terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO "TUDO" EM MT. 21.22


 Ao lermos este texto, especialmente este versículo, a primeira vista, parece-nos que a vontade de Deus não é predominante, mas a nossa.  Para melhor entendermos esta declaração de Jesus levaremos em consideração alguns pontos, a saber:
1º) A quem foi dirigida esta palavra?
 Nos versículo 20,21, descobrimos que o alvo deste discurso eram os discípulos de Cristo. Para melhor chamar sua atenção diferenciarei (com itálico) as palavras em que pretendo que você visualize. O texto citado diz o seguinte: “E os discípulos, vendo isto, maravilharam-se dizendo: Como secou imediatamente a figueira? Jesus, porém, respondendo, disse-lhes (...)”.
Aqui, percebemos que Jesus não falou com qualquer pessoa, mas exclusivamente com seus discípulos (disse-lhes). Uma vez entendido isto devemos igualmente compreender o significado da palavra “discípulo”.  Conforme nos informa a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, “discípulo” deriva do latim discipulus (aluno), de discere (aprender). Logo, o texto o qual estamos analisando foi um discurso proferido por Jesus aos seus “alunos”.
2º) Não podemos nos esquecer de que para Jesus, o significado de “aluno” ou  “discípulo”, não era simplesmente uma pessoa que aprendia com ele, mas que apreendia, isto é, que realmente era capaz de colocar seus ensinamentos em prática. Observamos esta afirmativa em Jo 8.31: “Jesus dizia, pois aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos.” (itálico meu).
As palavras grifadas têm o intuito de chamar sua atenção à condicional (se), e  a expressão “sereis”, que nos indica que, apesar daqueles judeus crerem nele e estarem presentes quando proferia seus ensinamentos, Jesus disse-lhes que eles seriam considerados seus discípulos "se" permanecessem  em sua palavra, isto é, se fossem praticantes e não apenas ouvintes.
Tiago, um dos discípulos que participara desses maravilhosos ensinamentos, diretamente proferidos pelo Mestre Jesus, bem aprendeu a lição de forma que repetiu esta verdade anos depois  em sua carta:
 "E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao homem que se contempla ao espelho o seu rosto natural (...) e vai-se e logo se esquece de como era". (Tg 1.22-24)
Observe que  a permanência em obedecer a Sua Palavra era o fator pelo qual Jesus reconhecia quem era seu discípulo.  Não importava quantas vezes  alguém assistisse a suas "aulas".  Discípulo, na visão de Jesus, era aquele que o seguia, aquele que andava como ele andou.
Não há dúvida de que os discípulos daquela época compreendiam bem o que Cristo falou quando usou o termo “tudo quanto pedirdes”, e, de maneira alguma levaram esta permissão de forma generalizada.  Certamente sabiam que seus pedidos deveriam estar em plena concordância com os ensinamentos do Mestre, que por sua vez, estava em concordância com o Pai.
 João, outro discípulo de Jesus que também aprendera pessoalmente com Ele, transmitiu no capítulo 15 de seu livro um dos ensinamentos que ouvira do próprio Cristo, nos quais Jesus apontava as condições para que esta promessa, de Mt 21.22, fosse cumprida: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiseres, e vos será feito.” (Jo 15.7).
Baseados neste texto nós podemos observar as seguintes condições:
1ª) Para recebermos “tudo” o que pedirmos em oração, existe uma condicional representada pelo termo “se”: “Se estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em vós...”
2ª) Não bastava aprender ou saber o que Ele ensinou, mas o Mestre deixou como condição para atender nossas orações o fato de “A sua Palavra estar em nós”.
Façamos uma pausa nestas observações e nos detenhamos em entender o que de fato representam  estas exigências de Cristo.
A.   Se vós estiverdes em mim: Esta frase é muito mais profunda do que aparenta ser. O apóstolo Paulo explica esta expressão dizendo o seguinte: “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo.” (2 co 5.17). (itálico meu)
Bem, de um lado vemos Jesus exigindo: "Se vós estiverdes em mim...", enquanto que, de outro, o apóstolo Paulo explica como sabemos se estamos em Jesus: "Se alguém está em Cristonova criatura é as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo”.
Uma vez compreendido isso, podemos entender melhor a declaração de Cristo, utilizando a linguagem do apóstolo. Assim sendo, leríamos esse texto da seguinte forma: "Se vocês se tornarem nova criatura, ou seja, deixando as coisas velhas para trás, e vivendo em novidade de vida, tudo o que pedirem em oração, crendo, recebereis.”
Se isso ainda não lhe foi suficiente para entender as palavras paulinas,  no versículo 15 desse mesmo texto ele explica ainda mais  o que pretendia dizer com a expressão “nova criatura”: Observe o que Paulo diz: “E Ele morreu por todos para que os que vivem, não vivam mais para simas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. (Itálico meu)
Vemos, portanto, que segundo o apóstolo Paulo “estar em Cristo”, implica em “viver para Ele, e não mais para si mesmo”, ou seja, deixar o velho homem juntamente com as coisas passadas e viver em novidade de vida (uma vida nova, diferente da anterior), voltando todos os seus esforços para agradar a Cristo. Foi isso o que aconteceu com o próprio Paulo quando este se converteu ao Evangelho:  “Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eumas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus...”(Gl 2.20). (itálicos meus).
Percebe qual a primeira condição para que todos os nossos pedidos sejam atendidos? Pois é, primeiramente devemos morrer para nós mesmo e passar a viver para a glória de Deus.
B)  A segunda condição para que “tudo” quanto pedirmos em oração Deus nos conceda, de acordo com o que o próprio Jesus ensinou, é a sua palavra estar em nós (Jo 8.22).
Por que Jesus exigiu que guardássemos em nós a sua palavra?
No evangelho segundo S. João, encontramos esta explicação nas próprias palavras de Cristo, o qual diz: “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar” (Jo 12.49).
Compreendemos após esta leitura que se Cristo disse que os mandamentos que nos deu (Isto é, a Sua Palavra), foram enviados por Deus e ele apenas os transmitira, fazer o que ele ensinou, é, portantofazer a vontade de Deus.
Anos mais tarde, o apóstolo João relembrou aos irmãos a importância de orarmos prezando a vontade divina, tal qual Cristo ensinou na oração do Pai Nosso, descrita em Mateus 6.10. O apóstolo João disse: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”. (1Jo 5.14)
Observamos nesses dois textos, um falado por Jesus e outro por seu discípulo João, que outro fator importantíssimo para que "tudo" que pedirmos em oração seja respondido por Deus é pedir "segundo a  vontade Dele". E como sabemos se pedimos algo segundo a vontade de Deus? 
Vejamos o que diz o apóstolo S.João:
 “Amados, se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com Deus; E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos; porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista. E o seu mandamento é este: que creiamos no seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros”. (1 Jo 3.21-22)
Percebemos nesse texto, pelo menos três coisas:
1ª) Nosso coração não pode nos acusar (condenar): Quando pedimos algo que sabemos que não agrada a Deus,  somos acusados.
2ª) Só fazemos os pedidos corretos quando guardamos os seus mandamentos  e  fazemos o que é agradável aos  olhos de Deus.
Porque se não formos guiados pelo Espírito Santo, iremos querer satisfazer os desejos da carne (Gl 5.16), e as obras da carne são condenadas por Deus (Gl 5.16-21).
3ª) Os mandamentos que devemos cumprir para que Deus atenda nossas orações foram resumidos em dois: Crer no seu Filho Jesus Cristo, e  nos amarmos uns aos outros.
Quando a Palavra de Deus passa a estar em nós, o apóstolo S. João nos revela que passamos a imitar os passos de Cristo: "Aquele que diz que está nele, deve andar como ele andou" (1 Jo 2.6). (itálicos meus).
E isso acontece porque quando  mantemos contato longo e mais próximo com uma pessoa, temos a tendência de imitá-la, seja nas atitudes, modo de andar, falar, etc. O ser humano é facilmente influenciável porque  nascemos para viver em sociedade e aprender uns com os outros. E, por causa dessa influência, causada pela nossa constante exposição  à Palavra de Deus,  o apóstolo Paulo fez a seguinte descoberta: “... Nós temos a mente de Cristo"(1 Co 2.16) (itálicos meus).
Uma vez tendo a mente de Cristo nossos desejos jamais ferirão a vontade dele, jamais se chocarão contra a sua Palavra.
Conclusão: De acordo com os textos que acabamos de analisar, o termo “tudo” a que Jesus se refere em Mateus 21.22, diz respeito a tudo que for agradável a vista de Deus, isto é, tudo o que pedirmos segundo a vontade Dele. E  para que isso aconteça precisamos abandonar as coisas passadas e vivermos como novas criaturas, imitando o nosso Mestre e cumprindo os mandamentos do Pai, que são:  crer  no seu Filho  Jesus Cristo e amar o próximo como a nós mesmo. 
Agora faça uma análise de sua vida e responda a seguinte questão: Você está cumprindo estas exigências?  Se a sua resposta for “sim”, então, essa declaração de Cristo também é para você:
“Tudo o que pedirdes em oração, crendo recebereis” (Mt 21.22).

 Um grande abraço,
Leila Castanha
 06/2013