TEXTO BÍBLICO: SL 119.50
Geralmente, quando estamos passando por algum problema ou precisamos de conforto e orientação em alguma área de nossa vida, procuramos as pessoas com quem temos maior intimidade e falamos com elas durante uma, duas, três ou mais horas. No entanto, se lembrássemos do que diz o Sl 119.50 - “Este é o meu consolo no meu sofrimento: a tua promessa dá-me vida”, não precisaríamos de tanto tempo para desabafarmos, mas em Cristo teríamos uma palavra de renovo. Que coisa maravilhosa é termos conosco a Palavra de Deus! No entanto, perdemos muito em não a utilizarmos nos momentos de sofrimento também, visto que a angústia muitas vezes nos afasta de Deus, quando, na verdade, Sua Palavra quer nos levar a Ele nos momentos doridos de nossas vidas.
Em Os.4.6. o Senhor diz que seu povo foi destruído porque lhes faltou o conhecimento, e, da mesma maneira, isso ocorre conosco: morremos na fé, morremos em nossas tribulações, não suportamos as provações que a vida nos impõe, porque não conhecemos o Deus a quem servimos. O salmista (Sl 42), faz uma dolorosa reflexão sobre a sua situação difícil, e parece até que o vejo chorando enquanto fala de sua dor, no entanto, a cada lamúria ele para e diz: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te desesperas dentro de mim?”, espera em Deus, pois ainda o louvarei, Ele é a salvação da minha alma, e o meu Deus”. O salmista conhecia seu problema, que não era fácil, mas também conhecia o seu Deus, que não era fraco. Ele sabia que seu problema era real, mas também tinha certeza de seu Deus era real. Ele sabia que seu problema o incomodava muito, no entanto, não tinha dúvida de que seu Deus se levantaria para auxiliá-lo.
Um dos problemas de nós, cristãos, é que nem todos conhecemos Jesus de andarmos com ele, mas apenas de ouvirmos falar (Leia 1Jo 2.6 e Jó 42.5). O mesmo se dá com sua Palavra, saímos “papagaiando”, isto é, agindo como papagaios, repetindo sem refletir naquilo sobre o qual dizem ser a “Palavra de Deus”, e daí surgem muitas heresias (ensinamentos contrários à Bíblia), e citações que não estão nas Escrituras.
Não era desse modo que agiam os irmãos bereanos (da cidade de Bereia, na Macedônia) - At 17.10,11. Paulo e Silas foram enviados à Bereia para pregarem, chegando lá foram muito bem recebidos, e os irmãos receberam a Palavra de muito bom grado, todavia, não se conformaram só em ouvir, mas, todos os dias examinavam as Escrituras para ver se o que pregavam era exatamente assim. É por isso que a palavra “bereanos”, hoje, virou sinônimo de “zelosos”. Esses irmãos eram, de fato, zelosos pela Palavra de Deus, e não tinham preguiça de examinar na Bíblia se o que estava sendo pregado (por mais bonito que fosse), estava em concordância com as Escrituras.
Hoje, infelizmente, há muitos cristãos que não tem o hábito de ler a Bíblia, e sai “engolindo” tudo o que as pessoas pregam e ensinam, sem se dar ao trabalho cuidadoso de examinar a Palavra de Deus, para não serem levados por “ventos de doutrina”, conforme alerta Ef. 4.14.
Certa ocasião, Jesus perguntou aos seus discípulos sobre o que as pessoas diziam a respeito dele. Responderam-lhe que uns diziam que ele era João Batista, outros achavam que era Elias, alguns diziam que era Jeremias, e, ainda outros acreditavam que ele era um outro profeta. “OK” - Jesus respondeu-lhes -"E vocês, o que vocês dizem que eu sou?” Pedro se adiantou e respondeu sem pestanejar: “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo”. Jesus, então, dirigindo-se a Pedro, disse-lhe: “Essa descoberta não é sua, não veio de você. Quem te revelou isso foi o Espírito Santo” - Mt 16.13-17.
Desse texto acima exposto, tiramos duas lições: Primeiramente, Jesus perguntou o que os outros falavam a respeito dele - precisamos saber o que as pessoas sabem a respeito de Jesus; depois, ele quis saber sobre o que os discípulos sabiam - agora, nossa percepção a respeito dele deve vir, não da cultura dominante, nem das teorias filosóficas, nem do que o povo diz, nem de qualquer outra fonte que não seja a Bíblia, pois é o Espírito Santo quem nos revela a respeito de quem é Cristo. Outra verdade que devemos compreender é que t o Espírito Santo nos revela tudo por meio da BÍBLIA - Leia Mt 22.29-33 (é errado não conhecer a Bíblia); Jo 5.39 (é a Bíblia que fala quem é Jesus); Jo 14. 26 (o Espírito nos faz lembrar de tudo o que Jesus ensinou, e Jesus disse que os que creriam nele, o conheceriam pela Palavra de Deus - Jo 17.20).Veja o episódio de Felipe pregando ao eunuco da rainha de Candace (na verdade, ele não "pregou", pois o eunuco estava lendo a respeito de Jesus no livro do profeta Isaias, e o que Felipe fez foi apenas explicar o texto (leia At 8. 26-39)
Para sabermos o valor que damos a Deus, basta observarmos o valor que damos a Sua Palavra. Um certo pensador disse: “A Bíblia é entre os livros aquilo que Cristo é para os homens” isto é, a importância que você dá à Bíblia em relação aos demais livros que você procura, é a mesma importância que você dá a Jesus. Todo fã procura conhecer a história de seu ídolo (sua biografia) para saber o que essa pessoa consumia, como vivia, o que gostava ou o que rejeitava. A biografia de Jesus está na Bíblia (Jo 5.39), e muitos cristãos não se interessam por conhecê-la.
O apóstolo Paulo disse a Timótio que enquanto ele aguardava sua visita, se dedicasse a três coisas: à leitura, à exortação e ao ensino (1 Tm 4.13) - claro que as três coisas referidas falam a respeito da Bíblia. Em seguida (v.16) ele alerta Timóteo a ter cuidado dele mesmo (vigiar) e da doutrina (e onde se encontrava essa doutrina? - nas Escrituras).
Atualmente, queremos ganhar as pessoas para Jesus como um lenhador que tenta derrubar uma árvore com o cabo do machado. A Palavra de Deus é o único instrumento poderoso para salvar. Jesus, quando esteve no mundo (na Terra), ele deu o exemplo para nós: falou que tudo o que falava, não era apenas o que ele queria falar, mas o que o Pai lhe ordenou que falasse, e ele sabia que essas palavras eram vida, ou seja, eram suficientes. Leia os versículos a seguir: Jo 12.49,50; Jo 6.38; Jo 8.28-32. Em Rm 1.16, o apóstolo Paulo mostrou aos irmãos de Roma (os romanos), que tinha o mesmo pensamento de Jesus, no tocante a eficácia, ou seja, a eficiência de Sua Palavra. Ele disse que não se envergonhava do Evangelho de Cristo, porque “É O PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO...” Daqui inferimos duas verdades: primeiro - havia cristãos que tinham vergonha de pregar o Evangelho; e, em segundo lugar, alguns achavam que só o Evangelho não seria suficiente para convencer o pecador.
Enquanto alguns cristãos queriam substituir o Evangelho por outras coisas para chamar público, Paulo disse que continuaria pregando esse Evangelho que recebeu da parte de Deus, porque ele "é poderoso para salvar". Na verdade, a Igreja de Cristo não quer público, o que ela procura é DISCÍPULOS, ou seja, pessoas que vivam e compartilhem o que lhes foi ensinado por Cristo. Jesus disse que seremos seus discípulos se fizermos o que ele nos manda (Jo 15.14). E o que ele nos manda? Dentre tantas outras coisas, ele nos manda ir - (não é esperarmos dentro da igreja) fazer discípulos - (não simpatizantes. Discípulo é aluno; quem não gosta de aprender, não pode ensinar); batizar - (é um mandamento, uma ordem, não uma opção, como alguns parece pensar - veja Mc 16.16); ensinar as pessoas a guardar TODAS AS COISAS QUE ELE NOS ORDENOU (Leia Mt 28.19-20). Observe: nosso dever é ensinar tudo o que ele ensinou, assim como ele disse tudo o que o Pai lhe ordenou. Logo, o ensinamento deve fazer parte da Igreja de Jesus, para que aqueles que se aproximam de Deus seja aperfeiçoado na Palavra, pois é ela que nos dá vida espiritual - leia Jo 15.3-5.
A mensagem da Bíblia, aliada ao poder convencedor do Espírito Santo (Jo 16.7,8), é o suficiente para a conversão. Qualquer coisa fora disso, pode resultar em manifestação de pessoas, mas não em conversão, pois a transformação de alguém resulta no fruto do Espírito (Gl 5. 22). Converter alguém, isto é, transformar uma pessoa em uma nova criatura, é área que pertence a Deus, e só ele, por intermédio de Seu Espírito que opera pela Palavra, pode executar esse milagre. Busquemos pois, o Senhor em oração e amemos as Sagradas Escrituras.
No amor de Cristo,
Leila Castanha
10/02/24
BIBLIOGRAFIA
Bases da fé cristã (Wayne Grudem)
Enciclopédia Estudos de Teologia (editora Semei)
Revista da EBD - 1991 - 2º trimestre, Maturidade Cristã, CPAD
Teologia sistemática, histórica e filosófica (Alister E. Mcgrath)
Novo dicionário de teologia bíblica (T. Desmond e Brian S. Rosner)