Há um grande perigo rondando os cristãos, que é o chamado “Culto
Alternativo”.
O Culto Alternativo é quando alguém transfere para outra pessoa ou
coisa o louvor que pertence a Deus.
Como exemplo, podemos citar as imagens de santos, nas quais os
fiéis dão todo crédito ao invés de depositarem única e exclusivamente sua
fé no Deus dos santos.
Mas não é só isso que é culto alternativo. Quem vai à igreja para
angariar fortuna, também está trocando sua busca por Deus pela busca pelo
dinheiro.
Porém, uma das maiores armadilhas atuais do diabo é levar os fiéis
a glorificarem os servos de Deus, no lugar de darem honra ao próprio Deus.
Alguns usam como desculpa o
texto do apóstolo Paulo (Rm 13.7), o qual manda que os cristãos honrem a quem
tem honra, isto é, valorizem os que merecem ser valorizados. No entanto, honrar ou valorizar,
não é o mesmo que endeusar (tornar deuses, e oferecer os mesmos
préstimos devidos somente a Deus).
Outro dia fui a um culto de adolescentes no qual convidaram uma
cantora famosa para ministrar os louvores, e enquanto o culto rolava formou-se
uma fila de adolescentes, do púlpito até o meio da nave da igreja, para
receberem autógrafo da tal cantora. Fiquei injuriada e fui falar com a
empresária dela (que era a própria mãe da moça), e pedi que ela respeitasse o
momento sagrado do culto (adoração) a Deus.
Não teria nada demais se, após o término do culto, ou mesmo antes
dele, ela distribuísse autógrafos, todavia durante o culto, é no mínimo
desrespeito ao lugar santificado para adorar ao nome de Jesus.
A Bíblia é enfática em dizer que Deus não dá sua glória a ninguém,
e nem a coisa alguma. Além disso, quando apoiamos nossa fé em alguém, por mais
santo que esta pessoa seja, ficamos ligados a ela de forma que, se a tal pessoa
está firme, nós também estamos, mas se a pessoa cair, nos sentimos abalados.
A Bíblia nos adverte a não confiarmos nas pessoas a ponto de fazer
dela nosso braço forte, isto é, não devemos confiar em alguém a ponto de
apoiarmos nossa fé nela (Leia Jr 17.5).
O texto de Jeremias não diz que é maldito quem confia no homem,
mas quem confia no homem e faz dele o seu
braço forte. Temos que ser pessoas confiáveis, mas não somos fortes o
bastante para que alguém se apoie em nossa força.
O apóstolo Paulo escreveu aos irmãos de Corinto (1 Co 10.12),
dizendo-lhes que “Quem está em pé cuide que
não cair”.
Ele estava falando com crentes, dizendo-lhes para vigiarem, senão
poderiam fraquejar na fé. Isto porque todos nós, seres humanos que somos,
estamos sujeitos a falhar.
Sabemos que Davi era o homem segundo o coração de Deus (Veja At
13.23), todavia ele também caiu vencido pela tentação ao desejar uma mulher
casada.
Imagine se todo o povo de Israel apoiasse sua fé em Deus na pessoa
de Davi. Ninguém mais creria na santidade divina, porque Davi pecou um pecado
duplo: adultério e assassinato (Davi tramou a morte de seu soldado mais fiel
para que ele não descobrisse seu adultério com a mulher dele). Esta história
está registrada em 2 Sm 11.
Outro homem de Deus que também caiu foi Sansão. Dotado de grande
força, era proibido por Deus de se misturar com mulheres que não pertencessem
ao povo hebreu (os israelitas). Todavia, sabemos de pelo menos dois
relacionamentos de Sansão com mulheres pagãs, sendo uma delas, Dalila, a
causadora de sua morte. Leia a história em Juízes capitulo 13 em diante.
Jonas, um profeta respeitado em seu tempo por ser um homem de
Deus, certa vez chegou a pedir para morrer porque Deus o enviou para profetizar
a destruição dos ninivitas (habitantes de Nínive), e se revoltou quando Deus
desistiu de destruí-la porque seus habitantes se humilharam perante Ele.
Segundo a história, esse povo costumava arrancar a cabeça dos
inimigos e deixá-las em exposição. Eram malvados e sanguinários, e Jonas não
achou justo Deus perdoá-los. Agora imagine se você fosse daquela época e sua fé
estivesse apoiada no profeta Jonas, não em Deus. O que você sentiria se o homem
em quem você se inspirava estivesse pedindo a morte porque foi fraco o
suficiente para conseguir perdoar aos que lhe haviam ofendido?
Pedro, um homem brilhante, que vivenciou grandes maravilhas ao
lado de Jesus, e cuja sombra até curava os doentes, também era um homem sujeito
a falhar. Lembra-se de quem negou Jesus três vezes, quando ele estava preso?
Isso mesmo! Foi Pedro. E ele jurou que jamais faria isso, afinal, era um homem
que havia vivido todo o seu ministério ao lado do poderoso Jesus (Leia Mc
14.68).
Agora imagine você como fã de Pedro, dizendo para todo mundo que o
irmão Pedro é um homem “cheio do poder”, que nenhum demônio ou doença resistiam
à ele, inclusive, chegou a prometer a Jesus, que jamais o negaria, ainda que
fosse preciso morrer com ele (Leia Mc 14. 227-31).
Então, no dia em que Jesus foi preso, você ouve no pátio do lugar para
onde Cristo foi levado o seguinte:
“Este homem - dizia uma
empregada dos sumos sacerdotes aos soldados- é um dos discípulos de Jesus.”
Em seguida você ouve a voz do irmão Pedro, por quem você bota a
mão, respondê-la, assustado:
“Imagina, eu nunca vi este
homem!”
Que decepção você teria, não é verdade?
Foi
exatamente isso o que aconteceu. Leia Mc 14.27-31 e depois 66-71).
Sabe por que isso aconteceu? Porque embora Pedro fosse um homem de
fé e um verdadeiro servo de Cristo, ele também era humano, e todos nós seres
humanos estamos sujeitos a cair, a falhar e a pecar.
Entendeu o porquê não podemos nos apoiar em homem algum? E não
podemos deixar ninguém se apoiar em nós para sustentar sua fé? Mesmo que
sejamos um vaso de Deus ou que a pessoa a qual admiramos também seja um homem
usado por Deus, todos nós, segundo a Bíblia, somos simplesmente NADA. Os
que se acham “poderosos”, “fortes” e “merecedores” da graça divina não conhecem
a Palavra de Deus.
Leia Sl 62.11 e veja o que o salmista disse: “Uma vez falou Deus,
duas vezes ouvi isto: QUE O PODER PERTENCE A DEUS”.
Nós somos fracos, não
fortes. Nossa força é o Senhor. É Nele que nos apoiamos, quando pregamos,
quando aconselhamos alguém, quando expulsamos demônios, quando ensinamos a Sua
Palavra, quando oramos, quando jejuamos etc.
Vejamos o que o próprio Jesus nos ensinou no final da oração do
Pai nosso: “Não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal, porque teu é
o reino, O PODER e a glória para sempre. amém! (Mt
6.13).
É ele quem manda (o Reino é dele); é ele quem pode tudo (o Poder é
dele); Só ele pode ser glorificado (a Glória é dele).
Uma vez Jesus ensinou ao apóstolo Paulo uma lição que ele
não sabia: “O meu PODER se aperfeiçoa na FRAQUEZA”. (2 Co
12.7) . O apóstolo então, no final do versículo 10, confessou: “Agora tenho
prazer nas fraquezas, porque quando sou fraco, então é que sou forte”.
Em palavra popular, podemos entender esse versículo assim: Deus
não usa a quem se acha. Ele usa somente aquelas pessoas que sabem que sem o
nome de Jesus na frente, não são nada e não podem fazer nada.
Se é o nome de Jesus que nos possibilita expulsar demônios e curar
enfermidades, é o nome dele que tem poder, e não nós que estamos expulsando ou
orando pela cura.
Por exemplo: Eu vou no banco sacar um dinheiro e percebo que
a minha conta foi bloqueada. Então eu vou até o gerente e faço uma reclamação.
O gerente me dá um papel para entregar a um funcionário, e este pega o papel,
lê e diz ao caixa que é para me dar o valor que pedi.
O caixa responde que não pode fazer isso porque é contra a regra
do banco. O funcionário que recebeu o papel do gerente explica ao caixa que são
ordens do gerente. Então, mesmo
contra a sua vontade o caixa me entrega o que dinheiro que solicitei.
Depois de receber o dinheiro, dirijo-me a um amigo que
estava no banco comigo, mostro-lhe o dinheiro e digo-lhe:
-Está vendo como eu sou poderosa! Comigo é assim: Eu quis sacar e
eles tiveram de me dar o dinheiro que eu pedi, mesmo com minha conta bloqueada.
Então meu amigo vira-se para mim e responde:
- Não foi você quem conseguiu. Eles obedeceram o gerente, cujo
nome estava no papel que você mostrou ao funcionário. Então, Leila, não é
você que é poderosa, mas o nome do gerente que fez o caixa atender
o seu pedido.
Entendeu a diferença? Nós não temos poder nenhum. O nome de Jesus,
o qual nós invocamos é que tem poder para fazer qualquer coisa. Quanto a nós
não passamos de pó. Simples mortais, carentes da misericórdia divina. Por isso
o apóstolo Paulo disse que se gloria na cruz de Cristo. Ele sabia que sem a
misericórdia de Deus, que o escolheu sem ele merecer, ele não seria nada.
Você compreende como é que Deus trabalha? Quando digo que sou
forte, então Deus não age através de mim, porque Ele só age através de quem
entende que é fraco, e só a
misericórdia de Deus é a causa de nós não sermos consumido
(aniquilados). Veja esta verdade registrada em Lamentações de
Jeremias 3.22,23.
Leia também 1 Co 1.26-29, que em resumo diz o seguinte: Deus
não chamou para a salvação nem muitos entendidos e nem muitos poderosos, mas
Ele preferiu chamar àqueles que eram tidos pelo mundo como loucos e como fracos e que sabiam que não eram
nada, para que ninguém se
vanglorie na presença dele.
Quando nos dedicamos a oração devemos ficar mais humildes, porque
no momento da oração percebemos o quanto precisamos de Deus para continuarmos
firmes e constantes na obra do Senhor. Sem ele a carne vence o espírito. Leia
Mt 26.41.
Os apóstolos Pedro e João quando em nome de Jesus
curaram um coxo, a multidão que assistiu olharam para eles com expressão de
admiração. Pedro, porém, sabendo que uma das virtudes do cristão é a humildade,
e que a glória pertence ao Mestre, disse ao povo: “Varões
israelitas, porque estais olhando tanto para nós como se por nossa
própria virtude (poder) ou santidade fizéssemos este homem
andar?" A partir daí ele começou a mostrar que quem fizera aquilo foi o
mesmo Jesus a quem crucificaram. (At 3.12)
O mesmo aconteceu com Paulo e Barnabé, quando faziam a obra
missionária, realizando prodígios e maravilhas. Ao ver isso o
povo queria adorá-los, porém, ao ver que queriam sacrificar-lhes animais, como
se fossem deuses, Barnabé e Paulo rasgaram suas vestes em sinal de humilhação
(não queriam receber glória) e foram para o meio da multidão gritando:
“Por que fazeis
isto? Nós somos homens como vocês, sujeitos as mesmas paixões (erros), e vos
anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, a
terra, e o mar e tudo quanto há neles." (At 14.9-15)
Que diferença dos que recebem a glória de Deus, não é?
Para findar este estudo, leiamos Jeremias 9. 23-24:
“Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na
sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas;
Mas o que
se gloriar, glorie-se nisso: em me conhecer e saber que eu sou o
SENHOR e faço misericórdia,
juízo e justiça na terra; destas coisas me agrado, diz o Senhor.
Portanto, meu prezado irmão, lembremo-nos de que não somos nada, e
digamos como João Batista quando quiseram colocá-lo acima de Cristo:
“Eu não sou o Cristo. Convém que ele cresça e eu diminua.” (Jo
3.28-30)
No amor de Cristo,
Leila Castanha
04/2013