domingo, 10 de março de 2024

BÍBLIA, A INFALÍVEL PALAVRA DE DEUS


TEXTO BÍBLICO: SL 119.50

     Geralmente, quando estamos passando por algum problema ou precisamos de conforto e orientação em alguma área de nossa vida, procuramos as pessoas com quem temos maior intimidade e falamos com elas durante uma, duas, três ou mais horas. No entanto, se lembrássemos do que diz o Sl 119.50 - “Este é o meu consolo no meu sofrimento: a tua promessa dá-me vida”, não precisaríamos de tanto tempo para desabafarmos, mas em Cristo teríamos uma palavra de renovo. Que coisa maravilhosa é termos conosco a Palavra de Deus! No entanto, perdemos muito em não a utilizarmos nos momentos de sofrimento também, visto que a angústia muitas vezes nos afasta de Deus, quando, na verdade, Sua Palavra quer nos levar a Ele nos momentos doridos de nossas vidas.

Em Os.4.6. o Senhor diz que seu povo foi destruído porque lhes faltou o conhecimento, e, da mesma maneira, isso ocorre conosco: morremos na fé, morremos em nossas tribulações, não suportamos as provações que a vida nos impõe, porque não conhecemos o Deus a quem servimos. O salmista (Sl 42), faz uma dolorosa reflexão sobre a sua situação difícil, e parece até que o vejo chorando enquanto fala de sua dor, no entanto, a cada lamúria ele para e diz: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te desesperas dentro de mim?”, espera em Deus, pois ainda o louvarei, Ele é a salvação da minha alma, e o meu Deus”. O salmista conhecia seu problema, que não era fácil, mas também conhecia o seu Deus, que não era fraco. Ele sabia que seu problema era real, mas também tinha certeza de seu Deus era real. Ele sabia que seu problema o incomodava muito, no entanto, não tinha dúvida de que seu Deus se levantaria para auxiliá-lo.

Um dos problemas de nós, cristãos, é que nem todos conhecemos Jesus  de andarmos com ele, mas apenas de ouvirmos falar (Leia 1Jo 2.6 e Jó 42.5). O mesmo se dá com sua Palavra, saímos “papagaiando”, isto é, agindo como papagaios, repetindo sem refletir naquilo sobre o qual dizem ser a “Palavra de Deus”, e daí surgem muitas heresias (ensinamentos contrários à Bíblia), e citações que não estão nas Escrituras.

  Não era desse modo que agiam os irmãos bereanos (da cidade de Bereia, na Macedônia) - At 17.10,11. Paulo e Silas foram enviados à Bereia para pregarem, chegando lá foram muito bem recebidos, e os irmãos receberam a Palavra de muito bom grado, todavia, não se conformaram só em ouvir, mas, todos os dias examinavam as Escrituras para ver se o que pregavam era exatamente assim. É por isso que a palavra “bereanos”, hoje, virou sinônimo de “zelosos”. Esses irmãos eram, de fato, zelosos pela Palavra de Deus, e não tinham preguiça de examinar na Bíblia se o que estava sendo pregado (por mais bonito que fosse), estava em concordância com as Escrituras.

Hoje, infelizmente,  há muitos cristãos que não tem o hábito de ler a Bíblia, e sai “engolindo” tudo o que as pessoas pregam e ensinam, sem se dar ao trabalho cuidadoso de examinar a Palavra de Deus, para não serem levados por “ventos de doutrina”, conforme alerta Ef. 4.14. 

  Certa ocasião, Jesus perguntou aos seus discípulos sobre o que as pessoas diziam a respeito dele. Responderam-lhe que uns diziam que ele era João Batista, outros achavam que era Elias, alguns diziam que era Jeremias, e, ainda outros acreditavam que ele era um outro profeta. “OK” - Jesus respondeu-lhes -"E vocês, o que vocês dizem que eu sou?” Pedro se adiantou e respondeu sem pestanejar: “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo”. Jesus, então, dirigindo-se a Pedro, disse-lhe: “Essa descoberta não é sua, não veio de você. Quem te revelou isso foi o Espírito Santo” - Mt 16.13-17. 

  Desse texto acima exposto, tiramos duas lições: Primeiramente, Jesus perguntou o que os outros falavam a respeito dele - precisamos saber o que as pessoas sabem a respeito de Jesus; depois, ele quis saber sobre o que os discípulos sabiam - agora, nossa percepção a respeito dele deve vir, não da cultura dominante, nem das teorias filosóficas, nem do que o povo diz, nem de qualquer outra fonte que não seja a Bíblia, pois é o Espírito Santo quem nos revela a respeito de quem é Cristo. Outra verdade que devemos compreender é que t o Espírito Santo nos revela tudo por meio da BÍBLIA - Leia Mt 22.29-33 (é errado não conhecer a Bíblia); Jo 5.39 (é a Bíblia que fala quem é Jesus); Jo 14. 26 (o Espírito nos faz lembrar de tudo o que Jesus ensinou, e Jesus disse que os que creriam nele, o conheceriam pela Palavra de Deus - Jo 17.20).Veja o episódio de Felipe pregando ao eunuco da rainha de Candace (na verdade, ele não "pregou", pois o eunuco estava lendo a respeito de Jesus no livro do profeta Isaias, e o que Felipe fez foi apenas explicar o texto (leia At 8. 26-39)

  Para sabermos o valor que damos a Deus, basta observarmos o valor que damos a Sua Palavra. Um certo pensador disse: “A Bíblia é entre os livros aquilo que Cristo é para os homens” isto é, a importância que você dá à Bíblia em relação aos demais livros que você procura, é a mesma importância que você dá a Jesus. Todo fã procura conhecer a história de seu ídolo (sua biografia) para saber o que essa pessoa consumia, como vivia, o que gostava ou o que rejeitava. A biografia de Jesus está na Bíblia (Jo 5.39), e muitos cristãos não se interessam por conhecê-la.

  O apóstolo Paulo disse a Timótio  que enquanto ele aguardava sua visita, se dedicasse a três coisas: à leitura, à  exortação e ao ensino (1 Tm 4.13)  -  claro que as três coisas referidas falam a respeito da Bíblia. Em seguida (v.16) ele alerta Timóteo a ter cuidado dele mesmo (vigiar) e da doutrina (e onde se encontrava essa doutrina? - nas Escrituras).

  Atualmente, queremos ganhar as pessoas para Jesus como um lenhador que tenta derrubar uma árvore com o cabo do machado. A Palavra de Deus é o único instrumento poderoso para salvar. Jesus, quando esteve no mundo (na Terra), ele deu o exemplo para nós: falou que tudo o que falava, não era apenas o que ele queria falar, mas o que o Pai lhe ordenou que falasse, e ele sabia que essas palavras eram vida, ou seja, eram suficientes. Leia os versículos a seguir: Jo 12.49,50; Jo 6.38; Jo 8.28-32. Em Rm 1.16, o apóstolo Paulo mostrou aos irmãos de Roma (os romanos), que tinha o mesmo pensamento de Jesus, no tocante a eficácia, ou seja, a eficiência de Sua Palavra. Ele disse que não se envergonhava do Evangelho de Cristo, porque “É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO...” Daqui inferimos duas verdades: primeiro - havia cristãos que tinham vergonha de pregar o Evangelho; e, em segundo lugar, alguns achavam que só o Evangelho não seria suficiente para convencer o pecador. 

  Enquanto alguns cristãos queriam substituir o Evangelho por outras coisas para chamar público, Paulo disse que continuaria pregando esse Evangelho que recebeu da parte de Deus, porque ele "é poderoso para salvar". Na verdade, a Igreja de Cristo não quer público, o que ela procura é  DISCÍPULOS, ou seja, pessoas que vivam e compartilhem o que lhes foi ensinado por Cristo. Jesus disse que seremos seus discípulos se fizermos o que ele nos manda (Jo 15.14). E o que ele nos manda? Dentre tantas outras coisas,  ele nos manda ir - (não é esperarmos dentro da igreja) fazer discípulos -  (não simpatizantes. Discípulo é aluno; quem não gosta de aprender, não pode ensinar); batizar - (é um mandamento, uma ordem, não uma opção, como alguns parece pensar - veja Mc 16.16); ensinar as pessoas a guardar TODAS AS COISAS QUE ELE NOS ORDENOU (Leia Mt 28.19-20). Observe: nosso dever é ensinar tudo o que ele ensinou, assim como ele disse tudo o que o Pai lhe ordenou. Logo, o ensinamento deve fazer parte da Igreja de Jesus, para que aqueles que se aproximam de Deus seja aperfeiçoado na Palavra, pois é ela que nos dá vida espiritual - leia Jo 15.3-5.

A mensagem da Bíblia, aliada ao poder convencedor do Espírito Santo (Jo 16.7,8), é o suficiente para a conversão. Qualquer coisa fora disso, pode resultar em manifestação de pessoas, mas não em conversão, pois a transformação de alguém resulta no fruto do Espírito (Gl 5. 22). Converter alguém, isto é, transformar uma pessoa em uma nova criatura, é área que pertence a Deus, e só ele, por intermédio de Seu Espírito que opera pela Palavra, pode executar esse milagre. Busquemos pois, o Senhor em oração e amemos as Sagradas Escrituras.

 

No amor de Cristo,

Leila Castanha

 10/02/24


BIBLIOGRAFIA

Bases da fé cristã (Wayne Grudem)

Enciclopédia Estudos de Teologia (editora Semei)

Revista da EBD - 1991 - 2º trimestre, Maturidade Cristã, CPAD

Teologia sistemática, histórica e filosófica (Alister E. Mcgrath)

Novo dicionário de teologia bíblica (T. Desmond e Brian S. Rosner)


domingo, 3 de março de 2024

A BÍBLIA – O LIVRO


Pergaminho, feito de couro de animal curtido
Primeiramente, é importante que entendamos o significado do vocábulo “Bíblia”. Este nome consta apenas na capa do livro usado pelos cristãos, mas não o encontramos através de seu volume, isto é, não aparece nos livros que a compõem.
O termo “Bíblia” foi primeiramente aplicado às Escrituras por João Crisóstomo, grande reformador e patriarca de Constantinopla (Antigo nome de Istambul)  - 398-404 a.D. - (a.C. quer dizer, ano domini, ou ano do Senhor, é a mesma coisa que D.C. – Depois de Cristo. “Antes de Cristo”, abrevia-se  da seguinte forma: a.C. ). Jesus foi um personagem tão importante, que a história é dividida em “antes e depois de Cristo” (isto é, antes e depois do nascimento dele).
O vocábulo “Bíblia” deriva do grego e significa “Coleção de Livros Pequenos”. Se repararmos bem, veremos que faz todo o sentido a Bíblia ter recebido esse nome, pois ela é composta de vários livros pequenos, divididos em Novo e Antigo Testamento. A saber, 39 no Antigo (ou Velho) e 27 no Novo, somando o total de 66 livros.
O primeiro material utilizado para fazer a Bíblia chamava-se papiro. Após as hastes da folha desta planta ser preparada para a escrita, os gregos a chamavam de “biblos”. De acordo com a Enciclopédia Larousse Cultural esta planta (cyperus papyrus), “ocorria na África, às margens alagadiças do rio Nilo, sendo até hoje cultivada no sul da Itália”.
Por volta do século II (séc. 2º) surgiu o pergaminho, que substituiu o papiro. Assim, os livros (inclusive a Bíblia) já não eram mais produzidos com hastes de uma planta (papiro), mas com a pele de animal ovino ou caprino, a qual era curtida e preparada para se escrever, e recebeu o nome de pergaminho.
Lembre-se de que a Bíblia, assim como os livros antigos, era manuseada em forma de rolo, e ao rolo pequeno de papiro, os gregos chamavam de “biblion”, e o plural de “biblion” é “bíblia”. Portanto, para os gregos, “bíblia” era um termo comum para “coleção de livros pequenos”, e posteriormente, este nome foi dado à Palavra de Deus, por ser ela composta por 66 pequenos livros, que começam com gêneses e acabam com Apocalipse.  Este termo “Bíblia” também é traduzido como “biblioteca”, isto é, local  onde contém coleção de livros.
Os nomes mais comuns pelos quais a Bíblia é conhecida são:
·         ESCRITURAS OU SAGRADAS ESCRITURAS: Veja Mt 21:42; Rm 1.2;
·         A PALAVRA DE DEUS: Mc. 7.13; Hb 4.12;
·         O LIVRO DO SENHOR: Is 34.16;
·         A PALAVRA DA VERDADE: Tg 1. 18;
·         A PALAVRA DE CRISTO: Cl 3.16
Os autores da Bíblia foram diversos: Por exemplo, no Novo Testamento, temos cartas escritas pelo apóstolo Paulo, o livro de Mateus é de autoria do próprio Mateus, o Apocalipse é de autoria de João, e assim por diante. No antigo Testamento, o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia- gênesis até Deuteronômio-, são de autoria de Moisés), há Salmos da autoria de Davi, de Moisés e de outros autores, e assim sucessivamente. Por isso, podemos afirmar que a Bíblia é um conjunto (coleção) de livros de vários autores, porém, uma grande parte destas pessoas viveu em épocas e lugares diferentes o que nos permite dizer que seus escritos foram inspirados pelo Espírito Santo, para seus textos terem sincronia e depois serem achados e reunidos num só livro.
Embora os autores sejam diversos, o autor é o próprio Deus, pois a Bíblia é um livro que trata da vontade de Deus e relata seus mandamentos aos homens, além disso sua escrita foi inspirada pelo Espírito Santo (1Tm 3.16). Ela não engrandece nenhum outro homem a não ser o próprio Deus, através de seu Filho Jesus, o qual dissera ter vindo a Terra fazer a vontade do Pai que o enviou. (Jo 5.30)
O propósito da Bíblia ter sido escrita, é exatamente de apresentar Jesus, como o único caminho que leva o homem de volta à Deus, livrando-o da condenação eterna, predestinada a toda a humanidade desde o pecado de Adão e Eva. João, disse que todos os relatos acerca de Cristo o qual escrevera, foi com o propósito de que creiamos que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e que crendo nele tenhamos vida eterna. (Jo 20.30,31)
A Bíblia se ocupa em contar o principio de tudo, ou seja, como tudo começou, através do livro de Gênesis, que segundo os estudiosos, é de autoria de Moisés (o nome Gênesis significa “começo” ou “inicio”);  Em Êxodo, ela conta através dos escritos de Moisés, sobre o êxodo do povo de Israel do Egito para Canaã (a palavra êxodo significa saída); Levítico, também da autoria de Moisés, é a continuação da história de Êxodo e trata sobre a leis que Deus deu a Moises até a partida de Israel do Monte Sinai (Nm 10.11). Embora o nome levíticos reporta-nos ao sacerdócio levítico, ele também trata não só dos levitas (israelitas da tribo de Levi, que foram separados para o serviço de Deus), mas também de todo o Israel. Números, outro livro de Moisés, relata o número do povo de acordo com suas tribos, ou seja, o recenseamento (que é a contagem do povo)- Leia o capitulo 1 e você entenderá melhor.  Deuteronômio, significa segunda lei, porque aqui é narrado a recapitulação das leis de Deus para a nova geração daqueles que peregrinavam no deserto. Passara-se muitos anos e agora os filhos dos israelitas que saíram do Egito, ainda peregrinavam em busca de Canaã, e Moisés relembra a eles tudo o que Deus ordenou em suas leis, como a celebração da páscoa e a lei do monte Sinal (os dez mandamentos), etc. Se continuarmos, veremos que os títulos de todos os livros da Bíblia tem um sentido referente ao que o livro trata.

No Novo Testamento, encontramos as cartas paulinas (escritas pelo apóstolo Paulo). A Epístola aos Romanos, por exemplo, trata-se da carta escrita por Paulo aos irmão de Roma. (A palavra "epístola", significa "carta") Eo nome do autor geralmente aparece no primeiro capítulo do livro, leia, por exemplo Romanos 1.1-7. No versículo 1 você encontrará o nome do autor e no versículo 7 o do destinatário (a quem ele escreveu). As Epístolas aos Corintios, são duas cartas do apóstolo Paulo, enviadas para os irmãos romanos, por isso são classificadas como 1 e 2 Coríntios, isto é,1ª e 2ª carta do apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Corinto. A epístolas aos Efésios foi escrita também por Paulo para os irmãos de Éfeso e assim por diante.

Entendemos,portanto, que a Bíblia começa com a história de como tudo começou (os astros, os animais, o homem), e por isso o nome do livro que conta o começo das coisas é Gênesis. No entanto, ela termina com o livro que nos revela como tudo irá acabar, por isso o nome do último livro da Bíblia chama-se Apocalipse, que significa “Revelação”.
Por enquanto fiquemos por aqui, e realmente espero ter ajudado.

Um forte abraço,
No amor de Cristo,
Leila Castanha.

domingo, 29 de maio de 2022

AS COSMOVISÕES ANTICRISTÃS


https://cinescontemporaneos.wordpress.com/

Primeiramente, para entendermos esse assunto, vamos entender o que são cosmovisões.

COSMOVISÕES: De acordo com a Larousse Cultural, essa palavra é originada de outras duas de origens diferentes: Kosmos (grego- significa mundo) e visio, visiones (latim – significa visão). Assim sendo, COSMOVISÃO é a “visão do mundo e do homem, ponto de vista a respeito do Universo, nas várias filosofias”.

Em poucas palavras, pode-se dizer que COSMOVISÕES são as nossas percepções a respeito do mundo, isto é, como vemos e interpretamos a realidade. Partindo desse entendimento, ao falarmos de COSMOVISÕES ANTICRISTÃS entendemos ser todo pensamento, ideia ou filosofia que se choca contra a Palavra de Deus.

 

SÉCULO 21 E AS COSMOVISÕES ANTICRISTÃS

O pensamento atual defende o respeito às crenças e aos valores de todos. Em nome desse respeito, não se pode falar nada que fira a crença alheia. Isso tem exigido a Igreja a rever seu modo de pregar o Evangelho sem secularizar a Palavra de Deus, mas, ao mesmo tendo, usando de estratégias para evitar processos, no caso de alguém alegar ter sido ofendido pela pregação do Evangelho.

Veremos a seguir algumas ideias que têm se estabelecido no pensamento hodierno (atual, moderno) e quais são as suas consequências em relação à Igreja.

Existem três pensamentos decorrentes das cosmovisões anticristãs, os quais são: pluralismo, humanismo e relativismo. Nesse estudo me aplicarei em comentar apenas o pluralismo e o humanismo para o texto não ficar muito extenso.

 

O QUE É PLURALISMO?

O termo “pluralismo” indica algo que não é único, ou seja, que possui multiplicidade. O pluralismo religioso se refere a todas as crenças como legítimas, e defende que todos os caminhos levam a Deus. Assim, há pluralismo religioso quando se aceita como válidas ideias religiosas diferentes e até contraditórias entre si. Por exemplo: Eu posso concordar com a doutrina de determinada religião que prega a prática de boas obras como requisito definidor de uma pessoa que pertence a Deus, porque a Bíblia também defende tais práticas como próprias do comportamento cristão, no entanto, não posso aceitar o ensinamento de tal religião quando prega que as boas obras por si só são capazes de levar alguém à salvação. Isso porque a Bíblia declara que só Jesus pode conceder o perdão dos pecados e justificar o homem diante de Deus (Rm 5: 1,16-18; 8:5; 1 Co 6:11; Gl 3:24; Fp 3:9 etc).

 Jesus disse que ele é “o único caminho” que leva a Deus (Jo 14.6), logo não posso concordar que “qualquer caminho” seja possível para alcançar esse fim. Porém, se eu aderir ao pluralismo religioso precisarei aceitar que não há “um único” caminho para alguém se relacionar com Deus, mas “muitos”, e que cada pessoa deverá encontrar o seu modo de ter acesso à divindade.

Alguns cristãos defendem o pluralismo religioso porque o confunde com liberdade religiosa. A liberdade religiosa me faz respeitar o direito das pessoas de escolher qualquer crença, independente da minha. O pluralismo religioso me conduz a escolher as crenças de outras pessoas agregando-as às minhas.  Ou seja, uma coisa é legitimar o direito das pessoas em crer no que quiserem, outra coisa, bem diferente, é legitimar essas crenças aceitando-as como verdades.

Outro problema bem comum na concepção moderna é a ignorância sobre as concepções de “respeito às crenças” e “liberdade de expressão”. A meu ver, nesse contexto, respeitar a crença de alguém é dar à pessoa a liberdade de seguir ou acreditar no que quiser.  Liberdade de expressão é dar às pessoas a liberdade de exprimir suas crenças. Na modernidade, é bem claro nosso dever de respeitar as crenças alheias, mas não é politicamente correto expressar nossas crenças religiosas, sob o pretexto de que podem “desagradar” a alguém, uma atitude que, aos poucos, vai cerceando nossa liberdade de expressão. Somos o que somos por meio de nossas relações sociais, culturais, políticas e religiosas, e é a totalidade dessas partes que formam nossa visão de mundo.  

Precisamos nos atentar para a realidade de que sempre haverá pensamentos contraditórios a nossa fé, e cabe a nós, cristãos, respeitar o livre arbítrio que Deus deu às pessoas, nos relacionando com todos de modo respeitoso, sem discriminar ninguém por conta de sua opção de fé, mas mantendo o diálogo inter-religioso, franco, mas, ao mesmo tempo, com respeito à liberdade do outro.

Por outro lado, no âmbito de nossa crença, não podemos conceber o pluralismo religioso, pois aos que querem introduzir na igreja doutrinas diferentes das professadas pela Palavra de Deus, ou contrárias a ela, a Bíblia chama herege, e nos faz severas advertências contra as tais pessoas e ensinamentos (Gl 1:8; Ap 22:18,19; 2 Pe 2:2-3; Cl 2:6,7; 1Tm 6:3-5; Gl 1.8,9; Gl 1:6,7; Ef 4:14,15)

 

HUMANISMO:

De acordo com a Larousse Cultural, essa palavra provém do francês “humanisme” e se trata de uma “corrente filosófica que coloca o homem e os valores humanos acima de todos os outros valores. Em outras palavras, o humanismo é a deificação do homem, isto é., tudo se baseia no ser humano.

 Esse movimento aconteceu no século XV (15) na Itália, e teve grande influência na mentalidade religiosa na Idade Média. É importante nos lembrar que a Idade Média foi um período em que o pensamento religioso era predominante, de modo que todas as esferas da vida estavam envolvidas pelo pensamento teocêntrico (Deus no centro). Se antes havia a crença de que Deus era o centro de todas as coisas, agora era o homem quem deveria ocupar esse lugar (antropocentrismo). Ninguém precisava mais “olhar para cima” a fim de medir suas práticas, crenças e filosofias, tudo dependia agora da subjetividade, individualidade e experiências humanas. O homem teria que olhar para si mesmo para medir suas ações, crenças e atitudes, por meio não apenas da fé, mas da experiência.

Vemos essa prática desde há muito, antes mesmo do antropocentrismo receber esse nome. A Igreja de Sardes estava vivendo segundo as suas próprias normas, deixando Jesus fora dela (Ap 3.1,2), isto indica que tinha cara de Igreja, mas não passavam de organização religiosa. Outra igreja que agia da mesma forma (antropocentricamente) era a igreja de Laodiceia, seus membros “se achavam” enquanto para Cristo eles estavam mortos, isto é, estavam vivendo segundo seus próprios conceitos, e acreditavam que agradavam a Deus  (Ap 3.14-18).

Na Idade Média, apesar do antropocentrismo ter adentrado na igreja, a religião não foi desprezada, mas sofreu um “reajuste”, pois agora o homem era protagonista da história, visto que, segundo o entendimento dos pensadores da época, sendo dotado de inteligência, o homem poderia mudar o seu destino. Assim, não haveria mais verdades preestabelecidas, tudo deveria ser passado pela experimentação (empirismo). O EMPIRISMO é a “maneira de se comportar levando em conta as circunstâncias e sem princípios preestabelecidos; pragmatismo”. (Larousse Cultural).

O pragmatismo é uma corrente de pensamento que defende que a validade de uma doutrina (ensinamento) é determinada pelo seu efeito prático. Um cristão pragmático é aquele que só aceita as verdades bíblicas que lhe sejam úteis, ou seja, aquelas que funcionam na prática. Conduzidos por tal pensamento, há igrejas que abdicaram da oração e promovem shows gospel, por exemplo, porque alegam que o povo moderno não gosta de orar, então precisam “se modernizar” para chamar a atenção do povo para Cristo. Uma coisa é modernizar-se, outra coisa é renegar os fundamentos da fé cristã. Sem oração não há comunicação da Igreja com Deus o que acarretará a suspensão da comunicação de Deus com a Igreja. É só observamos o que ocasionou o chamado “Período Interbíblico”, no qual Deus ficou durante muito tempo sem se comunicar com o povo.

Outros desprezam o ensino da Palavra de Deus sob o pretexto de atrair almas para Cristo por meio de práticas modernas. No entanto, o apóstolo Paulo dizia aos irmãos de Roma que não se envergonhava do Evangelho de Cristo porque “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”. (Rm 1.16) grifo meu. Veja que pensamento diferente de alguns líderes cristãos modernos: a “isca” para salvação, segundo o apóstolo Paulo, é o Evangelho de Cristo, e muitos estão querendo trazer almas para Cristo, sem o PODER DE DEUS, assim como cortar uma árvore com o cabo do machado.

Uma Igreja que abraça a filosofia humanista não pode ser considerada cristã, visto que isso a forçará  adaptar as doutrinas bíblicas ao parecer moderno, e, ao invés se moldarem aos ditames bíblicos, toda a mensagem da Palavra será adaptada ao contento dos ouvintes. A Bíblia já previa essa inversão dos valores cristãos. O apóstolo Paulo disse que nos últimos tempos haveria homens amantes de si mesmos, e que “virá tempo que não suportarão a sã doutrina; ... amontoarão para si doutores conforme a suas próprias concupiscências”. (2 Tm 2.1, 22; Tm 2.3). (grifo meu)

No humanismo só serve aquilo que agrada ao homem, o que lhe deixa confortável, no entanto, a Palavra de Deus é quem dita nossa conduta e conduz os nossos pensamentos, ou seja, não podemos escolher no que crer e o que queremos fazer. A exemplo do Sl 119:105, a Palavra de Deus deve ser lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Leia também: Ef 5.1-15; Mt 10:32, 39; Mc 16:15,16; Rm 12.8; Ef.4:22-24; 1Pe 1:14-16; ‘Ts 4:7; Rm 6:11; Cl 3.5-8; 1Co 6.9-11 etc.

Cristianismo é Cristo no centro. O que Ele diz deve ser lei para o cristão, independente de nossa compreensão, sentimento ou experiência.

E, como disse o apóstolo Pedro: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” – At 5.29

 

Que o Espírito Santo ilumine nossas mentes e nos ajude a ser fiéis até o fim.

No amor de Cristo,

Leila Castanha

 

 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

AVIVAMENTO: COMO ACONTECE

 
Imagem extraída de https://miro.medium.com/max/3200/1*Y_3bzds3U5T31EUKmxn-1A.jpeg

De acordo com J.I.Parcker, um reavivamento anima ou reanima as igrejas cristãs, para que exerçam um impacto espritual e moral sobre as comunidades. Conforme a leitura  de Atos 2.41-47, num reavivamento deve haver:

a) Um impressionante senso da presença de Deus e da verdade do Evangelho.  No dia de Pentecostes, o povo ficou assustado com tamanha operação sem precedente. O carcereiro não queria saber de outra coisa a não ser o que devereria fazer para alcançar o perdão de seus pecados (herdar a vida eterna). Na Igreja Primitiva, a igreja caia na graça do povo devido aos milagres que se faziam em nome de Jesus e muitos se convertiam. Não podemos convencer ninguém falando de coisas que não conhecemos, assim também para pregarmos o Evangelho e vir um avivamento, devemos gozar da presença de Deus e praticar o Evangelho.

John Owen, um puritano, considerado um dos três maiores teólogos reformado de todos os tempos, junto com Calvino e Jonathan Edwards, dizia que só prega bem um sermão para os outros quando também o prega para a sua própria alma. Se a Palavra não exercer poder em nós, nao conseguirá sair de nós com poder.

Os mestres puritanos entendiam a autoridade das Escrituras não apenas como Palavra de Deus, mas também como o poder de Deus, sob a forma de experiência pessoal, as quais eles reconheciam como instrumento de iluminação e  aplicação do Espírito Santo.

b) Um profundo arrependimento com a aceitação de Cristo, de coração (v. 43). O apóstolo Luiz Hermínio, em uma de suas pregações, afirmou uma  grande verdade: "Avivamento não é quando a gente sai da igreja feliz com o pregadodr, mas quando saimos triste conosco mesmo". Ou seja, há avivamento quando há confronto com o pecado e saímos envergonhados com os nossos atos pecaminosos, arrependidos e com o coração contrito.

O famoso sermão de Jonathan Edwards, "pecadores nas  mãos  de  um Deus irado", fez com que as pessoas se segurassem nos bancos com medo de cair no inferno, e nas casas podia-se ouvir o lamento de arrependimento do povo.

c) Testemunhos do  poder e da glória de Cristo, para promover a glória Dele (v.40). o apóstolo Luiz Hermínio relatou que nasceu em lar cristão e se preocupava muito em aumentar sua meta, procurando fazer mais para Deus. Após conhecer a Jesus ele percebeu que seu zelo religioso não tinha qualquer importância e procurou perseguir ao próprio Cristo a fim de encontrá-lo. Avivamento é precedido por humildade. Quando João Batista estava preparando o caminho para Jesus, uma das falas dele foi "convém que  ele cresça e eu diminua".Quando há esse sentimento no povo de Deus, pode ser um prelúdio de um avivamento às portas. O próprio Jesus alegava que o que Ele fazia fazia-o de acordo com o que o Pai lhe enviou a fazer, ou seja, ele obedecia. A Bíblia diz que Jesus despojou-se de si mesmo e rebaixou-se a semelhança de homem (Fp 2. 6-11). O apóstolo Paulo também disse que ele já não vivia, mas era Cristo quem vivia nele (Gl 2.20).

Avivamento só é possível com a nossa "morte", isto é, quando nos despojamos de nós mesmos e deixamos a glória de Deus brilhar em nós.

d) A alegria no Senhor, o amor ao  seu povo e o temor de pecar são evidentes (vv. 43, 44).  O salmo 51.10,11 observamos o desespero do salmista suplicando que Deus não retirasse o seu Espírito Santo de sua vida. Davi dizia (Sl 119.11) que escondeu a palavra de Deus no coração para não pecar contra ele. Em Ap 2. 1-5. Em relação ao amor,  Jesus apontou três coisas na igreja de Éfeso dizendo que Ele conhecia:

A) conheço tuas obras: a igreja não tolerava os homens maus (pessoas más), e nem os que usavam de engano;

B) conheço teu labor (trabalho): a igreja trabalhava arduamente;

C) conheço a  tua perseverança (paciência): a igreja sofreu por amor ao seu nome e não desfaleceu na fé. Não basta sofrer pelo nome de Jesus se no final perdermos o entusiasmo promovido pela fé. (hb 11.1)

No entanto, havia uma coisa na qual foi  reprovada, isto é, faltou o primeiro amor. Não faltou amor, pois de alguma maneira a igreja tinha amor, o que faltou foi o amor que sentiam nos primórdios da fé, o primeiro amor. Aquele que todo novo convertido possui, que nos impele a fazer o que for preciso para aprender de e com Cristo. Aquele amor que pensa nas pessoas sem Jesus padecendo na eternidade.  Sem o primeiro  amor corremos o risco de virarmos crentes programados: fazemos tudo o que tem que fazer porque conhecemos bem a cartilha do B-A-BA bíblico. Ou nos tornamos crentes apáticos, de modo que não nos importamos com nada nem com ninguém: se trabalhamos na obra está bom, se estamos parados melhor ainda; se alguém aceita Cristo nos cultos é ótimo, mas se não há manifestações de almas paciência. Perder o primeiro amor significa que temos que dar uma repaginada em nossa vida cristã para vermos onde ou quando perdemos esse ingrediente indispensável para a Igreja.

Neemias (8.10) anima o povo a se alegrar no Senhor, porque, disse ele: "A alegria do Senhor é a nossa força". No Salmo 100 o salmista dá uma lição de como louvar ao  Senhor, e dentre as demais coisas ele chama a atenção do povo  dizendo-lhes: "louvai ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico". Deus  gosta de servos alegres, porque em sua presença há abundancia de alegria (Sl 16.11)

Agora vamos falar um pouco sobre os puritanos.

Puritanismo: Foi um movimento religioso protestante, que começou na Inglaterra em  linhas mais reformistas, nos séculos 16 e 17. Esse movimento começou no século 14 com o pré-reformador, professor e teólogo John Wicliffe e os seus  seguidores, os lolardos, que exigiam a reforma da Igreja Católica, no século 14. Wicliffe trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o inglês. Hoje, quando se fala em puritano vem a ideia de alguém quadrado, exagerado e extremamente tradicional. No entanto, os puritanos eram teólogos, intelectuais, pastores dos séculos XVI e XVII que davam primazia à Palavra de Deus e à oração, como meio de se obter a santidade. 

De acordo com Richard Baxter, que era um pastor puritano inglês, do século 17, os puritanos eram educadores da mente. O ponto de partida deles era que a mente precisava ser iluminada e instruída, antes que a fé e a obediência sejam possíveis. É dele a  frase "a ignorância é quase todo o erro". Ele visitava a casa de todos os crentes para lhes ensinar as Escrituras, e a igreja que liderava tinha cerca de 800 membros. 

Ronaldo Lidório, autor do livro "Vocacionados", disse em outras palavras essas verdades acima ao afirmar que "o ministério não nos define, o que nos define é a nossa vida em Cristo". Ou seja, serviço e vivência pode não estar em harmonia. Eu posso  ser uma professora de Língua Portuguesa, mas não utilizar as regras gramaticais corretamente no momento da escrita.

Para acontecer um avivamente, não basta conhecermos a Bíblia, mas vivê-la. Ela tem que fazer parte de nós. Devemos viver o Evangelho de  modo que não podemos nos desvencilhar dele em nenhum lugar ou momento. Quanto a isso, o Dr. Stephen Finemore, pastor batista na Inglaterra, em um de seus livros escreveu que devemos nos lembrar que somos igreja, não só aos domingos quando nos reunimos nos cultos, mas na escola, no trabalho, no hospital etc. Ele diz que vocação cristão não é ser pregador, pastor ou teólogo, mas é ser conselheiro, psicólogo, taxista etc.

O Dr. Finemore também chama a atenção para o erro de alguns pentecostais acharem que os dons principais são  os usados dentro da igreja. Em sua visão bíblica, ele defende que os crentes devem ser incentivados a trabalhar fora da igreja. Não como os jovens que ele citou como exemplo, que não aceitaram o trabalho para o qual foram comissionados porque para eles "não era espiritual". 

Os homens da história que foram responsáveis pelos grandes avivamentos, lutaram pelas causas sociais, como John Wesley, Finney, dentre outros. Carey foi um homem que Deus usou poderosamente para ajudar a  Índia, no  entanto, a igreja que ele abriu lá, em sua época não teve tanto sucesso quanto as obras sociais que ele ajudou a implatar. Ao morrer ele foi honrado, e outros missionários conseguiram levar a Palavra de Deus naquelas terras, porque o missionário Carey abriu as portas daquele país com seus trabalhos "seculares".

A Bíblia e exemplos de comissão dada por Deus ao seu povo:

José foi usado por Deus no  Egito para prover provisões em tempos difíceis e salvar o seu povo;

Moisés foi escalado por Deus para libertar o povo hebreu da escravidão;

Elias vivia confrontando os atos maléficos dos reis contra o povo;

Neemias foi separado para levantar os muros de Jerusalém a fim de fortificá-la;

Ester foi a peça-chave para livrar os judeus da extinção;

Davi agiu para livrar seus compatriotas da opressão dos filisteus que os aterrorizavam através de seu campeão Golias; 

A Igreja Primitiva se mobilizou pela causa dos pobre e necessitados da comunidade cristã.


Ficaremos por aqui, mas o meu desejo é que o Espírito Santo nos ilumine a fim de compreendermos que, como disse um determinado escritor, o alvo das missões é trazer as nações a glorificar a Deus. E como faremos isso? Mostrando-lhes que somos gente como eles e nos importando com as suas necessidades (todas elas, não apenas as espirituais), pois somos seres tríplice, possuimos corpo, alma e espírito. Bem explicou Tiago (2. 15-18), que de nada vale dizer "Deus  te abençoe" se não nos deixar ser os instrumentos para Deus abençoar o nosso próximo. Sobre esse assunto a Bíblia é vasta. Leia também Jo 13.34, 35; At 2.41-44; 4.32-37; 6.1-6; 11.27; Hb 10. 32-34; Gl 2.7-10; 1Co 16. 1-3; 2 Co 8.1-6; 9.1,2; 8.13-15, 18-23; Rm 15. 26,27.


Desejo que o Espírito Santo seja fecundo em sua vida.

Leila Castanha

AVIVAMENTO E SEUS ELEMENTOS

 

imagem extraída de Pinterest

O que é avivamento espiritual?

O nome já indica que é um acontecimento voltado ao âmbito espiritual. O avivamento é uma operação sobrenatural do Espírito Santo na Igreja para trazê-la  de volta à verdadeira comunhão com Deus (Is 59.2) - onde não há a presença de Deus há morte espiritual. Um avivamento anima ou reanima as igrejas cristãs, para que exerçam um impacto espiritual e moral sobre as comunidades.

Significado do nome "avivamento": Essa palavra é originada do hebraico e significa "preservar" ou "manter vivo".

Habacuque e seu pedido por avivamento: "Senhor, ouvi falar da tua fama; temo diante de teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia". (Hc 3. 2) - NVI (nova versão internacional). Com base nesse versículo, observamos que "avivamento" é o ato de Deus "realizar de novo, em nossa época, as mesmas obras que fizera antes, e torna-las conhecidas", agora por meio da sua Igreja.

Para ocorrer o avivamento sempre haverá perdas: Ao lermos os capítulos 1 até o 3, percebemos que Deus profetiza castigo para o seu povo, no entanto, Habacuque não pede para  Ele retirar o castigo, mas que transforme essa situação em um avivamento, isto é, em um meio de realizar de novo as operações divinas que aconteciam quando Israel andava em obediência. Para isso, Habacuque sabia que a Lei de Deus deveria ser novamente trazida aos ouvidos e coração do povo, pois ele frisa que Deus é Santo (Hc 2. 20; 3. 3). Sem santidade, isto é, sem a separação das coisas que desonram a Deus, não há avivamento.

Israel perdeu sua liberdade, mas muitas vezes precisamos perder pessoas que não se adequam à santidade: Isso aconteceu quando o povo retornou à Judá, Esdras ensinou a lei de Deus repetidamente para que o Senhor voltasse para o meio do povo e também expulsou todas as mulheres que os israelitas trouxeram do exílio, porque com elas também vinham suas culturas pagãs (Leia Ne 13 e Es 10). No livro "O obreiro aprovado", da autoria de Richard Baxter, o autor conta a história de um pastor que foi a uma reunião e disse que resolveu ensinar a Bíblia a sua igreja, de modo que estava havendo o maior avivamento que ele já presenciou. Perguntaram-lhe quantas almas haviam sido salvas, e ele respondeu que nenhuma, pelo contrário, a igreja havia perdido quinhentas pessoas.

Ou seja, para haver um avivamento, muitas vezes Deus precisará separar o joio do trigo, pois todo avivamento legítimo é pautado na abnegação à Palavra de Deus.

4 principais elementos que não podem faltar para a promoção de um avivamento: oração, fé, Bíblia e  louvor, não necessariamente nessa ordem, pois todos esses requisitos se complementam.

1) oração:Gary Luther Royer, em seu livro "Vale a pena ser pobre", relata que um velho judeu disse essas palavras: "A oração é o momento em que a Terra e o Céu se beijam". Ou seja, não há momento mais íntimo entre o homem e Deus do que na oração. John Pipper fez uma analogia para explicar quanto perdemos por negligenciar a oração, dizendo que em nossos problemas diários agimos como um motorista de ônibus que tenta inultilmente tirar o veículo de um atoleiro, sendo que dentro do ônibus está o Clark Kent (Super homem).

Alguém disse que não podemos fazer nada sem Deus, no entanto, Deus não fará nada sem nós. Para haver um avivamento, precisamos depender de Deus, e a oração é um modo de mostrarmos a nossa depência dele, e quando nos rendemos a  Ele o seu poder opera em nós e através de nós.

Leia esses textos e veja como deve ser nossa oração (Tg 4.1-4; 1 Jo 3. 21-24).  cristão é chamado a viver uma vida de pleno contato com Deus por meio da oração.

Leia sobre a importância de orar: (devemos orar sempre) 1 Ts 5.17; (orar em todas as ocasiões) Ef 6. 18; (interceder pelos não crentes e pelos irmãos de fé) I Tm 2.1,2; Rm 15.30; (ter fé ao orar) Tg 5.  17,18; (Entregar nossas ansiedades a Ele) Fp 4.7; 1 Pe 5.7.


2) : Nada faz sentido se o cristão não tiver fé, isso fica bem claro em Hebreus 11.6: "Ora, sem fé é impossível agradar Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam" (NVI). 

Em Tito (1.1,2) Paulo afirma que escreveu para levar os crentes à e ao conhecimento da verdade. O apóstolo Paulo não estava preocupado com a teoria (conhecimento), mas sua carta foi para promover a fé (crença na teoria). Não pode haver avivamento se não cremos nas verdades da Palavra de Deus. E, se cremos, precisamos viver essas verdades, senão não passam de palavras. Essa fé não é apenas para nós, assim como o avivamento é um acontecimento coletivo. A fé dos homens que levaram o paralítico a Jesus fez com que o doente fosse curado (Mt 9.2).

Em 1 Jo 5. 4, o apóstolo João dá a receita para se vencer o mundo, isto é, por meio da nossa fé. Sem fé, não conseguimos agir. Paulo diz aos irmãos de Tessalônica (1Ts 1.3) que o trabalho que eles haviam realizado era resultado da fé que eles tinham. Não conseguimos praticar aquilo no qual não cremos, por isso o apóstolo aos gentios (Paulo) diz para usarmos o escudo da fé (Ef 6.16). Se cremos de fato em algo, apagamos toda a palavra contrária que vem para nos desanimar, pois a fé nos faz ver o impossível (Mc 9.23). Ao mesmo tempo, o galardão, isto é, a recompensa foi para os que levaram o paralítico, pois puderam ver a glória de Deus através da vida de outra pessoa (Jo 11.40). 

Nossa fé não pode ser baseada na sabedoria humano, isto é, não podemos olhar as coisas espirituais do mesmo modo que olhamos as materiais (1 Co 2.5; Gl 2.20). 


3) Bíblia: Buscar avivamento ou qualquer coisa de âmbito espiritual sem a Palavra de Deus é construir uma casa na areia. Em Mt 15. 28 vemos uma cena impossível acontecer porque os discípulos fizeram a distribuição da comida sob a autoridade da Palavra de  Jesus. O mesmo ocorreu no episódio da pesca maravilhosa, sob a Palavra do Senhor eles lançaram a rede, não obstante a experiência que tinham como pescadores, e o resultado foi maravilhoso (Lc 5.1-8). A mulher que sofria de fluxo de sangue também alcançou a cura pelo poder da palavra de Jesus: "Filha, a tua  fé te salvou; vá em paz e sê curada". Mas uma vez, a fé levou a mulher a agir indo atrás de Jesus, e debaixo da autoridade da palavra dele ela foi curada. 

É a Palavra de Deus que nos limpa (Jo 15. 3). Só alcançaremos o que queremos (no caso, um avivamento) se permanecermos em Jesus e a Sua Palavra permanecer em nós ( Jo 15. 7)


A operação divina às vezes leva tempo

Habacuque queria que o avivamento surgisse ainda em seus dias (seu tempo), mas sabemos que Deus tem os seus propósitos. Muitas vezes Deus age com o povo incrédulo como aquele ditado "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura", isso requer tempo  e paciência. O salmista confessou no Salmo 40 que esperou com paciência no Senhor. Daniel também teve que esperar, pois estava havendo uma batalha espiritual que impedia chegar a resposta a sua oração. Geralmente, o avivamento vem enquanto estamos "arrumando a casa".

Podemos pegar alguns exemplos mais perto do nosso tempo, como é o caso de John Wesley. Esse homem foi um dos maiores avivalista da Grã-Bretanha. Ele precisou lutar por muito tempo em favor das causas sociais enquanto pregava sobre avivamento. Finney pregava sobre a escravidão nos EUA e foi um dos maiores avivalistas em seu país. Uma coisa importante de se saber é que o avivamento traz mudanças não apenas espiritual, mas em todas as esferas sociais. 


4) Louvor: John Pipper afirmou em um dos seus livros que "a adoração é autêntica quando ela tem um fim em si mesma", ou seja, ela não é causada como meio de se chegar a outra coisa. Os sentimentos de adoração a Deus devem surgir pelo que Ele é, e não pelo que podemos alcançar por  meio dele.

John Pipper usa a seguinte analogia para explicar o que é um sentimento autêntico: ele diz que ao deparmo-nos com uma onça não pensamos com que propósito devemos sentir medo, o medo surge e pronto. Assim, disse ele, é a adoração autêntica. Não há um porquê adorarmos a Deus, esse sentimento faz parte de nós, e quando o fazemos ele é espontâneo.

Disse outro autor que, muitas vezes louvamos ao Senhor como um marido que dá um buquê de rosas à esposa, e quando ela agradece ele lhe responde: "Não foi nada. Só fiz a minha obrigação". É claro que todo esforço dele em agradá-la foi perdido.

Outro exemplo que achei interessante, não me recordo do nome onde li ou ouvi, foi o seguinte: o marido chega em casa e pergunta a esposa: "Tenho que te beijar?". Ao que a esposa responde: "Você deveria, mas não é obrigada". Agimos assim ao louvar a Deus, principalmente quando as coisas não vão bem. Fazemos por obrigação ou não fazemos  porque não nos sentimos dispostos. Como será que Deus se sente em relação ao nosso louvor?

Sobre adorar/louvar a Deus, leia esses belíssimos textos bíblicos: Sl 100; Hb 12.28, 29; Jo 1.20; 4. 24; Sl 2.11; 63.3,4; 29.2; Ap 4.11; At 17.24.


Que Deus nos desperte para um avivamento

No amor de Cristo,

Leila Castanha

O AVIVAMENTO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A IGREJA


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Avivamento vem da palavra avivar, que no hebraico significa “preservar, manter vivo”. A partir desse entendimento, compreendemos que avivamento é o meio pelo qual a Igreja é preservada,  se mantém viva. Mas essa é uma obra sobrenatural, realizada pelo Espírito Santo, e o Espírito Santo aviva a Igreja preservando os seus valores, mantendo vivos os seus princípios, os quais fazem ela ser Igreja, isto é, a diferencia do Mundo.

A necessidade de um avivamento na Igreja se dá quando ela começa a perder a forma de Igreja, ou seja, quando está em risco de pegar a forma (o formato), a aparência do Mundo. E quando isso acontece, a Igreja fica à beira da morte, por isso, avivamento é, também, o ato de manter vivo aquilo que está  ameaçado de morrer.

A Igreja morre quando ela para de agir, quando ela fica inerte em sua missão como Igreja, pois quando o Corpo de Cristo para de funcionar, organismos maléficos se aproveitam para sugar suas energias e matá-la. No entanto, Jesus afirmou que edificaria a sua Igreja e as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. È exatamente por isso que o  Espírito Santo entra em ação quando a Igreja se encontra ameaçada. Em outras palavras, quando a Igreja, que é o Corpo de Cristo, isto é, por onde Cristo se manifesta ao mundo, fica inativa, significa que ela perdeu os valores do Reino, se esqueceu dos princípios elementares do cristianismo, cuja ordem de seu senhorio é “buscar o Reino de Deus em primeiro lugar”.  

Quando a Igreja está fazendo tudo, menos buscando o Reino de Deus, e entenda Reino como governo ou comando de Deus, significa que ela está se distanciando de sua missão, está inerte em sua chamada de anunciar esse Reino, esse governo, que, segundo Jesus, já está entre nós, e precisa ser expandido. Sempre que a Igreja fica estagnada, o Mundo age na tentativa de  tomar o seu lugar, visto que ela é uma ameaça ao seu governo (o mundo jaz – está fundamentado - no Maligno – 15.3,4)

É nesse momento que o Espírito Santo desperta os crentes  inertes, avivando-os, ou seja, levando-os a resgatar os valores perdidos para manterem-se vivos como Igreja. E como é que o Espírito Santo “provoca” a Igreja para retomar seus valores? Vejamos sua ação através das cartas às Igrejas da Ásia.

A)       Igreja de Éfeso (Ap 2.4,5): Essa igreja é uma igreja com todas as características para ser aprovada como fiel a Deus. No entanto, faltava-lhe uma coisa: o amor. Embora pareça que isso era pouco demais em vista da bela lista a respeito do que aqueles irmãos faziam e sofriam pelo Evangelho, na verdade, o que eles perderam era a essência do cristianismo. Jesus disse que o amor é o sentimento que cumpre todos os mandamentos, a lei e os profetas, isto é, tudo o que já foi dito ou é dito a respeito de Deus, de sua natureza e de suas verdades está baseada na vivência e na essência do amor. Ou seja, sem amor não há cristianismo.

Apesar de ser louvada pelos seus atos, pois Deus não se esquece das nossas obras (Hb 6.10), a igreja de Éfeso estava caída (leia o versículo 5). Para tornar a se levantar, ela deveria se arrepender (voltar atrás em suas atitudes e pensamentos)  e praticar  novamente as primeiras obras (buscar os valores e princípios perdidos, manter vivo o que os tornava Igreja). O mesmo se dá em relação à Igreja de Sardes (3.1,3).

 

B)       Igreja de Tiatira (Ap 2.18-25): nessa carta, há repreensão para algumas pessoas que se deixaram corromper por doutrinas estranhas, mas também há louvores para aqueles que permaneceram fiéis. No entanto, para estes, a advertência foi: “mas o que tendes, retende-o, até que eu venha”.

Então, para aqueles  que perderam os princípios e valores cristãos, a advertência era voltar à prática das  primeiras coisas, e os que ainda praticavam, preservar os valores elementares que os diferenciavam do mundo.

 

C)   Igreja de Laodicéia (Ap. 3.14-20): essa era uma situação diferente. A Igreja de Laodicéia cria que estava perfeita diante de Deus, e, na verdade, Jesus disse que ele estava fora dela. E qual é o caminho para reparar isso? A resposta foi: “lembra-te do que tens recebido e ouvido; guarda-o, e te arrependes”. Traduzindo: “mantenham vivos os valores e princípios que vocês receberam no princípio da fé,  preserve-os e voltem à praticá-los”.

Isso é avivamento: o apelo insistente do Espírito Santo, trabalhando na consciência e no coração do crente, levando-o de volta à prática dos valores e princípios adquiridos no princípio da sua conversão, para que a Igreja permaneça sendo Igreja. Afinal, se a Igreja parar de ser Igreja, então ela se torna mundo, todavia o apóstolo João garante que não há comunhão entre luz e trevas, e quem ama o mundo, disse ele,  o amor do Pai não está  nele.

A Igreja não vai morrer, porque foi  arquitetada e construída pelo própiro Jesus, porém devemos buscar por seu retorno às primícias do Evangelho,   buscando e aguardando um iminente e  poderoso avivamento para que não sejamos achados em falta em nossa missão de levar o Reino de Deus ao mundo, tirando milhares de vidas das mãos do cruel Adversário e levando-as ao verdadeiro amor  sob o senhorio de  Jesus Cristo.


Com amor, 
Em Cristo,
Leila Castanha


AVIVAMENTO NO LAR


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Observação: para entender melhor o que é avivamento, clique no link a seguir, antes de ler este texto https://leilacast.blogspot.com/2020/07/o-avivamento-e-sua-importancia-para_6.html

 

Diferença entre casa e lar

Em uma de suas mensagens exibidas pela internet, o apóstolo Luiz Hermínio contou a  história de um garoto que participou de uma entrevista de uma rádio e no diálogo que se seguiu entre ele  e o radialista, este perguntou ao garoto onde ele morava. O menino respondeu que mudou para aquela região há pouco tempo, por isso estava morando em um hotel com a família, ao que o radialista lhe perguntou: “Então, você ainda não têm um lar?”. O menino, por sua vez, responde: “Senhor, nós temos um lar, simplesmente ainda não temos uma casa para colocar o nosso lar dentro”.

Dessa narrativa podemos extrair a realidade implícita nessas duas palavras: casa e lar.  Após ler alguns significados, definições e conceitos sobre ambos os termos, achei pertinente resumi-las da seguinte maneira:

Casa é uma construção física  erguida por meio de elementos concretos como cimento, tijolo, madeira etc, e serve como abrigo contra elementos externos, tais como sol: chuva, frio, calor, violência etc.

Lar é uma construção abstrata erguida por meio de valores e princípios que norteiam os seus membros, e serve como abrigo contra elementos internos, tais como: solidão, medo, rejeição etc.

Outra diferença bem cabível entre ambas é o fato de que  casa é feita de matéria morta (tijolo, cimento, palha, madeira etc.) , enquanto lar é construído de organismos vivos (pessoas, indivíduos).

Avivamento no lar: Uma vez que já foi explicitado o que é lar, cabe-nos agora relembrar o que é avivamento. Avivar, no hebraico, significa preservar, manter vivo. Daí vem a clareza da frase “Avivamento no lar”, como sendo a “preservação” e o “mantenimento da vida” no lar. No entanto, dessa afirmativa surge outra pergunta: como se preserva ou se mantém vivo o lar?”

Para responder a tal questionamento, devemos voltar ao significado do termo nesse contexto de família, e então observaremos que lar é a construção de valores e principios construído por pessoas que têm em comum um determinado lugar e nele se sente em segurança. Logo, faz-se claro que avivamento no lar, quer dizer, a preservação dos valores que fazem com que um espaço se torne um lugar de comunhão, e não apenas um lugar de habitação. Avivamento no lar é o ato de manter vivo tais valores e princípios que tornam nossa casa (habitação) um lar (um lugar habitável). Nem toda casa é um lugar habitável, e nem toda habitação é um lar.

 

Quais valores devem ser preservados ou mantidos vivos para a conservação do lar? Dentre os demais, colocarei três que, a meu ver, são essenciais à unidade e à preservação do lar. São eles:

A)          Unidade: Unidade é a qualidade de ser um. Em Gn 2. 24, 25, quando Deus criou o primeiro casal, a primeira regra que ele deu foi: “E serão ambos uma só carne”. Sendo exemplo para nós, Jesus reforçou essa ideia da unidade ao orar ao Pai sobre seus discípulos, dizendo: “que eles sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17.21). Quando alguma coisa está errada na família, a primeira coisa que se perde é a unidade. Fica cada um por si, ignorando o outro. A Igreja Primitiva - lembremo-nos que a Igreja é comparada a uma família, era unida em tudo – tinham todas as coisas em comum (At 2. 44). 

 Para melhor exemplificar o que é ser um, usarei o exemplo citado pelo Pr. Juan Carlos Ortiz, em seu livro “O discípulo”, aliás, um livro que eu super indico. Ele diz que, como Igreja, devemos ser como um purê de batatas, de modo que nenhuma batata pode se erguer e dizer¨ “Ei, estou aqui!”, porque estão tão misturadas que não dá mais para identificar quem é quem.

Assim também deve ser no lar, seus membros devem ser como purês, de modo que, se mexer com um vai ferir os demais, bem como se ajudar ou elogiar a um, todos receberão o auxílio ou elogio. Se um cresce, todos crescem juntos, bem como se um se dá mal, todos  sentem a dor.

Dessa feita, em um verdadeiro lar não há espaço para competições ou invejas, pois a unidade pressupõe estarem juntos (misturados) em todas as circunstâncias e para todas as horas.

 

B)             Humildade:  não pode haver unidade onde há orgulho e prepotência. Enxergar-se igual ao próximo não é tarefa fácil para a pessoa arrogante, pois ela sempre se acha superior. Além disso, o soberbo é dado a competições e afrontas, de modo que não se conforma em repartir ou em deixar de ser o centro das atenções. A competição é evidente na vida do orgulhoso, embora ele não admita perder, competir para ele pressupõe ganhar sempre. Em Provérbios 11.2, a Bíblia diz que onde há orgulho, chega a desgraça. É por isso que Jesus disse que quem vier a ele deve aprender a ser humilde (Mt 11, 29).

 

C)          Sinceridade: acredito que quando alguém próximo a nós resolve mentir em relação a algo que fez ou deixou de fazer, é, dentre outros motivos, porque não se sente seguro quanto a nossa reação ante a verdade, ou seja, não confia plenamente em nós. Se assim for, as vezes, a mentira pode ser indiretamente causada por conta de nossas atitudes ou como essa pessoa as interpreta. É bem verdadeira a premissa de que “confiança se conquista”, e, creio, que mais com atitudes do que com palavras.

 De qualquer modo, a mentira desequilibra a unidade do lar, porque ela faz gerar desconfiança e com isso causa problemas na estrutura familiar (leia o que a Bíblia diz sobre a mentira:   Pv 6. 16, 17; 12. 22; Ef 4.25; Mt 5. 37; Ap 22. 15). Vemos nesses textos que Deus abomina a mentira e reprova o mentiroso.

 

Devemos entender que:

A)      O pecado traz consequências ruins para o lar: Em Gn 2. 25, a Bíblia frisa que ambos (o homem e a mulher) estavam nus e não se envergonhavam. No entanto, após entrar o pecado, a primeira coisa de que se envergonharam foi da sua nudez (da sua intimidade). Cada um passou a se ver individualmente como corpo separado, não como “uma só carne”, conforme era o plano de Deus (Gn 2.24). Agora Adão se via como homem, Eva se via como mulher (dois indivíduos se enxergavam distintos em sua estrutura externa) e o ímpeto foi esconder suas particularidades um do outro. Assim é quando deixamos o Inimigo semear o pecado em nosso relacionamento familiar, seja entre pais, filhos ou cônjuge, nossa individualidade sobrepuja nossa cumplicidade.

O Inimigo sempre semeou a ideia de superioridade nos atos de Deus em relação aos homens. À Eva ele desabafou que Deus não queria que o casal cohecesse o que Ele conhecia.  Ele sempre tentou fazer o homem ver  Deus como um ditador, que está sempre acima dos outros, com privilégios que não delega a ninguém. Satanás ainda hoje  usa essa mentalidade para afastar pais e filhos, dizendo a estes que seus pais querem manipulá-lo, coibi-los, sugar sua liberdade, sufocá-los. Que sua esposa quer ser melhor do que ele, porque ganha mais e isso o rebaixa como homem. Que o irmão tornou-se uma pessoa "metida" porque possui um carro do ano, e com certeza o menospreza e o considera um zero a esquerda.

A ideia do Maligno é  fazer o cônjuge, pais, filhos e irmãos perderem a unidade, competindo entre si, para depois, acusarem-se mutuamente, assim como aconteceu com o primeiro casal.  

Satanás tentou o orgulho de Eva, ao dar a ela a primazia na descoberta de ser como Deus, afinal ela foi subproduto de Adão (saiu dele), e claro, segundo sua artimanha, ela não acharia isso justo. E ele tenta dessa maneira até hoje, incitando o menos influente contra o de mais prestígio, o subalterno a desrepeitar a autoridade constituída, inclusive na família.

Eva deu ouvido ao conselho da serpente, desobedeceu a Deus, persuadiu o marido a fazer o mesmo, no entanto, embora parecesse que eles continuavam iguais, o pecado os mudou. Havia discórdia no lugar onde antes havia unidade. Era cada um tentando salvar a própria pele, quando antes eram ambos uma mesma carne (o que doía em um doía no outro).  Eram ainda marido e esposa, ainda ocupavam o mesmo espaço, tinham ainda uma aparência de duplicidade, mas na verdade, não se viam mais como antes. Ambos se envergonhavam do outro, perderam a intimidade, e agiam em causa própria.

 Assim é no nosso lar. Tal como aconteceu ao primeiro casal, a primeira coisa que o pecado (a desobediência às leis de Deus) causa no seio familiar é a quebra dos valores e princípios que fazem o lar ser um lar. E a unidade (o ser um) é essencial para que o lar seja mais do que uma casa, para que o lugar comum seja um lugar de comunhão, para que a habitação seja, de fato, um lugar habitável.

A perda do lar também acontece porque alguns, erroneamente, pressupõe que ter unidade é ser igual. A família não é uma grande máquina copiadora, mas é uma máquina reprodutora, isto é, todos somos gerados dela, mas não somos cópia de ninguém. Muitos desentendimentos no lar se dá porque um dos cônjuges ou os dois pretende transformar o parceiro em sua cópia, pais querem limitar os filhos a suas expectativas, filhos querem forçar os pais a olharem a vida com seus olhos, e assim por diante. A Bíblia é explícita em dizer que, embora devemos ser um, a nossa unidade não anula nossa individualidade, pois são as  peculiaridades de cada um que faz de nós quem somos, somos indivíduos, não seres massificados (leia 1 Co 12. 14, 18,24,25; 1 Pe 3.7; Gn 2.18).


No amor de Cristo,

Leila Castanha

09/07/2020