Primeiramente, vamos procurar
entender o que significa essa palavra: praga. De acordo com o dicionário da
Língua Portuguesa, “praga” é também um dos sinônimos da palavra “maldição”,
muito utilizada na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento.
Antes de adentrarmos na
pergunta sugerida, devemos compreender que na linguagem bíblica a palavra que
dava o sentido contrário à maldição era bênção. Encontramos,
como exemplo, o texto de Dt 11.26:
“Eis que hoje eu ponho
diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando
cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus que hoje vos mando; Porém a maldição, se não
cumprirdes os mandamento do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que
hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes”. (itálico meu)
Em Tiago 3:10, também fica
bastante evidente o contraste entre esses dois termos: “Da mesma boca
procede bênção e maldição. Meus
irmãos não
convém que isso se faça assim”. (itálico meu)
Uma vez observado a oposição
entre ambas as palavras, veremos o significado de cada uma delas de
acordo com a Grande
Enciclopédia Larousse Cultural:
1º) Bênção: (do lat.
Benedictio), que quer dizer, favor divino.
2º) Maldição: (do lat.
Maledictio), que significa:
a) Palavra
com que se amaldiçoa alguém, praga;
b) Desgraça,
fatalidade;
c) Desaprovação
divina e os
males que daí decorre como castigo.
Obs.: itálicos meus
Agora que já tivemos uma
luz sobre o que significa essa palavra, precisamos relembrar que a maldição
teve origem no Éden, quando Adão e Eva pecaram, isto é, desobedeceram a ordem
de Deus ao comerem o fruto da árvore proibida (Gn 2.16,17)
Porém, no princípio, antes
do casal desobedecer a ordem divina, Deus os havia abençoado conforme está
escrito em Gn 1.27,28: “E criou Deus o homem à sua imagem o criou; homem e
mulher os criou. E Deus os
abençoou...”
Nessa passagem bíblica percebemos
que o ser humano não foi criado sob a maldição, mas debaixo de bênção. Após o
pecado, então, começou a existir a maldição: a serpente foi amaldiçoada, assim
como a terra, o homem e a mulher (Gn 3).
Embora a maldição seja
algo real, o fato do cristão cometer algum pecado não o faz tornar-se
amaldiçoado por Deus, e, consequentemente, sujeito as pragas ou maldições, como
alguns pensam. Segundo a Bíblia, a maldição é reservada para aqueles que desprezam a Deus e
preferem viver fora de suas Leis, ou seja, escolhem uma vida de pecado.
O fato do cristão
fraquejar e cometer algum pecado, não significa que ele tenha rejeitado a Deus,
pois em 1 Jo 1.8-10, lemos o seguinte: “Se
dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em
nós”.
O apóstolo Paulo, após
fazer uma análise de seu comportamento, fez o seguinte desabafo:
“Acho, então, esta lei em mim:
que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem
interior tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros
outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da
lei do pecado que está nos meus membros (...) (Rm 7.21,23)
No capitulo seguinte ele
conclui seu raciocínio, dizendo: “Portanto, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o espírito”. (Rm 8.1) – (itálicos meus)
É fato que há grande
diferença entre “estar” feliz e “ser” feliz. Posso estar feliz hoje,
embora não me julgue uma pessoa feliz, assim como posso estar triste, mas
habitualmente sinto-me feliz. Da mesma maneira, uma pessoa pode ser doente,
enquanto que outra possa apenas estar doente. “Ser” nesses casos é uma condição
em que a pessoa vive, enquanto que “estar”, trata-se do momento atual, de um período
do tempo.
Dessa forma, o cristão é
reprovado por Deus quando é
atuante no pecado, ou seja, quando ele tem prazer em viver na
carne. No entanto, se o pecado cometido for como disse o apóstolo Paulo, um ato
involuntário, produzido pela natureza carnal, mas sem o prazer que envolve uma
vida pecaminosa, pois segundo o salmista, já fomos concebidos em pecado (Sl
51.5), não precisamos temer qualquer praga ou maldição que nos rogarem, pois o
próprio Deus afirmou a Samuel: “...O Senhor não vê como vê o homem; o
homem atenta para a aparência, mas o Senhor olha o coração”. (1 Sm16.7b)
Sabemos que não vivemos em
pecado, quando a prática pecaminosa nos tira a alegria, nos angustia, nos faz
sentir mal, conforme vemos a condição de Davi, após ter cometido pecado (leia o
Salmo 51).
Se Deus estiver do nosso
lado, não temos com o que nos preocupar porque, como o salmista, podemos
afirmar: "O Senhor está comigo, não temerei o que me pode fazer o
homem". (Sl 118.6)
Ou mesmo como disse o
apóstolo Paulo: "Se Deus é por nós, quem será contra nós"? (Rm 8.31)
E, se pecarmos, como
cristãos, seremos incomodados, então basta nos lembrar do alerta do apóstolo
São João: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça”.(1Jo 1.9)
Ao servo de Deus que
comete alguma desobediência as Suas Leis, o autor aos hebreus diz que “Deus castiga ao
que ama e açoita ao
que tem por filho” (Hb 12.6). Castigar não é o mesmo que amaldiçoar. Como vimos
no início, a maldição requer alguma desgraça, fatalidade ou praga advindos como
castigo por não se obedecer a Deus. Onde havia a maldição não podia coexistir a
bênção.
Quando avisava os
hebreus sobre a consequência de suas escolhas, Deus os advertia da seguinte
maneira: “...E todas estas bênção virão
sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus”(Dt 28.1,2)
Em seguida, Ele os
alertava caso suas escolhas fossem erradas, dizendo-lhes: “Será, porém que, se
não deres ouvidos a voz do Senhor teu Deus (...) então sobre ti virão todas as maldições, e te
alcançarão”.(v. 15) (itálicos meu)
Observamos claramente que,
quando uma entrava a outra se retirava da vida da pessoa. Bênção e maldição não
podem se misturar, assim como óleo não se mistura com água. Neemias, em sua
oração a Deus, disse-lhe: “Ah! Senhor Deus dos céus, Deus grande e terrível!
Que guardas a
aliança e a benignidade para com aqueles que o amam e guardam os seus
mandamentos”. (Nee 1.5)
Qual era a aliança que
Deus tinha para com o seu povo? Que os abençoaria se ouvissem a sua voz.
Será então que Deus
esperava que o povo nunca pecasse? É óbvio que não, pois, já na época do Novo
Testamento, vemos o alerta do apóstolo Paulo, que deixaria bem desconsertado os
que criam ser perfeitos: “Todos pecaram
e separados estão da glória de Deus”. (Rm 3,23) (grifo meu)
O que acontece, então se
alguém lançar maldição em um cristão?
O salmista Davi sabia tão
bem que ninguém pode amaldiçoar a quem Deus abençoa que no salmo 109.28 ele diz
ao Senhor: “Amaldiçoe eles, mas abençoa tu”. Ou seja, se tu me abençoares, não
estou nem um pouco preocupado com a maldição que eles me lançarem.
Quando Simei lançou
uma maldição sobre Davi ele respondeu: “...O Senhor me pagará com bem a sua
maldição deste dia” (Leia 2 Sm 6.5-12)
Em outra ocasião, Davi fez
a seguinte exortação: “Amai ao Senhor, vós todos que sois seus santos; porque o
Senhor guarda os
fiéis...”(Sl 31.23)
No tão conhecido salmo 91
encontramos a resposta para esta dúvida. Diz o salmista: “Aquele que habita no
esconderijo do Altissimo, à sombra do Onipotente descansará (...) Nenhum mal te
sucederá nem praga alguma chegará
atua tenda”. (v.
10)
Leia este salmo inteiro
que você ficará certo do quanto estamos seguros e protegidos à sombra do
Onipotente! E, ainda que fraquejemos e erremos o alvo (“errar o alvo “ é o
significado da palavra pecado), nem por isso ele nos abandonará, porque em 2 Tm
2.13, encontramos a seguinte frase do apóstolo Paulo: “Se formos
infiel,ele permanece fiel”.
E ainda no
salmo 125 o salmista afirma com ênfase: “Os que confiam no Senhor serão como os
montes de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre”.
Com amor,
Leila Castanha
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