensa nos leva a pecar contra ele. Leia Oseias 4.6

Perceba que Deus disse que a falta do conhecimento do povo, foi a causa deles serem destruídos. Falta de conhecimento do quê? No versículo 1, Deus disse que lhes faltou conhecimento sobre ele, ou seja, o povo não conhecia Deus, não conhecia a sua vontade, não tinha ideia do que ele pensava a respeito deles, embora ouviram falar, ou seja, apesar de saberem bem a teoria sobre as suas leis, eles não tinham interesse em conhecer, de fato, a mente divina. Em Lc 19.41, 42. a bíblia narra que Jesus chorou ao observar a dureza do coração do povo de Jerusalém e suas palavras foram estas: “Se vocês compreendessem o que te traz a paz! Mas vocês não conseguem enxergar”. Lembre-se que eles estavam com o "Príncipe da paz”, pois Isaías profetizou sobre Jesus, dizendo que esse seria um de seus nomes - Is 9.6. 

A Bíblia nos revela que o pensamento de Deus a respeito de como eles poderiam  alcançar a paz já estava revelado nas Escrituras, mas como Jesus mesmo declarou, eles não enxergavam. O Salmo 119.165 já declarava: “os que amam a tua lei possuem paz...”. A resposta estava nas Escrituras, livro usado por esse mesmo povo que buscava paz, mas que, apesar de saberem de cor as ordenanças do Senhor, eles não enxergavam que essa paz estava no Cristo que estava entre eles. Eles liam, mas  não enxergavam, não percebiam o que Deus estava lhes dizendo pelas Escrituras. Por isso é importante ler a Bíblia prestando atenção no que Deus está dizendo.

Mateus observou que Jesus  também acusou o seu povo (Israel) de matar os profetas e apedrejar os mensageiros que Deus enviou e ele afirma que a intenção do Pai, logo, a sua própria intenção, era protegê-los como a galinha protege seus pintinhos debaixo das asas, porém, eles não aceitarem sua proteção.   Assim também agimos quando lemos a Bíblia sem interesse de conhecermos a mente de Deus, quando não nos importamos em saber o que ele quer nos comunicar. 

Ler a Bíblia por ler não é suficiente para o Espírito Santo nos revelar o que Deus pensa, pois ele só nos revela quando nosso coração está voltado a viver segundo a mente de Cristo. Israel lia as Escrituras desde a mais tenra idade, mas não enxergava o que Deus estava dizendo a respeito de sua vontade para eles. Ouviam a letra (os mandamentos), mas não entendiam o que Deus queria lhes comunicar por meio das suas ordenanças, isto é, o que estava nas entrelinhas. Em Isaías 1.2, Deus diz que até os animais tem noção das coisas, mas o seu povo não tem conhecimento sequer de sua vontade, isto é, não compreendiam nada do que Deus lhes dizia, não entendiam o que ele queria lhes comunicar. Eles eram tão faltos de entendimento que o Senhor diz que nem adiantava castigá-los, que eles não compreenderiam o motivo (v.5) - Leia todo o capítulo de Isaías 1, e veja como age o povo de Deus que não conhece a sua mente.

4) Devemos conhecer os pensamentos de Deus, porque ele quer se comunicar diretamente conosco.

Em Jó 42.1-6,  Jó confessa a Deus que falou de coisas que não conhecia, e que por isso se arrependia muito. Ele confessa que tudo o que ele sabia a respeito de Deus era baseado em coisas que ele ouvira falar.  Após Deus falar diretamente com ele, Jó chega a conclusão de que nunca o conhecera de fato, porém, após ouvir o que Deus pensava a respeito do que ele supunha, Jó declarou: “Antes eu só te conhecia de ouvir falar, mas agora os meus olhos te veem”. 

Jó estava na mesma situação que Jerusalém na passagem de Lucas, que estudamos acima: ele não enxergava os propósitos de Deus, a verdade sobre o Senhor estava oculta a seus olhos. Mas, quando Jó ouviu o próprio Deus falando sobre como ele vê as coisas, seus olhos foram abertos e agora ele passou a enxergá-lo como ele realmente é. Isso me lembra uma história, extraída do livro Varão de Dores, da autoria de Miguel Rizzo, o qual narra a história de uma menina que queria muito ver o mar. Ela insistiu tanto que a mãe a levou, e, após observar o oceano por longos minutos, a garota voltou ao hotel, onde também se encontrava hospedado um velho marinheiro. Toda entusiasmada, a menina gritava eufórica: “Eu conheço o mar! Eu conheço o mar”. O marinheiro aproximou-se dela e lhe disse: “Eu também conheço o mar!”. Rizzo observa a distância entre o “conhecer” da garota, e o "conhecer" do velho marinheiro, pois este conhecia cada movimento e situação de prazer e perigo da vida marítima, enquanto a garotinha conhecia de longe. Como você conhece a Jesus? De longe - de ouvir falar dele - ou de perto - de ouvi-lo falar com você?

Se nos contentarmos a conhecer Deus apenas de ouvir os outros falarem acerca dele, nunca vamos vê-lo como ele realmente é. Por isso, leiamos a Bíblia, procurando conhecer a mente de Deus, buscando entender o que o Espírito Santo está nos revelando sobre os pensamentos divinos, e então, ouçamos a voz do Senhor ecoando através da história de Jó, e das demais narrativas e cartas da Bíblia, a nos dizer: “Você já falou, agora me escute, e eu falarei”.

No amor de Cristo,

Leila  Castanha

25/03/24


Bibliografia

Bíblia Sagrada

Em busca de Sentido -  Tiago Dias

Varão de Dores - Miguel Rizzo


terça-feira, 19 de março de 2024

COMO ESTUDAR A BÍBLIA

  

https://deusteabencoe.com.br

TÍTULO: Como estudar a Bíblia

TEXTO BÍBLICO: Jo 17.13-17

  Emmet Fox, um ministro do Evangelho, em seu livro “O sermão da montanha” afirma que o estudo da Bíblia é comparado a procura por diamantes na África do Sul. Quando as pessoas encontram um pouco da pedra preciosa misturada no barro, elas ficam muito felizes pelo achado. Porém, os mais experientes, procuram cavar mais fundo, onde o barro muda de cor, de amarelo para azul, e nesse ponto a quantidade de diamantes encontrados por dia equivale a um ano de trabalho de quem só cava mais superficialmente. O autor diz que quando alguém chega à profundidade, o que dantes havia encontrado no barro amarelo perde o valor, comparado ao que encontra-se em escavações mais profundas.

  Assim também, argumenta Fox, não devemos nos contentar com as poucas verdades que encontramos no barro amarelo de nossa leitura da Bíblia, mas escave mais fundo até chegar a rica argila azul.

Tendo isso em mente, vamos prosseguir com a nossa reflexão sobre o tema estudado.

COMO ESTUDAR A BÍBLIA?

  1) Procurando se aprofundar em seu conteúdo: ler com vontade de conhecê-la e ao seu autor, e não por obrigação ou com preguiça. É certo que, inicialmente, e muito raramente, alguém já comece a ler a Bíblia “escavando-a mais profundamente”, porém o que não deve acontecer é o cristão se conformar em fazer leituras superficiais, pois, desse modo, não haverá crescimento espiritual. A Bíblia é o meio no qual Deus fala com o homem, e, quanto mais ouvimos alguém falar mais aprendemos dele e sobre ele.

  2) Sabendo que é um meio que Deus arquitetou para se comunicar com suas criaturas e com os seus filhos. Deus sempre se comunicou com os seus servos, conforme veremos a seguir:

  1º) No início, Deus andava com os homens - Gn 3.8;

  2º) Deus ordenou a Moisés que orientasse a seu povo (Israel) que falasse dele aos seus filhos;

  3º) Ele ordenou a Moisés que escrevesse para memorial do povo - Ex 17.11;

  4º) Por fim, Deus enviou seu Filho, Jesus, agora, por meio dele o próprio Deus voltou a andar no meio do povo. Jesus é chamado de Emanuel - Deus conosco (Is 7.14).

  3) Compreendendo que ela é a Palavra de Deus - 1Ts 2.13: a Bíblia não é um livro qualquer. Ela é o Livro de Deus, inspirado pelo Espírito Santo com a finalidade de fazer o ser humano conhecer Deus, a fim de se aproximar dele.

  Deus nunca se afastou do homem (ser humano), foi o homem que se afastou dele por meio da prática do pecado. A palavra pecado significa errar o alvo, isto faz sentido porque pecamos quando nossas práticas se distanciam daquilo que Deus nos ordena. Assim, ao invés de nos chegarmos a Ele, nossa desobediência nos afasta Dele.

 Perceba que Deus não se moveu, fomos nós que, ao desobedecermos suas leis, nos afastamos dele, ou seja, erramos o alvo, que é Cristo e passamos a fazer a vontade de seu Inimigo (o diabo). Em Is 59.1,2, Isaías diz ao povo que foram os seus pecados que fizeram separação entre eles e Deus; Isaías 1.12-18, Deus diz ao povo que as reuniões deles, que seriam para honrá-lo, na verdade, só estava o cansando. E  por que isso? Deus responde que é porque o povo não está fazendo o que e como ele pediu, mas cada um faz o que bem quer e isto os está afastando dele, de modo que ele não pode siquer ouvir suas orações. Perceba que mais uma vez é o povo que se separa de Deus por escolherem desobedecê-lo, e não Deus que se separa dele.

  Isaias 50.1,7, Deus usa a analogia do divórcio para fazer seu povo entender que não é ele está se separando deles, mas são eles que se separaram do Senhor. No versículo 2, ele faz o povo refletir em sua fidelidade, perguntando-lhes: “Por que eu vim e ninguém apareceu? E porque chamei e ninguém respondeu?” Ou seja, Deus está mostrando por meio dessa alegoria que ele vive tentando fazer as pazes com o seu povo, mas o pecado não permite que eles ouçam a sua voz, nem deixa que se voltem para ele. Em Isaías 58. 2-10, Deus responde a pergunta do povo sobre o porquê ele não atende seus jejuns e porque não os tem ajudado em suas aflições, dizendo-lhes que é porque eles estão pervertendo as leis de Deus. Apesar de fazer o que ele tinha mandado, fazem da maneira errada, por exemplo, jejuavam e depois brigavam entre eles. Em outras palavras, Deus estava lhes dizendo que os pecados deles o afastavam da sua presença.

  O povo de Israel agia para com Deus como a história narrada por Spugeon (um servo de Deus conhecido como príncipe dos pregadores): ele conta que um chefe árabe do Cairo (capital do Egito), estava muito doente e um missionário receitou-lhe um remédio. Uma semana depois, o missionário encontrou o homem do mesmo jeito. Estranhando porque o chefe não havia melhorado, já que ele sabia da eficácia do medicamento, perguntou-lhe o seguinte: “Você não tomou a minha prescrição?”. O chefe respondeu-lhe: “Sim. Eu comi cada pedacinho do papel”.

  Spurgeon nos leva a refletir por meio dessa história, dizendo aos seus leitores que muitos cristãos leem a Bíblia e acham que só em conhecer o que está prescrito nela é o suficiente para a cura de sua alma. O em si (o local da prescrição) não tem qualquer valor de cura espiritual, mas é o que está prescrito nele, a mensagem que ele traz, quando ingerida por nós, pela fé, que produz o efeito de cura interior. E, por não saber dessa verdade, há cristãos que abrem a Bíblia (o livro, a receita de Deus) no Sl 91 ou em outro texto que fala da proteção divina, e a expõe aberta sobre  um móvel, acreditando que isso trará a presença de Deus para a sua casa.

  Um irmão contou que foi com um grupo de pessoas expulsar um demônio de uma pessoa, e um dos crentes abriu a Bíblia no Sl 91 e começou a ordenar que o espírito imundo saísse em nome de Jesus. No entanto, ao invés de se retirar, o jovem, possesso, rasgou as folhas da Bíblia e as engoliu. Demônios não temem o Livro, eles temem é a mensagem do Livro Santo, quando ela é degustada pelo cristão, pois assim faz efeito nele, dando-lhe força, dando-lhe poder contra eles.

  4) Tendo consciência que ela nos esclarece, nos abre os olhos para as verdades espirituais: 1Co 2.14 diz que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (grifo meu). Em 1Co 1.18, o apóstolo Paulo diz que “ a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos é o poder de Deus”. Subetende-se que a Palavra de Deus esclarece, pois nenhum outro livro pode nos revelar acerca de Deus a não ser a Bíblia.

  Lucas conta (24.29-35) que dois discípulos estavam voltando de Jerusalém para suas casas em Emaús. Eles estavam muito tristes e decepcionados, porque, junto com os demais discípulos de Jesus, estavam eufóricos esperando vê-lo ressuscitado e já havia escurecido e nada aconteceu. Quando estavam no caminho de volta para casa, um viajante se aproximou deles e puxou conversa. Eles, logo, contaram o que lhes havia acontecido e disseram-lhe que por isso estavam tristes. O viajante, que era Jesus, começou a animá-los perguntando-lhes se eles haviam esquecido o que a Bíblia falava sobre Cristo (mas ele não se identificou, falava como se fosse um homem comum refletindo sobre o assunto). Como estava muito tarde e a estrada era perigosa, eles convenceram Jesus a ficar com eles (Jesus fingiu que ia passar direto, mas esse já era seu propósito). Em casa, serviram-lhe pão e, antes de comer, partiu o pão e orou ao Pai, agradecendo-lhe. Ao fazer isso, eles se lembraram de que Jesus fez a mesma coisa do mesmo jeito e, é claro, a sua voz era igualzinha. Então, lembraram-se também que, apesar da tristeza, enquanto o viajante conversava com eles, seus corações ardiam. Ao reconhecerem que era Cristo, o Senhor desapareceu.

  Essa narrativa nos traz algumas reflexões, dentre as quais, aprendemos que quando temos o entendimento de que Jesus está conosco, não precisamos mais de vê-lo. O apóstolo Paulo confirma esse pensamento ao dizer que “vivemos por fé, não por vista”. A fé é o firme fundamento (é a base sólida) das coisas que esperam, e a prova (certeza) das coisas que não se veem. Quando conhecemos ou reconhecemos a presença de Deus, não precisamos mais dos nossos sentidos naturais, pois a sua presença é sentida por fé.

  O apóstolo Luiz Hermínio, em uma de suas pregações, relatou que há pessoas que saem tristes do culto porque, segundo elas, não sentiram a presença de Deus. No entanto,segundo o apóstolo, deveria ser suficiente para o cristão crer nas palavras de Jesus, em Mt 28.20,  a qual o Senhor afirma que estará conosco todos os dias. O Cristão não tem que sentir nada, ele tem que crer. Ele não tem que confiar em seus instintos naturais, mas ele precisa confiar cem por cento na Palavra de Deus.

 Quando estudamos a Bíblia os nossos olhos espirituais se abrem, e, embora não enxerguemos um palmo a frente do nosso nariz, nos firmamos nas promessas de Deus que não falham, e, nos acalmamos, porque conhecemos a voz do nosso Pastor. Leia Jo 10.27

 Assim aconteceu com os dois discípulos de Emaús, após reconhecerem a voz do Bom Pastor, voltaram para Jerusalém para contar aos outros que haviam tido um encontro com Cristo, e, como salientou o pr Ricardo Gondim, agora já era muito mais tarde, porém eles já não tinham mais medo.

  Porque isso outra coisa que acontece quando estudamos a Bíblia, Deus tira de nós o espírito de covardia e nos dá o espírito de ousadia. Mas isso é tema para outra lição.

No amor de Cristo,

Leila Castanha

17/03/2024

 

Bibliografia:

Bíblia Sagrada

Diante da porta estreita - Charles Spurgeon

O sermão da montanha - Emmet Fox

Vivendo em triunfo - Ricardo Gondim


domingo, 10 de março de 2024

BÍBLIA, A INFALÍVEL PALAVRA DE DEUS


TEXTO BÍBLICO: SL 119.50

     Geralmente, quando estamos passando por algum problema ou precisamos de conforto e orientação em alguma área de nossa vida, procuramos as pessoas com quem temos maior intimidade e falamos com elas durante uma, duas, três ou mais horas. No entanto, se lembrássemos do que diz o Sl 119.50 - “Este é o meu consolo no meu sofrimento: a tua promessa dá-me vida”, não precisaríamos de tanto tempo para desabafarmos, mas em Cristo teríamos uma palavra de renovo. Que coisa maravilhosa é termos conosco a Palavra de Deus! No entanto, perdemos muito em não a utilizarmos nos momentos de sofrimento também, visto que a angústia muitas vezes nos afasta de Deus, quando, na verdade, Sua Palavra quer nos levar a Ele nos momentos doridos de nossas vidas.

Em Os.4.6. o Senhor diz que seu povo foi destruído porque lhes faltou o conhecimento, e, da mesma maneira, isso ocorre conosco: morremos na fé, morremos em nossas tribulações, não suportamos as provações que a vida nos impõe, porque não conhecemos o Deus a quem servimos. O salmista (Sl 42), faz uma dolorosa reflexão sobre a sua situação difícil, e parece até que o vejo chorando enquanto fala de sua dor, no entanto, a cada lamúria ele para e diz: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te desesperas dentro de mim?”, espera em Deus, pois ainda o louvarei, Ele é a salvação da minha alma, e o meu Deus”. O salmista conhecia seu problema, que não era fácil, mas também conhecia o seu Deus, que não era fraco. Ele sabia que seu problema era real, mas também tinha certeza de seu Deus era real. Ele sabia que seu problema o incomodava muito, no entanto, não tinha dúvida de que seu Deus se levantaria para auxiliá-lo.

Um dos problemas de nós, cristãos, é que nem todos conhecemos Jesus  de andarmos com ele, mas apenas de ouvirmos falar (Leia 1Jo 2.6 e Jó 42.5). O mesmo se dá com sua Palavra, saímos “papagaiando”, isto é, agindo como papagaios, repetindo sem refletir naquilo sobre o qual dizem ser a “Palavra de Deus”, e daí surgem muitas heresias (ensinamentos contrários à Bíblia), e citações que não estão nas Escrituras.

  Não era desse modo que agiam os irmãos bereanos (da cidade de Bereia, na Macedônia) - At 17.10,11. Paulo e Silas foram enviados à Bereia para pregarem, chegando lá foram muito bem recebidos, e os irmãos receberam a Palavra de muito bom grado, todavia, não se conformaram só em ouvir, mas, todos os dias examinavam as Escrituras para ver se o que pregavam era exatamente assim. É por isso que a palavra “bereanos”, hoje, virou sinônimo de “zelosos”. Esses irmãos eram, de fato, zelosos pela Palavra de Deus, e não tinham preguiça de examinar na Bíblia se o que estava sendo pregado (por mais bonito que fosse), estava em concordância com as Escrituras.

Hoje, infelizmente,  há muitos cristãos que não tem o hábito de ler a Bíblia, e sai “engolindo” tudo o que as pessoas pregam e ensinam, sem se dar ao trabalho cuidadoso de examinar a Palavra de Deus, para não serem levados por “ventos de doutrina”, conforme alerta Ef. 4.14. 

  Certa ocasião, Jesus perguntou aos seus discípulos sobre o que as pessoas diziam a respeito dele. Responderam-lhe que uns diziam que ele era João Batista, outros achavam que era Elias, alguns diziam que era Jeremias, e, ainda outros acreditavam que ele era um outro profeta. “OK” - Jesus respondeu-lhes -"E vocês, o que vocês dizem que eu sou?” Pedro se adiantou e respondeu sem pestanejar: “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo”. Jesus, então, dirigindo-se a Pedro, disse-lhe: “Essa descoberta não é sua, não veio de você. Quem te revelou isso foi o Espírito Santo” - Mt 16.13-17. 

  Desse texto acima exposto, tiramos duas lições: Primeiramente, Jesus perguntou o que os outros falavam a respeito dele - precisamos saber o que as pessoas sabem a respeito de Jesus; depois, ele quis saber sobre o que os discípulos sabiam - agora, nossa percepção a respeito dele deve vir, não da cultura dominante, nem das teorias filosóficas, nem do que o povo diz, nem de qualquer outra fonte que não seja a Bíblia, pois é o Espírito Santo quem nos revela a respeito de quem é Cristo. Outra verdade que devemos compreender é que t o Espírito Santo nos revela tudo por meio da BÍBLIA - Leia Mt 22.29-33 (é errado não conhecer a Bíblia); Jo 5.39 (é a Bíblia que fala quem é Jesus); Jo 14. 26 (o Espírito nos faz lembrar de tudo o que Jesus ensinou, e Jesus disse que os que creriam nele, o conheceriam pela Palavra de Deus - Jo 17.20).Veja o episódio de Felipe pregando ao eunuco da rainha de Candace (na verdade, ele não "pregou", pois o eunuco estava lendo a respeito de Jesus no livro do profeta Isaias, e o que Felipe fez foi apenas explicar o texto (leia At 8. 26-39)

  Para sabermos o valor que damos a Deus, basta observarmos o valor que damos a Sua Palavra. Um certo pensador disse: “A Bíblia é entre os livros aquilo que Cristo é para os homens” isto é, a importância que você dá à Bíblia em relação aos demais livros que você procura, é a mesma importância que você dá a Jesus. Todo fã procura conhecer a história de seu ídolo (sua biografia) para saber o que essa pessoa consumia, como vivia, o que gostava ou o que rejeitava. A biografia de Jesus está na Bíblia (Jo 5.39), e muitos cristãos não se interessam por conhecê-la.

  O apóstolo Paulo disse a Timótio  que enquanto ele aguardava sua visita, se dedicasse a três coisas: à leitura, à  exortação e ao ensino (1 Tm 4.13)  -  claro que as três coisas referidas falam a respeito da Bíblia. Em seguida (v.16) ele alerta Timóteo a ter cuidado dele mesmo (vigiar) e da doutrina (e onde se encontrava essa doutrina? - nas Escrituras).

  Atualmente, queremos ganhar as pessoas para Jesus como um lenhador que tenta derrubar uma árvore com o cabo do machado. A Palavra de Deus é o único instrumento poderoso para salvar. Jesus, quando esteve no mundo (na Terra), ele deu o exemplo para nós: falou que tudo o que falava, não era apenas o que ele queria falar, mas o que o Pai lhe ordenou que falasse, e ele sabia que essas palavras eram vida, ou seja, eram suficientes. Leia os versículos a seguir: Jo 12.49,50; Jo 6.38; Jo 8.28-32. Em Rm 1.16, o apóstolo Paulo mostrou aos irmãos de Roma (os romanos), que tinha o mesmo pensamento de Jesus, no tocante a eficácia, ou seja, a eficiência de Sua Palavra. Ele disse que não se envergonhava do Evangelho de Cristo, porque “É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO...” Daqui inferimos duas verdades: primeiro - havia cristãos que tinham vergonha de pregar o Evangelho; e, em segundo lugar, alguns achavam que só o Evangelho não seria suficiente para convencer o pecador. 

  Enquanto alguns cristãos queriam substituir o Evangelho por outras coisas para chamar público, Paulo disse que continuaria pregando esse Evangelho que recebeu da parte de Deus, porque ele "é poderoso para salvar". Na verdade, a Igreja de Cristo não quer público, o que ela procura é  DISCÍPULOS, ou seja, pessoas que vivam e compartilhem o que lhes foi ensinado por Cristo. Jesus disse que seremos seus discípulos se fizermos o que ele nos manda (Jo 15.14). E o que ele nos manda? Dentre tantas outras coisas,  ele nos manda ir - (não é esperarmos dentro da igreja) fazer discípulos -  (não simpatizantes. Discípulo é aluno; quem não gosta de aprender, não pode ensinar); batizar - (é um mandamento, uma ordem, não uma opção, como alguns parece pensar - veja Mc 16.16); ensinar as pessoas a guardar TODAS AS COISAS QUE ELE NOS ORDENOU (Leia Mt 28.19-20). Observe: nosso dever é ensinar tudo o que ele ensinou, assim como ele disse tudo o que o Pai lhe ordenou. Logo, o ensinamento deve fazer parte da Igreja de Jesus, para que aqueles que se aproximam de Deus seja aperfeiçoado na Palavra, pois é ela que nos dá vida espiritual - leia Jo 15.3-5.

A mensagem da Bíblia, aliada ao poder convencedor do Espírito Santo (Jo 16.7,8), é o suficiente para a conversão. Qualquer coisa fora disso, pode resultar em manifestação de pessoas, mas não em conversão, pois a transformação de alguém resulta no fruto do Espírito (Gl 5. 22). Converter alguém, isto é, transformar uma pessoa em uma nova criatura, é área que pertence a Deus, e só ele, por intermédio de Seu Espírito que opera pela Palavra, pode executar esse milagre. Busquemos pois, o Senhor em oração e amemos as Sagradas Escrituras.

 

No amor de Cristo,

Leila Castanha

 10/02/24


BIBLIOGRAFIA

Bases da fé cristã (Wayne Grudem)

Enciclopédia Estudos de Teologia (editora Semei)

Revista da EBD - 1991 - 2º trimestre, Maturidade Cristã, CPAD

Teologia sistemática, histórica e filosófica (Alister E. Mcgrath)

Novo dicionário de teologia bíblica (T. Desmond e Brian S. Rosner)


domingo, 3 de março de 2024

A BÍBLIA – O LIVRO


Pergaminho, feito de couro de animal curtido
Primeiramente, é importante que entendamos o significado do vocábulo “Bíblia”. Este nome consta apenas na capa do livro usado pelos cristãos, mas não o encontramos através de seu volume, isto é, não aparece nos livros que a compõem.
O termo “Bíblia” foi primeiramente aplicado às Escrituras por João Crisóstomo, grande reformador e patriarca de Constantinopla (Antigo nome de Istambul)  - 398-404 a.D. - (a.C. quer dizer, ano domini, ou ano do Senhor, é a mesma coisa que D.C. – Depois de Cristo. “Antes de Cristo”, abrevia-se  da seguinte forma: a.C. ). Jesus foi um personagem tão importante, que a história é dividida em “antes e depois de Cristo” (isto é, antes e depois do nascimento dele).
O vocábulo “Bíblia” deriva do grego e significa “Coleção de Livros Pequenos”. Se repararmos bem, veremos que faz todo o sentido a Bíblia ter recebido esse nome, pois ela é composta de vários livros pequenos, divididos em Novo e Antigo Testamento. A saber, 39 no Antigo (ou Velho) e 27 no Novo, somando o total de 66 livros.
O primeiro material utilizado para fazer a Bíblia chamava-se papiro. Após as hastes da folha desta planta ser preparada para a escrita, os gregos a chamavam de “biblos”. De acordo com a Enciclopédia Larousse Cultural esta planta (cyperus papyrus), “ocorria na África, às margens alagadiças do rio Nilo, sendo até hoje cultivada no sul da Itália”.
Por volta do século II (séc. 2º) surgiu o pergaminho, que substituiu o papiro. Assim, os livros (inclusive a Bíblia) já não eram mais produzidos com hastes de uma planta (papiro), mas com a pele de animal ovino ou caprino, a qual era curtida e preparada para se escrever, e recebeu o nome de pergaminho.
Lembre-se de que a Bíblia, assim como os livros antigos, era manuseada em forma de rolo, e ao rolo pequeno de papiro, os gregos chamavam de “biblion”, e o plural de “biblion” é “bíblia”. Portanto, para os gregos, “bíblia” era um termo comum para “coleção de livros pequenos”, e posteriormente, este nome foi dado à Palavra de Deus, por ser ela composta por 66 pequenos livros, que começam com gêneses e acabam com Apocalipse.  Este termo “Bíblia” também é traduzido como “biblioteca”, isto é, local  onde contém coleção de livros.
Os nomes mais comuns pelos quais a Bíblia é conhecida são:
·         ESCRITURAS OU SAGRADAS ESCRITURAS: Veja Mt 21:42; Rm 1.2;
·         A PALAVRA DE DEUS: Mc. 7.13; Hb 4.12;
·         O LIVRO DO SENHOR: Is 34.16;
·         A PALAVRA DA VERDADE: Tg 1. 18;
·         A PALAVRA DE CRISTO: Cl 3.16
Os autores da Bíblia foram diversos: Por exemplo, no Novo Testamento, temos cartas escritas pelo apóstolo Paulo, o livro de Mateus é de autoria do próprio Mateus, o Apocalipse é de autoria de João, e assim por diante. No antigo Testamento, o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia- gênesis até Deuteronômio-, são de autoria de Moisés), há Salmos da autoria de Davi, de Moisés e de outros autores, e assim sucessivamente. Por isso, podemos afirmar que a Bíblia é um conjunto (coleção) de livros de vários autores, porém, uma grande parte destas pessoas viveu em épocas e lugares diferentes o que nos permite dizer que seus escritos foram inspirados pelo Espírito Santo, para seus textos terem sincronia e depois serem achados e reunidos num só livro.
Embora os autores sejam diversos, o autor é o próprio Deus, pois a Bíblia é um livro que trata da vontade de Deus e relata seus mandamentos aos homens, além disso sua escrita foi inspirada pelo Espírito Santo (1Tm 3.16). Ela não engrandece nenhum outro homem a não ser o próprio Deus, através de seu Filho Jesus, o qual dissera ter vindo a Terra fazer a vontade do Pai que o enviou. (Jo 5.30)
O propósito da Bíblia ter sido escrita, é exatamente de apresentar Jesus, como o único caminho que leva o homem de volta à Deus, livrando-o da condenação eterna, predestinada a toda a humanidade desde o pecado de Adão e Eva. João, disse que todos os relatos acerca de Cristo o qual escrevera, foi com o propósito de que creiamos que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e que crendo nele tenhamos vida eterna. (Jo 20.30,31)
A Bíblia se ocupa em contar o principio de tudo, ou seja, como tudo começou, através do livro de Gênesis, que segundo os estudiosos, é de autoria de Moisés (o nome Gênesis significa “começo” ou “inicio”);  Em Êxodo, ela conta através dos escritos de Moisés, sobre o êxodo do povo de Israel do Egito para Canaã (a palavra êxodo significa saída); Levítico, também da autoria de Moisés, é a continuação da história de Êxodo e trata sobre a leis que Deus deu a Moises até a partida de Israel do Monte Sinai (Nm 10.11). Embora o nome levíticos reporta-nos ao sacerdócio levítico, ele também trata não só dos levitas (israelitas da tribo de Levi, que foram separados para o serviço de Deus), mas também de todo o Israel. Números, outro livro de Moisés, relata o número do povo de acordo com suas tribos, ou seja, o recenseamento (que é a contagem do povo)- Leia o capitulo 1 e você entenderá melhor.  Deuteronômio, significa segunda lei, porque aqui é narrado a recapitulação das leis de Deus para a nova geração daqueles que peregrinavam no deserto. Passara-se muitos anos e agora os filhos dos israelitas que saíram do Egito, ainda peregrinavam em busca de Canaã, e Moisés relembra a eles tudo o que Deus ordenou em suas leis, como a celebração da páscoa e a lei do monte Sinal (os dez mandamentos), etc. Se continuarmos, veremos que os títulos de todos os livros da Bíblia tem um sentido referente ao que o livro trata.

No Novo Testamento, encontramos as cartas paulinas (escritas pelo apóstolo Paulo). A Epístola aos Romanos, por exemplo, trata-se da carta escrita por Paulo aos irmão de Roma. (A palavra "epístola", significa "carta") Eo nome do autor geralmente aparece no primeiro capítulo do livro, leia, por exemplo Romanos 1.1-7. No versículo 1 você encontrará o nome do autor e no versículo 7 o do destinatário (a quem ele escreveu). As Epístolas aos Corintios, são duas cartas do apóstolo Paulo, enviadas para os irmãos romanos, por isso são classificadas como 1 e 2 Coríntios, isto é,1ª e 2ª carta do apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Corinto. A epístolas aos Efésios foi escrita também por Paulo para os irmãos de Éfeso e assim por diante.

Entendemos,portanto, que a Bíblia começa com a história de como tudo começou (os astros, os animais, o homem), e por isso o nome do livro que conta o começo das coisas é Gênesis. No entanto, ela termina com o livro que nos revela como tudo irá acabar, por isso o nome do último livro da Bíblia chama-se Apocalipse, que significa “Revelação”.
Por enquanto fiquemos por aqui, e realmente espero ter ajudado.

Um forte abraço,
No amor de Cristo,
Leila Castanha.

domingo, 29 de maio de 2022

AS COSMOVISÕES ANTICRISTÃS


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Primeiramente, para entendermos esse assunto, vamos entender o que são cosmovisões.

COSMOVISÕES: De acordo com a Larousse Cultural, essa palavra é originada de outras duas de origens diferentes: Kosmos (grego- significa mundo) e visio, visiones (latim – significa visão). Assim sendo, COSMOVISÃO é a “visão do mundo e do homem, ponto de vista a respeito do Universo, nas várias filosofias”.

Em poucas palavras, pode-se dizer que COSMOVISÕES são as nossas percepções a respeito do mundo, isto é, como vemos e interpretamos a realidade. Partindo desse entendimento, ao falarmos de COSMOVISÕES ANTICRISTÃS entendemos ser todo pensamento, ideia ou filosofia que se choca contra a Palavra de Deus.

 

SÉCULO 21 E AS COSMOVISÕES ANTICRISTÃS

O pensamento atual defende o respeito às crenças e aos valores de todos. Em nome desse respeito, não se pode falar nada que fira a crença alheia. Isso tem exigido a Igreja a rever seu modo de pregar o Evangelho sem secularizar a Palavra de Deus, mas, ao mesmo tendo, usando de estratégias para evitar processos, no caso de alguém alegar ter sido ofendido pela pregação do Evangelho.

Veremos a seguir algumas ideias que têm se estabelecido no pensamento hodierno (atual, moderno) e quais são as suas consequências em relação à Igreja.

Existem três pensamentos decorrentes das cosmovisões anticristãs, os quais são: pluralismo, humanismo e relativismo. Nesse estudo me aplicarei em comentar apenas o pluralismo e o humanismo para o texto não ficar muito extenso.

 

O QUE É PLURALISMO?

O termo “pluralismo” indica algo que não é único, ou seja, que possui multiplicidade. O pluralismo religioso se refere a todas as crenças como legítimas, e defende que todos os caminhos levam a Deus. Assim, há pluralismo religioso quando se aceita como válidas ideias religiosas diferentes e até contraditórias entre si. Por exemplo: Eu posso concordar com a doutrina de determinada religião que prega a prática de boas obras como requisito definidor de uma pessoa que pertence a Deus, porque a Bíblia também defende tais práticas como próprias do comportamento cristão, no entanto, não posso aceitar o ensinamento de tal religião quando prega que as boas obras por si só são capazes de levar alguém à salvação. Isso porque a Bíblia declara que só Jesus pode conceder o perdão dos pecados e justificar o homem diante de Deus (Rm 5: 1,16-18; 8:5; 1 Co 6:11; Gl 3:24; Fp 3:9 etc).

 Jesus disse que ele é “o único caminho” que leva a Deus (Jo 14.6), logo não posso concordar que “qualquer caminho” seja possível para alcançar esse fim. Porém, se eu aderir ao pluralismo religioso precisarei aceitar que não há “um único” caminho para alguém se relacionar com Deus, mas “muitos”, e que cada pessoa deverá encontrar o seu modo de ter acesso à divindade.

Alguns cristãos defendem o pluralismo religioso porque o confunde com liberdade religiosa. A liberdade religiosa me faz respeitar o direito das pessoas de escolher qualquer crença, independente da minha. O pluralismo religioso me conduz a escolher as crenças de outras pessoas agregando-as às minhas.  Ou seja, uma coisa é legitimar o direito das pessoas em crer no que quiserem, outra coisa, bem diferente, é legitimar essas crenças aceitando-as como verdades.

Outro problema bem comum na concepção moderna é a ignorância sobre as concepções de “respeito às crenças” e “liberdade de expressão”. A meu ver, nesse contexto, respeitar a crença de alguém é dar à pessoa a liberdade de seguir ou acreditar no que quiser.  Liberdade de expressão é dar às pessoas a liberdade de exprimir suas crenças. Na modernidade, é bem claro nosso dever de respeitar as crenças alheias, mas não é politicamente correto expressar nossas crenças religiosas, sob o pretexto de que podem “desagradar” a alguém, uma atitude que, aos poucos, vai cerceando nossa liberdade de expressão. Somos o que somos por meio de nossas relações sociais, culturais, políticas e religiosas, e é a totalidade dessas partes que formam nossa visão de mundo.  

Precisamos nos atentar para a realidade de que sempre haverá pensamentos contraditórios a nossa fé, e cabe a nós, cristãos, respeitar o livre arbítrio que Deus deu às pessoas, nos relacionando com todos de modo respeitoso, sem discriminar ninguém por conta de sua opção de fé, mas mantendo o diálogo inter-religioso, franco, mas, ao mesmo tempo, com respeito à liberdade do outro.

Por outro lado, no âmbito de nossa crença, não podemos conceber o pluralismo religioso, pois aos que querem introduzir na igreja doutrinas diferentes das professadas pela Palavra de Deus, ou contrárias a ela, a Bíblia chama herege, e nos faz severas advertências contra as tais pessoas e ensinamentos (Gl 1:8; Ap 22:18,19; 2 Pe 2:2-3; Cl 2:6,7; 1Tm 6:3-5; Gl 1.8,9; Gl 1:6,7; Ef 4:14,15)

 

HUMANISMO:

De acordo com a Larousse Cultural, essa palavra provém do francês “humanisme” e se trata de uma “corrente filosófica que coloca o homem e os valores humanos acima de todos os outros valores. Em outras palavras, o humanismo é a deificação do homem, isto é., tudo se baseia no ser humano.

 Esse movimento aconteceu no século XV (15) na Itália, e teve grande influência na mentalidade religiosa na Idade Média. É importante nos lembrar que a Idade Média foi um período em que o pensamento religioso era predominante, de modo que todas as esferas da vida estavam envolvidas pelo pensamento teocêntrico (Deus no centro). Se antes havia a crença de que Deus era o centro de todas as coisas, agora era o homem quem deveria ocupar esse lugar (antropocentrismo). Ninguém precisava mais “olhar para cima” a fim de medir suas práticas, crenças e filosofias, tudo dependia agora da subjetividade, individualidade e experiências humanas. O homem teria que olhar para si mesmo para medir suas ações, crenças e atitudes, por meio não apenas da fé, mas da experiência.

Vemos essa prática desde há muito, antes mesmo do antropocentrismo receber esse nome. A Igreja de Sardes estava vivendo segundo as suas próprias normas, deixando Jesus fora dela (Ap 3.1,2), isto indica que tinha cara de Igreja, mas não passavam de organização religiosa. Outra igreja que agia da mesma forma (antropocentricamente) era a igreja de Laodiceia, seus membros “se achavam” enquanto para Cristo eles estavam mortos, isto é, estavam vivendo segundo seus próprios conceitos, e acreditavam que agradavam a Deus  (Ap 3.14-18).

Na Idade Média, apesar do antropocentrismo ter adentrado na igreja, a religião não foi desprezada, mas sofreu um “reajuste”, pois agora o homem era protagonista da história, visto que, segundo o entendimento dos pensadores da época, sendo dotado de inteligência, o homem poderia mudar o seu destino. Assim, não haveria mais verdades preestabelecidas, tudo deveria ser passado pela experimentação (empirismo). O EMPIRISMO é a “maneira de se comportar levando em conta as circunstâncias e sem princípios preestabelecidos; pragmatismo”. (Larousse Cultural).

O pragmatismo é uma corrente de pensamento que defende que a validade de uma doutrina (ensinamento) é determinada pelo seu efeito prático. Um cristão pragmático é aquele que só aceita as verdades bíblicas que lhe sejam úteis, ou seja, aquelas que funcionam na prática. Conduzidos por tal pensamento, há igrejas que abdicaram da oração e promovem shows gospel, por exemplo, porque alegam que o povo moderno não gosta de orar, então precisam “se modernizar” para chamar a atenção do povo para Cristo. Uma coisa é modernizar-se, outra coisa é renegar os fundamentos da fé cristã. Sem oração não há comunicação da Igreja com Deus o que acarretará a suspensão da comunicação de Deus com a Igreja. É só observamos o que ocasionou o chamado “Período Interbíblico”, no qual Deus ficou durante muito tempo sem se comunicar com o povo.

Outros desprezam o ensino da Palavra de Deus sob o pretexto de atrair almas para Cristo por meio de práticas modernas. No entanto, o apóstolo Paulo dizia aos irmãos de Roma que não se envergonhava do Evangelho de Cristo porque “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”. (Rm 1.16) grifo meu. Veja que pensamento diferente de alguns líderes cristãos modernos: a “isca” para salvação, segundo o apóstolo Paulo, é o Evangelho de Cristo, e muitos estão querendo trazer almas para Cristo, sem o PODER DE DEUS, assim como cortar uma árvore com o cabo do machado.

Uma Igreja que abraça a filosofia humanista não pode ser considerada cristã, visto que isso a forçará  adaptar as doutrinas bíblicas ao parecer moderno, e, ao invés se moldarem aos ditames bíblicos, toda a mensagem da Palavra será adaptada ao contento dos ouvintes. A Bíblia já previa essa inversão dos valores cristãos. O apóstolo Paulo disse que nos últimos tempos haveria homens amantes de si mesmos, e que “virá tempo que não suportarão a sã doutrina; ... amontoarão para si doutores conforme a suas próprias concupiscências”. (2 Tm 2.1, 22; Tm 2.3). (grifo meu)

No humanismo só serve aquilo que agrada ao homem, o que lhe deixa confortável, no entanto, a Palavra de Deus é quem dita nossa conduta e conduz os nossos pensamentos, ou seja, não podemos escolher no que crer e o que queremos fazer. A exemplo do Sl 119:105, a Palavra de Deus deve ser lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Leia também: Ef 5.1-15; Mt 10:32, 39; Mc 16:15,16; Rm 12.8; Ef.4:22-24; 1Pe 1:14-16; ‘Ts 4:7; Rm 6:11; Cl 3.5-8; 1Co 6.9-11 etc.

Cristianismo é Cristo no centro. O que Ele diz deve ser lei para o cristão, independente de nossa compreensão, sentimento ou experiência.

E, como disse o apóstolo Pedro: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” – At 5.29

 

Que o Espírito Santo ilumine nossas mentes e nos ajude a ser fiéis até o fim.

No amor de Cristo,

Leila Castanha