Muitos
não creem na doutrina da imortalidade
da alma, cuja crença explica que, após a morte o espírito separa-se do
corpo e retorna para Deus. Alguns acreditam que ao morrer, o fôlego de vida
(que segundo eles, é o que o homem possui (não alma e espírito, e serve para trazer-nos
animação ao corpo), é retirado por Deus e reintegrado ao ar, porém não é
entidade consciente nem homem real).
Ao
dizerem estas palavras, professam sua crença na doutrina do sono da alma, isto é, acreditam
que, ao morrer, a pessoa fica num estado de inércia, dormindo, até a ressurreição.
Segundo
Ellen G. White (profetisa adventista), os cristãos são colocados em pé de
igualdade com os espíritas (estes creem na imortalidade da alma e no retorno
dos espíritos dos mortos entre os vivos), e afirma que os cristãos, por
acreditarem na imortalidade da alma, “negam a origem divina da Escritura
Sagrada.” (Eventos finais, 136).
Para
desfazer esse grande absurdo, e esclarecer a razão de nossa fé aos que buscam
verdadeiramente o apoio bíblico de nossa crença, propus o tema acima.
Como
apoio a sua doutrina (a palavra doutrina significa ensinamento), os
defensores da doutrina do sono
da alma utilizam textos
bíblicos, dentre os quais, Salmos 6.5; 146:4; Eclesiastes 9.5,6 e Isaías
38.18,19. Outro argumento utilizado por eles é o texto de 1Co 15.16-18, no qual
o apóstolo Paulo diz que se não houvesse ressurreição dos mortos, os que
morreram em Cristo estariam perdidos.
Também citam as palavras de Paulo, em
1Tessalonicenses 4.16-18, sobre a ressurreição dos mortos, o qual afirma que
quando Jesus vier, seremos transformados e “estaremos com Cristo para sempre”.
Ainda baseiam-se em Mateus 25.21 como refutação à doutrina da imortalidade da alma, o qual
diz que no dia do julgamento Jesus fará os elogios aos que forem aprovados por
Ele: “Muito bom, servo bom e fiel (...). Entra no gozo do teu Senhor!”.
Com
esse texto, lançam a seguinte pergunta: Se o espírito do salvo já está com
Deus, que sentido teria em julgá-lo ou elogiá-lo só após a ressurreição? Da
mesma forma, dizem não haver sentido julgar-se alguém que já está penando no
inferno.
Na
realidade, não cremos na doutrina do sono da alma, isto é, que após a morte a
alma fica inconsciente, em estado de
inexistência,assim como é um absurdo a teologia do aniquilacionismo (que diz que a alma dos ímpios (pecadores), após a sua morte física, será destruída) porque de acordo com a Bíblia:
a. O homem possui alma (sede de emoções e
sentimentos) e esta é imortal, conforme indicam os textos abaixo, extraídos da
versão ARC (Almeida Revista e Corrigida): “Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma (...). (Mt 10.28). (grifo meu).
Observe: ambos, separados, alma e corpo. O corpo morre,
mas a alma não pode morrer. Assim, vemos que o homem é dotado mais do que de
“fôlego de vida”, mas tem algo espiritual, que ao findar o fôlego, continua
como alma vivente.
Em
Ec 12.7 observamos o seguinte texto: “E
o pó volte a terra, como o era, e o
espírito volte a Deus, que o
deu.”
Observe
que o pó, aqui, trata-se do corpo, pois, de acordo com Gn 2.7, o homem foi
criado do pó da terra. Novamente verificamos nesse texto que o corpo (que é pó)
fica, e o espírito vai, desligando-se um do outro na morte.
Assim
sendo, ao morrer, o espírito do cristão, não morre, mas retorna a
Deus, assim como a alma (sede de emoções e sentimentos humanos) está bem acordada e consciente, pois de acordo com a parábola de Lázaro e o rico, contada por Jesus, ambos estavam em pleno domínio de suas faculdades mentais, inclusive o rico sentiu sede, e também demonstrou medo e preocupação pelos seus irmãos que estavam vivos. Em 1 Pe 3.18-20 observamos que os espíritos em prisões, os quais Jesus desceu a pregar, na ocasião de sua morte, tratava-se de pessoas que haviam morrido. Não teria sentido Jesus ir até eles se suas almas estivessem em sentido de inconsciência, dormindo. Mas abaixo citarei outros textos que comprovam a consciência da alma após a morte.
Leia Lc 20.37 e compare com Mt 22.30. O
primeiro texto diz o seguinte:
“E que os mortos hão de
ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus
de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas
de vivos, porque para ele vivem
todos”. (Confira Ex 3. 6). (grifo meu)
Repare: No versículo 37, o
argumento de Paulo em favor da ressurreição é baseado no fato de Deus, ao falar
com Moisés, denominar-se o Deus
de Abraão, de Isaque e de Jacó (três
pessoas já mortas na época). Logo, Paulo conclui que, se Deus não é Deus de mortos e ainda assim Ele disse que era
Deus de três homens que já haviam morrido, estes homens haviam de estar vivos
de algum modo, em algum lugar, e não inconscientes , como ensinam os defensores
do “sono da alma.
Em
Josué 1.2, Deus diz a Josué: “Moisés, o
meu servo é morto.” Se dermos
crédito às palavras do apóstolo Paulo, descritas acima que diz que Deus não é
Deus de mortos, mas de vivos, fica difícil acreditar que se Deus chamou Moisés,
depois de morto, de “meu servo”, ele estava se referindo a um defunto, em
estado de inconsciência.
Lucas
também parece crer na consciência da alma após a morte:
“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
Paraíso.” (o ladrão estaria morto naquele dia, como pois Cristo disse “hoje
mesmo estarás comigo no Paraíso”?) Certo é que na carne (no corpo) não seria,
e, para tanto, não poderia estar em estado de inexistência. (Lucas 23:43)
Com
o intuito de encontrar argumentos convincentes a sua doutrina da inconsciência
da alma após a morte, já foi feita uma nova versão da Bíblia. No texto onde
Jesus diz ao ladrão que naquele mesmo dia (hoje), eles estariam juntos no
paraíso, mudaram o sentido, colocando uma vírgula após a palavra hoje, ficando
o texto da seguinte forma: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no
Paraíso”. Só inventando mesmo para negar a imortalidade da alma.
Em
Atos 7.59 encontramos o seguinte texto: “E apedrejaram a Estevão, que em
invocação dizia: Senhor Jesus recebe o
meu espírito.” (grifo meu) Embora cremos que o homem é um ser tricotômico (composto por corpo, alma e espírito), e asseverando que por ocasião da morte o espírito volta a Deus, não há sentido em crermos que a alma fica com o corpo inerte, pois além do exemplo acima citado, da parábola de Lázaro e o rico, vemos a afirmativa de Paulo em Fp 1.23 cujo desejo era estar com Cristo, dizendo ele que, para que isso seria muito melhor. Não vejo sentido em o apóstolo aos gentios querer "estar com Cristo" se ele, desprovido de sua alma, não sentiria nenhum sentimento de gozo.
Observe: Estevão estava sendo morto, apedrejado, e como conhecedor das
verdades divinas sabia que o sangue e a carne não podem herdar o Reino de Deus
(1Co 15.50), todavia, ele tinha consciência de que seu espírito, por ocasião de
sua morte, voltaria a Deus, conforme declara a Bíblia Sagrada nos versículos
que lemos acima.
O
apóstolo Paulo pensava da mesma forma, conforme observamos em Filipenses 1 21-23:
“Porque para mim
o viver é Cristo e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da
minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em
aperto, tendo desejo de partir
e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.”
Vemos,
aqui, novamente, que o apóstolo Paulo expressa sua preocupação e ansiedade aos irmãos da
cidade de Filipos (os filipenses), dizendo-lhes que preferia morrer (partir) e estar com Cristo, no entanto,
julgava ser necessário permanecer com eles, na carne (no corpo).
O
ponto que pretendo chamar a sua atenção é que Paulo disse que desejava “partir (morrer) e estar com
Cristo”, portanto, não há
como acreditar que o apóstolo pensasse que a morte o levaria a um estado de
inconsciência, um sono que eliminaria suas faculdades mentais, onde só
despertaria no dia da ressurreição, conforme ensinam, usando partes da Bíblia, sem
apelar para seus contextos. Contextos são os textos que vem antes e/ou depois
daquele em estudo.
b .
Após a morte, a alma dos ímpios mortos não são aniquiladas, isto é, não deixam
de existir, mas tanto ímpios como justos ficam conscientes: Os
defensores do sono da alma são chamados aniquilacionistas porque acreditam na aniquilação dos
ímpios após a morte, isto é, acreditam que após morrer, o ímpio passa do estado
de existência física para a total inexistência (deixam de existir). Para tanto
apóiam sua crença em textos como o Salmo 37.10 que diz o seguinte: “Pois ainda
um pouco e o ímpio não existirá;
Olharás para o seu lugar, e não aparecerá”.
No
entanto, conforme confirmam muitos estudiosos dos idiomas originais da Bíblia,
o mesmo termo hebraico usado nesse salmo sobre o perecimento do ímpio (que é abad), é o mesmo empregado em
Isaías 58.1 e Miquéias 7.2, para falar sobre o perecimento do justo.
No
entanto, os aniquilacionistas, não acreditam que os justos deixarão de existir.
Então, por que somente os ímpios serão aniquilados (deixarão de existir) se o
termo para “perecimento” (abad) é usado para ímpios e para justos?
Segundo
autoridades da Bíblia, a palavra abad é designada para descrever coisas
perdidas, mas encontradas depois, conforme se observa em Deuteronômio 22.3.
Basta ler Lucas 16.19-31 para observar que essa doutrina não tem base nos
escritos bíblicos, visto que, conforme já foi mostrado acima, o rico da história, após morrer sem ter se
preocupado em fazer a vontade divina, encontrava-se em um lugar de tormento, tão consciente que podia
lembrar-se de sua situação enquanto vivo (v 25). De outro lado o mendigo,
Lázaro, foi repousar junto ao seio de Abraão (v.22), também consciente, pois o
rico pediu que deixasse que Lázaro molhasse a ponta de seu dedo para
refrescar-lhe a língua. Observe também os textos a seguir:
“Mas chegastes ao monte
Sião, e à cidade do Deus Vivo, à Jerusalém Celestial, e aos muitos milhares de
anjos, à igreja universal e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos
céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos
espíritos dos justos aperfeiçoados”. (Hebreus 12.22,23). (grifo meu)
O
texto acima não diz de salvos encarnados (com seus corpos materiais), mas os espíritos deles, a quem o escritor somou aos
demais personagens que compõem a Jerusalém Celestial. Se Deus não é Deus de mortos, é óbvio que estes "espíritos" não vagavam sem alma (sem consciência própria).
Em
Apocalipse 6.9-11, João viu almas conscientes:
“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da
palavra de Deus (...). E clamavam
com grande voz, dizendo: (...).” (grifo meu).
Paulo
outra vez faz separação entre corpo e espírito (provido de alma): “Conheço um homem em
Cristo que, há catorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo, não sei; Deus
o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu.” (2 Coríntios 12.2)
Observação: O apóstolo Paulo deixa em aberto se certo homem foi arrebatado no
corpo (carne) ou fora dele. Assim, se há dúvida da parte de Paulo sobre em qual
estado houve o arrebatamento dessa pessoa, no corpo ou fora dele, é fato que o
apóstolo cria que existia algo no homem que podia separar-se do seu corpo conscientemente (se o que o homem tem é apenas o
fôlego de vida que traz animação ao corpo, porque Paulo conjectura que talvez o
arrebatamento possa ter sido “fora do corpo” e o tal homem viu coisas inefáveis?).
a)
Dormir é relativo ao corpo e à vida física, não à alma:
Em
Mateus 27.52 lemos: “Abriram o sepulcro e muitos corpos dos santos que dormiam foram
ressuscitados”.
Veja: Dormir, aqui, denota a ideia de o corpo estar em repouso, não a
alma. Os corpos estavam estáticos e foram “despertados”, posto em movimento com
a ressurreição. O texto não deixa qualquer brecha para se pensar em alma
dormente, mas trata exclusivamente do corpo.
Os
adeptos do sono da alma usam o versículo a seguir para provar suas teorias, mas
observe as palavras do sábio Salomão:
“Porque os vivos sabem que
hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco eles têm
jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu
amor, o seu ódio, a sua inveja, já pereceram e já não têm parte alguma do que se faz debaixo do sol.” (Eclesiastes
9.5,6). (grifo meu)
Repare: O texto em estudo
declara que “os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles
recompensa”. Conforme, bem coloca os comentaristas de A Bíblia Apologética, se
o interpretarmos de modo absoluto, somos forçados a admitir que todos os mortos
estão nivelados pela inconsciência, sem
nenhuma possibilidade de obter recompensa. Mas tanto as testemunhas de
Jeová quanto os adventistas admitem que uma classe de mortos vai ressuscitar e terá recompensa (Dn 12.2; Jo 5 28,29; Ap 22:12).
Logo,
há de se admitir que a interpretação correta da passagem tenha outro sentido:
está afirmando que os mortos não terão recompensa nem sabem nada do que se faz
“debaixo do sol” (v. 6),
isto é, nesse plano atual, na verdade, nenhum morto tem qualquer relacionamento
com os que aqui ficam, mas isso não quer dizer que estará inconsciente no lugar
para onde vão.
Se
for fiel, irá para o céu, se, porém, afastarem-se dos ideais divinos sofrerão,
conforme indica o texto de Lc. 16.19-31 (a história do rico e Lázaro, que vimos
acima).
Em
Romanos 8:11 está escrito: “E, se o
Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que
dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificarão os vosso corpo mortal, pelo seu
Espírito que em vós habita”. (grifo meu)
A
ressurreição é o momento em que nosso
corpo será vivificado e
transformado em um corpo incorruptível (sem pecado). Observe o texto abaixo:
“Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor. Este o sepultou num vale, na terra de Moabe, (...); e
ninguém tem sabido até hoje a sua sepultura. (Dt 34.5-6) (grifo meu)
Agora
compare com Mt 17.1-3:
“Seis
dias depois, tomou Jesus a Pedro, e a Tiago, e a João, e os conduziu em
particular a um alto monte. E transfigurou-se diante deles (...). E eis que
lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.”
Perceba
que em Deuteronômio (essa palavra significa “Segunda Lei”), a Bíblia narra a
morte de Moisés, dizendo que o próprio Deus enterrou o seu corpo, enquanto que
Mateus narra que três dos discípulos de Jesus puderam ver Elias (que fora
arrebatado) e Moisés (que estava morto), juntamente com
Cristo transfigurado (mudado de forma).
Se
ao morrer o homem fica em estado de inexistência (como creem os adeptos da doutrina do sono da alma), como,
pois, Moisés (que estava morto), apareceu no monte da transfiguração? O que
observamos bem claramente nesse texto é que, tanto os que foram arrebatados
(como Elias), quanto os que morreram (como Moisés), seu espírito continua vivo, no mundo espiritual.
b)
Deixamos de existir, dormimos, para esta existência terrena, mas estamos
conscientes no mundo espiritual, tanto os justos, quanto os ímpios:
Contrário
ao que alguns apregoam, nós, cristão, não cremos e refutamos (Contestamos, contradizemos,
combatemos com argumentos) a
crença espírita do retorno dos espíritos desencarnados (mortos) a esta
existência. Para ver o motivo de nossa refutação, leia neste blog o texto “O
Espiritismo Segundo a Bíblia”, no subtítulo As
previsões mediúnicas falharam, na
parte comunicação dos
vivos com os mortos.
Na
verdade, o que defendemos é que o corpo fica no pó, mas o espírito desliga-se
dele, com consciência, no
mundo espiritual (não no físico), tanto o espírito dos justos, quanto o dos ímpios,
conforme nos indica os textos a seguir:
“Porque há esperança para a
árvore, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos, se
envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó, ao cheiro das
águas, brotará e dará ramos como a planta. Mas morto o homem, é consumido; sim,
rendendo o espírito, então, onde está? Como as águas se retiram do mar, e o rio
se esgota e fica seco, assim o homem se deita e
não se levanta: até que não haja mais céus, não acordará, nem se erguerá de
seu sono.” (Jó 14,7-12). (grifo meu)
Vemos
neste texto, que Jó deixa claro a que tipo de sono se refere: o homem morre, e
diferente das árvores, não podem mais voltar a Terra, mas seu corpo permanece
sem erguer-se, dormindo. Quanto ao espírito a pergunta de Jó foi: “Rendendo o
espírito, então onde está?”, ao que explica que não mais na Terra, pois morto o
homem não mais se levanta, diferente das árvores, porque sua existência aqui
(no mundo dos vivos), já não é mais possível. Seu corpo só se erguerá na ressurreição,
quando seremos transformados e teremos um corpo glorificado, e herdaremos novo céu e nova terra (2 Pe
3.7,10,11; Ap 20.11) e os ímpios herdarão a condenação (Jo 5.29).
Da
mesma maneira podemos entender os demais textos citados pelos aniquilacionistas,
que assim o fazem na esperança de provar que não ha inferno. Porém, conforme bem explica o dr.Scofield, em sua anotação
descrita abaixo, sobre Hc 2.5, observamos que:
Em
nota de Lc 16.23, o Dr. Scofield afirma:
“Embora ambos, hades e
sheol, sejam às vezes traduzidos para “sepultura” ou “morte” (compare Gn 37:35;
1Co 15.55), jamais indicam um
lugar de sepultamento, mas, antes, o
estado do espírito depois da morte. Veja
Lc 16-23 (o rico estava em plena consciência após a morte).
Em Atos 7. 60, cujo episódio narra a morte de Estêvão, a Bíblia
diz que após ele entregar o espírito a Deus, adormeceu. Ou seja, seu corpo
estava inerte e seu espírito desligado dessa realidade, mas em outro lugar (que
cremos ser no Paraíso) ele estava conscientemente com Deus: “... Senhor Jesus,
recebe o meu espírito. (...) E tendo dito isto, adormeceu”. (grifos meus).
Observe:
Primeiro ele pede para que seu espírito seja recebido por Jesus, só então,
adormece. Se o espírito estava com Cristo, o que adormeceu? Não seria a
matéria, o homem físico? Esse mundo é material, logo, tendo o espírito de
Estêvão sido entregue ao Senhor, ele já não mais fazia parte desta vida. Daí o
sentido de “dormir” na morte, isto é, estar desligado desta realidade.
Os
defensores da doutrina do sono da alma alegam que se a Bíblia diz que estavam
dormindo, logo, devemos aceitar que não pode haver outro sentido além do que
foi dito. No entanto, sabemos que a Bíblia é cheia de figuras de linguagem, como: metáforas, símiles ou comparações, hipérpoles, eufemimos, etc. Quando Jesus disse: “Eu sou a porta”,
por exemplo, ele não estava se autodenominando o objeto porta, mas, falava de
sua função de nos introduzir a Deus, isto é, ele é o acesso a Deus.
Da mesma forma existem eufemismos na Bíblia (figura de linguagem, utilizada para
substituir um termo ou palavra por outra, com a finalidade de suavizar, de
tornar mais agradável), como, por exemplo, quando o apóstolo Paulo utiliza a
expressão “partir” ao invés de “morrer”.
Se
tivermos que pegar ao pé da letra todos os versículos onde é usado a expressão
dormir com o sentido de morrer, e crer que a alma dorme (fica inconsciente),
então no texto de Mt 9.24, no qual Jesus diz que a garota não está morta, mas
dorme, devemos acreditar que ela não morreu. No entanto, se ao invés de
atentarem-se tanto para a palavra dormir, os defensores do sono da alma
prestassem mais atenção na expressão “ela não está morta”, cujo contrária é
“ela está viva”, não teriam coragem de dizer que ao morrer ficamos
inconscientes ou em estado de inexistência. Cremos
ser esse sono, uma afirmativa de que “debaixo do sol” (nesta vida) não temos
mais parte alguma, estamos dormindo (inconscientes para o mundo físico).
Dormir,
no entender popular é estar “desligado”, como se vê no exemplo a seguir: Maria
cumprimentou Ronaldo que, despercebido, não lhe respondeu. Então João que
estava atento, dá um cutucão no amigo e lhe adverte: “Acorda, Ronaldo, a Maria
está falando com você, cara. Parece até que você está dormindo!”.
Ou
seja, ambos estavam no mesmo espaço quando Maria falou com Ronaldo, porém,
somente João percebeu porque estava “acordado”, isto é, com os sentidos
ligados , enquanto que Ronaldo estava fisicamente ali,
mas com os pensamentos em outro lugar.
Outro
exemplo para explicar como cremos no sono em relação à morte é o seguinte:
Joana chegou à casa de Luíza, mas esta estava dormindo. Então aproveitou para
conversar com sua mãe que estava fazendo os afazeres domésticos. Após alguns
minutos, Luíza acordou, e ao ver que Joana estava em sua casa desculpou-se:
“Oi, Joana! Desculpe amiga, mas não vi você chegar”. Então a amiga lhe
responde: “Eu sei, é que quando cheguei você estava dormindo”.
Ou
seja, Joana sabia que quando dormimos, embora a presença física esteja ocupando
o mesmo espaço, ficamos alheios ao que se passa ao nosso redor.
É
assim que entendemos a morte no sentido de sono: Para os que morreram, embora o
corpo possa estar presente no mesmo espaço que os vivos, seus sentidos (sua
alma/ seu espírito) estão distantes, em outro lugar, no Paraíso, conforme disse
Jesus ao ladrão da cruz. Lá estamos alheios a este mundo, a tudo que se passa
“debaixo do sol” (Eclesiastes 9.5,6).
Sobre
o texto de 1Co 15.16,18, usado pelos adventistas como tese para a defesa do
sono da alma, uma leitura mais apurada revela o seguinte:
1-
O versículo 12 mostra-nos que havia entre os cristãos coríntios (da cidade de
Corinto), alguns que pregavam que Cristo não ressuscitou, isto é, negavam a
ressurreição corpórea de Cristo, tendo forçado o apóstolo a inquirir dos irmãos
se foi isso que ele havia ensinado e se foi isso o que eles, de início, haviam
crido (v. 11);
2-
O próprio Paulo havia ensinado que Cristo é as primícias dos que dormem
(morrem), isto é, o primeiro a ressuscitar e não mais morrer, e, se assim não
fosse, tudo o que Paulo ensinou não passava de mentiras, mas isso não podia ser
possível, porque como ele próprio explicara em sua defesa, ele passou aos
irmãos o que recebeu do Senhor,
isto é, que ele foi sepultado,
e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (Veja os versículos 1-4). A
pregação de Paulo consistia na crença, não só da morte, mas na ressurreição de
Jesus.
3-
No versículo 13,14 e 15 ele continua sua explanação defendendo a importância
dessa crença: “Se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” E
no versículo 17, ele explica por quê: “E, se Cristo não ressuscitou é vã a
vossa fé, e ainda
permanecereis nos vossos pecados. E
também os que dormiram em Cristo estão perdidos”. (grifo meu)
Veja
bem: Paulo disse aos coríntios que se Cristo não ressuscitou, “é vã a
vossa fé”, porque nesse caso haviam acreditado em
mentiras (e a base do cristianismo é a ressurreição de Cristo, que é a prova de
sua divindade), e, sendo isso mentira, estariam perdidos, porque “permanecereis
nos vossos pecados”.
Não
era a morte de Jesus que nos remiria dos pecados, mas a sua morte e ressurreição. O apóstolo aos
gentios (Paulo), explicou aos romanos (4.24,25) que somos justificados para com
Deus porque cremos que, por
nossos pecados, Jesus foi entregue e
ressuscitado. Assim, a preocupação de Paulo era que os irmãos não deixassem
de crer na ressurreição corpórea de Cristo (que é o motivo de nossa
justificação), e não para provar que sem a ressurreição estamos perdidos
(inexistimos).
Para melhor me fazer entender, utilizarei a explanação do dr.
McNair, em A Bíblia Explicada:
“(...) O apóstolo considera uma variedade de circunstâncias
ligadas à hipótese de não haver a ressurreição dos mortos:
a) Nesse caso, Cristo não ressurgiu - A bem-aventurança de haver
um Salvador e Mestre vivo, presente, poderoso, fica sendo meramente um fato
histórico passado, e o cristão está abraçado com
um defunto. (grifo meu)
b) Nesse caso, nossa fé é vã, porque a fé cristã abraça, não a um
menino no colo da mãe, nem um mártir pregado na cruz, mas um Salvador vivo à destra (a mão direita) de Deus.
(grifo meu)
c) Nesse caso, o Evangelho é falso - Porque afirma como sua verdade central, a
ressurreição de Cristo. Não pode haver um Evangelho sem um Salvador vivo. (grifo meu)
d) Nesse caso, os pecados não foram purificados - Se Cristo não
ressurgiu não há prova de que a sua morte expiatória tenha sido suficiente.
(...).”
Assim,
observamos que sem a ressurreição os santos estariam perdidos porque esta é a
base da nossa pregação, assim, toda a mensagem de Paulo e dos demais apóstolos,
bem como tudo o que afirmam as Escrituras seria mentira. E, conforme vimos
acima, nosso corpo aguarda a ressurreição, mas a alma não dorme, nem morre. Por
esse motivo, creio na imortalidade
da alma e afirmo que a
doutrina do sono da alma não encontra apoio na Bíblia
Sagrada.
OBS.: Este blog não tem por finalidade promover discussões de qualquer
espécie, mas, esclarecer o meu ponto de vista bíblico sobre questões diversas.
Embora não concorde com todos os dogmas religiosos, a educação me faz respeitar
a todas as pessoas que as integram.
Portanto,
não são bem vindos comentários maldosos contra qualquer instituição religiosa,
nem textos que pressuponham debates que a nada levam (2 Tm 2.14,23; Tt 3.9).
Porém, se o leitor quiser fazer alguma observação sem esse fim ou registrar
dúvidas concernentes ao tema, fique a vontade para utilizar o campo de
comentários que fica abaixo (Se for possível utilizar respostas rápidas e
objetivas, responderei no próprio campo de comentário, porém, se a resposta
exigir uma explanação mais minuciosa, responderei ao leitor em forma de novos
textos neste mesmo blog).
Para
qualquer participação que não caiba a esse espaço, fique à vontade para
utilizar o meu e-mail que está disponível no blog.
Um
grande abraço, e que o Espírito de Deus ilumine nosso entendimento.
No
amor de Cristo,
Leila
Castanha
01/2014
Bibliografia:
A
Bíblia Sagrada – com as referências e
Anotações de Dr. C.I.Scofield, 1987.
Bíblia
Apologética de Estudo (Edição Ampliada) – ICP
BULLÓN,
Alejandro. Sinais de
esperança:...Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011.
CALVINO,
João. 1coríntios. São
Paulo: Edições Paracletos. 1996.
WHITE,
Ellen G. A Grande
Esperança:... Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2011.
WHITE,
Ellen G. Eventos Finais. 2
ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1994
MCNAIR,
S.E. A Bíblia explicada.
4ª Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1983.
RINALDI,
Natanael; ROMEIRO, Paulo. Desmascarando
as Seitas... Rio de Janeiro:
Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1996.