sábado, 29 de junho de 2024

A OBRA SOCIAL NA IGREJA


O que é  Igreja?

O termo “igreja”, vem do original grego eklesia, que significa chamados para fora

Amor à misericórdia e atitude devem ser característica da Igreja - Esse tema é importante porque muitos cristãos estão acostumados ao conforto do templo e não se importam com os necessitados de dentro nem de fora dele. No entanto, é necessário que entendamos, conforme vemos em Mc 16.15, que,  nesse versículo, a primeira ordem de Jesus aos seus discípulos foi IDE, isto é, eles deveriam se mover em busca dos que necessitam de Cristo e não ficarem relaxados dentro de quatro paredes. Outra ordem dada ao povo de Deus é que, não apenas seja misericordioso, mas que ame a misericórdia - Mq 6.8. Amar a misericórdia é muito mais que praticar boas ações, é amar o que se faz, é ajudar por prazer, é auxiliar o necessitado com alegria. Como ensina o apóstolo Paulo em Cl 3.232 Co 9.7

Assim como toda lei, o não cumprimento do agir com misericórdia resultará em castigo, pois em Tg 3.13, o apóstolo alerta os cristãos que receberam sua carta de que “o castigo será sem misericórdia para os que não praticam a misericórdia”. Da mesma forma, Jesus afirma que quando ele vier julgar o mundo, os que não socorreram os necessitados sofrerão punição, pois ao não cumprir seu mandamento de amar o próximo como a si mesmo,  ignoraram o próprio Jesus - Mt 5.31-40.

A igreja aprendeu errado sobre evangelizar: O Pr Juan Carlos Ortiz  satiriza a atitude da igreja dizendo que qdo os cristãos cantam o hino: “vem já, vem já, alma cansada vem já”. Eles estão cantando errado, a letra certa seria: Vão já, vão já, ó preguiçosos vão já. Somos nós que temos de ir atrás das almas perdidas e não ficarmos sentados esperando que elas venham ao templo para encontrar Cristo.

Tiago diz -1. 27- que “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo”. Veja bem que a palavra visitar pressupõe que precisamos nos mover para fora do templo e de nós mesmos.

A palavra pura, nesse sentido é aquela que é original, a verdadeira. Mas essa visão de Tiago sobre a religião verdadeira não é sob a ótica humana, mas para com Deus, o Pai. Há muitos tipos de religião criada pelos homens: as benevolentes, que dão esmolas e fazem caridade e as espirituais, que se concentram em viver uma vida casta, longe do pecado. Mas, de acordo com Tiago, nem uma nem outra é a original, a que Deus ordenou, pois a verdadeira religião é a soma das outra duas: ser benevolente, amar a misericórdia, mas também ser pura, separar-se da corrupção do mundo.

Uma vez entendido isso, nesse estudo iremos nos ater no primeiro tópico: visitar os órfãos e as viúvas em suas necessidades.

1. A religião verdadeira é a que pratica a obra social

Visitar os órfãos - crianças desamparadas (incapazes de viver só). As crianças não tinham valor naquela sociedade daquela época. Sem os pais, eram praticamente nulos da sociedade. Perceba que adultos levaram as crianças para serem abençoadas por Jesus e os discípulos as repeliram como se fossem meros empecilhos. Jesus sempre teve uma queda pelos infortunados, pelos rejeitados, pelos que viviam à margem da sociedade.

Visitar as viúvas - as mulheres, naquele tempo, eram dependentes da renda do marido, além de precisarem da proteção masculina, do pai, irmão ou marido, pois elas não podiam trabalhar, seus afazeres se resumiam a cuidar da casa e do lar. Se a mulher  não tivesse um homem que a amparasse, ficavam desamparadas e eram mal vistas pela sociedade. Por isso, o desespero maior de Marta e Maria por perderem o irmão Lázaro. Do mesmo modo, as mulheres não podiam falar em público, por isso quando Jesus conversou com a samaritana seus discípulos se admiraram por ele estar conversando com uma mulher. Imagine o sofrimento da viúva de Naim ao perder seu único filho! Jesus, que estava sempre atento às pessoas desafortunadas, não conseguiria ver aquela mãe em lágrimas sem fazer nada. Então, ele ordenou que o rapaz voltasse à vida - Lc 7.11-17.

Nas suas tribulações - não é a situação de órfão ou de viúva que Tiago está destacando, mas dois exemplos de pessoas que, na época, teriam problema de subsistência caso não tivessem amparo. Com certeza, ninguém alcançaria louvores por ajudar essa gente.

Assim, ambos os exemplos diz respeito às pessoas incapazes de se autossustentarem.

A Igreja nasceu para servir - Mt 20. 28 - Nós, cristãos da modernidade, estamos acostumados à igrejas que fazem tudo pensando nos fiéis: nosso conforto, nossos gostos pessoais, nossas exigências, etc.

A mãe só vai ao culto se tiver salinha para os filhos; o jovem só vai para a igreja que tem grupo de louvor; o obreiro só trabalha se for bajulado, e assim por diante.

Evoluímos financeiramente, mas regredimos espiritualmente: Tomás de Aquino, um grande influenciador do pensamento teológico e filosófico na Idade Média. Certa vez o papa lhe mostrou a suntuosa igreja e disse: “Tá vendo Tomás, hoje a igreja não pode mais falar como Pedro e João:  não temos prata nem ouro”.

Tomás olhou todo aquele luxo e depois respondeu: “É verdade, mas também não pode mais dizer: Levante e anda”.

A igreja enriqueceu. Mas se esqueceu dos pobres. Pedro e João não ignoraram o paralítico pedir “dinheiro”, eles apenas disseram a verdade: “Não temos prata nem ouro”.  Porém, não deixaram o homem sem nada, o que  tinham lhe deram: tinham o poder de Deus e usaram para libertar o mendigo de seu estado de miséria. Alguma coisa temos que ter, pois até a igreja da Macedônia que era muito pobre, os crentes fizeram questão de contribuir com alguma coisa para os crentes pobres de Jerusalém - leia 2 Co 8. 1-10.. Com esse mesmo pensamento, Cristo apontou a oferta da viúva como sendo melhor para Deus do que dos fariseus que, tendo muito, eram mesquinhos, e ela, tendo pouco, contribuía com alegria - Lc 12. 41-44.

A obra social começa com a Igreja: A Igreja primitiva também era pobre, todavia compartilham entre si tudo o que possuíam: os mais pobres contavam com a generosidade da igreja, e os mais ricos tinham prazer em ajudar, de modo que naquela igreja não havia  nenhum necessitado - leia At 4. 32-35.

Quando lemos todo o capítulo de Tiago 2, que fala sobre agir e não somente falar, geralmente nos vem à lembrança pessoas moradoras de rua ou  que vivem abaixo da linha da pobreza. Mas Tiago está falando de situações que ocorrem dentro da igreja. o tema de sua advertência é não fazer acepção de pessoas, colocando os ricos em lugares de honra e os pobres no anonimato. Tudo isso, dentro da igreja - leia os versículos 1 e 2, que observarão isso.

Não é o ato de caridade em si que importa, mas a motivação por trás dele: - Em At 5.1-10, O casal Ananias e Safira quiseram “entrar na onda, e fizeram tudo o que os outros faziam. No entanto, a motivação não era autêntica, visto que ofertaram um valor como sendo o montante total da venda de suas propriedades, quando, na verdade, mentiram o valor pelo qual venderam. Pedro repreende-os dizendo que não precisavam mentir, pois a oferta deve ser dada com liberalidade, não por obrigação. A repreensão que receberam não foi porque não deram todo o valor da compra da propriedade, mas porque queriam que os outros pensassem isso. O apóstolo Paulo faz uma séria observação sobre o ato de ofertar à igreja, dizendo que cada deve  contribuir de acordo com o que propôs em seu coração, não com desgosto por estar ofertando, nem por obrigação, mas com alegria - 2 Co 9.7. Se não for assim, melhor é não contribuir, pois Deus rejeita qualquer oferta feita de má vontade - Gn 4.5-8 (versão NTLH).

Em Cl 3. 23,24, o apóstolo aos gentios (Paulo), adverte para que “tudo o que vocês fizerem façam de todo o coração, como para o Senhor...”. Em Rm 14.7, o mesmo apóstolo diz que o  reino de deus é alegria e, em sua primeira carta aos coríntios - 1 Co 16.14 -  Paulo afirma que “todas as vossas coisas sejam feitas com amor”. Logo, ajudar por misericórdia não é suficiente para Deus, porém, como expressa Oséias no texto que lemos acima, o Senhor pede que amemos a misericórdia.

Somos uma geração antropocêntrica: O pr Juan Carlos Ortiz, faz uma crítica às igrejas atuais dizendo que nosso cultos são antropocêntricos (o homem no centro de tudo). Cantamos em pé, depois sentados p, a leitura da bíblia tem que ser rápida, a oração o mais breve possível, tudo cuidadosamente arquitetado para não cansar o povo. Todavia, nos tempo do Antigo Testamento. o povo ficava o dia todo ouvindo a Lei de Deus, homens, mulheres e até crianças - Ne 8. 2,3,8.

A obra social começa na Igreja. Observa o que Timóteo ensinava para a Igreja: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” - 1Tm 5.8

A igreja tem que sair do templo - Em Mt 5.13-16, Jesus diz que a Igreja é o sal da terra e se não salgar não vale para nada. Ouvi em algum podcast na internet alguém repetir a frase “o sal dentro do saleiro não faz diferença nenhuma”, e achei interessante essa colocação, visto que o sal só faz a sua função se misturado ao alimento. Embora ele fique invisível e ninguém o cite na composição dos alimentos, como fazemos com as demais ervas para tempero, sem ele nenhum condimento faria diferença no prato.

Assim deve ser a Igreja, não adianta  ficar pregando com palavras o tempo todo, às vezes é mais eficiente pregar com atitudes. E o trabalho social é um meio eficiente de mostrar na prática o que pregamos nos púlpitos e em nossos centros de evangelização.

Conheci um pastor que dizia que não aceitava fazer nada, a não ser viver para a Igreja. Uma parente dele necessitou de ajuda para realizar a reforma  na  casa dela, que, aliás ficava em cima da igreja cujo salão ela doou para o ministério que o pastor abriu, e o ministro do Evangelho se negou sob a alegação que parou de trabalhar fora para se dedicar somente as coisas de Deus. Na verdade, ele não entendeu nada do Evangelho. Em Gl 6 o apóstolo Paulo procura ensinar os irmãos que devem ajudar uns aos outros (levar as cargas uns dos outros), fazer o bem quando for preciso.

A Igreja tem que pregar a fé, mas demonstrá-las com as obras:

Em algum lugar, no tempo da minha adolescência, li um frase que nunca mais esqueci: “As tuas ações falam tão alto, que não consigo ouvir as tuas palavras”. E é isso o que os não crentes pensam a respeito da Igreja, no entanto, a sua falta de ação é que está fechando o ouvindo do mundo para ouvir o que ela tem a lhes dizer a respeito de Cristo. Mahatma Gandhi, um líder indiano, certa vez disse: “Admiro o Cristo dos cristão,  mas abomino o cristianismo deles”. Em outras palavras, esse grande ativista estava dizendo que as práticas de Jesus, pregada pelos seus discípulos é respeitável, mas os atuais de discípulos de Cristo não aprenderam nada com ele, além de repetir as suas palavras. Isso é vergonhoso para nós, cristãos, visto que essa palavra significa seguidores ou imitadores de Cristo.

A Igreja está confortável no templo e não quer sair dele: Iniciei um projeto em uma igreja, no qual levamos a EBD para a escola pública. Lá éramos vistos pela comunidade e os jovens que frequentavam aquela escola nos finais de semana, se interessavam para saber sobre o que fazíamos ali. Algumas pessoas que foram lá para participar de trabalhos voluntários também prometeram que nos visitaria, e, inclusive, uma das voluntárias trabalhava como supervisora de uma escola em Santo Amaro e nos convidou para levar esse trabalho para lá. Apesar de que Deus estava abençoando grandemente aquela obra, alguns líderes influenciaram os irmãos a ser contra a EBD  fora das quatro paredes do templo, alegando ser aquele espaço um lugar que qualquer pessoa podia frequentar.

Todavia, para um bom evangelista isso seria um prato cheio para cumprirmos a ordem do Mestre: pregar e ensinar os novos discípulos. Mas nem todos tinham essa visão, e a igreja voltou a se reunir com o seu grupo de fiéis, escondidos no templo.  

A Igreja Primitiva, não tinha as oportunidades que temos, então saíam para as ruas, debaixo de grande perseguição, e, ao invés de se esconderem, se expunham para que o mundo visse Cristo através de seus fiéis. Em nosso dias,  temos a bênção da liberdade religiosa e ainda assim, muitos cristãos preferem ser sal no saleiro e luz debaixo da cama.

 Tiago - 2.14-19 - explica às igrejas que de nada adianta palavra bonitas sem atitude. Deus não podia se apresentar ao povo para lhes mostrar o seu amor e interesse por eles, então enviou Jesus em carne. E, como disse Phillipe Yancey, ao tomar a forma humana as pessoas puderam tocar em Deus, cheirá-lo ouvi-lo e vê-lo, como aquelas crianças citadas nos Evangelhos fizeram, porque Cristo se vestiu de humanidade para poder ter contato conosco, criaturas suas. Agora, Jesus voltou para o céu, e essa incumbência foi dada à sua Igreja, ser os braços, as pernas, os olhos e o corpo de Cristo, a fim das pessoas conhecerem Deus por meio do contato com o seu povo.

2. Guardar-se da corrupção do mundo: Na segunda parte do versículo de  1.27, Tiago diz que tão importante quanto realizar a obra social é ser cristão de verdade. Em At 2.42, Lucas observa que, além de todas as boas ações que a Igreja Primitiva praticava, ela “perseverava na doutrina dos apóstolos”.

 A obra social na igreja não deve ser realizada visando só o bem estar das pessoas aqui na Terra, mas precisam observar também o aspecto eterno, pois todos nós compareceremos diante do tribunal de Cristo, conforme afirma 2 Co 5.10,  logo, a vida  não cessa com a morte. A igreja não é uma ONG humanitária, ela é a representante do Reino de Deus.

Em suma, a Igreja não é Igreja sem praticar a caridade, no entanto, antes de sairmos salvando o mundo, precisamos, primeiramente,  aprender a socorrer os irmãos, isto é, os domésticos da fé - leia Gl 6.10.

No amor de Cristo,

Leila Castanha

21/06/2024


 BIBLIOGRAFIA

Bíblia Sagrada, versão NVI

YANCEY, Philippe. Decepcionado com Deus. São Paulo: Mundo Cristão,

2004

ORTIZ, Juan Carlos. O discípulo. São Paulo: Betânia, 2017

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

DEUS USA AS CRIANÇAS COMO ELAS SÃO

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Além do Salmo 14.2 e Romanos 3. 23-26, que fala muito claramente sobre a realidade do pecado ter infectado toda a raça humana desde seu nascimento, ainda vemos na Bíblia histórias que nos fazem compreender que crianças também podem, não só ter influência de condutas más,  mas até mesmo serem possessas de espíritos malignos. Um dos exemplos acerca dessa verdade encontra-se em Mc 9.17-21.

Segundo Spurgeon, o problema por trás da ideia de que as crianças não suportam ouvir toda a verdade revelada na Bíblia é fundamentada na ignorância que muitos cristãos têm a respeito do quanto as crianças são capazes de entender o que lhe falamos , e, também é motivada pelo fato de acharem que as crianças são cem por cento puras, isto é, não têm pecado, de modo que não precisam das verdades do Evangelho, e, desse modo, expos--lhes as doutrinas cristãs em sua totalidade só vai confundi-las ou assustá-las

Precisamos entender que, apesar de ser criança, ser ingênua, pura,  ao nascer, ela já traz consigo a semente do pecado.

O escritor Dan Brewster, chamou a atenção de seus leitores para o fato de que  “Os bebês e as crianças não são só consumidores ou futuros adultos, ao contrário, eles foram concebidos para louvar a Deus e sua glória e receberam este mandamento. Essa afirmação foi fundamentada na reflexão do autor sobre a passagem do Salmo 8.2, que diz o seguinte"Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos firmaste o teu nome como fortaleza, por causa dos teus adversários, para silenciar o inimigo que busca vingança.(Brewster, 2015, p.39).

Tendo essa reflexão como premissa, as crianças e os adolescentes não devem ser relegados a segundo plano, mas eles precisam ser entendidos pelo que realmente são: pessoas reconhecidas por Deus como promotoras do perfeito louvor, e este louvor tem o poder de silenciar o Inimigo. Crianças não são pessoas sem valor, muito pelo contrário, elas sao armas poderosas nas mãos de Deus, e quanto mais novas estão livres dos preconceitos que alteram a visão dos adultos, mais cedo estarão abertas a aprenderem o temor do Senhor e se encherem da Sua glória.

Samuel era apenas uma criança quando o Senhor falou com ele. E, apesar de o menino não ter entendido nada do que estava acontecendo, achando que foi Eli quem o chamava, Deus via nele um potencial em suas mãos. A maioria dos pregadores costumam pontuar a inocência de Samuel em não entender quem lhe falava, porém se esquecem que o experiente profeta que o criava percebeu que era Deus quem chamava o menino na terceira vez que o garoto veio procurá-lo, achando que ele o chamara. É exatamente isso que Spurgeon aponta ao tentar nos convencer que tanto crianças como adultos podem não ter experiências com Deus ou não compreender o que Ele lhes diz pela Sua Palavra, porém, o Príncipe dos Pregadores evidencia que, nesse caso, só criticamos as crianças sob a desculpa de que não entendem nada, no entanto, o autor deixa claro que a não compreensão bíblica nada tem a ver com a idade, mas com o grau de compromisso com o Senhor e a revelação do Espírito Santo.

  O próprio Jesus mostrou o quanto valorizava as crianças, citando, provavelmente, esse salmo. Em Mt 21.16, após expulsar os comerciantes do templo, Jesus curou alguns coxos e cegos que se aproximaram dele e as crianças se puseram a gritar: “Hosana ao Filho de Davi!”. Isto deixou os sacerdotes do templo indignados pelo fato de Jesus estar dando vasão ao comportamento de simples crianças, e lhe perguntaram: “Você não está vendo o que estas crianças estão dizendo?”  E a resposta de Jesus foi a seguinte: “Sim. Vocês nunca leram: ‘dos lábios das crianças  e dos recém-nascidos suscitastes louvor?’ - (Mt 21.16). Em seguida, se retirou deles, sem falar mais nada.

Não houve adultos engrandecendo o Mestre naquele momento, apenas crianças. Jesus não ralhou com elas nem tampouco concordou com a crítica dos sacerdotes, nem fez observações sobre serem novas demais para falar de coisas sérias, mas aprovou o comportamento delas, salientando o que a Palavra de Deus dizia sobre os pequeninos, isto é, o louvor perfeito provém da boca deles, então deveriam louvá-lo, ao invés de serem silenciadas.

Dan Brewster, comentando sobre a passagem de Jo 3.3, na qual Jesus afirmou que “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não se fizer como uma criança”, argumenta que, embora esse texto seja bem conhecido e citado com frequência, nós não temos sido capazes de compreender o conceito de ser criança, bem como do que é a infância. Com essa afirmação de Jesus, Brewster procura mostrar que no texto supracitado não há menosprezo de Jesus pelas crianças, antes, Ele ordena que os adultos se tornem tais como elas, isto é, que comecem sua vida tudo de novo, afirmação essa contrária a  menosprezar os pequenos.

A criança está aberta a receber o ensinamento

Nesse ponto, Spurgeon acrescenta que as crianças, além de necessitar do conhecimento do Evangelho, precisa recebê-lo sem rodeios, nem minimizados, mas de modo integral, de modo que devemos lhes transmitir as verdades bíblicas de  modo simples, mas sem negar-lhes essa ou aquela doutrina, sob o pretexto de não serem adequadas para elas.

 O Charles Spurgeon, critica alguns professores de Escola Dominical que evitam falar às crianças sobre alguns textos bíblicos ou doutrinas, achando que não estão preparadas para ouvi-las, ao que conclui dizendo que não há qualquer doutrina da Bíblia que a criança não seja capaz de compreender, visto que “tudo o que Deus revelou deve ser pregado”, até para os pequeninos.

Entender a criança como o futuro da Igreja é condená-la a viver mais tempo em pecado e sem o conhecimento de Deus e da salvação de suas almas. A Bíblia ensina a ensinar a criança desde a infância, e não esperar que ela cresça para lhe comunicar as verdades divinas (Pv. 22.6) 

As crianças estão em nosso templo hoje, para serem evangelizadas hoje, serem transformadas por Cristo hoje e serem uma bênção para o Reino de Deus hoje. Deus não esperou Samuel crescer para entender mais a seu respeito, ele falou com o menino, embora o pequeno ficasse confuso sobre quem lhe falava, o Senhor insistiu em lhe falar até que, na prática, e sob orientação do experiente sacerdote Eli, Samuel aprendeu a reconhecer a voz divina e foi grandemente usado nas mãos do Todo-Poderoso. Sem deixar de  pontuar que a primeira mensagem que Deus entregou a Samuel para ele repassar a Eli foi ‘água com açúcar’, mas um recado tão pesado sobre um assunto tão delicado que Samuel ficou sem saber o que fazer com aquela revelação,  se compartilhava ou não com o idoso Eli - 1 Sm 3.15.

Deus não menospreza a capacidade intelectual e social de uma criança, então quem somos para achar que elas não podem ser vasos de bênção na casa de Deus?

 Observação: Clique aqui para saber mais sobre a capacidade da criança de entender a Palavra de Deus

Para saber sobre a criança e sua condição de pecador, clique aqui.


Com amor,

Leila Castanha

06/2024

 

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA - NVI

BREWSTER, Dan. A criança, a igreja e a missão. Viçosa, MG: Ultimato, 2015

SPURGEON, Charles. Pescadores de crianças: orientação prática para falar de Jesus às crianças. São Paulo: Shedd Publicações, 2004

      

 

     

 

A IGREJA E AS MÍDIAS SOCIAIS


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1. Objetivo da Igreja

Evangelizar e comunicar o Evangelho de forma eficiente: As mídias sociais servem para levar mais longe o “Ide” de Cristo - Mc 16.15 -, através delas evangelizamos a todas a pessoas: cristãos, não cristãos e desviados. Hoje pessoas do mundo inteiro, em qualquer lugar do planeta,  podem ouvir o Evangelho por meio das mídias sociais: Instagram, facebook, youtube, etc.

Despertar a atenção dos fiéis e alcançar mais pessoas: Embora muitos cristãos se beneficiam em assistir cultos ou ver as programações dos ministérios através da mídias sociais, há outros públicos que também as acessam, como não cristãos e desviados do Evangelho. É importante ter cuidado para não ofender as pessoas só porque não fazem parte do seu círculo de fé e crença.  O objetivo da mídias sociais na igreja é atrair o maior número possível de pessoas para  Reino de Deus.

2. Comunicação eficiente

A comunicação deve ser compreendida pelo público: Quando falamos a um público tão distinto, simplicidade e objetividade é tudo. Toda postagem deve ser um meio de interagir com o público, de modo que ele se sinta incluído e representado, para tanto se faz necessário comunicar as verdade bíblicas de modo que todos entendam: pessoas letradas ou até os que nunca frequentaram a escola. O Evangelho de Jesus é simples e deve ser pregado de forma simples, se quisermos alcançar todas as pessoas que nos assistem ou que visitam nossas páginas sociais.

Utilização de linguagem acessível à relidade dos ouvintes: O modo de comunicar as verdades bíblicas, além de abarcar a realidade do público-alvo, deve ser específica, visto que a comunicação difere entre adultos e crianças e também entre os jovens. Todo o trabalho deve ser voltado, em todos os sentidos, para o público a quem se pretende alcançar, e a linguagem deve ser adequada para ser compreendida e não causar enfado no público ministrado.

A prática do Evangelho deve resultar em transformação de vida e comunhão: Apesar da adequação da linguagem, a mensagem do Evangelho não deve ser deturpada, no entanto, também não pode ser utilizada para defender práticas preconceituosas ou promover comportamentos separatistas. A mensagem pregada deve resultar em transformação de vidas e comunhão entre os membros, além de soar ao público em geral como um convite de acolhimento, não de afronta. Deus ama a todas as suas criaturas, e a Igreja deve transmitir essa verdade, por meio de seus ministérios e das pregações, pois Jesus disse que devemos amar ao próximo como a nós mesmos - Mt 22.37.

3. Exemplo de Jesus

Jesus é visto como um grande comunicador, que transmitiu sua mensagem com clareza e eficiência: Falar para as pessoas compreenderem é um meio de respeitá-las. Jesus fazia isso ao utilizar as parábolas ao pregar para as pessoas, pois através delas ele fazia comparações com as coisas comuns do dia a dia para que, por meio do que as pessoas conheciam eles comunicsse as verdades do Evangelho. Nós precisamos programar conteúdos que façam sentido para as pessoas que seguem  nossas mídias sociais. Contéudos que comuniquem de forma eficaz com a realidade que conhecem e, que, ao mesmo tempo transmitam algo que responda às suas necessidades. 

Seu impacto inspirou os apóstolos e a Igreja Primitiva, cuja mensagem continua a alcançar o mundo: tanto as mensagens de Jesus, quanto as pregadas pelos apóstolos, foram impactantes porque dialogavam com a realidade e necessidades das pessoas. As mídias sociais podem estabelecer a conexão entre o povo e os trabalhos relevantes realizados pelo ministério, e estes precisam ser desafiadores e atuais. 

4. Uso das mídia sociais

As pessoas buscam conteúdo simples e objetivo nas mídias sociais: Não adianta encher o Instagram ou qualquer outra mídia social de conteúdos porque as pessoa dificilmente irão parar para olhar. O que dá mais resultado são conteúdos breves e significativos, ou seja, simples e objetivos. A qualidade é mais relevante do que a quantidade. Recortes de mensagens com legendas (quando possível) são mais interessantes do que a pregação inteira. A legenda possibilita que as pessoas vejam a mensagem sem acessar o áudio, isso é bem interessante também, já que pode-se acessar o conteúdo mesmo quando a pessoa está em locais que não é possível ligar o som.

Mídias sociais devem oferecer conteúdos resumidos que chamem a atenção da Igreja: além de curtos, os conteúdos devem ser chamativos para instigar as pessoas a visualizá-lo e compartilhá-lo. Por isso devem ser bem escolhidos, e não apenas postados de qualquer maneira. Palavras-chave também ajudam muito na hora da pesquisa, aumentando a chance das pessoas serem direcionadas aos nossos conteúdos. Essas palavras (hashtags) precisam ser bem elaboras, termos simples e objetivos.

Utilização de textos, imagens e vídeos para transmitir a mensagem: É importante que haja pessoas responsáveis pela mídia na igreja para que não se coloque qualquer tipo de conteúdo. Vídeos com muito ruído, textos mal escritos, e mensagens ofensivas, por exemplo, não devem ser postados porque elas serão o cartão postal da igreja, ou seja, as mídias sociais levam a igreja para fora do templo, e é através dos conteúdos postados que as pessoas irão formar um conceito sobre o ministério.  O grupo do ministério da mídia deve selecionar somente o que servir de edificação e que glorifique a Deus - 1  co 1.26; 10.31.

5. Plano de comunicação

Definir visão, valores, princípios e objetivos do ministério: Sendo a mídia um meio de divulgar o trabalho da igreja (ela é ferramenta de marketing) é importante que  as pessoas consigam identificar qual é a visão, os princípios e os objetivos do ministério. Isso facilitará que o público a entender se identifica ou não com os ideais daquela igreja. Saber a regra de fé da igreja também é algo bem interessante, visto que ela resume quem somos. Uma palavra rápida, de um ou dois minutos, ministrada pelo pastor dirigente também é importante, visto que ele é o anjo de Deus à Igreja cuja função é cuidar, orientar e sustentar os fiéis em sua carreira cristã.

Trabalhar junto com os líderes para criar conteúdos que agreguem valor e definam a direção do ministério: O ministério de mídia precisa trabalhar em colaboração com os demais ministérios, uma vez que a função dos obreiros de mídia é propagar os trabalhos realizados na igreja e que foram idealizados e/ou conduzidos pela liderança.

6. Identificação do público-alvo

Comunicar-se de forma adequada para cada público-alvo específico: As pessoas se sentem bem onde se sentem confortáveis, assim o modo como a mensagem é direcionada às pessoas é fator importante se elas voltarão ou não àquela igreja. Nem todo mundo gosta de ser fotografado ou filmado, e, ao invés de ajudar o ministério a crescer, isso pode afastar algumas pessoas. Conhecer o público que participará de forma direta ou indireta desses trabalhos da igreja se faz necessário, tanto porque precisamos ter empatia, como também pelo fato de que a pessoa que se sentiu exposta pode recorrer a lei. A comunicação franca com as pessoas que participarão dos conteúdos filmados ou fotografados sobre as futuras postagem de sua imagem nas mídias sociais se faz necessaria, tanto para mostrar respeito ao direito do outro de querer ou não participar, como também para a igreja se resguardar de futuros processos judiciais.

Personalizar a mensagem para diferentes grupos: Em cultos voltados para jovens, é importante que haja programações e mensagem próprias para esse grupo. Da mesma maneira em eventos de palestras para mulheres, como o nome já diz, a mensagem deve ser direcionada a esse público. Seria incoerente publicar imagens, textos ou mensagens extraídos de um culto específico cujos conteúdos não estejam ligados ao seu propósito, exposto através do nome do trabalho ministerial.

7. Marketing e relacionamento

Gerenciar o relacionamento com o público-alvo, promovendo uma troca mútua: É importante haver, por parte da igreja, uma agenda na qual separe alguns momentos de esclarecimento sobre o uso das redes sociais. Também é de fundamental importância que os membros compartilhem e participem das postagens comentando ou curtindo os posts, pois isso fará com que o aplicativo utilizado para o compartilhamento dos trabalhos da igreja seja mais divulgado, resultando em mais vusualizações para a igreja, fazendo-a se tornar mais conhecida.

Planejar conteúdos a serem postados em datas específicas: Seria ideal ter várias pessoas trabalhando no ministério de mídia, tanto para divisão de tarefas, como para fazer rodízios. Para se postar os conteúdos, há todo um trabalho árduo com a preparação do material e, por esse motivo, facilitaria haver pessoas responsáveis por cada área que compõe a exposição dos trabalhos nas mídias utilizadas pela igreja.

8. Produção e conteúdo

Formar uma equipe com diferentes responsabilidades, como: fotografar, gravar vídeos, planejar temas, divulgar nas mídias e editar conteúdos:

Por outro lado, isso possibilitaria aos obreiros, nos dias em que não estão encarregados da mídia, cultuarem sem distrações e serem fortificados pela comunhão em adoração e pela ministração da Palavra. Divisão de funções facilita o trabalho e promove a colaboração.

Leis sobre o uso de mídias na Igreja

A constituição de 1988 - Segundo a constituição Federal, art.5º, inciso X, são invioláveis a intimidade, a vida privada honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 

A LGPE - a sigla LGPE - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais - foi aprovada em agosto de 2018 e entrouem vigor em setembro de 2020. São regras que estabelecem diretrizes importantes e obrigatórias para a coleta, processamento e armazenamento de dados pessoais.

9. Linha editorial

Definir os assuntos a serem abordados, como agenda de eventos, estudos, programação dos ministérios e internos e registros de eventos anteriores:

Garantir que os conteúdos não sejam ofensivos ou agressivos: a igreja que tem seus trabalhos divulgados nas redes sociais, precisa ter cuidado com comportamentos e falas que possam ser interpretados como atitude preconceituosa ou separatista. As pessoas hoje são mais bem informadas, e fatos como esses podem gerar processo contra a igreja. Por isso, além da responsabilidade da igreja, se faz necessário que o obreiro de mídia seja idôneo, crítico e responsável, a fim de que tenha sabedoria na escolha do que irá ou não para a mídia social. `Por conta desses deslizes, comuns aparecerem em cultos ao vivo, é importante repensar essa prática, para que, ao invés de estar agregando em favor do ministério, pode estar denigrindo a imagem de toda a Igreja de Cristo ou daquela em particular.

10. Liderança e responsabilidade

Informar quais líderes e representantes aparecerão nas comunicações: É importante que a igreja entenda que é necessário que o pessoal da mídia transite pela igreja, para que isso não seja erroneamente interpretado como falta de reverência. Também é necessário o entendimento de que os obreiros da mídia precisam de espeço para melhor se posicionarem a fim de registrar o evento, então bancos, cadeiras e qualquer outra coisa ou pessoa que estejam no ângulo de ação deles devem ser colocados em outro lugar. Outra coisa importante é a conscientização dos líderes sobre o respeito a quem exerce esse ministério que, como qualquer outro, exige esforço e dedicação. A mídia precisa de materiais para a melhor execução de seu trabalho, e é preciso que o pastor e demais obreiros inclua o grupo de mídia no orçamento da igreja. É um ministério, não um passatempo.

Garantir que apenas membros comprometidos com a instituição transmitam as mensagens: Também não é possível que todos os líderes e ministérios sejam divulgados nas mídias sociais, mas somente os que estiverem prontos para “promover a edificação” das pessoas que veem os vídeos e as imagens e leem as postagens. É importante haver líderes representantes dos ministérios para que não fique um trabalho bagunçado. Esses líderes deverão saber qual é a sua função em relação aos conteúdos que prepararão para serem divulgados: uma palavra, fotos de trabalho em sua liderança, texto escrito, etc. Nem tudo pode ser divulgado, de modo que a seleção dos conteúdos deverá ser revisados, aprovados ou reprovados pelo grupo que compõe o ministério de mídia da igreja.

11. Críticas

Feedback do público contribui para o crescimento da intituição: É importante que o pessoal da mídia saiba ouvir as críticas sobre o seu trabalho. Críticas, nesse sentido, diz respeito à opiniões do público que consume o seu produto. Um olhar de fora pode ser benéfico para ajustes e melhoramento do trabalho. Procure ouvir o que as pessoas estão achando dos conteúdos e o modo como foram divulgados. Por outro lado, nem todo mundo sabe utilizar determinadas mídias sociais, cabendo ao minstério de mídia, bem como aos líderes que já tem familiaridade com elas, ensinar e incentivar o povo a acessar e participar das mídias sociais nas quais sua igreja está incluída.

Permite avaliar a prodtividade do trabalho realizado: O julgamento do povo é fundamental para que se tenha ideia de quanto o trabalho está sendo produtivo. O que o povo sente falta e o que não está dando muito certo. Como todo bom líder, o líder de ministério de mídia deve estar sempre apto a ouvir a fim de aperfeiçoar o seu trabalho que, embora, na maioria das igrejas, é um serviço voluntário, é, também, acima de tudo, para o Senhor, e ele não fica devendo nada a ninguém - leia Tg 1.19,20; Hb 6.10


Por Ivani Bezerra

Palestra ministrada na AD Viva em Cristo

Em 28/05/2024

Entendendo o batismo nas águas

 

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 A palavra batismo vem do grego - baptismos - e significa imersão ou mergulho.

É uma ordem: Diferente de outras celebrações e rituais, o batismo nas águas foi uma ordenança de Jesus para todos os seus seguidores e foi cumprida e ensinada pelos seus discípulos - leia Mc 16.16Mt 3.13-1528.19;  Lc 3.21;  Jo 1.131Pe 2,21.

É um simbolismo: todo símbolo traz consigo um significado, a representação de algo. O símbolo é a representação concreta de alguma coisa abstrata. Em outras palavras, a função do símbolo é representar algo que não pode ser materializado: a bandeira é o símbolo da nação, ou seja, representa um povo e a sua cultura. A pomba branca é o símbolo da paz. Como podemos observar, o símbolo não é a coisa representada, mas apenas a sua representação: a bandeira não é a nação, e a pomba não é a paz. Para melhor explicar isso, o artista surrealista belga, René Magritte, desenhou um cachimbo e embaixo dele escreveu em belga as seguintes palavras: "Isto não é um cachimbo". O que ele estava tentando demonstrar com aquele trabalho é que a arte é a representação do real, e não a realidade. Assim também devemos entender a representação por trás do simbolismo do batismo nas águas cujo objetivo é tornar público o que aconteceu no interior da pessoa quando ela se rende a Cristo, isto é, morremos para o mundo e passamos a viver para Deus. No batismo isso é representado quando o pastor mergulha o batizando (imerge), simbolizando que ele morreu para as coisas mundanas, e depois o levanta (emerge) das águas, representando que ele nasceu de novo para viver guiado por Deus. 

O QUE NÃO É O BATISMO NAS ÁGUAS

1. Não pode ser entendido como algo literal: Como já vimos, o batismo nas águas é um acontecimento simbólico que testemunha diante dos presentes a nova situação do batizando, representado pelo imergir e emergir a morte para o mundo e a nova vida em Cristo. Ou seja, o batismo nas águas é o testemunho simbólico de a pessoa batizada nasceu de novo, de modo que as coisas antigas já passaram (não conta mais), e agora tudo se fez  novo (Deus contabiliza as ações do batizando à partir de sua decisão por Cristo) - leia 2 Co 5.17.

O apóstolo Pedro confirma isso, dizendo que o batismo nas águas é uma figura da salvação que recebemos em Cristo -1 Pe 3.20,21. Figura é alguma coisa que sempre para representar outra. O apóstolo Paulo, compara o batismo com um sepultamento - Rm 6.4. É claro que não fomos enterrados de verdade, logo, isso se trata de simbolismo.

 

2. Não é salvação: Embora Mc 16.15 diz “quem crer e for batizado será salvo”, a parte b do versículo afirma que “quem não crê será condenado”. Perceba que na segunda parte do versículo não diz “quem não crê e não for batizado será condenado”, mas apenas “quem não crer será condenado”. Isso porque o batismo por si só não pode salvar ninguém, assim como ninguém pode fumar o cachimbo desenhado por Magritte. No caso do desenho do artista é a representação de algo que existe, e o batismo nas águas também é a representação de um fenômeno que já aconteceu quando a pessoa se entregou a Cristo. O batismo só confirma o acontecido para testemunho diante dos que assistem ao ato, mas ninguém ‘nasce de novo’ só porque foi batizado. A salvação é garantida para quem nasceu de novo, isto é, para aqueles que experimentaram uma mudança de vida, conforme Jesus assinalou a Nicodemus em Jo 3.1-7.

Se o simples ato de ser batizado nas nas águas fosse condição para a salvação, o ladrão que estava ao lado da cruz de Cristo não poderia ser recebido no paraíso, visto que não teve tempo para se batizar. E o que dizer das pessoas que se decidem por Cristo no último minuto de vida? Elas não serão salvas? Segundo a Bíblia, a condição para alguém ser salvo é aceitar a salvação oferecida por Cristo, ou seja, receber a Jesus como o caminho que o leva a Deus - leia At 4.12; 16.30,31; Jo 1.12; Jo 10.28; Rm 10.9; Hb 7.21.

 

Por que então Mc 16.15a diz que “quem crê e for  batizado será salvo”? Porque a fé precisa das obras para ser eficaz. É isso que Tiago diz - 2. 14-26, visto que, segundo o raciocínio dele, só conseguimos identificar o que uma pessoa acredita se ela demonstrar por suas atitudes. Não dá para dizer que alguém realmente mudou de vida se ele não demonstrar isso em suas ações diárias. O casamento civil é um exemplo bem claro sobre isso: ninguém toma a decisão de casar após ir ao civil formalizar a união. Na verdade, essa formalização acontece porque o casal tomou a decisão de viver juntos antes de formalizá-la. Então para que serve o casamento? Simplesmente para testemunhar aos convidados e a quem interessar sobre a decisão que ambos fizeram de assumir o outro para se amarem e viverem uma vida mútua.  O casamento em si não pode fazer ninguém se amar nem se respeitar, tanto é que muita gente se divorcia, mas ele tem a função de testemunhar perante a sociedade o acordo de amor construído entre os nubentes. A aliança tem a mesma função simbólica: ela simboliza o compromisso entre duas pessoas e seu formato também representa a intenção de uma união sem fim. Mas usar uma aliança não garante isso, ela apenas retrata o que o contrato de fidelidade que há entre o casal. O batismo nas águas é a mesma coisa: é só a ‘materialização’ de um compromisso firmado entre o homem e Deus. O apóstolo Paulo coloca o ato batismal como prova de que fomos unidos a Cristo - Gl 3.25-28.

A rejeição em ser batizado limita o agir de Deus em nós, visto que é entendido pelos céus como uma negação ao mandamento divino - leia Lc 7. 29,30 - os que não se batizaram “rejeitaram o plano de Deus para suas vidas". Quando Pedro pregou o Evangelho e alguns gentios foram batizados com o Espírito Santo, ele entendeu que o ‘plano de Deus se cumpriu entre eles’, então ele entendeu que deveriam ser batizados nas águas. Aqui, aconteceu de maneira contrária, visto que eles não conheciam Jesus, mas, de qualquer modo, a resposta à aceitação de Cristo é, em seguida, testemunhar essa decisão por meio do batismo nas águas - At 10.44-48.

 

3. Não é a regeneração: Regeneração é o ato de nascer de novo, de ser gerado de novo. Jesus disse a NIcodemus - Jo 3.5 - que era necessário nascer ‘da água e do Espírito’. Ou seja, não se trata de um nascimento natural,  mas sobrenatural. Logo, o simples ato de ser batizado não pode culminar em uma ação que ultrapassa a ação da água. Não há milagre no ato, mas ele é a representação plausível do milagre anteriormente ocorrido. Quem faz a pessoa ser transformada, nascer de novo, é somente o Espírito Santo, por meio da ação da Palavra de Deus - leia Jo 3.5,6; Tt 3.5; 1 Pe 1.3; 1.23.

 

4. Não é santificação: o ato de ser batizado não vai tornar ninguém santo. A santificação é um processo que ocorre com a ajuda do Espírito Santo a medida que vamos obedecendo a Cristo. O batismo não pode fazer em minutos o que levamos uma vida inteira para alcançar, inclusive, o apóstolo Paulo deixa bem claro que estamos sendo transformados à imagem de Cristo, de modo gradual - 2 Co3.18.  A santidade é alcançada por esforço, não é algo mágico - leia Hb 12.14; temos que nos aperfeiçoar em santificação - 2 Co 7.1. temos que matar nossos desejos mundanos (carnais) para a natureza em Cristo ir se renovando - Cl 3.5-10. Percebe que é um processo?

Assim, concluímos que, embora o batismo nas águas, por si só, não salva, não regenera nem santifica ninguém, ele faz parte das ordenanças de Cristo e deve ser obedecido. Fica para nossa reflexão a seguinte pergunta de Jesus: "Por que vocês me chamam 'Senhor, Senhor' e não fazem o que eu digo?" - Lc 6.46. Pois é, não é o não batizar que nos condena, mas a desobediência a uma ordem expressa do Mestre, conforme ele mesmo diz: "Se alguém ouve as minhas palavras e não lhes obedece eu não os julgo; ... a própria palavras que proferi o condenará no último dia..." - Jo 12.47-50. Ou seja, quem crê, obedece, quem não obedece não crê e quem não crê será condenado, porque não obedece o que ele ordenou fazer. É duro de ouvir, mas é simples assim. O Evangelho é simples, claro e objetivo. Basta ler a Bíblia com atenção e com o coração aberto.

Vamos lá, faça parte dessa grande família cristã, confirmando sua decisão por Cristo, por meio do batismo nas águas. Agregue-se formalmente a esse gigantesco grupo de redimidos, espalhados por todo o globo terrestre. Vem! Você é muito bem-vindo a fazer parte desse corpo cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo.


Com amor,

Leila Castanha

21/05/2024

 

 

quinta-feira, 27 de junho de 2024

O QUE SIGNIFICA A SALVAÇÃO EM CRISTO

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Salvação é: libertação, resgate. Salvar alguém é o mesmo que libertar alguma de alguma situação que o aprisiona ou resgatar de um cativeiro ou, simplesmente, livrá-lo de algum perigo. A salvação em Cristo é o ato de Cristo libertar o homem da servidão do pecado, resgatá-lo levando-o de volta a Deus, de quem o pecado o afastou e também é o livramento da condenação eterna, por meio do sacrifício de Jesus em nosso lugar.

Em Isaías 59.1,2, o profeta diz que os nossos pecados fazem separação entre nós e o nosso Deus. Observe que a separação parte de nós, pois somos nós que desobedecemos a Deus, a rebelião parte do ser humano, e ao não seguir as leis divinas, estaremos seguindo outras leis que são contrárias às dele.

É importante observamos também que todas as pessoas pecaram, não houve um ser humano sequer que se manteve obediente às ordens do Senhor, conforme afirma o Salmo 14. 2,3.

Uma vez entendido isso, necessitamos reconhecer que precisamos ser salvos. Desde o pecado original, isto é desde a sua origem, no Jardim do Éden, o pecado foi transmitido a toda a humanidade, de modo que já nascemos em pecado. No entanto, a queda de Adão e Eva não pegou Deus de surpresa, ele sabia que o casal iria tentar driblá-lo, por isso, antes de fundar o mundo ele já tinha um plano de salvação preestabelecido. Esse plano consistia em enviar Jesus para se sacrificar em lugar de toda os pecadores.

 

Por que Deus enviou Jesus para se sacrificar ao invés de cobrar do próprio homem?

1. Em Jo 3.16, a Bíblia responde a essa pergunta dizendo que Deus enviou Jesus, seu único filho, porque amou o mundo (a humanidade) de tal maneira. A expressão ‘de tal maneira’ significa que o escritor desse Evangelho não achou palavras para mensurar o amor de Deus em fazer esse sacrifício. Tenha em mente que o primeiro sacrifício em favor da humanidade veio da parte de Deus:  ele enviou seu filho amado - leia Mt 3.17; Lc 9.32-35. O amor de Deus por nós culminou em seu misericórdia, pois uma vez que o homem viva em pecado e isso o fez se afastar do próprio Deus, com suas próprias forças o homem não veria sentido em se sacrificar por sua salvação, visto que o pecado nos cega para a justiça. Jesus precisaria vir ao mundo justamente para abrir os olhos aos que não enxergavam a verdade. Sem Jesus todos somos cegos espirituais - Is 42.16; 2 Co 4.4; Ef 4. 17. 18.

2. O pecado entrou no mundo por meio de um homem - Adão - desse modo, a salvação também viria por meio de um homem - Jesus. Desse modo, Jesus foi enviado por Deus para salvar os pecadores para que a justiça divina fosse feita: uma criatura sua germinou o pecado no mundo, seu próprio filho espalharia a salvação. Leia Rm 5. 12-15.

3. O primeiro homem, Adão, não era induzido pelo pecado, pois antes de sua desobediência o homem era santo, não tinha pecado. Assim, Adão escolheu desobedecer a Deus, usando seu direito de usufruir do livre-arbítrio (sua liberdade de escolher). Assim também, Jesus não tinha pecado, e, embora veio viver no meio de um mundo contaminado pelo pecado, fez uso de seu livre-arbítrio escolhendo obedecer a Deus. Isso é observado em suas palavras as quais afirma que veio cumprir a vontade do Pai - Jo 6. 38 - e, em sua tentação no deserto, ele respondeu ao diabo usando a Palavra de Deus, “Está escrito”,  e não se firmou em seus próprios desejos, como fez Adão no princípio - Mt 4. 8-11. Assim  sendo, Jesus foi enviado para se sacrificar por nós porque Deus o conhecia e sabia que ele usaria seu livre-arbítrio em favor da vontade de Deus, que também era a sua vontade - Jo 15.9, 13 -, isto é, de resgatar o homem trazendo-o de volta para si.

4. Dentre outros motivos, Deus enviou Jesus para nos mostrar o grande valor que temos diante dele. Pedro nos faz refletir -1 Pe 1.18-21 - sobre o alto preço com o qual fomos comprados, a saber, com o precioso sangue de Jesus, o próprio Filho de Deus e que também é Deus - Jo 1.1; Jo 14.8-11. O apóstolo Pedro estava querendo dizer que não foi uma acontecimento sem importância o Filho de Deus ter descido de sua glória, ser gerado por uma criatura sua, criado por quem ele criou e depois ser morto por quem ele deu a vida. Para pagar um preço tão alto pela nossa redenção, isso quer dizer, pelo menos duas coisas: devemos valorizar a nossa salvação a ponto de ser a coisa mais importante nessa vida e, da mesma maneira, precisamos entender o quanto Deus valoriza o ser humano que, apesar de cheio de defeitos, ele não abre mão, pois somos obras de suas mãos, feitos para o louvor de sua glória. Fomos criados não só para glorificar a Deus, louvar a sua glória, mas também somos a criação que engrandece o poder criador de Deus - Ef 2. 10. Já parou para pensar nisso?

 

No amor de Cristo,

Leila Castanha

05/06/2024