terça-feira, 18 de janeiro de 2022

AVIVAMENTO NO LAR


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Observação: para entender melhor o que é avivamento, clique no link a seguir, antes de ler este texto https://leilacast.blogspot.com/2020/07/o-avivamento-e-sua-importancia-para_6.html

 

Diferença entre casa e lar

Em uma de suas mensagens exibidas pela internet, o apóstolo Luiz Hermínio contou a  história de um garoto que participou de uma entrevista de uma rádio e no diálogo que se seguiu entre ele  e o radialista, este perguntou ao garoto onde ele morava. O menino respondeu que mudou para aquela região há pouco tempo, por isso estava morando em um hotel com a família, ao que o radialista lhe perguntou: “Então, você ainda não têm um lar?”. O menino, por sua vez, responde: “Senhor, nós temos um lar, simplesmente ainda não temos uma casa para colocar o nosso lar dentro”.

Dessa narrativa podemos extrair a realidade implícita nessas duas palavras: casa e lar.  Após ler alguns significados, definições e conceitos sobre ambos os termos, achei pertinente resumi-las da seguinte maneira:

Casa é uma construção física  erguida por meio de elementos concretos como cimento, tijolo, madeira etc, e serve como abrigo contra elementos externos, tais como sol: chuva, frio, calor, violência etc.

Lar é uma construção abstrata erguida por meio de valores e princípios que norteiam os seus membros, e serve como abrigo contra elementos internos, tais como: solidão, medo, rejeição etc.

Outra diferença bem cabível entre ambas é o fato de que  casa é feita de matéria morta (tijolo, cimento, palha, madeira etc.) , enquanto lar é construído de organismos vivos (pessoas, indivíduos).

Avivamento no lar: Uma vez que já foi explicitado o que é lar, cabe-nos agora relembrar o que é avivamento. Avivar, no hebraico, significa preservar, manter vivo. Daí vem a clareza da frase “Avivamento no lar”, como sendo a “preservação” e o “mantenimento da vida” no lar. No entanto, dessa afirmativa surge outra pergunta: como se preserva ou se mantém vivo o lar?”

Para responder a tal questionamento, devemos voltar ao significado do termo nesse contexto de família, e então observaremos que lar é a construção de valores e principios construído por pessoas que têm em comum um determinado lugar e nele se sente em segurança. Logo, faz-se claro que avivamento no lar, quer dizer, a preservação dos valores que fazem com que um espaço se torne um lugar de comunhão, e não apenas um lugar de habitação. Avivamento no lar é o ato de manter vivo tais valores e princípios que tornam nossa casa (habitação) um lar (um lugar habitável). Nem toda casa é um lugar habitável, e nem toda habitação é um lar.

 

Quais valores devem ser preservados ou mantidos vivos para a conservação do lar? Dentre os demais, colocarei três que, a meu ver, são essenciais à unidade e à preservação do lar. São eles:

A)          Unidade: Unidade é a qualidade de ser um. Em Gn 2. 24, 25, quando Deus criou o primeiro casal, a primeira regra que ele deu foi: “E serão ambos uma só carne”. Sendo exemplo para nós, Jesus reforçou essa ideia da unidade ao orar ao Pai sobre seus discípulos, dizendo: “que eles sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17.21). Quando alguma coisa está errada na família, a primeira coisa que se perde é a unidade. Fica cada um por si, ignorando o outro. A Igreja Primitiva - lembremo-nos que a Igreja é comparada a uma família, era unida em tudo – tinham todas as coisas em comum (At 2. 44). 

 Para melhor exemplificar o que é ser um, usarei o exemplo citado pelo Pr. Juan Carlos Ortiz, em seu livro “O discípulo”, aliás, um livro que eu super indico. Ele diz que, como Igreja, devemos ser como um purê de batatas, de modo que nenhuma batata pode se erguer e dizer¨ “Ei, estou aqui!”, porque estão tão misturadas que não dá mais para identificar quem é quem.

Assim também deve ser no lar, seus membros devem ser como purês, de modo que, se mexer com um vai ferir os demais, bem como se ajudar ou elogiar a um, todos receberão o auxílio ou elogio. Se um cresce, todos crescem juntos, bem como se um se dá mal, todos  sentem a dor.

Dessa feita, em um verdadeiro lar não há espaço para competições ou invejas, pois a unidade pressupõe estarem juntos (misturados) em todas as circunstâncias e para todas as horas.

 

B)             Humildade:  não pode haver unidade onde há orgulho e prepotência. Enxergar-se igual ao próximo não é tarefa fácil para a pessoa arrogante, pois ela sempre se acha superior. Além disso, o soberbo é dado a competições e afrontas, de modo que não se conforma em repartir ou em deixar de ser o centro das atenções. A competição é evidente na vida do orgulhoso, embora ele não admita perder, competir para ele pressupõe ganhar sempre. Em Provérbios 11.2, a Bíblia diz que onde há orgulho, chega a desgraça. É por isso que Jesus disse que quem vier a ele deve aprender a ser humilde (Mt 11, 29).

 

C)          Sinceridade: acredito que quando alguém próximo a nós resolve mentir em relação a algo que fez ou deixou de fazer, é, dentre outros motivos, porque não se sente seguro quanto a nossa reação ante a verdade, ou seja, não confia plenamente em nós. Se assim for, as vezes, a mentira pode ser indiretamente causada por conta de nossas atitudes ou como essa pessoa as interpreta. É bem verdadeira a premissa de que “confiança se conquista”, e, creio, que mais com atitudes do que com palavras.

 De qualquer modo, a mentira desequilibra a unidade do lar, porque ela faz gerar desconfiança e com isso causa problemas na estrutura familiar (leia o que a Bíblia diz sobre a mentira:   Pv 6. 16, 17; 12. 22; Ef 4.25; Mt 5. 37; Ap 22. 15). Vemos nesses textos que Deus abomina a mentira e reprova o mentiroso.

 

Devemos entender que:

A)      O pecado traz consequências ruins para o lar: Em Gn 2. 25, a Bíblia frisa que ambos (o homem e a mulher) estavam nus e não se envergonhavam. No entanto, após entrar o pecado, a primeira coisa de que se envergonharam foi da sua nudez (da sua intimidade). Cada um passou a se ver individualmente como corpo separado, não como “uma só carne”, conforme era o plano de Deus (Gn 2.24). Agora Adão se via como homem, Eva se via como mulher (dois indivíduos se enxergavam distintos em sua estrutura externa) e o ímpeto foi esconder suas particularidades um do outro. Assim é quando deixamos o Inimigo semear o pecado em nosso relacionamento familiar, seja entre pais, filhos ou cônjuge, nossa individualidade sobrepuja nossa cumplicidade.

O Inimigo sempre semeou a ideia de superioridade nos atos de Deus em relação aos homens. À Eva ele desabafou que Deus não queria que o casal cohecesse o que Ele conhecia.  Ele sempre tentou fazer o homem ver  Deus como um ditador, que está sempre acima dos outros, com privilégios que não delega a ninguém. Satanás ainda hoje  usa essa mentalidade para afastar pais e filhos, dizendo a estes que seus pais querem manipulá-lo, coibi-los, sugar sua liberdade, sufocá-los. Que sua esposa quer ser melhor do que ele, porque ganha mais e isso o rebaixa como homem. Que o irmão tornou-se uma pessoa "metida" porque possui um carro do ano, e com certeza o menospreza e o considera um zero a esquerda.

A ideia do Maligno é  fazer o cônjuge, pais, filhos e irmãos perderem a unidade, competindo entre si, para depois, acusarem-se mutuamente, assim como aconteceu com o primeiro casal.  

Satanás tentou o orgulho de Eva, ao dar a ela a primazia na descoberta de ser como Deus, afinal ela foi subproduto de Adão (saiu dele), e claro, segundo sua artimanha, ela não acharia isso justo. E ele tenta dessa maneira até hoje, incitando o menos influente contra o de mais prestígio, o subalterno a desrepeitar a autoridade constituída, inclusive na família.

Eva deu ouvido ao conselho da serpente, desobedeceu a Deus, persuadiu o marido a fazer o mesmo, no entanto, embora parecesse que eles continuavam iguais, o pecado os mudou. Havia discórdia no lugar onde antes havia unidade. Era cada um tentando salvar a própria pele, quando antes eram ambos uma mesma carne (o que doía em um doía no outro).  Eram ainda marido e esposa, ainda ocupavam o mesmo espaço, tinham ainda uma aparência de duplicidade, mas na verdade, não se viam mais como antes. Ambos se envergonhavam do outro, perderam a intimidade, e agiam em causa própria.

 Assim é no nosso lar. Tal como aconteceu ao primeiro casal, a primeira coisa que o pecado (a desobediência às leis de Deus) causa no seio familiar é a quebra dos valores e princípios que fazem o lar ser um lar. E a unidade (o ser um) é essencial para que o lar seja mais do que uma casa, para que o lugar comum seja um lugar de comunhão, para que a habitação seja, de fato, um lugar habitável.

A perda do lar também acontece porque alguns, erroneamente, pressupõe que ter unidade é ser igual. A família não é uma grande máquina copiadora, mas é uma máquina reprodutora, isto é, todos somos gerados dela, mas não somos cópia de ninguém. Muitos desentendimentos no lar se dá porque um dos cônjuges ou os dois pretende transformar o parceiro em sua cópia, pais querem limitar os filhos a suas expectativas, filhos querem forçar os pais a olharem a vida com seus olhos, e assim por diante. A Bíblia é explícita em dizer que, embora devemos ser um, a nossa unidade não anula nossa individualidade, pois são as  peculiaridades de cada um que faz de nós quem somos, somos indivíduos, não seres massificados (leia 1 Co 12. 14, 18,24,25; 1 Pe 3.7; Gn 2.18).


No amor de Cristo,

Leila Castanha

09/07/2020


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