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sábado, 3 de agosto de 2013

A IMPORTÂNCIA DA GENEALOGIA DE JESUS


     O Livro de Mateus é o primeiro dos Evangelhos Sinóticos, embora alguns estudiosos da Bíblia acreditem que o Livro de Marcos foi escrito antes dele. O autor desse livro é o próprio Mateus, por isso recebeu o nome de “Evangelho Segundo São Mateus”, ou seja, “O Evangelho contado de acordo com Mateus”. Esse livro é o único do Novo Testamento escrito originalmente em hebraico.

     O livro de Mateus foi escrito aos judeus por cerca de 60 d.C. (depois de Cristo) e apresenta-lhes Jesus como  Rei . Ele enfatiza que Cristo era o Messias que viria para reinar sobre o seu povo (os judeus). Messias é a forma hebraica do nome Cristo que significa Ungido. 
Segundo a tradição judaica, aquele que fosse ungido por um sacerdote receberia autoridade para exercer o seu ofício, e, uma vez que os discípulos criam que Jesus era o Ungido de Deus que veio ao mundo a fim de realizar sua missão redentora e  levar o homem de volta a Deus, eles o chamavam de Cristo, que era o mesmo que dizer que reconheciam que Jesus tinha autoridade sobre eles. Para entendermos um pouco mais este vocábulo, leiamos Mc 8.27-29:

“E saiu Jesus e os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe; e, no caminho, perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João Batista; e outros, Elias; mas outros, um dos profetas. E ele lhes disse: Mas vós que dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse:  Tu és o Cristo.” (negrito meu)


Quando Pedro disse: “Tu és o Cristo”, ele estava dizendo a Jesus que reconhecia que ele era o Ungido de Deus (a pessoa a quem Deus deu autoridade), para trazer o reino de dele a Terra (Veja Mt 3.1,2).
 O povo de Israel esperava, segundo predissera as Escrituras, a chegada de um rei que o livraria da opressão romana, porém, muitos deles não criam que Jesus era esse Rei predito. Por isso, Mateus escreveu seu livro aos seus conterrâneos para provar-lhes que Jesus era, realmente, esse homem.

Os judeus sabiam que o Cristo (o Ungido de Deus) o qual esperavam para reinar sobre eles, viria da descendência de Abraão e de Davi, conforme dissera os profetas (Veja 2 Sm 7.12-16; Jr.23.5; Gn12.3). Então, Mateus achou por bem iniciar seu livro mostrando a origem de Jesus, ou seja, de onde ele descendia, e intitulou seu livro de “Livro da geração de Jesus CristoFilho de DaviFilho de Abraão.” (Mateus 1.1) – (itálico meu). Ou seja, Mateus escreveu seu livro com o intuito de chamar a atenção dos judeus para o fato de que Jesus era o Rei que havia de vir, porque, em primeiro lugar, ele pertencia a geração de Davi e de Abraão, exatamente a linhagem da qual as profecias diziam que o Cristo deveria vir.
A partir desta prova confirmada, Mateus começou a contar a história do nascimento de Jesus até a sua ascensão (sua subida ao céu), comparando cada etapa de sua vida com as profecias do Antigo Testamento. Inclusive, ele cita quarenta passagens do Velho Testamento na tentativa de ser o mais convincente possível. Quando ele conta, por exemplo, sobre o nascimento de Jesus, ele faz questão de comparar os fatos narrados por ele com a profecia de Isaías, a qual predisse que Jesus havia de nascer de uma virgem. Assim, após contar o que o anjo dissera a Maria, ele relata que ela era virgem, então, no capítulo 1. 22 e 23, ele escreve:

“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá e dará a luz a um filho, ele será chamado Emanuel, que quer dizer Deus conosco”. (negrito meu)


Leia esta profecia em Isaias 9.6 e compare com o versículo que lemos agora. Leia também (Mt 2.2; 2.5-6; 2.15; 2.17,18; 2.22,23) e veja como Mateus usou as Escrituras do Antigo Testamento para provar que tudo o que foi profetizado se cumpriu desde o nascimento de Jesus até o seu retorno ao céu. Só desse jeito ele poderia convencer os judeus de que Jesus era realmente o Rei que eles esperavam, porque os judeus se baseavam nas profecias. 
Mateus tinha um trabalho difícil para executar. Marcos, por exemplo, escreveu seu livro aos romanos, um povo que mal conhecia as Escrituras. Lucas escreveu aos gentios (ao povo não judeu), que nada sabiam acerca de Cristo e que há pouco haviam conhecido sua  história pela pregação dos apóstolos e demais discípulos. Para estes, bastava contar o que dissera os profetas e como isso havia se cumprido em Cristo. Mas, para Mateus era diferente. Ele estava contando a história de Jesus para um povo que conhecia muito bem as profecias e as Escrituras. Além do mais, muitos judeus duvidavam que Jesus fosse o Rei esperado, porque acreditavam que o Cristo viria fazendo uma revolução para liberta-los da opressão de Roma.  Por isso, não bastava apenas contar-lhes a história de Jesus nem dizer-lhes que as profecias falavam sobre ele, Mateus precisava provar-lhes isso. Então, ele começou seu trabalho, provando-lhes que Jesus era o Filho de Abraão e o Filho de Davi, isto é, que ele era, de fato, descendente destes dois homens.

Primeiro ele escreveu sobre o que trataria seu livro: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” (1.1)
 Ao dizer “Filho de Abraão” e “Filho de Davi”, ele já inicia o assunto chamando a atenção dos judeus porque eles sabiam que o Messias (O Cristo) viria dessa linhagem.
Em seguida, para ser mais preciso e não deixar qualquer dúvida, ele resolveu escrever um por um os nomes dos antepassados de Cristo, começando por Abraão até chegar a ele, descrevendo sua árvore genealógica da seguinte maneira:


“Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó; Jacó gerou a Judá e seus irmãos (...); Matã gerou a Jacó; Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo”. (1.1- 15)

Em outras palavras, Mateus escreveu mais ou menos o seguinte:

“Livro da genealogia de Jesus Cristo, o qual comprova que Jesus é da linhagem de Davi e da linhagem de Abraão, conforme predisse as Profecias. Para comprovar o que estou dizendo, vou citar um por um os descendentes dele começando por Abraão: Abraão gerou a Isaque; Isaque gerou a Jacó (este é outro Jacó); Jacó gerou a José, o marido de Maria, a virgem da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo, isto é, o Ungido de Deus, de quem dizia as Profecias.”

Quando Mateus diz no início de sua narrativa que Jesus é o “Filho de Davi” e o “Filho de Abraão” (Leia o versículo 1),  Mateus não estava dizendo que Cristo foi gerado por Davi e por Abraão, no sentido biológico, mas, quanto a sua linhagem, isto é, ele pertencia a mesma linhagem de Davi e de Abraão.

Observamos, também, que apesar de todos nós termos duas linhagens, isto é, uma pela parte de pai e outra pela parte de mãe, Mateus escolheu apresentar a descendência de Cristo pela linhagem de José, seu pai adotivo.  Sabemos que o nascimento de Jesus foi um ato milagroso, pois ele era filho de Maria (uma humana) e do Espírito Santo (um Ser divino) e que José não era o pai biológico dele. O próprio Mateus conta isso (1.18,25). Todavia, tendo José se casado com Maria ele tornou-se legalmente o pai de Jesus, de maneira que os próprios judeus o reconheciam como tal (Leia Mt 13.53-55 e Lc 3.23).
Mateus não apresentou a descendência de Maria, que também era da linhagem de Davi, porque os judeus costumavam considerar os ancestrais pela linhagem paterna. Veja um exemplo de como apresentavam a genealogia de alguém, em 1 Cr 1.8, e observe que só  há menção de nomes de homens.  Lembre-se, também, que naquela época a mulher era valorizada apenas para a procriação, elas não podiam sequer falar em público e suas vidas reduziam-se a servir os seus pais, irmãos ou maridos.

Mateus até incluiu algumas mulheres na genealogia de Jesus, mas preferiu usar a árvore genealógica do pai para apresentar a linhagem de Cristo. Lucas também apresenta a genealogia de Jesus (Lc 3.23-38), porém, alguns eruditos da Bíblia, como o dr. Scofield, defende a tese de que em Lucas, a linhagem de Jesus é descrita pela arvore genealógica de Maria, todavia, apesar de tentador, não nos compete entrar nesse pormenor, apenas nos limitemos ao fato já comprovado de Mateus que apresenta a linhagem de Cristo pela linha paterna, para provar que Jesus era, por legitimidade, descendente de Abraão e de Davi, logo, ele se encaixava nas Profecias.
Outra preocupação de Mateus era enfatizar que Cristo era o Rei que os judeus esperavam, por isso ele usava muito a expressão “Reino dos Céus”, para fazê-los entender que Cristo não era um rei qualquer, mas que seu reino não era desse mundo, isto é, ele era o Rei do qual profetizara as Escrituras. Ele usou tanto esta expressão em seus escritos que alguns estudiosos da Bíblia apelidaram seu livro de “O Livro do Evangelho do Reino”. Leia Mt 4.23; 6.33; 9.35; 24.12. 

Mateus, que também é chamado de Levi (veja Mc 2.14; Lc 5.27), era um dos doze apóstolos de Cristo, conforme está escrito em Mt 10.3. A palavra “Apóstolo” significa “mensageiro ou enviado”, logo, os apóstolos de Jesus, dos quais Mateus fazia parte, eram homens enviados por Cristo para levar a mensagem do Evangelho. Lembre-se de que a palavra “Evangelho”, significa “Boas Novas, Boas Notícias ou Boas Mensagens”. E Mateus, em seu livro, anunciava essas Boas Noticias (o Evangelho) especialmente aos judeus, dizendo-lhes que Jesus é o Messias que eles esperavam e o Rei predito pelas profecias do Antigo Testamento. Não devemos nos esquecer de que os judeus eram conhecedores das Escrituras, por isso era indispensável que Mateus usasse todas as provas possíveis a fim de fazê-los compreender que Jesus era o Cristo.
Espero que agora você tenha compreendido como foi importante Mateus ter escrito sobre a genealogia de Jesus e citado tantas passagens do Antigo Testamento.
Leia este maravilhoso livro que foi dividido em vinte e oito capítulos e tente imaginar Mateus se esforçando para contar a história de Jesus aos judeus, seus conterrâneos, de forma convincente e sem perder nenhum detalhe descrito pelas profecias do Antigo Testamento.

 Boa Leitura e que o Espírito Santo fale ao teu coração.

Fique na doce paz de Cristo!

Leila Castanha

07/2013




domingo, 1 de fevereiro de 2015

LUCAS, O EVANGELHO DO FILHO DO HOMEM



imagem extraída https://slideplayer.com.br/

Lucas era um médico gentio, ou seja, não era judeu, também era cooperador do apóstolo Paulo a quem acompanhou em suas viagens missionárias. Foi autor do livro que recebeu o seu nome, e também Atos dos Apóstolos (carta onde ele narra exatamente os atos, isto é, as ações dos apóstolos após a ascensão (subida) de Cristo ao céu). Leia At. 16.10; Cl. 4.14; 2 Tm 4.11;  Fm 24.
Lucas escreveu a um amigo chamado Teófilo. Sua primeira carta tinha por objetivo narrar o que Jesus fez enquanto andou na Terra, e a de Atos contava o que os discípulos de Cristo fizeram após Ele retornar ao Céu. Leia Lc 1.1-4 e At. 1.1,2 para melhor entender o propósito de suas cartas.
No capítulo 1 e versículo 3, Lucas trata a seu amigo por “excelentíssimo Teófilo”, e, segundo alguns estudiosos da Bíblia, “excelentíssimo” era um tratamento usado para oficiais.
Lucas julgou necessário escrever ambas as cartas não porque os gentios não haviam ouvido falar de Jesus, mas ele queria contar com pormenores, “por sua ordem”, as ações de Cristo (1.1), a fim de certificar a Teófilo a veracidade das histórias de que ele já ouvira falar sobre o Filho de Deus que se fez homem (v. 3,4).
No entanto, ele achou importante descrever sucessivamente os acontecimentos, começando pelo nascimento de Cristo (como ele veio à Terra), até sua ascensão (como saiu da Terra).  
É importante sabermos que Lucas não pertencia ao grupo dos discípulos que andaram com Jesus. Sua carta foi o resultado de pesquisas e entrevistas feitas aos que presenciaram a trajetória terrena do Filho de Deus (Leia Lc 1.2). 
Mateus e Marcos já haviam escrito cartas narrando a vida de Jesus na Terra. O primeiro escreveu aos judeus, e o outro aos romanos. Agora Lucas escrevia a um gentio, seu amigo, apresentando Jesus, não apenas como Deus, mas como homem.
Para os judeus era fácil ver o Cristo como Filho de Deus, afinal eles já estavam habituados com a existência de Javeh (Deus), e sabiam de sua promessa de enviar seu Filho. No entanto, os gentios não eram conhecedores desse Deus, e tudo o que sabiam sobre Ele baseava-se no que tinham ouvido falar. Era, portanto, mais fácil Lucas apresentar-lhes Jesus como o homem-Deus que se despojou de sua glória e viveu como um humano para nos mostrar a vontade de Deus. O nome Cristo vem do grego, e Messias origina-se do hebraico, mas ambos os nomes significam Ungido.
É importante salientar que somente Lucas (dentre os escritores dos evangelhos sinóticos) apresenta a história do nascimento de João Batista (primo de Jesus), a visita de sua mãe à prima Isabel (mãe de João Batista), e os detalhes do nascimento de Jesus, contando, inclusive, sobre o alistamento de seus pais em Belém. Era importante apresentar-se o parentesco de Jesus para confirmação de sua natureza humana.
Mateus, ao escrever para os judeus, tentou apresentar Jesus como o Rei que havia de vir. Os judeus já esperavam o Ungido de Deus que os livraria da opressão romana. Eles não creram que Jesus fosse esse rei porque ao invés de se rebelar contra o império romano ele ensinava coisas que pareciam denunciar  seu apoio ao governo tirânico dos gentios, como por exemplo: “Dai à César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mc 12.17).
Para provar que Jesus era o rei prometido por Deus Mateus escreveu sua carta começando pela genealogia de Jesus, a fim de mostrar a seus conterrâneos que a descendência dele estava de conformidade com as profecias.
Leia neste blog o estudo sobre “A importância da genealogia de Jesus” para entender melhor por que Mateus iniciou sua carta pela genealogia de Cristo.
Por conta de salientar que Jesus é o rei prometido por Jeová, o evangelista Mateus utilizou muito em sua carta expressões como “Reino dos céus” e “Reino de Deus”, conforme se pode observar em Mateus 3.2; 5.3; 6.10; 8.12; 18.23; 19.12; 19.23; 20.21; 23.13; 24.14 etc. A palavra Reino, neste livro, é proferida mais de 50 vezes.
Marcos, que escreveu aos romanos, teve por intenção apresentar Jesus como o Servo Perfeito, por isso faz todo o sentido ele ter começado sua carta narrando sobre a submissão do Filho de Deus em deixar-se batizar por um discípulo (João Batista). 
Também para enfatizar sua ação no ministério terreno, Marcos utilizou muito expressões como “logo”, a fim de mostrar Jesus como um ser em constante ação, cuja missão era a de servir (Mc 10.45). Para ter ideia de quantas vezes Marcos usa a expressão “logo” em seu  livro leia Marcos 1.10; 1.43; 2.2; 2.8; 2.12; 4.16  etc. Pesquise numa enciclopédia bíblica a palavra “logo” e você verá quantas vezes ela é utilizada por esse escritor.
Por sua vez, Lucas pretendia mostrar Jesus como homem, por isso constantemente referia-se a Cristo como “O Filho do Homem”. Ao usar essa expressão Lucas confirmava a natureza humana de Jesus, pois sendo Filho do homem também era homem, assim como indica a frase “filho de peixe, peixinho é”. Observe algumas passagens onde essa expressão é utilizada na carta de Lucas a Teófilo: Lc 5.24; 7.34; 6.5;  9.22; 9.26; 11.30; 12.8; 12.40;  etc.
O tema base do livro de Lucas, isto é, a frase na qual seu livro se baseia está no capítulo 19.10: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
Toda a narrativa de Lucas se propõe a declarar esta verdade: O motivo de Jesus encarnar-se e viver entre os homens era para salvá-los da condenação do pecado, reconciliando-os com Deus, por meio de seu sacrifício.
Lucas narra em sua carta a apresentação de Cristo no templo e conta as palavras de Simeão, que orando a Deus, agradeceu-lhe pelo privilégio de ter sido escolhido para fazer a apresentação do Salvador, dizendo: “...Os meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos, luz para alumiar as nações e glória de teu povo Israel. (Lc 2. 28-32)
Também escreveu que, ao falar sobre Jesus, João Batista (que era seu primo), revelou aos que estavam presentes que através do Cristo “toda a carne verá a salvação de Deus” (Lc 3.6).
Em sua carta a Teófilo, Lucas também lhe chamou a atenção em como Jesus dava preferência aos rejeitados. Ele narra histórias como as do bom samaritano e a de Zaqueu. Na primeira história há um homem de Jerusalém que a caminho de Jericó foi apanhado por ladrões (salteadores), os quais o roubaram e espancaram-no, deixando-o quase morto. Passou por ele um sacerdote e fingiu não vê-lo. Depois passou um levita, e vendo-o passou de largo. Por fim, um samaritano que passava por ali, vendo-o foi até o ferido e o socorreu levando-o para um lugar onde pudessem tratar dele.
 Observe que a importância dessa história está no fato de que o sacerdote era símbolo do religioso, o levita, dos conhecedores da lei de Deus, e o samaritano pertencia a um grupo de israelitas odiados pelos judeus. Mas foi este quem socorreu o pobre homem, mesmo sendo o moribundo pertencente aos seus inimigos.
Na narrativa sobre Zaqueu, que era um judeu publicano (cobrador de impostos para o império romano), e por conta de seu ofício era odiado pelos seus compatriotas, mesmo contra a vontade da população que chamava Jesus de pecador por comer com aquele a quem consideravam pecador, Cristo respondeu-lhes: “Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” (Lc 19.9,10).
Que bonito quando lemos o livro de Lucas, imaginando Teófilo lendo estas histórias. Que reconfortante para um gentio (que eram desprezados pelos judeus ortodoxos), ver Jesus defendendo os rejeitados, e acolhendo gente de toda nacionalidade, assim como aqueles considerados como o pior pecador. 
Lucas mostrou que Jesus, o Filho do Homem, era um personagem sensível. Ele contou a história sobre o dia em que Jesus chorou ao ver a situação de seus conterrâneos, cujos corações estavam fechados para a salvação que veio ofertar-lhes. E o evangelista Lucas narra que, ao ver a cidade de Jerusalém Jesus chorou sobre ela (Lc 19.41).
Que prova mais contundente da humanidade de Cristo Lucas poderia dar a seu amigo? Um homem que ao sentir a rejeição era capaz de chorar, não apenas por ter sido rejeitado, mas ao pensar no alto preço que seus conterrâneos haveriam de pagar por não aceitarem que ele pagasse o preço de seu resgate!
Tente ler o livro de Lucas, imaginando Teófilo lendo esta carta, mas não se esqueça de que este homem era um gentio, não era familiarizado com o Deus de Israel, e seu amigo Lucas estava contando a vida de Jesus, como o Deus que se fez homem e como ser humano passou 33 anos na Terra, ajudando as pessoas a libertarem-se de seus males e a se reencontrar com o Pai. O evangelista Lucas mostra a Teófilo, por meio de sua carta que, embora sendo homem, Jesus se deu como exemplo para ser imitado por todos quantos queiram ser seus discípulos.
Se você nunca leu esse livro que faz parte dos sinóticos (os evangelhos compostos pelos livros de Mateus, Marcos e Lucas), eu te aconselho a começar a lê-lo, pois para mim, o livro de Lucas é um dos mais detalhados nas narrativas, e gosto da maneira como esse evangelista (escritor dos Evangelhos), conta a história de Jesus na Terra.
Boa Leitura!

Fique na paz do Senhor Jesus!

Leila Castanha

02/2015


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O MORMONISMO SEGUNDO A BÍBLIA


O primeiro obstáculo para uma pessoa tornar-se mórmon é crer cem por cento na Bíblia, pois se assim for, não poderá crer cem por cento no Livro de Mórmon e em seus outros livros “inspirados”, uma vez que estes contêm grandes discrepâncias se comparados à Bíblia Sagrada, conforme veremos a seguir:
O MORMONISMO ENSINA QUE:
 Antes de virmos a Terra num corpo físico vivíamos como filhos espirituais com nossos pais celestes, de forma que todas as pessoas que vivem ou viveram na Terra foram nossos irmãos espirituais nos céus. Jesus foi o primeiro espírito nascido de nossos pais espirituais, sendo,  literalmente, nosso irmão mais velho.
Uma vez que todos nós somos provenientes de pais espirituais, herdamos Deles o mesmo potencial para desenvolvermos Suas qualidades divinas. Embora fôssemos felizes nos céus nosso Pai celestial sabia que não desenvolveríamos nossas qualidades divinas a menos que os deixássemos por um tempo e nosso espírito fosse revestido com um corpo físico.
Sendo assim, Ele convocou um Grande Conselho onde apresentou seu plano para nós. Houve uma eleição nos céus na qual dois de nossos irmãos participaram como candidatos a Salvador. Nós votamos em Jesus, e sabemos disso porque estamos na Terra. Os que votaram em Lúcifer (nome do Diabo quando era anjo de luz) estão com ele na Terra, mas como espírito. Deus também votou em Jesus porque Lúcifer pretendia receber a honra pela nossa salvação, forçando a humanidade a voltar para Deus sem permitir-nos a liberdade de escolha, porém Jesus estava disposto a dar sua vida e tomar sobre Si os nossos pecados.
De acordo com seu plano, Deus providenciaria uma Terra para vivermos, onde seríamos provados e esqueceríamos nosso lar celestial. Sem essa lembrança precisaríamos escolher entre o bem e o mal. Porém, antes de encarnarmos, fomos informados, que devido as nossas fraquezas todos pecaríamos, mas um Salvador seria enviado a fim de vencer o pecado e a morte por meio da ressurreição. Nele devíamos crer, obedecer a Sua Palavra e seguir o Seu exemplo. Após nossa provação terrena cada um alcançaria a salvação.
 Embora não nos lembramos de quem éramos nos céus, o Pai Celestial lembra-se.
Devido a preferência de Deus por Jesus, Satanás rebelou-se, e junto com seus seguidores lutaram contra Jesus e seus anjos, resultando em sua expulsão e daqueles que o apoiaram, condenados a viverem na Terra como espíritos.

A BÍBLIA ENSINA QUE: 
Fomos nascidos em pecado e não como seres espirituais nos céus. Quanto ao plano de Deus, afirmado pelos mórmons, de nos fazer vir ao mundo com a finalidade de nos aperfeiçoar, há algumas incoerências, a saber:
a) Se estando com Deus não conseguimos ser perfeitos como seria possível alcançar a perfeição estando longe dele e rodeados pelo pecado?
b) A Bíblia diz que foram os nossos pecados que nos afastaram de Deus (Is 59.2). Se crermos na história contada pelo Livro de Mórmon teremos de admitir que Deus não pensou bem em seu plano, pois, de seres puros nos fez virar pecadores ( E Ele odeia o pecado).
c) Se esta foi a maneira magnífica encontrada por Deus para aperfeiçoar a santidade de seus filhos, com certeza não deu certo, já que apenas a minoria das pessoas  escolheram seguir as doutrinas e convênios da chamada, verdadeira Igreja, isto é, “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, mais conhecida como “Igreja dos Mórmons”.
A Bíblia conta que nascemos no mundo, criados por Deus e recebemos desde o princípio um corpo terreno (Gn 1.1, 26,27), e a partir de Adão e Eva fomos contaminados pelo pecado (SL 51.5), mas para nos restaurar ao estado de pureza de quando Ele nos criou, Deus enviou ao Mundo o seu Filho para nos ensinar como voltarmos para Ele, e pelo seu sangue nos reconciliar consigo (Jo 3.16; Gl 4.4).
Não há como crer na Bíblia, que afirma que fomos criados do pó da terra e ao mesmo tempo no Livro de Mórmon que diz que tivemos uma vida pré-terrena, nos céus.
Quanto ao outro ensinamento do mormonismo, discordante da Bíblia, é a afirmativa sobre termos votado em Jesus para ser nosso Salvador.
Segundo a Bíblia, nós não o escolhemos, mas foi Deus quem escolheu enviar o seu único e amado Filho para nos resgatar do pecado: Leia Is 42.5,6,7;  Jo 20.21; Gl 4.4.
Observamos esta verdade em todos estes textos e muitos outros (basta você seguir os versículos apontados pelas concordâncias bíblicas). Em nenhuma parte da Bíblia encontramos qualquer vestígio de que estivemos presentes no céu quando houve o Grande Conselho. Achamos, no entanto, afirmativas que dizem que estávamos separados de Deus por causa de nossos pecados e  por causa disso Deus nos enviou Jesus para  nos resgatar do poder do pecado que imperava em nós (Sl 14.1-3;Is 53.6,11,12).
A Bíblia também é enfática em dizer que fomos escolhidos por Cristo, e nós não o escolhemos como pensam os mórmons. Só transcreverei dois versículos que afirmam essa verdade, embora a Bíblia esteja repleta de textos que falam do mesmo assunto:Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi e vos nomeei para que vades e deis fruto(...)” (JO 15.16) (Itálicos meu)
Efésios 1.4 diz que Ele nos escolheu antes da fundação do mundo:

“Nisto está a caridade (o amor): Não em que nós tenhamos amado a Deus, mas, em que Ele nos amou e nos enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” (1Jo 4.10)

Observe que não houve participação nossa na escolha para um Salvador, mas foi Deus quem escolheu enviar seu Filho Jesus para nos salvar, e o próprio Jesus foi quem aceitou se entregar como sacrifício por nós.

O MORMONISMO ENSINA QUE:
 Deus é um ser de carne e osso. Eles defendem essa crença utilizando-se de textos como Dt 8.3 e Mt 4.4, os quais usam expressões como “a boca de Deus”, “o braço de Deus” etc.  Jesus é o filho primogênito de Deus, e somos seus irmãos mais novos. Jesus é Filho de Deus, assim como nós e todos os espíritos que tomaram ou tomarão um corpo nesta Terra. Toda pessoa que vem a Terra depende de Jesus para cumprir a promessa que ele fez no céu de ser nosso Salvador.  Ele é um dos espíritos, que assim como nós, recebeu um corpo na Terra.
Segundo o ensinamento mórmon, quando a Bíblia refere-se a Jesus como sendo maior do que todos, ela o faz pelas seguintes razões: Por ele ser o Filho mais velho; Pela sua condição na carne, sendo filho de mãe mortal e pai imortal, ter ressuscitado e sido glorificado; Sua escolha e pré-ordenação como Salvador; Sua ausência de pecado.
Pela aceitação do Evangelho podemos nos tornar filhos de Jesus Cristo, isto é, nascemos de Deus por meio da obediência e assim, receberemos a exaltação e até a condição de Deus.

A BÍBLIA DIZ:
 Jesus é Deus e não apenas nosso irmão mais velho. Ele é superior a tudo e a todos. Leia Mt 1.23; Is 9.6; Jo 1.1-3; 1 Co1.13-18; Hb 1.8 e observe o seguinte:
Em Mt 1.23, o seu próprio nome, Emanuel, quer dizer Deus Conosco.
Em Isaias 9.6, um de seus nomes é Deus Forte.
Jo 1.1-3, o apóstolo João narra que Jesus (chamado de o verbo, isto é, a Palavra), estava desde o princípio com Deus e era Deus e tudo foi feito por ele.
Ao falar sobre o Pai, Jesus disse: “Quem vê a mim vê ao Pai”. (Jo 14.7-9). E, “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30), isto é, não há um maior do que o outro e ambos têm a mesma essência divina.
Paulo (1 Co1.13-18) confirma as palavras de Cristo ao dizer que Ele não é apenas o Filho de Deus, mas é a própria imagem do Deus invisível. Ou seja, quem vê a Ele vê ao Pai. O escritor aos hebreus (1.10) declara que o próprio Pai chama Jesus de Deus e diz que Ele (o próprio Jesus) criou tudo.
Jesus não é apenas um espírito irmão de Lúcifer, mas é o seu Criador, pois todos os principados e potestades foram criados por ele (1 Co1.13-18)
É importante repararmos que quando a Bíblia fala de Jesus como o primogênito da criação, não significa que ele foi o primeiro a ser criado. Algumas vezes, a designação de “primogênito” tem o sentido de “preeminência”, ou seja, de “Cabeça”, de “Maioral”, “Aquele que ocupa o primeiro lugar”.
Podemos observar isso nos Sl 89.27, onde diz que Davi ocupava o lugar de primogênito. É óbvio que isso não pode referir-se ao fato de Davi ter sido o primeiro rei, no sentido literal, porque o primogênito dos reis de Israel (o primeiro) foi Saul, no entanto, Davi era primogênito no sentido em que é explicado no próprio texto, isto é, ele recebeu o lugar “mais elevado” do que todos os demais reis que o antecederam ou lhe sucederam.
É nesse sentido que Jesus é o primogênito da criação, ou seja, Ele ocupa o primeiro lugar no ato da criação, porque tudo foi feito por Ele e para Ele, conforme lemos nos textos acima.
Se assim não fosse Ele não poderia ser denominado “as primícias dos que dormem”, porque outros haviam morrido e até ressuscitado antes dele. Mas ele é denominado “as primícias”, ou “o primogênito dos mortos”, porque foi o único que ressuscitou e não morreu novamente, tornando, com isso, a sua ressurreição mais excelente do que a de todos que morreram antes e depois dele (Lázaro, por exemplo, ressuscitou antes de Cristo, porém tornou a morrer).
De acordo com a Bíblia, o motivo pelo qual Satanás foi expulso do céu, nada tem a ver com a disputa pela nossa salvação, conforme afirmam os mórmons. Todavia, o motivo de sua queda foi a soberba (orgulho), pois pretendia ser igual a Deus, conforme observamos no texto de Is 14.12-20.
Em relação à doutrina mórmon que afirma ser Deus de osso e carne, baseados em textos que falam da boca de Deus, do braço de Deus etc, podemos entender que não é isso que a Bíblia quer dizer com tais expressões, porque se buscarmos outros textos como Hb 12.24 que diz que “Deus é um fogo consumidor” poderemos  perguntá-los se Deus é uma fornalha; Ou se lermos o Sl 91.4, o qual afirma que sob suas asas estamos seguros, poderemos lhes indagar: Seria Deus um pássaro?
Talvez os líderes do mormonismo nunca ouviram falar de linguagem denotativa e conotativa. Se interpretarmos a Bíblia somente no sentido literal (denotativo) muita coisa não fará sentido algum. Imagine se alguém for levar ao pé da letra Mateus 5.29 (Quantos crentes cegos e manetas teríamos! E se a lista de amputação continuasse, não teríamos mais ninguém no mundo).
Pense em todos os cristãos executando literalmente a ordem de Mateus 18.6. Quantos suicídios e assassinatos “santos” não seriam cometidos! (Para você ter uma ideia do que é capaz uma interpretação errada dos textos bíblicos, recomendo que assista o fime “A letra que mata”).
É para evitar esse tipo de erro que se faz necessário o conhecimento das regras da hermenêutica (orientação à correta interpretação bíblica).
Segundo a Bíblia, Deus é espírito e assim sendo, não possui carne nem ossos (Jo 4.24). Jesus ainda estava na Terra e para provar que ainda estava em carne disse aos seus discípulos que se fosse um espírito, não teria carne nem ossos ( Lc 24.39).
Obs.: Creio que os seres celestiais possuem corpos, porém não um corpo humano (de carne e ossos), mas, o mesmo corpo que o apóstolo Paulo disse que possuiremos no céu, “um corpo glorificado” (1 Co15.40, 50-53).

 O MORMONISMO ENSINA QUE: 
Deus tem várias esposas, portanto temos mãe nos céus e não apenas pai. Os santos dos últimos dias (como se autodenominam os mórmons) ensinam, também, que o casamento é para a eternidade. Seu cônjuge terreno deverá ser o mesmo na eternidade, proibindo por isso que os viúvos se casem novamente.
Acreditam que Deus não apenas recomenda, mas ordena o casamento, e baseiam seus argumentos na união de Adão e Eva, dizendo ter sido realizada pelo próprio Deus que ordenou para multiplicarem-se e povoarem a Terra (Gn 1.28), ordem esta a qual chamam de primeiro grande mandamento.
Ensinam, também, que o casamento não é apenas uma união terrena para satisfazer as necessidades desta vida, mas deve perdurar por toda a eternidade, proporcionando honras e alegrias neste mundo e glória e vidas eternas nos mundos vindouros (Pois nos céus os casais terão filhos espirituais). O homem ou a mulher não podem alcançar a exaltação no reino de Deus se estiverem solteiros, pois Deus fez macho e fêmea, conforme sua imagem (dessa interpretação é que apóiam sua doutrina de que temos Pai e Mãe nos céus).
Se o casamento for celebrado somente no civil ou por outra autoridade senão num templo dos SUD (Santos dos Últimos Dias, isto é, mórmons), ele é válido apenas nesta vida, mas se for feito no templo deles é válido para a eternidade e isto também nos dá o direito de continuarmos com os nossos filhos. Na glória celestial há três céus ou graus: E para obter o grau mais elevado, o homem precisa entrar nesta ordem do sacerdócio (o convênio do casamento). Portanto, quem casa-se para a eternidade alcança a mais alta posição que é a exaltação ou deidade (seremos deuses) e teremos filhos espirituais.
Abaixo, registrarei um de seus hinos que retrata bem a crença sobre a paternidade e a maternidade celestiais:

Ò Meu Pai
Ó meu Pai tu que habitas na real celeste mansão
Quando verei a tua face em tua santa habitação?

Tua morada sempre fora de minh’alma doce lar?
E na minha alegre infância pude ao teu lado habitar?

Tu ao mundo me mandaste por teu glorioso poder
E esqueci-me das lembranças de meu pretérito viver!
Às vezes ouço em segredo: “Um estranho és aqui.”
Bem sei que sou um peregrino de outra esfera em que vivi.

Pelo Espírito Celeste chamar-te Pai eu aprendi

E a doce luz do evangelho deu-me vida, paz em ti
Há somente um Pai Celeste? Não, pois temos mãe também
Esta verdade tão sublime nós recebemos do além!

Quando deixar a humana vida este frágil corpo mortal
Pai e mãe verei contente na mansão celestial
E terminada a tarefa que mandaste executar
Dá-me santo assentimento para ao teu lado sempre estar.

(grifo meu)

 A BIBLIA ENSINA QUE: 
Quando perguntaram a Jesus com quem certa mulher, que fora casada com sete irmãos, se casaria no céu, ele respondeu:
“Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. Porque, na ressurreição, nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu (Mt 22.29,30)
Ao mostrarmos essa passagem bíblica (Mt 22.29,30), os mórmons defendem-se alegando que ninguém se casará no céu, mas os que já eram casados aqui na Terra continuarão casados.
Porém, em Lc 20.27-36, Jesus afirmou e enfatizou que o casamento é coisa desta vida. O apóstolo Paulo disse que a mulher casada está ligada ao marido enquanto ele viver (1 Co 7.39), e nada disse sobre o casamento para a eternidade.
Quanto a afirmativa dos mórmons de que se preservarmos nosso casamento seremos deuses, é muito antagônica a Bíblia que diz que seremos como os anjos (Mt 22.30).
 O grande problema dos mórmons é que eles não conseguiram compreender as palavras de Jesus: “O meu Reino não é deste mundo.” (Jo 18.36). Por isso, querem levar a vida terrena para os céus. No entanto, as coisas dos céus são muito superiores às da Terra, e segundo o apóstolo Paulo, nenhum ouvido nunca ouviu, nem olho nunca viu e nunca desceu ao coração do homem, o que Deus tem preparado para os seus (1 Co 2.9).
Portanto, é melhor não cometermos a imprudência de tentarmos comparar as coisas celestiais com as da Terra, porque o profeta Isaias disse que os pensamentos e os caminhos de Deus são mais altos que os nossos (Is 55.8, 9)

O MORMONISMO ENSINA QUE:
 O batismo pelos mortos ou por procuração é um ritual realizado pelos SUD, no qual os mortos são batizados em lugar de pessoas que já morreram, a fim de salvá-las. Para tanto, é de suma importância que compilem registros genealógicos dos antepassados, a fim de se fazer o batismo para a redenção de seus mortos. A partir dos doze anos de idade, os filhos dos mórmons podem participar desse ritual, sendo batizados e confirmados em nome dos seus antepassados. Assim como acontece na Terra, os que se arrependerem no mundo espiritual receberão a redenção, alcançando a liberdade. O evangelho revelado ao Profeta Joseph Smith já está sendo pregado aos espíritos em prisão, aos que morreram sem o conhecimento do evangelho. Joseph Smith e todos os apóstolos que viveram sob administração dele, assim como os élderes (missionários mórmons) que já partiram desta vida, estão pregando o evangelho a eles. Fundamentam essa doutrina em 1 Pe 3.18-20 e 1 Co 15.29

A BÍBLIA ENSINA QUE: 
Quando o apóstolo Paulo refere-se ao batismo pelos mortos (1 Co 15.29), é importante observamos o seguinte:
a) O Versículo 29 diz: “Doutra maneira que farão os que se batizam pelos mortos se os mortos não ressuscitam? Porque batizam eles pelos mortos?”
Observe as palavras destacadas “os que”, que é todo o diferencial para não cairmos nesse tipo de erro doutrinário.
b) Quando se trata dos cristãos, Paulo não usa mais o termo “os que”, mas, “nós”: “Por que estamos nós também a toda hora em perigo?”
Se fosse prática da Igreja Primitiva batizar pelos mortos, o texto deveria ser escrito da seguinte maneira: “Doutra maneira que faremos nós que batizamos pelos mortos? Porque batizamos nós pelos mortos?”
No entanto, somente no versículo 30 é que o apóstolo retorna a falar dos cristãos, usando o termo “nós”, dizendo: “Por que estamos nós também a toda hora em perigo?”
O apóstolo Paulo estava mostrando aos cristãos de Corinto (os coríntios) que a crença da ressurreição não é só nossa. Até eles (que não são cristãos) creem que haverá ressurreição, e a prova disso é que eles batizam pelos mortos (Se cressem que tudo acabaria com a morte não fariam isso).  Então, em seguida, faz os irmãos pensarem:

 “Porque nós vivemos correndo perigo?”, em outras palavras, Paulo estava perguntando o seguinte: “Será que faz algum sentido vivermos toda hora à beira da morte se não crêssemos que um dia tornaremos a viver?”

Além do mais, não é inteligente ler um livro escolhendo partes e rejeitando outras. Ou cremos ou não cremos. E se a Bíblia for lida por inteira (respeitando-se o texto e seus contextos) haveremos de encontrar muitas passagens que excluem essa possibilidade apontada pelos mórmons, como por exemplo, em Hebreus 9.27, que diz que, ao homem está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo.

Observe: Depois da morte virá o juízo, não evangelização aos mortos, como ensinam os mórmons.
Deus trata a cada um de acordo com a compreensão que possuem acerca das Verdades divinas, pois a Sua Palavra diz que ele não leva em conta o tempo da ignorância (AT 17.30). Não precisa, portanto, que alguém vá aos mortos consertar as coisas.
Quanto à desesperada busca dos mórmons pela genealogia de seus parentes, veja o que diz Tito 3.9 e 1Tm 1.4.

O MORMONISMO ENSINA QUE: 
Na morte, os justos serão recebidos em um estado de felicidade chamado paraíso, um estado de descanso, de paz, onde descansará de todas as suas aflições e tristezas, mas, permanecem fazendo o trabalho do Senhor. O ímpio, aqueles que foram maus, serão atirados nas trevas exteriores, sendo levados cativos pela vontade do diabo e assim permanecerão sofrendo. Tanto justos como ímpios permanecerão em seu estado até o momento da ressurreição. Porém, os espíritos podem progredir de um para outro lado se aprenderem os princípios do evangelho.
Sobre 1 Pe 3.18-20, dizem que os tais espíritos em prisão, são os espíritos daqueles que ainda não receberam o evangelho de Jesus Cristo e podem ser seduzidos tanto pelo bem quanto pelo mal. Também estão em prisão o espírito daqueles que rejeitaram o evangelho quando estavam na Terra. Esses espíritos sofrem uma condição conhecida como inferno. Após sofrerem completamente pelos seus pecados ser-lhes-á permitido herdar o mais baixo dos graus de glória, que é o reino Teleste (é isso mesmo, Teleste, não Celeste).

A BÍBLIA ENSINA QUE: 
Cada um será julgado segundo as suas obras (Jó 34.11; Jr 32.19; Mt16.27; 2 C0 5.10; Ap 22.12), e apenas os que creem (Mc 15.16; Jo 3.18;Jo 5.24; 6.40, 47; 20.31). Genealogias e orações pelos mortos de nada adiantam, pois a cobrança será individual, e, se os mortos dependem do batismo dos vivos, as obras serão destes, não daqueles, além de que estará condenado qualquer espírito que, por ventura, não conste na genealogia da família.
Em Apocalipse encontramos o alerta para sermos “fiéis até a morte” - Ap 2.10, e o próprio Deus disse que não tem prazer na morte do ímpio, mas que todos se arrependam (Ez 18.32). Porque que Ele só referiu-se a morte do ímpio (não tem prazer) e não disse o mesmo sobre a dos justos? Não seria porque, conforme afirmou o escritor aos Hebreus (9.27), após a morte segue-se o juízo?
Todo o processo de conversão é feito enquanto formos vivos, conforme demonstra o texto de Mc 16.16 que diz que devemos pregar o evangelho por todo o mundo e “Quem crer e for batizado será (futuro) salvo e quem não crer será (futuro) condenado”. Jesus não deu esta ordem a seus discípulos mortos, mas enquanto vivos, para pregarem aos vivos e suas escolhas definiriam seus futuros (salvos ou condenados).
Também é antagônica à Bíblia a doutrina que afirma que se os espíritos dos mortos, após receberem o evangelho (dos mórmons) se arrependerem poderão mudar de “estado”, do inferno para o céu, pois,  na parábola do rico e Lázaro, na qual o rico pediu permissão para que Lázaro lhe refrescasse, molhando-lhe a ponta de sua língua, Abraão lhe respondeu que não era permitido passarem de um lado para o outro (Lc 16, 26).  Não houve chance de arrependimento e mudança de lado, contrariando o que afirma a doutrina mórmon.

O MORMONISMO ENSINA QUE: 
Há quatro reinos:
1)    O Reino Telestial- É o mais baixo grau de glória, para onde vão os ímpios após pagarem pelos seus pecados.
2)     O Reino Terrestrial – Para onde vão as pessoas boas que não foram mórmons.
3)    O Reino Celestial – Para onde vão os mórmons que se casaram no templo e se tornaram dignos, chegando à exaltação ou deidade.
4)    O Inferno ou Segunda Morte – Para os mórmons apóstatas, o diabo e seus anjos.

O MORMONISMO ENSINA QUE: 
Embora o sacrifício de Jesus seja válido, o seu sangue não é suficiente para perdoar todos os pecados. Existem pecados que exigem o sacrifício do próprio pecador para ser purificado.

A BÍBLIA ENSINA QUE:
 “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, o seu Filho nos purifica de TODO O PECADO” (1 Jo 1.7). 

 Também é compatível com a Palavra de Deus (mas antagônica ao Livro de Mórmon), que ninguém será salvo por porque merece, mas, pela graça (favor de Deus), é dom (presente) de Deus     (Ef.2.8,9; Rm 5.17, 18; 1Pe 1.9)

CONCLUSÃO: 
O mormonismo defende a ideia de que o Livro de Mórmon é equiparado a Bíblia e a complementa, mas o que realmente observamos é que ela distorce e nega as verdades bíblicas, ora acrescentando, ora modificando-a completamente.
Deixo registrado o alerta paulino, para todos quantos lerem este texto:
“Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho, além do que já ouvistes, seja anátema (amaldiçoado)”. (Gl 1.8)
Oremos, pois, para que o Espírito Santo abra os olhos espirituais de todos quantos estão sendo enganados, e mostre-lhes o Evangelho genuíno.

Fique na doce Paz do Senhor Jesus,
Um abraço,
Leila Castanha
01/2014


BIBLIOGRAFIA:

RINALDI, Natanael e Romeiro, Paulo. Desmascarando as Seitas: Mormonismo. São Paulo: CPAD, 2005
SMITH, Joseph. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja. São Paulo: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1996.
DIAS, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos. Princípios do Evangelho. São Paulo: 1995.
DIAS, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos. O Livro de Mórmon: Outro Evangelho de Jesus Cristo. Salt Lake City, Utah, EUA, 1830.

Bíblia Sagrada, versão Almeida Revista e Corrigida.