Observação:
para entender melhor o que é avivamento, clique no link a seguir, antes de ler
este texto https://leilacast.blogspot.com/2020/07/o-avivamento-e-sua-importancia-para_6.html
Diferença
entre casa e lar
Em uma
de suas mensagens exibidas pela internet, o apóstolo Luiz Hermínio contou
a história de um garoto que participou
de uma entrevista de uma rádio e no diálogo que se seguiu entre ele e o radialista, este perguntou ao garoto onde
ele morava. O menino respondeu que mudou para aquela região há pouco tempo, por
isso estava morando em um hotel com a família, ao que o radialista lhe
perguntou: “Então, você ainda não têm um lar?”. O menino, por sua vez,
responde: “Senhor, nós temos um lar, simplesmente ainda não temos uma casa para
colocar o nosso lar dentro”.
Dessa
narrativa podemos extrair a realidade implícita nessas duas palavras: casa e
lar. Após ler alguns significados,
definições e conceitos sobre ambos os termos, achei pertinente resumi-las da
seguinte maneira:
Casa é uma
construção física erguida por meio de
elementos concretos como cimento, tijolo, madeira etc, e serve como abrigo
contra elementos externos, tais como sol: chuva, frio, calor, violência etc.
Lar é uma
construção abstrata erguida por meio de valores e princípios que norteiam os
seus membros, e serve como abrigo contra elementos internos, tais como: solidão, medo, rejeição etc.
Outra
diferença bem cabível entre ambas é o fato de que casa é feita de matéria morta (tijolo,
cimento, palha, madeira etc.) , enquanto lar é construído de organismos
vivos (pessoas, indivíduos).
Avivamento
no lar: Uma vez que já foi explicitado o que é lar, cabe-nos
agora relembrar o que é avivamento. Avivar, no hebraico, significa preservar,
manter vivo. Daí vem a clareza da frase “Avivamento no lar”, como sendo a
“preservação” e o “mantenimento da vida” no lar. No entanto, dessa afirmativa
surge outra pergunta: como se preserva ou se mantém vivo o lar?”
Para
responder a tal questionamento, devemos voltar ao significado do termo nesse
contexto de família, e então observaremos que lar é a construção de valores e
principios construído por pessoas que têm em comum um determinado lugar e nele
se sente em segurança. Logo, faz-se claro que avivamento no lar, quer dizer, a
preservação dos valores que fazem com que um espaço se torne um lugar de comunhão,
e não apenas um lugar de habitação. Avivamento no lar é o ato de manter vivo
tais valores e princípios que tornam nossa casa (habitação) um lar (um lugar
habitável). Nem toda casa é um lugar habitável, e nem toda habitação é um lar.
Quais
valores devem ser preservados ou mantidos vivos para a conservação do lar?
Dentre os demais, colocarei três que, a meu ver, são essenciais à unidade e à
preservação do lar. São eles:
A) Unidade: Unidade é a qualidade
de ser um. Em Gn 2. 24, 25, quando Deus criou o primeiro casal, a primeira regra
que ele deu foi: “E serão ambos uma só carne”. Sendo exemplo para nós,
Jesus reforçou essa ideia da unidade ao orar ao Pai sobre seus discípulos,
dizendo: “que eles sejam um, assim como nós somos um” (Jo 17.21). Quando
alguma coisa está errada na família, a primeira coisa que se perde é a unidade.
Fica cada um por si, ignorando o outro. A Igreja Primitiva - lembremo-nos que a
Igreja é comparada a uma família, era unida em tudo – tinham todas as coisas em
comum (At 2. 44).
Para
melhor exemplificar o que é ser um, usarei o exemplo citado pelo Pr. Juan
Carlos Ortiz, em seu livro “O discípulo”, aliás, um livro que eu super indico.
Ele diz que, como Igreja, devemos ser como um purê de batatas, de modo que nenhuma
batata pode se erguer e dizer¨ “Ei, estou aqui!”, porque estão tão misturadas
que não dá mais para identificar quem é quem.
Assim
também deve ser no lar, seus membros devem ser como purês, de modo que, se
mexer com um vai ferir os demais, bem como se ajudar ou elogiar a um, todos
receberão o auxílio ou elogio. Se um cresce, todos crescem juntos, bem como se
um se dá mal, todos sentem a dor.
Dessa feita,
em um verdadeiro lar não há espaço para competições ou invejas, pois a unidade
pressupõe estarem juntos (misturados) em todas as circunstâncias e para todas as
horas.
B) Humildade: não pode haver unidade onde há orgulho e
prepotência. Enxergar-se igual ao próximo não é tarefa fácil para a pessoa
arrogante, pois ela sempre se acha superior. Além disso, o soberbo é dado a
competições e afrontas, de modo que não se conforma em repartir ou em deixar de
ser o centro das atenções. A competição é evidente na vida do orgulhoso, embora
ele não admita perder, competir para ele pressupõe ganhar sempre. Em Provérbios
11.2, a Bíblia diz que onde há orgulho, chega a desgraça. É por isso que Jesus
disse que quem vier a ele deve aprender a ser humilde (Mt 11, 29).
C) Sinceridade: acredito
que quando alguém próximo a nós resolve mentir em relação a algo que fez ou
deixou de fazer, é, dentre outros motivos, porque não se sente seguro quanto a
nossa reação ante a verdade, ou seja, não confia plenamente em nós. Se assim
for, as vezes, a mentira pode ser indiretamente causada por conta de nossas atitudes
ou como essa pessoa as interpreta. É bem verdadeira a premissa de que “confiança
se conquista”, e, creio, que mais com atitudes do que com palavras.
De
qualquer modo, a mentira desequilibra a unidade do lar, porque ela faz gerar
desconfiança e com isso causa problemas na estrutura familiar (leia o que a
Bíblia diz sobre a mentira: Pv 6. 16, 17; 12. 22; Ef 4.25; Mt 5. 37; Ap
22. 15). Vemos nesses textos que Deus abomina a mentira e reprova o mentiroso.
Devemos
entender que:
A) O
pecado traz consequências ruins para o lar: Em Gn 2. 25, a Bíblia
frisa que ambos (o homem e a mulher) estavam nus e não se envergonhavam.
No entanto, após entrar o pecado, a primeira coisa de que se envergonharam foi
da sua nudez (da sua intimidade). Cada um passou a se ver individualmente como corpo
separado, não como “uma só carne”, conforme era o plano de Deus (Gn 2.24). Agora
Adão se via como homem, Eva se via como mulher (dois indivíduos se enxergavam distintos
em sua estrutura externa) e o ímpeto foi esconder suas particularidades um do
outro. Assim é quando deixamos o Inimigo semear o pecado em nosso
relacionamento familiar, seja entre pais, filhos ou cônjuge, nossa individualidade
sobrepuja nossa cumplicidade.
O Inimigo sempre semeou a ideia
de superioridade nos atos de Deus em relação aos homens. À Eva ele desabafou
que Deus não queria que o casal cohecesse o que Ele conhecia. Ele sempre tentou fazer o homem ver Deus como um ditador, que está sempre acima dos
outros, com privilégios que não delega a ninguém. Satanás ainda hoje usa essa mentalidade para afastar pais e filhos,
dizendo a estes que seus pais querem manipulá-lo, coibi-los, sugar sua
liberdade, sufocá-los. Que sua esposa quer ser melhor do que ele, porque ganha
mais e isso o rebaixa como homem. Que o irmão tornou-se uma pessoa "metida" porque possui um
carro do ano, e com certeza o menospreza e o considera um zero a esquerda.
A ideia do Maligno é fazer o cônjuge, pais, filhos e irmãos
perderem a unidade, competindo entre si, para depois, acusarem-se mutuamente,
assim como aconteceu com o primeiro casal.
Satanás tentou o orgulho de
Eva, ao dar a ela a primazia na descoberta de ser como Deus, afinal ela foi
subproduto de Adão (saiu dele), e claro, segundo sua artimanha, ela não acharia
isso justo. E ele tenta dessa maneira até hoje, incitando o menos influente
contra o de mais prestígio, o subalterno a desrepeitar a autoridade constituída,
inclusive na família.
Eva
deu ouvido ao conselho da serpente, desobedeceu a Deus, persuadiu o marido a
fazer o mesmo, no entanto, embora parecesse que eles continuavam iguais, o
pecado os mudou. Havia discórdia no lugar onde antes havia unidade. Era cada um
tentando salvar a própria pele, quando antes eram ambos uma mesma carne (o que
doía em um doía no outro). Eram ainda
marido e esposa, ainda ocupavam o mesmo espaço, tinham ainda uma aparência de
duplicidade, mas na verdade, não se viam mais como antes. Ambos se envergonhavam
do outro, perderam a intimidade, e agiam em causa própria.
Assim
é no nosso lar. Tal como aconteceu ao primeiro casal, a primeira coisa que o
pecado (a desobediência às leis de Deus) causa no seio familiar é a quebra dos
valores e princípios que fazem o lar ser um lar. E a unidade (o ser um) é
essencial para que o lar seja mais do que uma casa, para que o lugar comum seja
um lugar de comunhão, para que a habitação seja, de fato, um lugar habitável.
A
perda do lar também acontece porque alguns, erroneamente, pressupõe que ter unidade
é ser igual. A família não é uma grande máquina copiadora, mas é uma máquina
reprodutora, isto é, todos somos gerados dela, mas não somos cópia de ninguém. Muitos
desentendimentos no lar se dá porque um dos cônjuges ou os dois pretende transformar
o parceiro em sua cópia, pais querem limitar os filhos a suas expectativas,
filhos querem forçar os pais a olharem a vida com seus olhos, e assim por diante.
A Bíblia é explícita em dizer que, embora devemos ser um, a nossa unidade não anula
nossa individualidade, pois são as peculiaridades de cada um que faz de nós quem
somos, somos indivíduos, não seres massificados (leia 1 Co 12. 14, 18,24,25; 1
Pe 3.7; Gn 2.18).
No
amor de Cristo,
Leila
Castanha
09/07/2020