quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O REINO DE DEUS




Antes de iniciarmos este estudo, quero advertir que só comece quando realmente estiver pronto, pois tratando de estudo bíblico precisaremos de tempo.  Consulte os textos citados da Bíblia e leia o que for pedido, pois um bom estudante não se satisfaz em aceitar qualquer ensinamento sem antes examinar nas Escrituras. Ore antes de começar um estudo bíblico para que o Espírito do Senhor clareie sua mente e te faça compreender as Verdades contidas em Sua Palavra.
Se você já está pronto, vamos a mais um passeio nas Sagradas Letras.
Quando João Batista, primo de Jesus (Lc 1.30) veio anunciar sua missão terrena, conforme fora profetizado (Is 40.3; Jo 1.19-23; 36, 5), ele pregava dizendo:“Arrependei-vos, porque é chegado o reino de Deus” (Mt 3.1,2)
Os judeus fizeram muita confusão em relação ao que seria o Reino de Deus ou Reino dos céus, de tal modo que até hoje muitos deles não creem que Jesus era o enviado de Deus porque ele não veio derrotando o Império Romano que os oprimia.
A palavra Reino significa “monarquia” (governo de um rei ou rainha).
Alguns exemplos da palavra Reino no sentido de governo
1 Cro 29.11:”... teu é Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos”;
 Sl 45.6: “O teu trono ó Deus, é eterno, o cetro do teu reino é um cetro de equidade”. Mt 18.36
Sl 103.19: “O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo”.
Mt 6.13: “E não nos induzas a tentação ... porque teu é o reino, e o poder,e a glória, para sempre. Amém”
Agora, para ficar mais claro, releia os versículos acima substituindo a palavra reino pelo seu sinônimo governo e você compreenderá melhor o sentido desta palavra no contexto que estamos estudando.
Entendendo isso, podemos verificar que o que João Batista estava dizendo com esta frase era: “Arrependei-vos porque Deus, através de Jesus, veio pessoalmente governar a humanidade”. (Mt 3.1,2)
Vamos agora observar, baseados no versículo acima, como funciona o governo  de Deus, ou seja, como ele quer que nós o sirvamos.
Primeiramente, veremos quem pode fazer parte do seu Reino (do seu governo), para tanto, analisaremos o texto de Mt 3.1,2 que expus acima:
1.            Arrependei-vos (Mt 3.2): A primeira coisa que João Batista anunciou quando dizia que o reino de Deus chegou a Terra, foi que todos se arrependessem dos seus pecados. Deus nunca aceitou o pecado. Leia Is 59.2; S 51.9-11;  1 Jo 3.8; 1 Jo 5.8,9 e 1 Jo  1.9.

COMO SABEMOS QUE NOS ARREPENDEMOS DOS NOSSOS PECADOS?
Existe grande confusão no tocante a esta questão entre algumas pessoas que aceitam o evangelho porque existem dois sentimentos que frequentemente se confundem, os quais são:
a.   Remorso: Quando alguém sente a consciência pesada por algo que fez. Judas é um exemplo muito claro disso. Ficou tão triste por ter traído aquele homem justo e bom, que não suportando a culpa se matou. Ainda assim ele é chamado de “Filho da Perdição”.
b.   Arrependimento: Embora a pessoa arrependida também tenha peso de consciência e fica triste por causa da culpa que sente, a Bíblia mostra a diferença entre a tristeza produzida pelo arrependimento e a produzida pela culpa. Leia 2 Co 7.9, 10
Percebemos, neste texto, que quando a tristeza é produzida por Deus ela produz o arrependimento. Sem o convencimento do Espírito Santo ninguém é capaz de reconhecer-se pecador, pois é Ele quem nos convence do pecado. Leia Jo 16. 7,8.
Veja o caso de Davi no Salmo 51, e o de  Pedro, descrito em Mateus 26.75, e finalmente, o que a Bíblia relata sobre Zaqueu  em Lucas 23.40.
O próprio Jesus pregava que o arrependimento era a ponte que permitia que o pecador chegasse ao trono de Deus. Ele disse: “(...) Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.” ( Mt 4.17)
Os discípulos de Jesus, a exemplo do Mestre pregavam que todos se arrependessem de seus pecados para fazerem parte do Reino de Deus (Leia Mc 6.12)
João Batista, que veio preparar o caminho para Jesus dizia ao povo que após ele viria um que era maior do que ele, e sempre pregava que o meio pelo qual poderiam pertencer ao Reino dos céus era arrependendo-se de seus pecados (Leia Lc 3. 3).
Jesus falou a mesma coisa para Nicodemos: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino (governo) de Deus”. (Jo  3.1-3)
Nascer de novo, quer dizer, começar do zero. Um recém-nascido chega ao mundo com a mente e o coração puros, e vem pronto a aprender. O homem quando aceita o Evangelho de Cristo deve, da mesma forma, ficar nesta condição de recém-nascido.
O apóstolo Pedro explicou que, nascemos de novo, ao morremos para o pecado: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; (...)“ (1Pe 2.24)
O apóstolo Paulo, ensinou a mesma coisa aos irmãos romanos, conforme lemos a seguir: “Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6.11)
Em outra ocasião ele ensinou aos irmãos romanos que o arrependimento produz mudança de vida. Leia suas palavras em Romanos 12.2 e Efésios 4.28.
Aos irmãos de Colossos (os colossenses), o apóstolo aos gentios (Paulo), disse-lhes que uma vez mortos para o mundo foram ressuscitados com Cristo (este é o símbolo do batismo nas águas), portanto deveriam buscar as coisas de cima (do céu) e não as da Terra. O Reino de Deus é celeste, suas leis são diferentes das leis terrenas. Leia esse texto em Cl 3.1-17.
OBS. Só para você entender porque chamamos o apóstolo Paulo de apóstolo aos gentios, leia At 9.15; 22.21 e Rm 11.13.
O apóstolo João também nos exorta a não amarmos o mundo, dizendo-nos que quem ama o mundo, o amor do Pai (Deus) não está nele (1Jo 2.15).
Agora fazemos parte de outro Reino (o Reino dos céus) e não podemos nos apegar ao Reino terreno.
A palavra MUNDO tem vários significados, dentre os quais:   O universo inteiro;  A humanidade;  Os prazeres carnais que não agradam a Deus (a vida mundana).
E é nesse sentido (a vida mundana) que o texto acima se refere.
Observamos que o arrependimento nos faz mudar de atitude, fazendo-nos desejar ser livres do pecado, enquanto que o remorso é algo momentâneo, que desaparece com a mesma rapidez com que chega ao nosso coração.
Ao nascermos de novo, isto é, quando vivemos como mortos para o mundo, passamos por um processo de purificação conforme afirma os seguintes versículos: João 7.38,39 e Tito 3.5.
Nestes textos encontramos algumas simbologias como, por exemplo, “água”, que em algumas citações representa o Espírito Santo e em outras simboliza a Palavra de Deus, como é o caso de Ef 5.25, 26.
2.         E sede batizados (At 2.38) - O batismo nas águas é um símbolo de que morremos para o pecado (coisas que desagradam a Deus), e nascemos para Ele. Por isso João Batista pregava o arrependimento e os que se convertiam eram batizados (Mt 3. 6; Lc 3.16 e At 19.4).
Jesus, antes de subir ao céu, ordenou que todos os que se convertessem ao Evangelho, isto é, os novos súditos de seu Reino,  fossem batizados, como sinal de que desejavam morrer para o mundo (nosso antigo Reino) e viver para Ele (para o Reino de Deus). Leia Mt 28.19;Mc 16.15,16.
Sobre o batismo nas águas, você pode ler o estudo neste blog, intitulado “A IMPORTÂNCIA DO BATISMO NAS ÁGUAS”.

O QUE É O REINO DE DEUS?.
1.             NÃO É DESTE MUNDO: Quando Jesus foi crucificado, ele disse: “O meu reino não é deste mundo”- ( Jo 18.36).
Isso significa que as regras do reino dos céus não são exatamente as mesmas do reino da terra.

Vejamos alguns conceitos humanos e como são entendidos no Reino de Deus. :
Leia Mt 5,27,28, 31,32; 7.12; Lc 9.52-56 .
Em Lc 9.52-56, vemos que os discípulos pensavam que as desavenças deveriam ser resolvidas no braço (com violência), no entanto Jesus os repreendeu dizendo-lhes: “Vocês não sabem de que espírito vocês são. Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas (as pessoas), mas para salvá-las”.
No governo terreno quem se opor contra um presidente ou um rei deve ser punido, mas no governo de Deus, esta pessoa deve ser tratada com misericórdia, conforme ensina Timóteo: “Porque Deus não nos deu o espírito de medo, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.”
Ou seja, o fato de não agirmos com violência não é porque somos medrosos, pois Deus nos deu espírito de fortaleza (somos fortes), mas porque temos o espírito de amor, e o apóstolo Paulo diz que o amor (caridade) é bom (1Co13.4)  e também, porque somos moderados (não agimos por impulso, no calor das emoções). Para o Reino de Deus isso é ser forte: Saber nos policiar, nos conter.
Em Mateus 5.27,28, observamos que Jesus precisou explicar os mandamentos descritos em Êxodos 20, porque os homens estavam interpretando-os de maneira superficial. Então Jesus usou a seguinte expressão: “Ouviste o que foi dito (Istoé, os mandamentos que Deus deu através de Moisés)”, e em seguida completou: “(...), Eu, porém, vos digo (...)”.
Jesus não estava desfazendo dos mandamentos primitivos, mas explicando-os, ou seja, ele estava falando não da letra do mandamento (o que literalmente estava escrito), mas do espírito da letra (o sentido real dos mandamentos).
 Leia Rm 2.29 e  2 Co 3.6 para comentarmos sobre esse assunto. 
Em Romanos 2.29, Paulo esclarece aos irmãos de Roma que, quando ele fala de judeus e de circuncisão, não está falando de forma literal (da letra da lei), mas daqueles que o são de coração (do espírito da lei, no sentido mais amplo do termo).
E explica: Circuncidado, conforme a exigência da real lei divina, não se trata mais de quem faz a intervenção cirúrgica (esta lei era só para os judeus), mas aquele que é puro de coração. Segundo a lei judaica, todo judeu precisava ser circuncidado para fazer parte do povo de Israel, assim, disse Paulo, o cristão também  precisa “ser circuncidado” se quiser fazer parte do povo de Deus, mas não a circuncisão ritual,  mas a simbólica, ou seja, Paulo queria que a Igreja romana conseguisse extrair da letra da lei (do sentido literal) o significado  dela (o espírito da lei).
A circuncisão era símbolo de pureza para os hebreus (o povo de Israel), assim sendo, simbolicamente, circuncisos para Deus era aquela pessoa que era puro de coração. O apóstolo estava dizendo que não adiantava nada ser circuncidado de forma literal e ter o coração cheio de coisas que não  agradam a Deus.
Era isso o que Cristo estava querendo dizer aos fariseus em Mt 5. 27-48:
 Jesus estava explicando que quando Deus disse: Não adulterarás, ele não estava preocupado com a forma literal da palavra, conforme o dicionário faz. Ao dizer: Não adulterarás, não estava em xeque apenas o ato em si, mas a infidelidade, por isso Jesus explicou que o pensamento lascivo (pensar sexualmente em alguém), também é considerado por Deus como um ato de adultério, pois não deixa de ser uma infidelidade, tanto para a vítima dos pensamentos lascivos, quanto para o cônjuge.
Leia Malaquias 2. 13,14 e em seguida leia Isaias 1.10-18.
É devido a essa falta de entendimento da qual trata esse capítulo que muitos cristãos servem a Deus de maneira ritualística, sem ao menos entenderem o que fazem. Eles apenas cumprem os mandamentos de Deus ao pé da letra, mas sem compreenderem o que ela realmente significava (o espírito da lei).
O texto mostra que Deus ordenou que eles oferecessem ofertas e os hebreus ofereciam.  Deus ordenou que em determinadas épocas eles fizessem cultos solenes e eles faziam. Porém, não havia sentido em nada daquilo, eram apenas rituais.
“Então, Deus se zangou e perguntou-lhes: Quando vocês vêm perante mim, quem vos pediu para fazerem isso?  E ainda completou: Não tragam mais ofertas debalde (em vão). As vossas solenidades me aborrecem e já estou cansado de as sofrer (de as suportar).” (VV.12,13,14).
Não era o ritual (a letra) que Deus queria que eles cumprissem, mas que o povo compreendesse o porquê de cada solenidade. Que eles compreendessem em cada culto, que pertenciam a um Deus Santo que amava a santidade e a justiça (leia os VV 15-18).
Assim é em nossos dias: Não basta irmos à igreja só porque a Bíblia assim ordena. Por trás dessa ordenança existe um propósito:
Adorar a Deus e cada dia mais nos aperfeiçoarmos como cristãos (seguidores de Cristo), vivendo em união e em amor uns para com os outros.
Sem entendermos o espírito da lei (o propósito), de nada nos adiantará cumprirmos a lei literalmente (a letra da lei).
Você percebe como as leis de Deus são superiores as do mundo? O que te livra de ser condenado não é o cumprir as suas ordenanças, mas a compreensão do espírito de suas leis (do que está nas entrelinhas, no implícito).
Por exemplo, não matamos apenas com instrumentos como faca ou revólver, podemos matar com palavras. Por isso Tiago escreveu quanta desgraça pode fazer a língua. Leia Tg 3.6-10.
Não basta dizermos que amamos a Deus e levarmos o Evangelho aos necessitados, Tiago nos ensina que o amor que Cristo exige de nós tem que vir acompanhado de obras (de atitude). Leia Tiago 2. 14-26.
Quando o apóstolo Paulo disse que os cristãos devem “Orar sem cessar” (1 Ts 5.17), não significa ficar 24 horas por dia de joelhos ou repetindo rezas, mas estar em contato constante com Deus, com os pensamentos sempre ligados nele, assim como estamos sempre ligados em nossas preocupações e obrigações diárias.
Agora faça uma pausa e leia o capitulo 6 de Mateus e o capítulo 7.1-6 e você terá uma ideia de quão diferente é o governo de Deus do governo dos homens
2.            O REINO DE DEUS NÃO É COMIDA, NEM BEBIDA:  Todas as coisas me são lícitas, mas nem tudo me convém (I co 6.12;I Co 10.23).
3.            O autor aos Hebreus disse que somos observados (Hb 12.1).
Obs.: Não sabemos ao certo quem escreveu a carta aos hebreus, embora alguns teólogos acreditam ter sido o apóstolo Paulo por causa da semelhança na linguagem, mas não se tem certeza disso.Leia o texto de 1 CO 8 1.-13 para você entender como o apóstolo Paulo diz que funciona  o governo de Deus.
Paulo fala que muitas coisas não teriam problema nenhum se todos tivessem entendimento, por exemplo, comer comida oferecidas a ídolo, porque sabemos que “o ídolo não é nada” (v  4), no entanto,  não devemos comer tais comidas para não escandalizarmos os que não compreendem (chamados por ele de “fracos”, isto é, sem firmeza espiritual)  (vv7-10).
O Reino de Deus não é comida nem bebida, porque estas coisas são materiais, as coisas divinas são mais elevadas, são de âmbito espiritual, por isso o apóstolo Paulo diz que há coisas que só os espirituais entendem porque se discernem (se explicam) espiritualmente (não de maneira natural) - 1 co 2.14-16.
Jesus também ensinou o que contamina o homem não é o que entra na boca (comida ou bebida), mas o que sai da boca (as intenções e pensamentos). Mt 15.10.11.
Leia o texto de Mt 15;  Rm 14.13-15; 1Ttm 4.4,5;
Concluímos, pois que, o Reino de Deus é diferente do Reino da Terra em alguns aspectos, a saber:
·           É espiritual e seu compromisso é com a alma, cuidando da alegria e da paz do ser humano e preparando-lhe  para viver eternamente junto a Deus.
·           Suas leis tem sentido mais amplo, pois seus mandamentos visam o sentido da lei muito mais do que o que está escrito (a letra). Para Deus não basta não deitar-se com uma mulher para ser implicado como adultério, se desejá-la em seu coração já adulterou com ela (Deus julga as intenções e não apenas as ações consumadas).
·           Para pertencer ao seu Reino, precisamos “nascer de novo”, isto é, nos despojar de todos os costumes aprendidos no reino terreno que não condizem com as leis do reino de Deus. Deverá haver mudança de comportamento e de pensamento em quem se filia ao seu Reino.
·           Suas leis visam sempre o bem mútuo, jamais individual. “Todas as coisas me são lícitas (permitidas), mas nem tudo me convém (porque devo pensar no próximo)”. Por isso, sua lei suprema, a que rege todas as outras é o AMOR, conforme  você pode observar no texto abaixo:
“E o meu mandamento é este: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” .  João 15.12-15
Que deus te ilumine a fim de servi-lo com toda a lealdade e amor.

Fique na Paz de Cristo,
Leila Castanha
01-01-2014


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O ESPIRITISMO SEGUNDO A BÍBLIA



O espiritismo tem raízes muito antigas. A Bíblia relata a primeira sessão espírita, em Gênesis 3.1, quando Satanás usou a serpente (como médium) para falar à Eva a fim de persuadi-la a comer do fruto que Deus havia proibido.
O espiritismo é, em suma, a doutrina e prática segundo a qual os espíritos dos mortos podem entrar em contato com os vivos, na maioria dos casos por intermédio dos médiuns (pessoas que servem como intermediários entre os vivos e os mortos). Manifestam-se por toques, movimentos e certas formações materiais, denominadas ectoplasmas (substância visível que emana do corpo de alguns médiuns). Os espíritos que possuem os médiuns são chamados de guia.
Além da própria religião que recebe esse nome, o Espiritismo existe dentro de muitas outras, como no hinduísmo, no budismo e até em algumas doutrinas do catolicismo romano, que nada mais são do que subprodutos do pensamento universal espiritualista, tais como o purgatório, salvação pelas obras e oração pelos mortos.
A “explosão” ocidental do Espiritismo aconteceu em 1847, nos Estados Unidos, com a experiência vivida pelas irmãs Fox.  A mais velha, Margaret, tinha onze anos de idade e a mais nova, Kate, tinha apenas nove. Elas moravam em uma casa velha com os pais, quando começaram a ouvir ruídos, uivos, vozes e gargalhadas, e quando estavam deitadas na cama seus cobertores eram puxados.  
Um dia, uma das irmãs sentiu uma mão fria em seu rosto, o que lhe causou desespero. Até que, finalmente, Kate resolveu entrar em contato com o suposto espírito, que lhe respondia através de uma estratégia que a garota usou. Cada batida correspondia a uma letra do alfabeto (por exemplo, duas batidas correspondia à letra a, e assim por diante).
 Dessa maneira o “espírito” disse-lhe que se chamava Charles Rosma, e que o motivo de persegui-las era porque, quando era vivo, ele morava naquela casa e havia sido assassinado no porão. As crianças contaram tudo aos pais, que chamaram as autoridades, e descobriram o corpo exatamente onde o tal espírito indicara.
A partir desse reavivamento espírita que se iniciou nos Estados Unidos e depois se espalhou pela Europa, apareceu, na França, um homem chamado Léon Hippolyte Dénizard Rivail, que se autodenominava a reencarnação do poeta celta Allan Kardec. Esse homem recebia espíritos e trabalhava ativamente como médium. Embora as práticas espíritas sejam antiguíssimas, o espiritismo, tal como conhecemos hoje, foi codificado e organizado por Allan Kardec, na segunda metade do século XIX (século 19). Ele registrou suas doutrinas em vários livros, além de fazer excursões pela Europa propagando suas ideias espíritas.
Seus primeiros registros datam de 1861, e dentre seus escritos constam: O Livro dos espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Inferno e Gênesis. Também fundou a Revista Espírita, um periódico mensal de temas voltados ao espiritismo.
No Brasil podemos encontrar várias facetas do espiritismo: Aquelas de raízes africanas (Quimbanda, Umbanda, Macumba e Candomblé) e ameríndias. Embora, no início, o mais comum era ver o sincretismo entre o espiritismo africano e o ameríndio, podemos encontrar o sincretismo entre a cultura e a religiosidade popular, como se vê na Bahia, na Igreja do Senhor do Bonfim, onde o nome de cada santo corresponde a um guia equivalente das religiões africanas como a Umbanda e o Candomblé.   
Há dois tipos de Espiritismo: o comum (quiromancia, cartomancia), o baixo espiritismo (macumba, candomblé, umbanda, vodu), o Espiritismo Científico ou Alto Espiritismo (esoterismo, teosofismo); e o Espiristismo Kardecista (baseado nos ensinamentos de Allan Kardec).
A diferença entre o Espiritismo Científico e o Kardecista é basicamente a seguinte: O Espiritismo Científico refere-se a grupos que, embora sejam espíritas (porque têm características e crenças espíritas), não admitem ser uma religião. Preferem intitularem-se como grupos científicos, filosóficos, beneficentes, organizações esotéricas etc.
Um exemplo desse tipo de espiritismo é a LBV – Legião da Boa Vontade (entidade que faz um trabalho social junto aos pobres). Quanto ao Espiritismo Kardecista, é reconhecido como religião, e professa como doutrina central o aperfeiçoamento moral do ser humano a partir de ensinamentos e orientações produzidos pelos espíritos dos mortos. Mascaram suas doutrinas como sendo de caráter cristão, utilizando-se de textos bíblicos em seus ensinamentos.
Para os Kardecistas, o espiritismo é considerado a terceira revelação da Lei de Deus à humanidade, sendo a primeira, vinda através de Moisés e a segunda, através de Jesus.

EM QUE CREEM OS ESPÍRITAS:
Segundo o espiritismo, é espírita quem acredita:
1)     Em Deus, criador de todas as coisas que há no Universo, isto é, os espíritos desencarnados (mortos), os espíritos encarnados (vivos) e as coisas materiais;
2)    Na imortalidade da alma;
3)    Na reencarnação, como processo para expiação de erros passados (em outras encarnações) e para alcançar a perfeição espiritual;
4)    Na comunicação dos espíritos desencarnados (mortos) com os encarnados (vivos).
O lema do espiritismo Kardecista é: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO. Por isso os espíritas dão muita importância às obras de assistência social.

O QUE O ESPIRITISMO DIZ SOBRE:
A) Deus: Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Citam passagens bíblicas como Sl 19.1, no qual o salmista diz que “os céus declaram a Glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos”. Embora acreditem na existência de Deus, dizem que Ele é por demais longínquo (muito distante), e se perde na distância imensurável. Sendo assim, mais próximos do que Deus estão os guias (entidades que se incorporam nos médiuns), cujo intuito é de auxiliar e confortar os encarnados (vivos).
B)   Jesus Cristo: Para os espíritas, Jesus é visto como uma grande entidade encarnada, a maior que já veio ao nosso mundo. No entanto, dizem que como todos os Espíritos, Jesus também teve o mesmo ponto de partida, reencarnando quantas vezes tenha sido necessárias nas diversas moradas do Universo, até chegar à condição de Espírito puro. Jesus, na visão espírita não é nada mais do que um grande médium, assim como Allan Kardec.
C)   Salvação: Não acreditam em salvação pela graça, pois afirmam que ninguém alcança salvação só por meio de arrependimento, mas todos sofrerão as consequências de seus atos e expiarão os seus males por meio de reencarnações, esforçando-se continuamente para melhorar a si mesmos, até chegarem a espíritos puros. O sacrifício de Jesus foi apenas o ato heróico de um homem bom, do espírito mais evoluído que passou pela Terra, sem, contudo, ter qualquer valor expiatório (salvífico).
D)   Céu e Inferno: Tanto o céu, como o inferno são estados de alma, não geográficos. Assim sendo, os que seguem o bem, ficarão em estado de céu (ou paraíso) e os que fazem o mal, de inferno (sofrimento). Para eles, o inferno, como um lugar de tormento eterno não existe, porque, alegam que, sendo Deus totalmente bondade e amor não seria capaz de enviar os seus filhos para o sofrimento eterno, pelo contrário, sua alegria é que todos se salvem.
Como argumento contra a existência do céu, utilizam-se do texto bíblico no qual Jesus diz ao ladrão: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. No entanto, dizem eles, três dias depois Jesus apareceu a Maria Madalena e disse que ainda não havia subido para o paraíso, será, então, que ele mentiu ao ladrão?
Suas conclusões foram as seguintes: O ladrão encontrou paz interior, o paraíso, isto é, um estado de consciência e não  um lugar determinado no espaço. Céu, inferno, paraíso, segundo os espíritas, tem a ver com estados da alma, não lugares reais.
E)   Diabo: Assim como não acreditam na existência do inferno, não creem que o diabo existe.  Apoiam suas afirmativas dizendo que Deus sendo bom jamais criaria o mal eternamente. Alegam que, se Deus, por intermédio de Jesus, recomenda que perdoemos nossos inimigos, como pode Ele mesmo condenar alguém? Creem que todos os espíritos evoluem, e todos, sem exceção, chegarão à perfeição. O diabo, também, não existe, é apenas a representação do mal.
F)   A Bíblia: Citam partes de textos bíblicos e pregam lindos sermões baseados nela, mas acreditam que o Evangelho foi reinterpretado por Allan Kardec.
G)   Sofrimento: Acreditam que toda a dor e sofrimento têm um propósito: Servem para a expiação de faltas passadas (em outras encarnações), bem como para nos ajudar no progresso espiritual. Por não ser possível identificar quando a alma se desprende do corpo, os espíritas não aprovam a prática da eutanásia (a provocação da morte de um paciente desenganado), crendo que o sofrimento da vítima pode ser um processo para seu progresso ou para sua expiação, e interferir, pode ser uma violação da lei de causa e efeito (karma).
H)   Reencarnação: Utilizam o texto de Jo 14.2, “Na casa de meu Pai há muitas moradas”, para afirmarem a existência de vários mundos para onde vão os espíritos de acordo com o grau de atraso ou adiantamento de seus habitantes. Creem que a Terra não é o único mundo habitado, (inclusive acreditam na existência de ETs – Criaturas extraterrestres) e que cada mundo pertence a uma categoria (grau) diferente, sendo a Terra um planeta de expiação e provas, que ocupa o segundo grau na escala dos mundos habitados; Ela já ocupou o primeiro grau e está passando para a categoria de mundo de regeneração (3º grau), posteriormente será um mundo feliz (4º grau), e por fim, um mundo celestial (5º grau).
Quando o Espírito, pelo seu livre-arbítrio, entra pelo caminho do mal, afastando-se das Leis de Deus, ele sofre as consequências de seus erros, passando por reencarnações até chegar à pureza e à perfeição espiritual. Comparam o processo de reencarnação a um aluno que repete o ano até ficar em condições de ser aprovado. Por meio desse processo (reencarnação), todas as pessoas serão salvas, nem que para isso precisem desencarnar, encarnar e reencarnar diversas vezes.
Assim, a pessoa que fez algum mal em outra encarnação, reparará esse mal, mesmo não se lembrando de suas outras vidas.  Dizem que esse esquecimento é para o nosso bem, para não sofrermos com as lembranças e para elas não dificultarem o processo de construção de nós mesmos. A lei de causa e efeito (Karma) funciona mais ou menos assim: Se em determinada encarnação certo homem foi um guerreiro, e em seu ofício mutilou e tirou a vida de muitos, ele irá reencarnar com o devido esquecimento e terá a oportunidade de reparar o mal cometido, exercendo o ofício de cirurgião, cuja função será a de restaurar os corpos, por meio de cirurgias.
Pessoas que sofrem coletivamente, como por exemplo, em catástrofes naturais como terremotos, não é por acaso (aliás, para os espíritas não existe acaso), mas é porque em sua vida regressa também praticou o sofrimento coletivo, como por exemplo, alguém que, na Idade Média, havia sido um guerreiro e incendiou aldeias, matando seus moradores.
O espiritismo Kardecista não admite que alguém possa reencarnar em outro ser vivo, a não ser como humano. Já outros grupos espíritas, como os Hare Krishna acreditam que o espírito pode reencarnar em qualquer ser vivo (como por exemplo, planta, animal, inseto ou pessoa).
I)   Mortos: Acreditam que muitas pessoas, ao abandonarem seus corpos por ocasião da morte, passam a viver nas colônias e cidades do mundo espiritual. Outras vivem em diversos mundos habitados, enquanto que, um grande número delas continua a viver no meio dos encarnados (vivos) participando de suas lutas diárias, sofrendo e chorando conosco. Em relação aos vários mundos habitados, defendem suas crenças dizendo que Deus não criaria vários planetas se pretendia usar somente um.
Ensinam que, por ser a alma imortal, podemos orar pelos nossos entes queridos que já morreram, pois, se estiverem sofrendo por algum mal praticado, nossas orações suavizarão seus sofrimentos, principalmente se morreram por suicídio, pois, segundo eles,  quem se mata sofre de tal forma que não há palavras humanas que possam definir tal sofrimento, além de que sua alma não descansará com a morte física, mas terá de acompanhar a decomposição do corpo e reviver as angústias do suicídio.
Para confirmar biblicamente suas doutrinas sobre o retorno da alma ao corpo físico, afirmam que João Batista é a reencarnação de Elias. Usam, também, as palavras de Jesus à Nicodemus, “necessário é nascer de novo” (Jo 3.7), como prova de confirmação da legitimidade da doutrina da reencarnação.
J)     Mediunidade: É o fenômeno pelo qual um espírito de um morto entra em contato com os viventes por intermédio dos médiuns. Defendem essa prática alegando que Moisés proibiu somente a exploração comercial da mediunidade, ou seja, consultar os mortos com fins lucrativos.
 Para comprovar suas teses, dão como exemplo, as atividades “mediúnicas” de Eldade e Beldade, dizendo terem sidos apoiados por Moisés, mesmo depois que ele havia proibido tais práticas, porque as atividades espirituais através deles tinham o propósito de orientar moralmente os seus conterrâneos (Nm 2. 26-29). Outra prova pela qual defendem suas práticas de feitiçaria e necromancia (consulta aos mortos) é mostrando a narrativa bíblica, na qual o próprio Moisés aparece juntamente com Elias, depois de mortos, no monte Tabor, conversando com Jesus (Mt 17.3).
Também usam a história de Saul, que ao consultar uma pitonisa (feiticeira ou médium), falou com o espírito do profeta Samuel (1Sm 28.12). Segundo os espíritas, a comunicação com os mortos tem dois objetivos: Mostrar o caminho do bem para nos auxiliar em nosso progresso e nos consolar diante das provas da vida

 O QUE A BÍBLIA DIZ EM RELAÇÃO AO ESPIRITISMO:
A Bíblia é contra o espiritismo pelas seguintes razões:
No livro de Deuteronômio 18.10-15, lemos:
“Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação (coisa detestável) ao Senhor; e por estas abominações (coisas detestáveis) o Senhor teu Deus os lança de diante de ti.” 2 Cro 33.6,  mostra que um dos pecados cometidos pelo rei Manassés (rei de Jerusalém), foi ter consultado feiticeiros e adivinhos. E isto, provocou a ira de Deus.
Saul entendia que consultar a feiticeiros e necromantes (pessoas que consultam os mortos para saberem do futuro) era proibido por Deus, porque em 1 Sm 28.3, diz que ele mandou procurar uma médium, porque ele próprio havia expulsado de Israel todos eles. Saul expulsou essa gente porque sabia que Deus abominava (detestava) essas práticas e só foi procurá-los porque Deus não mais falava com ele.

PORQUE NÃO ERA SAMUEL QUEM FALOU COM SAUL:
Porque o próprio Samuel, que era profeta de Deus (profeta era uma pessoa que falava em nome de Deus), ao repreender Saul, o próprio Samuel, quando ainda estava em vida, disse-lhe que Deus o havia rejeitado porque desobedecera a sua palavra e para o Senhor “a rebelião é como o pecado de feitiçaria” (1Sm 15.23).
Veja bem: Se Deus rejeitou a Saul porque desobedeceu a Sua ordem (rebelou-se contra Ele), e Samuel disse que a rebelião é como o pecado de feitiçaria, logo, fica claro que a feitiçaria (mediunidade) é pecado. Médiuns são feiticeiros, magos, adivinhos que preveem o futuro. Nos tempos antigos eram chamados de pítons, e as mulheres, pitonisa.
Teria lógica Deus dizer pelo profeta Samuel que a feitiçaria era pecado e depois enviar o próprio profeta para falar a Saul, por meio de um ato pecaminoso?
A Bíblia diz que Saul procurou a médium (pitonisa) porque Deus não lhe falava de nenhuma forma (nem por sonhos, nem por Urim, nem pelos profetas). Se Deus não lhe falava nem pelos profetas, como permitiu a Samuel (um profeta) falar com ele? Se pelos meios que o próprio Deus ordenara, Ele não falou a Saul, como ele preferiu falar pelos meios que Ele mesmo condenou?
A morte de Saul não foi cumprimento da predição feita pela médium (ou pelo espírito de Samuel), pois, de acordo com 1Cro 10.13,14, ele morreu porque:
a)    Não guardou a palavra do Senhor (Istoé, não obedeceu o que Deus dissera);
b)    Interrogou e consultou uma necromante, e não ao Senhor”.
Vemos, pois, que a morte de Saul foi, simplesmente, consequência de sua  desobediência a Deus.
Observamos através deste texto que Samuel não consultou ao Senhor, porque se fosse Samuel que falara com Saul, sendo ele profeta do Senhor, seria o próprio Deus quem falava e o texto diz claramente que ele não consultou ao Senhor.
Também não poderia ser Deus que falara, porque estando Samuel morto, não podia voltar ao mundo dos vivos, conforme indica a narrativa de Lc 16.27-31.
Além do mais, embora seja verdade que o céu não tem relação com o universo físico, não se situando em cima ou em baixo, todavia, como referência para nós, que só compreendemos as coisas na esfera física, em toda parte em que a Bíblia menciona o céu e o inferno ela nos  aponta da seguinte maneira: O céu para cima e o inferno para baixo (Dt 2.39; 2 Rs 2.11; Sl 139.8; Pv 15.24; Jo 3.31; Rm 10.6). Como pode, então, esse Samuel vir de baixo e crermos que ele veio da parte de Deus?
Outra discrepância encontrada nas previsões do falso Samuel é o fato de ele dizer que no dia seguinte (quando Saul seria morto), Saul estaria com ele. O problema é que, se Samuel era um homem de Deus não poderia estar no mesmo lugar que Saul, porque em  Cr 10.13, a Bíblia revela que Saul morreu em pecado e longe de Deus.

 AS PREVISÕES MEDIÚNICAS FALHARAM:
O pseudo Samuel disse que Saul seria entregue nas mãos dos filisteus, no entanto, isso não aconteceu, porque ele suicidou-se (1 Sm 28.19; 31.4).
OBS.:  Saul foi a primeira pessoa a quem a Bíblia narra que se suicidou. Isso não quer dizer que ele foi o único, mas Deus fez questão de mostrar como foi a sua morte, isto é, ele não foi morto pelos filisteus (conforme profetizou o falso espírito de Samuel), mas matou-se.
O versículo 4 do capítulo 31, aponta que o rei Saul foi cremado pelos homens de Jabes-Gileade. Portanto, os filisteus não o pegaram, nem o mataram e nem ao menos o enterraram.
Segundo a profecia do espírito, que a médium entendeu ter sido de Samuel, os filhos de Saul também morreriam com ele. Isso não aconteceu, porque a Bíblia apresenta seis de seus filhos e diz que no dia de sua morte, morreram apenas três deles (1Sm 31.8; 2 Cro 10. 2,6). Veja que havia outros que continuaram vivos (2 Sm 2.10; 28.8).
Segundo a palavra da pitonisa, Saul morreria no dia seguinte, mas, segundo a Bíblia ele só morreu alguns dias depois. Lendo atenciosamente, 1 Sm 30, observa-se que esse incidente ocorreu paralelamente ao encontro de Saul com a médium. Observamos no versículo primeiro haver passado três dias. No verso treze, passou-se mais três dias e no dezessete, mais um dia de luta. Além do tempo gasto para Davi voltar e ainda,  2 Sm 1.1 registra mais dois dias. Dessa forma contamos vários dias até a morte de Saul. Segundo alguns estudiosos da Bíblia é possível contar dezenove dias até a sua morte.

REFUTAÇÃO BÍBLICA:
 Não há dúvidas de que o que acontece numa sessão espírita é real. Tudo o que se passa ali é a mais pura realidade. Existem sim manifestações de espíritos. A questão é que, apesar de haver realidade nessas manifestações, não há verdade. Ou seja, são, realmente, espíritos que se encorparam nos médiuns, mas não são espíritos de pessoas mortas, mas de demônios (anjos caídos que agem a serviço de Satanás). E eles são muito reais! Todavia, são mentirosos e servem ao Pai da Mentira, o que dá a eles a capacidade de enganar tantas pessoas.
Há os que se defendem dizendo que pertencem ao Espiritismo de mesa branca, e tudo o que fazem é para o bem, inclusive, muitos nem cobram por seus serviços. Li um livro, no qual achei interessante o raciocínio do autor que, ao ser questionado por um espírita que justificavas suas práticas benéficas, respondeu-lhe dizendo que em Dt 18 a Bíblia não faz diferença alguma entre magia negra e Espiritismo Kardecista. O texto bíblico, dizia ele, começa com quem mata os filhos e termina com quem consulta os mortos e diz o texto que TUDO é abominação (coisa detestável) ao Senhor.
Além dos textos expostos acima, podemos encontrar outros, onde Deus proíbe a prática espírita e manda matar todos os feiticeiros e adivinhos, dentre eles, Êxodo 22.18 e Levíticos 20.27.
Em Gálatas 5.19,21, o apóstolo Paulo faz uma lista a qual chama de “obras da carne” e diz que quem pratica tais coisas, não herdará o reino de Deus. Entre os itens de sua lista está a feitiçaria.
Em Apocalípse 21.8,8; 22.15, afirma que o lugar dos feiticeiros é no lago que arde com fogo e enxofre.
Em relação à falta de memória do passado quando reencarnamos, conforme prega o espiritismo, é bastante incoerente, porque se é injusto Deus condenar alguém ao inferno, acaso não seria igualmente injusto fazer as pessoas vagarem vida após vida pagando por um erro que simplesmente desconhecem?
 Diferente do ensinamento espírita sobre a busca da pureza e perfeição, a Bíblia ensina que devemos buscar a santificação em nossa vida diária, vigiando para não mais pecarmos (transgredirmos as Leis de Deus), e, se pecarmos, devemos confessar os nossos pecados (a Deus, e se for o caso, à pessoa contra quem pecamos) a fim de sermos perdoados e recomeçar (em nossa atual vida) a buscar a pureza e perfeição (Mt 5.23; Tg 5.16; 1 Jo 1.9). Além disso, a observância bíblica é que devemos lembrar de onde caímos a fim de nos arrependermos (Apocalipse 2.5). Lembrar é necessário para a correção do nosso erro.
É assim que a Palavra de Deus ensina que devemos “progredir” em nossa busca pela pureza, isto é, lembrando-nos de onde e como caímos, arrependendo-nos, confessando os nossos erros e recomeçando a viver em novidade de vida (Sl 51.3; Pv 28.13;1 Jo 1.9 e Ap 2.5). É através da memória (e não do esquecimento) que nos aperfeiçoamos para a pureza, abandonando o mal, do qual temos consciência, e nos apegando ao bem (Leia Efésios 4.22, 28). 
O diabo, bem diferente do que desejam os espíritas, é um ser real, não uma pessoa ou espírito que se compraz (sente prazer) em praticar o mal. Segundo a Bíblia, Ele tentou a Jó (e foi responsável por toda a desgraça que lhe ocorreu - Jó 8.44). Jesus foi tentado por ele (Mt 4.1-10) e Pedro diz que ele vive em nosso derredor, procurando nos tragar (1Pe 5.8). Ele é deus deste século (mundo), a fonte de todo o mal, o pai da mentira etc (Jo 14. 30; Mt 13.18;; 1Jo 3.8,10;Jo 8.44). Ele pode operar grandes sinais e maravilhas e transfigurar-se em anjo de luz (2 Ts 2.9; 2 Co 11.14) Seu ofício, é matar, roubar e destruir (Jo 10.10).   Tanto o diabo como os seus anjos são reais (Mt 25. 41; Mt 7.22; 9.34; Mc 9.38; 16.17; Lc 4.41).
Quando o homem desobedece a Deus, o culto que oferecem é a demônios, não a Deus. O salmista, o apóstolo Paulo dentre outros, sabiam que o ídolo nada é, pois não passam de bonecos sem vida, todavia, a Bíblia afirma que, por desobedecerem a Deus, quem os adora não presta culto a Ele, mas a demônios (Dt 32. 16, 17; 1 Co 10. 20). Se Deus proibiu a feitiçaria, como pode os espíritas adorar a Deus? Se o próprio Deus disse que o pecado de feitiçaria é abominação ao Senhor e em Ap 21. 8 diz que aos abomináveis (...)e aos feiticeiros, seu lugar é no lago que arde com fogo e enxofre, como pode suas práticas ser do agrado de Deus?
Em relação ao sofrimento, nada tem a ver com expiação de pecados, porque em João 9.1-3 encontramos a história do cego de nascença, na qual perguntaram a Jesus se sua cegueira foi conseqüência do pecado de seus pais ou dele mesmo, ao que Cristo respondeu: “Nem ele, nem seus pais pecaram, mas isso ocorreu para que a glória de Deus se manifestasse nele”. A doença de Lázaro, também, não era para expiar nenhum pecado, mas Jesus disse que era para se manifestar a Glória de Deus (Jo 11.4). Os profetas, homens que eram retos diante de Deus passaram por grandes sofrimentos (5.10) e o próprio Cristo, que segundo os espíritas, foi o maior espírito iluminado que já pisou no mundo, sofreu como qualquer homem, inclusive para resistir as tentações humanas, sem pecar (1 Pe 5.1; Hb2.18).
O Jesus que a Bíblia apresenta não é o mesmo mostrado pelo espiritismo. Marcos, apesar de apresentar Jesus, em seu Livro, como “O Servo Sofredor”,  inicia sua narrativa apresentando-o como o “Filho de Deus” (1.1). Mateus também narra uma conversa entre Jesus e seus discípulos, na qual Ele perguntou-lhes o que o povo dizia a seu respeito.  Após os discípulos responderem qual era a opinião geral, Ele tornou a perguntar-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?”, ao que lhe responderam: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (16.13-17). Marta também confessa a Jesus que crê em sua divindade, isto é, crê que Ele é, de fato, o Filho de Deus (Jo 11.27). Quando Jesus abordou o cego de nascença, sua pergunta foi: “Crês tu no Filho de Deus?” E ao perguntar de quem se tratava, Jesus disse-lhe: “...É aquele que fala contigo” (Jo 9.33-37).
João afirmou (20.31) que o propósito de ter escrito o seu Evangelho foi para que creiamos que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que tenhamos a vida eterna. Ou seja, quem não crê nisso, pode fazer todas as boas obras imagináveis e reencarnar quantas vezes for, ainda assim, não será salvo.
O mesmo João alertou que também é necessário crer que Jesus veio em carne e esteve entre nós em carne (como ser humano). Ele finaliza sua admoestação dizendo que quem não crer nisso, NÃO É DE DEUS (1 Jo 4.2,3; 2 Jo 7).
Há algumas seitas, como os gnósticos que ensinavam que Jesus veio em aparência de carne, isto é, ele continuava espírito, mas apresentava-se como se fosse carne (humano). O ensino bíblico nega essa doutrina, porquanto João escreveu com todas as letras: “E o verbo (Jesus) se fez carne e habitou entre nós”. Ele não era como carne, ele se fez (se tornou) carne.
Voltando a divindade de Jesus, a Bíblia apresenta o próprio Cristo afirmando ser Deus (Mt 26.62-65; Jo 10.24-33,33). João, também confirma, dizendo que Ele estava com Deus e era Deus (1.1-3).
Em relação à comunicação dos vivos com os mortos, é totalmente contrário ao que a Palavra de Deus declara, porque o salmista afirma que os mortos não fazem parte do mundo dos vivos, de sorte que não podem louvar a Deus na Terra (Sl 88.10-12; 115.17). Deus se irava contra aqueles que procuravam ajuda dos mortos, de modo que falou as seguintes palavras, através do ministério do profeta Isaias: “Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam entre os dedos; - não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?” (Is 8.19).
Obs.: Espíritos familiares eram aqueles que só atendiam as pessoas que, supostamente, tinham poder sobre eles, isto é, só baixavam em determinados médiuns.
É verdade que a Bíblia conta sobre transfiguração de Jesus, momento esse no qual ele conversou com Moisés e Elias (já mortos nessa época). Todavia, eles não estavam conversando com os discípulos, mas com o próprio Jesus, e também, Jesus não lhes recomendou que os invocassem ou propagassem a doutrina da comunicação com os que morreram.
Sob ordens de quem, os espíritas assim fazem? Sabemos que foram orientados pelo Evangelho reinterpretado (ou melhor, distorcidos) por Allan Kardec, porém, o apóstolo Paulo preveniu a Igreja, dizendo: “Ainda que eu mesmo ou um anjo dos céus vos anuncie outro evangelho, além do que já vos tenho pregado, seja amaldiçoado.” (Gl 1.8).
É só ler a Bíblia, desprovidos de preconceitos, que você poderá descobrir por si mesmos se ela equipara-se com a doutrina espírita ou a rejeita.
Quanto à reencarnação, o homem pode fazer todas as boas obras imagináveis, mas se não crê que Jesus é o Filho de Deus que veio em carne e sacrificou-se pela salvação do pecador, nenhuma reencarnação poderá ser suficiente para salvá-lo, porque o próprio Jesus já havia profetizado: “Sem mim nada podereis fazeis” (Jo 15.3-5). Além do mais, segundo a Bíblia, as obras a ninguém salva, porque a salvação  é dom (presente) de Deus, e não vem pelas obras (Ef 2.8,9; 1Pe 1.19). Portanto, por mais que o homem pudesse passar milênios a fio reencarnando e expiando seus pecados, de nada resolveria para alcançar a pureza e a salvação. Quem nos purifica e nos encaminha à perfeição é a nossa obediência à Palavra de Deus, que é a prova de que cremos no Senhor Jesus Cristo (Jo 15.3; 1Pe 1.22).
As obras são apenas “fruto”, isto é, resultado de uma vida que segue as instruções da Palavra de Deus, pois conforme o próprio Jesus afirmou:
“... Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). E o apóstolo Paulo fez uma lista sobre que tipo de fruto produzimos quando estamos em Cristo, isto é, quando fazemos o que ele manda (Leia Gl 5.22).
Os espíritas gostam de se passar por cristãos, de forma que procuram firmar seus sermões utilizando a Bíblia, no entanto, ao pregarem sobre a reencarnação parece que não prestam muita atenção no que os textos bíblicos dizem sobre a morte: “Pois ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo”. (Hb 9.27; Ap 20.12). Como posso dizer que o espiritismo é uma religião cristã se ela nega e distorce os ensinamentos do próprio Cristo?
Há alguns que, defendendo o espiritismo, dizem que se Deus proibiu a consulta aos mortos é prova de que os mortos podem se comunicar com os vivos. Porém, isso não é verdade, porque Deus também proibiu a adoração a ídolos e o apóstolo Paulo disse que o ídolo não é nada (1 Co 8.4) . O salmista também disse que não passam de imagens inanimadas (Sl 115.4; 135.15).  Então por que Deus proibiu? O motivo da proibição, o próprio Deus revelou a Samuel quando este foi ungir Davi para rei, dizendo-lhe que Ele não vê como o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, mas Ele olhava para o coração. (1 Sm 16.7).
Assim, compreendemos que, quando os hebreus escolhiam outros deuses, Deus não via, apenas, simples bonecos sem vida, Ele via a atitude de um povo, a quem tanto amava, e, a despeito de seu amor o trocava por qualquer coisa. Não era o ídolo que estava em jogo, mas a escolha de seu povo (Preferiam outras coisas a Deus). Veja o que Deus falou através do seu profeta Jeremias:

“Espantai-vos disso, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas, que não retêm águas” (Jr 2. 12,13)

Observe, então: Deus disse que o seu povo fez duas maldades: 1º) Deixaram-no (Esta é a questão crucial); 2º) cavaram para si cisternas que não retêm (juntam) águas (Trocaram-no por nada).  A primeira maldade foi com Deus e a segunda, com eles mesmos. Se Deus compara os ídolos a cisternas rasas, que não retêm água, sendo Ele a fonte de água viva, não haveria motivo para ele disputar com esses “deuses”. Porém, como todo o coração que ama, Deus não suportava ser trocado. Nem pelos ídolos, nem por outras pessoas (Mt 10. 37), nem pelo mundo (2. 15) etc.
Em Ezequiel 8.3,5, o profeta narra sobre a idolatria de Israel, chamando os ídolos de “ídolo que provoca o ciúme de Deus”. Deus nunca precisou disputar com ninguém, mas ver o seu povo glorificando a outros, independente de ser real ou fictício, magoava sobremaneira o coração divino, de forma que Ele declarou: “A minha glória não a dou a outrem” (Is 48.5, 11).  
A verdade é que Deus tinha e tem ciúme do seu povo (Tg 4.5).  Não eram os ídolos em si que provocava a ira de Deus, mas a atitude de traição que o seu povo demonstrava para com Ele, deixando de honrá-lo para adorar falsos deuses.
Por isso é de muita relevância, observarmos o alerta do apóstolo Paulo a Timóteo: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios...” (1 Tm 4.1). (Grifo meu)
Espero poder tê-lo ajudado no tocante as tuas dúvidas sobre a história e a doutrina espírita, e fazê-lo entender o que diz as Escrituras em relação ao perigo dessa prática.

Despeço-me na doce Paz de Cristo,
 Com Amor,
Leila Castanha
01/2014