sexta-feira, 28 de junho de 2024

A IGREJA E AS MÍDIAS SOCIAIS


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1. Objetivo da Igreja

Evangelizar e comunicar o Evangelho de forma eficiente: As mídias sociais servem para levar mais longe o “Ide” de Cristo - Mc 16.15 -, através delas evangelizamos a todas a pessoas: cristãos, não cristãos e desviados. Hoje pessoas do mundo inteiro, em qualquer lugar do planeta,  podem ouvir o Evangelho por meio das mídias sociais: Instagram, facebook, youtube, etc.

Despertar a atenção dos fiéis e alcançar mais pessoas: Embora muitos cristãos se beneficiam em assistir cultos ou ver as programações dos ministérios através da mídias sociais, há outros públicos que também as acessam, como não cristãos e desviados do Evangelho. É importante ter cuidado para não ofender as pessoas só porque não fazem parte do seu círculo de fé e crença.  O objetivo da mídias sociais na igreja é atrair o maior número possível de pessoas para  Reino de Deus.

2. Comunicação eficiente

A comunicação deve ser compreendida pelo público: Quando falamos a um público tão distinto, simplicidade e objetividade é tudo. Toda postagem deve ser um meio de interagir com o público, de modo que ele se sinta incluído e representado, para tanto se faz necessário comunicar as verdade bíblicas de modo que todos entendam: pessoas letradas ou até os que nunca frequentaram a escola. O Evangelho de Jesus é simples e deve ser pregado de forma simples, se quisermos alcançar todas as pessoas que nos assistem ou que visitam nossas páginas sociais.

Utilização de linguagem acessível à relidade dos ouvintes: O modo de comunicar as verdades bíblicas, além de abarcar a realidade do público-alvo, deve ser específica, visto que a comunicação difere entre adultos e crianças e também entre os jovens. Todo o trabalho deve ser voltado, em todos os sentidos, para o público a quem se pretende alcançar, e a linguagem deve ser adequada para ser compreendida e não causar enfado no público ministrado.

A prática do Evangelho deve resultar em transformação de vida e comunhão: Apesar da adequação da linguagem, a mensagem do Evangelho não deve ser deturpada, no entanto, também não pode ser utilizada para defender práticas preconceituosas ou promover comportamentos separatistas. A mensagem pregada deve resultar em transformação de vidas e comunhão entre os membros, além de soar ao público em geral como um convite de acolhimento, não de afronta. Deus ama a todas as suas criaturas, e a Igreja deve transmitir essa verdade, por meio de seus ministérios e das pregações, pois Jesus disse que devemos amar ao próximo como a nós mesmos - Mt 22.37.

3. Exemplo de Jesus

Jesus é visto como um grande comunicador, que transmitiu sua mensagem com clareza e eficiência: Falar para as pessoas compreenderem é um meio de respeitá-las. Jesus fazia isso ao utilizar as parábolas ao pregar para as pessoas, pois através delas ele fazia comparações com as coisas comuns do dia a dia para que, por meio do que as pessoas conheciam eles comunicsse as verdades do Evangelho. Nós precisamos programar conteúdos que façam sentido para as pessoas que seguem  nossas mídias sociais. Contéudos que comuniquem de forma eficaz com a realidade que conhecem e, que, ao mesmo tempo transmitam algo que responda às suas necessidades. 

Seu impacto inspirou os apóstolos e a Igreja Primitiva, cuja mensagem continua a alcançar o mundo: tanto as mensagens de Jesus, quanto as pregadas pelos apóstolos, foram impactantes porque dialogavam com a realidade e necessidades das pessoas. As mídias sociais podem estabelecer a conexão entre o povo e os trabalhos relevantes realizados pelo ministério, e estes precisam ser desafiadores e atuais. 

4. Uso das mídia sociais

As pessoas buscam conteúdo simples e objetivo nas mídias sociais: Não adianta encher o Instagram ou qualquer outra mídia social de conteúdos porque as pessoa dificilmente irão parar para olhar. O que dá mais resultado são conteúdos breves e significativos, ou seja, simples e objetivos. A qualidade é mais relevante do que a quantidade. Recortes de mensagens com legendas (quando possível) são mais interessantes do que a pregação inteira. A legenda possibilita que as pessoas vejam a mensagem sem acessar o áudio, isso é bem interessante também, já que pode-se acessar o conteúdo mesmo quando a pessoa está em locais que não é possível ligar o som.

Mídias sociais devem oferecer conteúdos resumidos que chamem a atenção da Igreja: além de curtos, os conteúdos devem ser chamativos para instigar as pessoas a visualizá-lo e compartilhá-lo. Por isso devem ser bem escolhidos, e não apenas postados de qualquer maneira. Palavras-chave também ajudam muito na hora da pesquisa, aumentando a chance das pessoas serem direcionadas aos nossos conteúdos. Essas palavras (hashtags) precisam ser bem elaboras, termos simples e objetivos.

Utilização de textos, imagens e vídeos para transmitir a mensagem: É importante que haja pessoas responsáveis pela mídia na igreja para que não se coloque qualquer tipo de conteúdo. Vídeos com muito ruído, textos mal escritos, e mensagens ofensivas, por exemplo, não devem ser postados porque elas serão o cartão postal da igreja, ou seja, as mídias sociais levam a igreja para fora do templo, e é através dos conteúdos postados que as pessoas irão formar um conceito sobre o ministério.  O grupo do ministério da mídia deve selecionar somente o que servir de edificação e que glorifique a Deus - 1  co 1.26; 10.31.

5. Plano de comunicação

Definir visão, valores, princípios e objetivos do ministério: Sendo a mídia um meio de divulgar o trabalho da igreja (ela é ferramenta de marketing) é importante que  as pessoas consigam identificar qual é a visão, os princípios e os objetivos do ministério. Isso facilitará que o público a entender se identifica ou não com os ideais daquela igreja. Saber a regra de fé da igreja também é algo bem interessante, visto que ela resume quem somos. Uma palavra rápida, de um ou dois minutos, ministrada pelo pastor dirigente também é importante, visto que ele é o anjo de Deus à Igreja cuja função é cuidar, orientar e sustentar os fiéis em sua carreira cristã.

Trabalhar junto com os líderes para criar conteúdos que agreguem valor e definam a direção do ministério: O ministério de mídia precisa trabalhar em colaboração com os demais ministérios, uma vez que a função dos obreiros de mídia é propagar os trabalhos realizados na igreja e que foram idealizados e/ou conduzidos pela liderança.

6. Identificação do público-alvo

Comunicar-se de forma adequada para cada público-alvo específico: As pessoas se sentem bem onde se sentem confortáveis, assim o modo como a mensagem é direcionada às pessoas é fator importante se elas voltarão ou não àquela igreja. Nem todo mundo gosta de ser fotografado ou filmado, e, ao invés de ajudar o ministério a crescer, isso pode afastar algumas pessoas. Conhecer o público que participará de forma direta ou indireta desses trabalhos da igreja se faz necessário, tanto porque precisamos ter empatia, como também pelo fato de que a pessoa que se sentiu exposta pode recorrer a lei. A comunicação franca com as pessoas que participarão dos conteúdos filmados ou fotografados sobre as futuras postagem de sua imagem nas mídias sociais se faz necessaria, tanto para mostrar respeito ao direito do outro de querer ou não participar, como também para a igreja se resguardar de futuros processos judiciais.

Personalizar a mensagem para diferentes grupos: Em cultos voltados para jovens, é importante que haja programações e mensagem próprias para esse grupo. Da mesma maneira em eventos de palestras para mulheres, como o nome já diz, a mensagem deve ser direcionada a esse público. Seria incoerente publicar imagens, textos ou mensagens extraídos de um culto específico cujos conteúdos não estejam ligados ao seu propósito, exposto através do nome do trabalho ministerial.

7. Marketing e relacionamento

Gerenciar o relacionamento com o público-alvo, promovendo uma troca mútua: É importante haver, por parte da igreja, uma agenda na qual separe alguns momentos de esclarecimento sobre o uso das redes sociais. Também é de fundamental importância que os membros compartilhem e participem das postagens comentando ou curtindo os posts, pois isso fará com que o aplicativo utilizado para o compartilhamento dos trabalhos da igreja seja mais divulgado, resultando em mais vusualizações para a igreja, fazendo-a se tornar mais conhecida.

Planejar conteúdos a serem postados em datas específicas: Seria ideal ter várias pessoas trabalhando no ministério de mídia, tanto para divisão de tarefas, como para fazer rodízios. Para se postar os conteúdos, há todo um trabalho árduo com a preparação do material e, por esse motivo, facilitaria haver pessoas responsáveis por cada área que compõe a exposição dos trabalhos nas mídias utilizadas pela igreja.

8. Produção e conteúdo

Formar uma equipe com diferentes responsabilidades, como: fotografar, gravar vídeos, planejar temas, divulgar nas mídias e editar conteúdos:

Por outro lado, isso possibilitaria aos obreiros, nos dias em que não estão encarregados da mídia, cultuarem sem distrações e serem fortificados pela comunhão em adoração e pela ministração da Palavra. Divisão de funções facilita o trabalho e promove a colaboração.

Leis sobre o uso de mídias na Igreja

A constituição de 1988 - Segundo a constituição Federal, art.5º, inciso X, são invioláveis a intimidade, a vida privada honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 

A LGPE - a sigla LGPE - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais - foi aprovada em agosto de 2018 e entrouem vigor em setembro de 2020. São regras que estabelecem diretrizes importantes e obrigatórias para a coleta, processamento e armazenamento de dados pessoais.

9. Linha editorial

Definir os assuntos a serem abordados, como agenda de eventos, estudos, programação dos ministérios e internos e registros de eventos anteriores:

Garantir que os conteúdos não sejam ofensivos ou agressivos: a igreja que tem seus trabalhos divulgados nas redes sociais, precisa ter cuidado com comportamentos e falas que possam ser interpretados como atitude preconceituosa ou separatista. As pessoas hoje são mais bem informadas, e fatos como esses podem gerar processo contra a igreja. Por isso, além da responsabilidade da igreja, se faz necessário que o obreiro de mídia seja idôneo, crítico e responsável, a fim de que tenha sabedoria na escolha do que irá ou não para a mídia social. `Por conta desses deslizes, comuns aparecerem em cultos ao vivo, é importante repensar essa prática, para que, ao invés de estar agregando em favor do ministério, pode estar denigrindo a imagem de toda a Igreja de Cristo ou daquela em particular.

10. Liderança e responsabilidade

Informar quais líderes e representantes aparecerão nas comunicações: É importante que a igreja entenda que é necessário que o pessoal da mídia transite pela igreja, para que isso não seja erroneamente interpretado como falta de reverência. Também é necessário o entendimento de que os obreiros da mídia precisam de espeço para melhor se posicionarem a fim de registrar o evento, então bancos, cadeiras e qualquer outra coisa ou pessoa que estejam no ângulo de ação deles devem ser colocados em outro lugar. Outra coisa importante é a conscientização dos líderes sobre o respeito a quem exerce esse ministério que, como qualquer outro, exige esforço e dedicação. A mídia precisa de materiais para a melhor execução de seu trabalho, e é preciso que o pastor e demais obreiros inclua o grupo de mídia no orçamento da igreja. É um ministério, não um passatempo.

Garantir que apenas membros comprometidos com a instituição transmitam as mensagens: Também não é possível que todos os líderes e ministérios sejam divulgados nas mídias sociais, mas somente os que estiverem prontos para “promover a edificação” das pessoas que veem os vídeos e as imagens e leem as postagens. É importante haver líderes representantes dos ministérios para que não fique um trabalho bagunçado. Esses líderes deverão saber qual é a sua função em relação aos conteúdos que prepararão para serem divulgados: uma palavra, fotos de trabalho em sua liderança, texto escrito, etc. Nem tudo pode ser divulgado, de modo que a seleção dos conteúdos deverá ser revisados, aprovados ou reprovados pelo grupo que compõe o ministério de mídia da igreja.

11. Críticas

Feedback do público contribui para o crescimento da intituição: É importante que o pessoal da mídia saiba ouvir as críticas sobre o seu trabalho. Críticas, nesse sentido, diz respeito à opiniões do público que consume o seu produto. Um olhar de fora pode ser benéfico para ajustes e melhoramento do trabalho. Procure ouvir o que as pessoas estão achando dos conteúdos e o modo como foram divulgados. Por outro lado, nem todo mundo sabe utilizar determinadas mídias sociais, cabendo ao minstério de mídia, bem como aos líderes que já tem familiaridade com elas, ensinar e incentivar o povo a acessar e participar das mídias sociais nas quais sua igreja está incluída.

Permite avaliar a prodtividade do trabalho realizado: O julgamento do povo é fundamental para que se tenha ideia de quanto o trabalho está sendo produtivo. O que o povo sente falta e o que não está dando muito certo. Como todo bom líder, o líder de ministério de mídia deve estar sempre apto a ouvir a fim de aperfeiçoar o seu trabalho que, embora, na maioria das igrejas, é um serviço voluntário, é, também, acima de tudo, para o Senhor, e ele não fica devendo nada a ninguém - leia Tg 1.19,20; Hb 6.10


Por Ivani Bezerra

Palestra ministrada na AD Viva em Cristo

Em 28/05/2024

Entendendo o batismo nas águas

 

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 A palavra batismo vem do grego - baptismos - e significa imersão ou mergulho.

É uma ordem: Diferente de outras celebrações e rituais, o batismo nas águas foi uma ordenança de Jesus para todos os seus seguidores e foi cumprida e ensinada pelos seus discípulos - leia Mc 16.16Mt 3.13-1528.19;  Lc 3.21;  Jo 1.131Pe 2,21.

É um simbolismo: todo símbolo traz consigo um significado, a representação de algo. O símbolo é a representação concreta de alguma coisa abstrata. Em outras palavras, a função do símbolo é representar algo que não pode ser materializado: a bandeira é o símbolo da nação, ou seja, representa um povo e a sua cultura. A pomba branca é o símbolo da paz. Como podemos observar, o símbolo não é a coisa representada, mas apenas a sua representação: a bandeira não é a nação, e a pomba não é a paz. Para melhor explicar isso, o artista surrealista belga, René Magritte, desenhou um cachimbo e embaixo dele escreveu em belga as seguintes palavras: "Isto não é um cachimbo". O que ele estava tentando demonstrar com aquele trabalho é que a arte é a representação do real, e não a realidade. Assim também devemos entender a representação por trás do simbolismo do batismo nas águas cujo objetivo é tornar público o que aconteceu no interior da pessoa quando ela se rende a Cristo, isto é, morremos para o mundo e passamos a viver para Deus. No batismo isso é representado quando o pastor mergulha o batizando (imerge), simbolizando que ele morreu para as coisas mundanas, e depois o levanta (emerge) das águas, representando que ele nasceu de novo para viver guiado por Deus. 

O QUE NÃO É O BATISMO NAS ÁGUAS

1. Não pode ser entendido como algo literal: Como já vimos, o batismo nas águas é um acontecimento simbólico que testemunha diante dos presentes a nova situação do batizando, representado pelo imergir e emergir a morte para o mundo e a nova vida em Cristo. Ou seja, o batismo nas águas é o testemunho simbólico de a pessoa batizada nasceu de novo, de modo que as coisas antigas já passaram (não conta mais), e agora tudo se fez  novo (Deus contabiliza as ações do batizando à partir de sua decisão por Cristo) - leia 2 Co 5.17.

O apóstolo Pedro confirma isso, dizendo que o batismo nas águas é uma figura da salvação que recebemos em Cristo -1 Pe 3.20,21. Figura é alguma coisa que sempre para representar outra. O apóstolo Paulo, compara o batismo com um sepultamento - Rm 6.4. É claro que não fomos enterrados de verdade, logo, isso se trata de simbolismo.

 

2. Não é salvação: Embora Mc 16.15 diz “quem crer e for batizado será salvo”, a parte b do versículo afirma que “quem não crê será condenado”. Perceba que na segunda parte do versículo não diz “quem não crê e não for batizado será condenado”, mas apenas “quem não crer será condenado”. Isso porque o batismo por si só não pode salvar ninguém, assim como ninguém pode fumar o cachimbo desenhado por Magritte. No caso do desenho do artista é a representação de algo que existe, e o batismo nas águas também é a representação de um fenômeno que já aconteceu quando a pessoa se entregou a Cristo. O batismo só confirma o acontecido para testemunho diante dos que assistem ao ato, mas ninguém ‘nasce de novo’ só porque foi batizado. A salvação é garantida para quem nasceu de novo, isto é, para aqueles que experimentaram uma mudança de vida, conforme Jesus assinalou a Nicodemus em Jo 3.1-7.

Se o simples ato de ser batizado nas nas águas fosse condição para a salvação, o ladrão que estava ao lado da cruz de Cristo não poderia ser recebido no paraíso, visto que não teve tempo para se batizar. E o que dizer das pessoas que se decidem por Cristo no último minuto de vida? Elas não serão salvas? Segundo a Bíblia, a condição para alguém ser salvo é aceitar a salvação oferecida por Cristo, ou seja, receber a Jesus como o caminho que o leva a Deus - leia At 4.12; 16.30,31; Jo 1.12; Jo 10.28; Rm 10.9; Hb 7.21.

 

Por que então Mc 16.15a diz que “quem crê e for  batizado será salvo”? Porque a fé precisa das obras para ser eficaz. É isso que Tiago diz - 2. 14-26, visto que, segundo o raciocínio dele, só conseguimos identificar o que uma pessoa acredita se ela demonstrar por suas atitudes. Não dá para dizer que alguém realmente mudou de vida se ele não demonstrar isso em suas ações diárias. O casamento civil é um exemplo bem claro sobre isso: ninguém toma a decisão de casar após ir ao civil formalizar a união. Na verdade, essa formalização acontece porque o casal tomou a decisão de viver juntos antes de formalizá-la. Então para que serve o casamento? Simplesmente para testemunhar aos convidados e a quem interessar sobre a decisão que ambos fizeram de assumir o outro para se amarem e viverem uma vida mútua.  O casamento em si não pode fazer ninguém se amar nem se respeitar, tanto é que muita gente se divorcia, mas ele tem a função de testemunhar perante a sociedade o acordo de amor construído entre os nubentes. A aliança tem a mesma função simbólica: ela simboliza o compromisso entre duas pessoas e seu formato também representa a intenção de uma união sem fim. Mas usar uma aliança não garante isso, ela apenas retrata o que o contrato de fidelidade que há entre o casal. O batismo nas águas é a mesma coisa: é só a ‘materialização’ de um compromisso firmado entre o homem e Deus. O apóstolo Paulo coloca o ato batismal como prova de que fomos unidos a Cristo - Gl 3.25-28.

A rejeição em ser batizado limita o agir de Deus em nós, visto que é entendido pelos céus como uma negação ao mandamento divino - leia Lc 7. 29,30 - os que não se batizaram “rejeitaram o plano de Deus para suas vidas". Quando Pedro pregou o Evangelho e alguns gentios foram batizados com o Espírito Santo, ele entendeu que o ‘plano de Deus se cumpriu entre eles’, então ele entendeu que deveriam ser batizados nas águas. Aqui, aconteceu de maneira contrária, visto que eles não conheciam Jesus, mas, de qualquer modo, a resposta à aceitação de Cristo é, em seguida, testemunhar essa decisão por meio do batismo nas águas - At 10.44-48.

 

3. Não é a regeneração: Regeneração é o ato de nascer de novo, de ser gerado de novo. Jesus disse a NIcodemus - Jo 3.5 - que era necessário nascer ‘da água e do Espírito’. Ou seja, não se trata de um nascimento natural,  mas sobrenatural. Logo, o simples ato de ser batizado não pode culminar em uma ação que ultrapassa a ação da água. Não há milagre no ato, mas ele é a representação plausível do milagre anteriormente ocorrido. Quem faz a pessoa ser transformada, nascer de novo, é somente o Espírito Santo, por meio da ação da Palavra de Deus - leia Jo 3.5,6; Tt 3.5; 1 Pe 1.3; 1.23.

 

4. Não é santificação: o ato de ser batizado não vai tornar ninguém santo. A santificação é um processo que ocorre com a ajuda do Espírito Santo a medida que vamos obedecendo a Cristo. O batismo não pode fazer em minutos o que levamos uma vida inteira para alcançar, inclusive, o apóstolo Paulo deixa bem claro que estamos sendo transformados à imagem de Cristo, de modo gradual - 2 Co3.18.  A santidade é alcançada por esforço, não é algo mágico - leia Hb 12.14; temos que nos aperfeiçoar em santificação - 2 Co 7.1. temos que matar nossos desejos mundanos (carnais) para a natureza em Cristo ir se renovando - Cl 3.5-10. Percebe que é um processo?

Assim, concluímos que, embora o batismo nas águas, por si só, não salva, não regenera nem santifica ninguém, ele faz parte das ordenanças de Cristo e deve ser obedecido. Fica para nossa reflexão a seguinte pergunta de Jesus: "Por que vocês me chamam 'Senhor, Senhor' e não fazem o que eu digo?" - Lc 6.46. Pois é, não é o não batizar que nos condena, mas a desobediência a uma ordem expressa do Mestre, conforme ele mesmo diz: "Se alguém ouve as minhas palavras e não lhes obedece eu não os julgo; ... a própria palavras que proferi o condenará no último dia..." - Jo 12.47-50. Ou seja, quem crê, obedece, quem não obedece não crê e quem não crê será condenado, porque não obedece o que ele ordenou fazer. É duro de ouvir, mas é simples assim. O Evangelho é simples, claro e objetivo. Basta ler a Bíblia com atenção e com o coração aberto.

Vamos lá, faça parte dessa grande família cristã, confirmando sua decisão por Cristo, por meio do batismo nas águas. Agregue-se formalmente a esse gigantesco grupo de redimidos, espalhados por todo o globo terrestre. Vem! Você é muito bem-vindo a fazer parte desse corpo cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo.


Com amor,

Leila Castanha

21/05/2024

 

 

quinta-feira, 27 de junho de 2024

O QUE SIGNIFICA A SALVAÇÃO EM CRISTO

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Salvação é: libertação, resgate. Salvar alguém é o mesmo que libertar alguma de alguma situação que o aprisiona ou resgatar de um cativeiro ou, simplesmente, livrá-lo de algum perigo. A salvação em Cristo é o ato de Cristo libertar o homem da servidão do pecado, resgatá-lo levando-o de volta a Deus, de quem o pecado o afastou e também é o livramento da condenação eterna, por meio do sacrifício de Jesus em nosso lugar.

Em Isaías 59.1,2, o profeta diz que os nossos pecados fazem separação entre nós e o nosso Deus. Observe que a separação parte de nós, pois somos nós que desobedecemos a Deus, a rebelião parte do ser humano, e ao não seguir as leis divinas, estaremos seguindo outras leis que são contrárias às dele.

É importante observamos também que todas as pessoas pecaram, não houve um ser humano sequer que se manteve obediente às ordens do Senhor, conforme afirma o Salmo 14. 2,3.

Uma vez entendido isso, necessitamos reconhecer que precisamos ser salvos. Desde o pecado original, isto é desde a sua origem, no Jardim do Éden, o pecado foi transmitido a toda a humanidade, de modo que já nascemos em pecado. No entanto, a queda de Adão e Eva não pegou Deus de surpresa, ele sabia que o casal iria tentar driblá-lo, por isso, antes de fundar o mundo ele já tinha um plano de salvação preestabelecido. Esse plano consistia em enviar Jesus para se sacrificar em lugar de toda os pecadores.

 

Por que Deus enviou Jesus para se sacrificar ao invés de cobrar do próprio homem?

1. Em Jo 3.16, a Bíblia responde a essa pergunta dizendo que Deus enviou Jesus, seu único filho, porque amou o mundo (a humanidade) de tal maneira. A expressão ‘de tal maneira’ significa que o escritor desse Evangelho não achou palavras para mensurar o amor de Deus em fazer esse sacrifício. Tenha em mente que o primeiro sacrifício em favor da humanidade veio da parte de Deus:  ele enviou seu filho amado - leia Mt 3.17; Lc 9.32-35. O amor de Deus por nós culminou em seu misericórdia, pois uma vez que o homem viva em pecado e isso o fez se afastar do próprio Deus, com suas próprias forças o homem não veria sentido em se sacrificar por sua salvação, visto que o pecado nos cega para a justiça. Jesus precisaria vir ao mundo justamente para abrir os olhos aos que não enxergavam a verdade. Sem Jesus todos somos cegos espirituais - Is 42.16; 2 Co 4.4; Ef 4. 17. 18.

2. O pecado entrou no mundo por meio de um homem - Adão - desse modo, a salvação também viria por meio de um homem - Jesus. Desse modo, Jesus foi enviado por Deus para salvar os pecadores para que a justiça divina fosse feita: uma criatura sua germinou o pecado no mundo, seu próprio filho espalharia a salvação. Leia Rm 5. 12-15.

3. O primeiro homem, Adão, não era induzido pelo pecado, pois antes de sua desobediência o homem era santo, não tinha pecado. Assim, Adão escolheu desobedecer a Deus, usando seu direito de usufruir do livre-arbítrio (sua liberdade de escolher). Assim também, Jesus não tinha pecado, e, embora veio viver no meio de um mundo contaminado pelo pecado, fez uso de seu livre-arbítrio escolhendo obedecer a Deus. Isso é observado em suas palavras as quais afirma que veio cumprir a vontade do Pai - Jo 6. 38 - e, em sua tentação no deserto, ele respondeu ao diabo usando a Palavra de Deus, “Está escrito”,  e não se firmou em seus próprios desejos, como fez Adão no princípio - Mt 4. 8-11. Assim  sendo, Jesus foi enviado para se sacrificar por nós porque Deus o conhecia e sabia que ele usaria seu livre-arbítrio em favor da vontade de Deus, que também era a sua vontade - Jo 15.9, 13 -, isto é, de resgatar o homem trazendo-o de volta para si.

4. Dentre outros motivos, Deus enviou Jesus para nos mostrar o grande valor que temos diante dele. Pedro nos faz refletir -1 Pe 1.18-21 - sobre o alto preço com o qual fomos comprados, a saber, com o precioso sangue de Jesus, o próprio Filho de Deus e que também é Deus - Jo 1.1; Jo 14.8-11. O apóstolo Pedro estava querendo dizer que não foi uma acontecimento sem importância o Filho de Deus ter descido de sua glória, ser gerado por uma criatura sua, criado por quem ele criou e depois ser morto por quem ele deu a vida. Para pagar um preço tão alto pela nossa redenção, isso quer dizer, pelo menos duas coisas: devemos valorizar a nossa salvação a ponto de ser a coisa mais importante nessa vida e, da mesma maneira, precisamos entender o quanto Deus valoriza o ser humano que, apesar de cheio de defeitos, ele não abre mão, pois somos obras de suas mãos, feitos para o louvor de sua glória. Fomos criados não só para glorificar a Deus, louvar a sua glória, mas também somos a criação que engrandece o poder criador de Deus - Ef 2. 10. Já parou para pensar nisso?

 

No amor de Cristo,

Leila Castanha

05/06/2024

 

segunda-feira, 3 de junho de 2024

A CRIANÇA E O SEU VALOR PARA O REINO DE DEUS


 TEXTO BÍBLICO: Mt 18.1-7

"A criança é o presente da Igreja e a garantia do nosso futuro”, esse é o lema da EBD kids da Assembleia de Deus Viva em Cristo. Esse lema ao ser formulado foi pensado de duas formas: em sua primeira parte, diz respeito à Igreja Universal, à noiva de Cristo, para quem a criança é um presente de Deus  e também se faz presente em sua história, visto que Deus sempre usou e ainda usa as crianças para os seus propósitos. A segunda parte, fala a respeito da Igreja Universal, bem como também da local, pois o próprio Jesus disse que o Reino dos Céus pertencem a elas, e a igreja local não subsiste sem haver crianças em seu meio, pois elas são os futuros obreiros, quando os adultos já não estiverem nessa vida e os jovens se tornarem idosos. Quem nos representará quando chegar essa realidade? A resposta é apenas uma: as crianças. Por isso é importante as educarmos no temor do Senhor e ensinamos a elas, com palavras, exemplos e atos, a servirem a Deus e a sua Igreja.

Brewster, autor de "A criança, a igreja e a missão", chama a nossa atenção para o fato de que todo grande movimento da história investiu nas crianças: o nazismo e o comunismo “treinaram legiões de crianças” para continuar suas ideologias políticas. O Talibã - uma organização fundamentalista do Afeganistão - treina crianças para defenderem suas causas. Na Bíblia, observamos governos como o de Nabucodonosor, que recrutou adolescentes, como Daniel e seus amigos, para treiná-los. Dan Brewster adverte que os evangélicos, nos últimos tempos, parece que se descuidaram dessa missão para com as crianças. 

A Igreja de Cristo nunca vai acabar: A primeira coisa que precisamos entender quando se fala em Igreja, a noiva de Cristo, é que  Jesus já garantiu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Logo ela é indestrutível. No entanto, quando nos reportamos à igreja, como uma congregação local, o sucesso dela vai depender do grau de obediência de seus líderes às instruções do Mestre - Jo 15.5-7

 “Será que já existiu um reino sem crianças?” Essa foi a pergunta do pregador Batista inglês, do século 19, Charles Spurgeon, denominado O Príncipe dos Pregadores, devido a sua eloquência na pregação da Palavra de Deus. João Batista, que veio para anunciar a Cristo, pregava a seguinte mensagem: “Arrependei-vos, pois é chegado o Reino dos Céus”. João pregava o Evangelho do Reino. Portanto, se o Evangelho é a boa notícia do Reino (de Deus), e, uma vez que todo e qualquer reino é composto de adultos e de crianças, segundo o pensamento de Spurgeon, não é possível que no Reino divino não haja a presença delas.

 Spurgeon também pontuou que, além de ser necessário haver crianças em qualquer reino, Jesus afirmou que O REINO DO CÉU PERTENCE A ELAS. Os pequeninos não são apenas participantes desse reino, mas são as peças principais nele. Cristo também declarou que "quem não se fizer como uma criança, de maneira nenhuma entrará no Reino dos céus". Logo, as crianças são o exemplo didático-pedagógico que Jesus deixou para quem quer pertencer ao seu governo  na Terra. No entanto, esquecemo-nos dessa verdade, e, ao invés de acolhermos os pequeninos, os expulsamos de nossos templos e lhes fechamos as portas.

As crianças sempre foram alvos do Inimigo: Na época da publicação do livro de Dan Brewster (2015), ele afirmou que havia,  segundo estimativas,  cerca de um  milhão de crianças por ano que ingressavam para o comércio do sexo. Por outro lado, eu tive a tristeza de testemunhar, há algum tempo atrás, bem próximo a minha casa, em uma escola estadual na qual trabalhei como professora, crianças de 11 e 12 anos, vendidas pela mãe, em troca de uns trocados,  para servirem homens bem maduros de idade. Havia crianças, inclusive, que, ficaram grávidas desses elementos. Se formos pesquisar as diversas violências pelas quais as crianças hodiernas (do nosso tempo) são expostas, veremos que vai de violência doméstica até torturas físicas e psicológicas. 

Brewster afirma que os últimos anos houve um aumento significativo de crianças com transtornos mentais. De acordo com Hugo Monteiro Ferreira, em seu livro "A geração do quarto", uma garota confessou que se cortava, juntamente com outros adolescentes, e depois se reuniam para ver o que mais fariam contra si mesmos. O autor também revela que colheu informações de pais e colegas de adolescentes que se mataram ou que programavam se matar. É "a geração incomodada consigo mesma, com o que dizem sobre ela, com o que ela vê no espelho, que lhe mostra o que não quer ver" - afirma Ferreira. 

 No Antigo Testamente, o diabo já investia contra as crianças: A ordem de Faraó para os  bebês hebreus, no tempo de Moisés; a matança das crianças, ordenada pelo rei Herodes,  no tempo de Jesus; as milhares de crianças sacrificadas a Moloque na época do Antigo Testamento, em diversas culturas do mundo, além de outras atrocidades cometidas contra os pequeninos, conforme observamos nos textos de Jó 24.9; Jl 3.3; Jr 7. 30,31;  32. 35


COMO DEUS VÊ A CRIANÇA

Mt 18.1- 6 - Jesus usa a humildade de uma criança para nos ensinar a ser seus discípulos. Por meio delas ele ensinou:

1) Jesus ensinou aos seus discípulos a serem humildes: V. 4 - a fé de uma criança é simples, não precisa de nada complexo. Jesus quer que tenhamos essa fé. No sermão do monte - Mt 5.5 - Jesus louva a humildade, ao dizer: “Bem-aventurado os humildes, pois deles é o Reino dos céus”; Filipenses 2:5-7 , o apóstolo Paulo nos mostra Cristo como exemplo de humildade, visto que ele se humilhou deixando sua majestade e assumindo a forma de homem. O livro de Marcos mostra Jesus como o Servo Sofredor. Se fosse um adulto que estivesse sendo escorraçado pelos discípulos de Jesus, muito provavelmente, voltariam para casa e,  nunca mais iriam procurar o Mestre, porque, de fato,  somos bastante geniosos. Mas a criança só se importa com o que lhe interessa: elas queriam que Jesus as tocasse, e para elas, os discípulos eram meros obstáculos. 

2) Jesus ensinou aos seus discípulos a não desprezar ninguém:  "Quem recebe as crianças, em meu nome,  me recebe" - v.5. O contrário dessa afirmação seria: "Quem não recebe as crianças, em  meu nome, não me recebe" -  percebe que gravidade há nessa afirmação do Mestre?

Temos o hábito de recebermos calorosamente os adultos em nossas reuniões e menosprezarmos as crianças. Cumprimentamos os pais com um aperto de mão, e nem sequer falamos com os pequeninos que estão ao lado deles, como se fossem invisíveis. Embora pareça que as crianças não se importam com essas atitudes, a verdade é bem outra. Eu mesma, em minha infância e adolescência, quando acompanhava meu pai em visitas às igrejas, ficava muito decepcionada ao ver a recepção calorosa que os irmãos faziam aos adultos, e, ao se reportaram a mim, nem mesmo diziam o meu nome, eu era apresentada como "a Filha do irmão Laerço". Anos mais tarde, tive a mesma experiência com o meu filho, que, na época, era um adolescente. Ao voltarmos para casa, após o término do culto em uma congregação que fomos visitar, ele criticou o fato de ser invisível para o pastor, que citou o nome dos adultos e os recebeu com alegria, enquanto mal notou a presença dele e da prima que estavam conosco naquela mesma visita. Isso é muito triste! Das crianças é o Reino de Deus, disse Jesus. Todavia, em nossas igrejas tudo é voltado para atender as necessidades do público adulto. Que inversão de valores! 

Em Mc 10.13-16, o autor desse Evangelho conta que Jesus se indignou com a atitude dos seus discípulos contra aquelas crianças. Ele se enfureceu mesmo, isto é, Jesus ficou bravo com eles. Então, ele parou tudo: chamou uma criança - movimento contrário aos dos discípulos -  a colocou em seu colo (acolhimento), e, por fim, atendeu ao seu pedido:  pôs as mãos sobre cada uma delas e as abençoou. Jesus mostrou aos adultos que as crianças eram as estrelas principais no seu Reino. Observe, ele fez exatamente o que elas queriam, mostrando o seu valor para Deus.

3) Ele as abençoou, ao invés de enxotá-las: as palavras que falamos pode abençoar ou amaldiçoar uma vida - Provérbios 18:20,21. Os discípulos de Jesus agiram errado, visto que tudo o que falarmos  deve contribuir para edificação de quem ouve, conforme indica Provérbios 10:11  e  Pv 12. 18; Pv 12. 18.

 4) O nome de Deus é firmado por meio das crianças: Sl 8.2 Sl 8.2 - Enquanto queremos adorar a Deus, livres das crianças, a Bíblia revela que é por meio delas que Deus cala o adversário. Lembramos, como exemplo disso, a ousadia de Davi, a quem o valente Golias, pejorativamente, o chama de "menino", para diminuir o seu valor naquela batalha, visto que ele era um simples pastor de campo, enquanto o gigante era um experiente guerreiro filisteu. 

Pregar o Evangelho a toda a criatura: Essa ordem de Jesus também inclui as crianças. Uma das coisas que Spurgeon frisa em seu livro “pescadores de crianças” é que não podemos ter a ideia judaica de que "o nascimento traz consigo a privilégios da aliança”. João Batista, protestou contra esse pensamento ao dizer que, se Deus quisesse, ele poderia fazer nascer  filhos a Abraão até mesmo daquelas pedras. Em seguida, ele exortou ao povo dizendo que os israelitas precisavam se arrepender dos seus pecados para poderem fazer parte do Reino de Deus. Da mesma forma são as nossas crianças, que, mesmo sendo filhos de cristãos,  nascidos no Evangelho, precisam também confessar a Cristo, por meio do arrependimento de seus pecados, tomando a decisão de servi-lo.

Outra coisa muito importante é a observação de Spurgeon ao dizer que pregar a uma criança, não significa que estamos semeando em solo virgem, pois todos já nascemos contaminados pelo pecado. Mas, o coração infantil, é um solo que está mais fértil agora do que estará anos mais tarde, quando for adulto. O que O Príncipe dos Pregadores está dizendo, é que quanto mais ervas daninhas forem semeadas no coração de uma pessoa, mais propensão terá de sufocar a semente do Evangelho.

Criança também peca: No N.T., vemos o apóstolo Paulo dizer a Timóteo que, apesar de jovem, ele conhecia as Sagradas Letras desde a sua infância - 2 Tm 3.15a. Spurgeon observa que o fato de uma pessoa conhecer a Bíblia já é muita coisa, mas ouvir alguém dizer: “desde criança você conhece”,  é outra coisa. A mãe de Timóteo, Eunice e sua vó, Lóide, o educaram muito bem. Assim também vemos exemplos como esse no A.T., como, por exemplo, a criança Samuel, que foi educada pelo sacerdote Eli e se tornou um homem temente a Deus. Todavia, na mesma casa, havia os filhos de Eli, Ofni e Fineias, que, assim como Samuel, acompanhou o seu pai trabalhando para Deus, no entanto, eram jovens sem respeito e sem temor ao Senhor.  Da mesma maneira, vemos um pedindo ajuda para Jesus porque seu filho era atormentado por espíritos imundos - Mc 9.21-27. Dessa feita fica evidente que, assim como Deus pode usar uma criança, elas podem ser usadas pelo nosso Inimigo também. Um outro escritor disse que, quando ganhamos um adulto para Jesus ganhamos apenas metade de uma vida, pois a outra metade o mundo já levou. Mas quando ganhamos uma criança para Jesus, ganhamos uma vida inteira.

DEUS OUVE AS CRIANÇAS: Gn 21. 1-20

Deus ouviu o choro da criança: A pergunta do anjo “o que tens, Agar?”, embora direcionada a ela, o que o anjo de fato perguntava, de acordo com Brewster,  era: “porque a criança está chorando?”  

Dan Brewster chama a nossa atenção para essa afirmação do anjo: “o q aconteceu, Agar?” - ou seja,  “porque o menino tá chorando?”. Ele afirma que essa é a pergunta de Deus para a sua Igreja: “Porque as crianças estão chorando?”

Por outro lado, com essa pergunta, Agar é obrigada confessar sua situação de vulnerabilidade: ela abandonou o filho porque não tinha como ajudá-lo. E essa é a situação de muitas mães e pais, que largam de mão os filhos quando não sabem o que fazer com eles. Porém, nossos pequeninos são responsabilidade nossa, dos pais, em primeiro lugar, e também da Igreja, que tem como ordem socorrer os fracos, órfãos e necessitados - Is 1.17 - e, até mesmo a lei dos homens, entende como abandono de incapaz a falta de proteção dos tutores às crianças que estão sob a sua responsabilidade. Deus não apoia covardes, como veremos mais adiante, e isso ele deixou claro pelas Escrituras, o Senhor quer  para si um povo destemido, que não desiste em meio à dificuldade, visto que temos a Ele, o Deus do Impossível. 

Levanta o menino: Agar estava desesperançada e, provavelmente, fraca devido ao efeito do sol causticante do deserto. Mas o anjo, apesar de vir em socorro do menino, se direciona a ela para lhe dar instruções, e, assim, ordena à mãe para levantar o menino. 

Somos nós, os adultos, que devemos levantar as crianças, e, em especial, nós, a Igreja de Jesus. Levantamos as crianças com palavras de afirmação, com atitudes de acolhimento, suprindo-lhes as necessidades físicas. Há muitas crianças pelo mundo todo chorando, assim também como há crianças em redor de nós que também choram: de fome, frio, medo, por causas das diversas formas de violência contra elas: violência doméstica, sexual, psicológica, contra os direitos humanos, etc. E a Igreja deverá ser agência de misericórdia para socorrer essas crianças, aliás, Jesus disse que "quem fizer tropeçar a um desses pequeninos que creem em mim, melhor seria colocar uma pedra no pescoço e se lançar no mar" - Mt 18.6. Imagina o tamanho do castigo para quem decepcionar uma criancinha que crê em Cristo? E quantas delas têm pavor de igreja porque foram escandalizados pelas atitudes dos cristãos!

Deus não trabalha com covardes: Trabalhar no ministério infantil, principalmente visando o cuidado integral com a criança (espiritual, psicológico e fisico), não é bem difícil e exige coragem. Todavia, para fazermos qualquer coisa para Jesus precisamos ser corajosos. Leia o que diz 2 Tm 1.7,82 Tm 1; Jz 7. 1-3Jz 7. 1-3; Ap 21.8Ap 21.8.  Em nossos dias, poucos valorizam a honra e o poder do sacrifício. Fazemos qualquer coisa, desde que não nos tire do nosso lugar de conforto. Deus não usa ninguém em sua rede de conforto. A primeira coisa que ele faz, é levar a pessoa a se posicionar, a demonstrar disposição para agir. Em   Ezequiel 2, vemos Deus convocar o profeta, iniciando sua conversa com a ordem: "Põe-te em pé e falarei contigo".  Veja também At 26.16At 26.16; Gn 31.13; Gn 35.1, etc.

 DEUS OUVIU O CHORO DO MENINO - v. 17 - Agar também estava chorando, mas o anjo revelou à Agar que Deus ouviu a voz do menino. Apesar de Deus ouvir a voz da criança (dar ouvido), quando ele decidiu socorrê-lo, o anjo foi falar com a mãe e não com a criança: “Qual é o problema? Não tenha medo, ele disse -  Deus ouviu o menino chorar, lá de onde você o deixou”. (Gn 21.17).

O anjo de Deus fala com a mãe e a instrui

1) Não tenha medo - v.17: É papel da igreja apoiar e incentivar os que cuidam das crianças. Mães solteiras, mães que vivem em um relacionamento abusivo e tentam proteger seus filhos; obreiros do ministério infantil, etc. As palavras positivas e as ações de apoio são importantes para quem luta pelas crianças. Elas mesmas, muitas vezes, se tornam violentas como meio de se defenderem dos adultos. Precisamos de incentivo por meio de palavras e de ações: envolvimento direto ou indireto. O anjo estava ali para resolver o problema.

Levante o menino - v.18: A criança não tem autonomia, ela precisa do amparo de um adulto. Apoio físico, moral e  espiritual. Muitas crianças são desvalorizadas e até sofrem bullying dentro da própria família. Algumas delas são filhos de pais separados que possuem outra família, e seus irmãos são paparicados, enquanto eles são desprezados. A Igreja precisa levantar essas crianças, e mostrar-lhes que Deus escuta o choro delas e nós somos seus enviados  para levantá-las, espiritual, psicológica e moralmente. -Mt 18.10

Pior é que, ao invés de acolher, a Igreja também tem rejeitado e menosprezado os pequeninos, vendo-os como problema, atrapalho. LEVANTA A CRIANÇA é a ordem de Deus, ao invés de compartilhar com os maus tratos que elas já sofrem.


2º) Tome-o pela mão - v.18: É nosso papel auxiliar os pais a orientarem, conduzirem às crianças no caminho certo - Pv 22.6.   A criança não irá aprender a amar a Deus e a igreja só pelo ensinamento dos pais, mas o exemplo dos cristãos de sua comunidade de fé, bem como sua participação nos trabalhos da igreja e a segurança da comunhão dos santos farão toda a diferença para uma vida firmada no amor de Cristo. Um  certo pastor, que não tinha paciência com a única criança que tinha na igreja, depois de aprender sobre o que Jesus pensa e disse sobre a importância das crianças em seu Reino, passou a chamar o garoto para se sentar ao lado dele no púlpito, e, ao invés de ralhar com ele, passou a defendê-lo, explicando à congregação que é necessário entender que criança não age como adultos. Essa criança passou a amar esse pastor de tal forma que, de repente, ele decidiu que quando crescesse também seria pastor. Esse ministro, com sua atitude de amor e paciência para com esse garoto, conseguiu orientá-lo no caminho que deveria andar, ao invés de jogá-la para fora da igreja, como fazia antes, demonstrando desprazer com a presença do pequeno inquieto.

3º) Deus lhe abriu os olhos e ela viu uma fonte: A Bíblia não diz que Deus fez nascer uma fonte perto da mulher, ela narra que Deus abriu os olhos dela para ver o que já estava lá: a tão desejada fonte. Apesar do anjo estar lá, mostrando a água, Agar teve de ir encher  a vasilha e dar água ao filho moribundo- v.19. Nosso medo do futuro - que não conhecemos - bem como nossa falta de fé em Deus, nos faz ver com detalhes o gigante deserto, e nos cega para achar o oásis, mesmo que estejamos a alguns passos dele. No entanto, apesar de Deus nos mostrar os recursos, nós temos de nos posicionarmos e agirmos em socorro das crianças que esperamos por socorro. Deus ouve o choro dos pequeninos, envia seus agentes para salvá-las (hoje, seus agentes somos nós, a Igreja), nos mostra os recurso e nós temos que ir atrás delas com o auxílio necessário.

 A igreja é o único plano de Deus para a libertação dos povos: Nós somos os representantes legais de Deus na Terra, somos os seus embaixadores, somos a sua boca, as suas mãos e os seus pés. Is 1.10-18.

Que Deus nos dê amor e sabedoria para salvarmos as crianças de hoje, a fim de salvarmos a geração futura.


No amor de Cristo,

Leila Castanha

26/05/2024

 

domingo, 12 de maio de 2024

DEUS PODE SER CONHECIDO?

 

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TEXTO BÍBLICO: Os 6.3

Ao deus desconhecido - At 17. 18-23

Muitas pessoas, nos dias atuais, assim como os atenienses da época do apóstolo Paulo, adoram a Deus sem ao menos o conhecer. Algumas delas, assim como o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), embora não descreiam da existência de Deus, negam a possibilidade de alguém poder conhecê-lo, visto que Deus faz parte de uma dimensão diferente da humana. Para Kant, por exemplo, só podemos conhecer o que somos capazes de ver, ouvir ou experimentar.

Deus é incompreensível -  A impossibilidade de se compreender Deus era defendida pelos teólogos medievais, os quais costumavam citar a seguinte frase: “O finito não pode conter o infinito”.

O teólogo reformado contemporâneo, Sproul, dizia que “nada é mais óbvio que isso - um objeto infinito não pode ser comprimido dentro de um espaço finito”. Com essa afirmação, Sproul corrobora para a ideia de que é impossível compreender Deus, pois ele é um ser superior. No entanto, para conhecermos algo ou alguém não é necessário compreendermos tudo a seu respeito. Nós, seres humanos, por exemplo, não somos de todo compreendido, como é o caso do nosso DNA, que, sendo complexo, não é compreendido pela ciência, mas isso não exclui a possibilidade de sermos entendidos em outras dimensões do nosso ser.

Deus pode e quer ser conhecido: Os 6.3

Oseias alerta o povo de Israel a conhecer e continuar procurando conhecer o Senhor. Por outro lado, ele demonstra que Deus também quer se apresentar a nós, de modo que ele faz uma demonstração desse encontro entre quem procura a Deus e o desejo de Deus em encontrar-se com essa pessoa: “Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno e como as chuvas de primavera que regam a terra” - versão NVI

Deus é tão incompreensível à mente humana que, quando Moisés perguntou qual o nome pelo qual ele deveria apresentá-lo a Faraó, não havia um sequer que fosse capaz de identificá-lo, de modo que o Senhor disse-lhe: “Diga que eu Sou o que Sou” - Ex 3.14.

Apesar de não sermos capazes de compreender Deus, ele quer se manifestar a fim de seu povo o conheça. Leia - Dt 4. 29; 2 Cr 15. 2; 7.14

Deus é compreensível até onde ele se revelou: Jr 9. 23, 24

Em Jó 11.7, Zofar pergunta a Jó se ele é capaz de compreender os mistérios de Deus, e ele mesmo nega essa possibilidade ao apontar que os pensamentos divinos são complexos. Por outro lado, Deus diz em Jeremias (texto acima), que se alguém se gloriar, glorie-se em compreendê-lo e conhecê-lo. Claro que essa compreensão não é total, mas superficial, visto que em Is 40. 18, 25, o próprio Deus diz que não há nada que possa ser comparado a ele, ou seja, não há como compreendermos algo ou alguém que não temos uma dimensão a qual possamos comparar. O “compreender” aqui, diz respeito ao que foi revelado sobre ele, inclusive, o fato de não podermos mensurar seus pensamentos. Tal ideia faz sentido, visto que em Dt 29.29, o texto bíblico afirma que as coisas encobertas pertencem a Deus e as reveladas, a nós e a nossos filhos.

A mente de Deus é elevada demais para nós o compreendermos - Is 55. 8,9 demonstra quão distante são os pensamentos e os caminhos de Deus dos nossos. O apóstolo Paulo, ao falar sobre a mente de Deus, pergunta “Quem, pois conheceu a mente do Senhor?”, e, em seguida, ele tenta descrevê-la como “profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência”. Quanto aos juízos divinos, Paulo diz que são insondáveis (inexplicáveis), e em relação aos caminhos de Deus, o apóstolo aos gentios chama-os de inescrutáveis (incompreensíveis) - Rm 11. 33, 34

Há níveis de conhecimento de Deus: Embora ninguém possa compreender Deus em sua plenitude, nem o conhecer além do que ele se revelou, há gente que o conhece mais do que outros.

Conta-se a história de uma criança que queria muito conhecer o mar, e de tanto insistir sua mãe a levou para ver o oceano. A garotinha chegou na recepção do hotel encantada, dizendo que conhecia o mar. Um velho marinheiro vendo a empolgação da criança, aproximou-se dela e disse: “Eu também conheço o mar!”. Apesar de ambos conhecerem o vasto oceano, é óbvio que o conhecimento da menina era muito superficial em relação ao do velho marinheiro, pois ele teve experiências no oceano, enquanto a garotinha apenas observou de longe.

Assim também é a diferença entre quem tem experiências com Deus e quem apenas ouviu falar dele ou observou as experiências alheias. Dentro daquilo que Deus se revela nós podemos conhecê-lo, e, embora nossa compreensão dele seja baseada em exemplos humanos, para ele é importante que o compreendamos, mesmo que tão superficialmente, pois isso nos dará uma dimensão melhor para conhecê-lo. Compreendê-lo como um pai amoroso, uma mãe abnegada, um amigo fiel, um advogado justo, enfim, são dimensões humanas, logo não dá conta de compreender Deus como de fato ele é, mas isso nos ajudar a ter um parâmetro para conhecê-lo de modo que nossa mente alcance.

João tentou descrever Deus no Apocalipse, e nos parece bem estranhas as suas características. Assim também, um Deus que é fogo consumidor não é tão fácil de relacionarmos com o Deus Amor, ambos apresentados pela Bíblia. Ou seja, nós não conseguimos compreender Deus, apenas temos uma ideia com base naquilo que ele apresentou sobre si mesmo na história e nas páginas da Bíblia.

Jó estava frustrado por não compreender a mente de Deus:

O maior problema de Jó, não era o que ele estava passando, mas por que  ele não entendia o motivo de seus sofrimentos. Por mais que ele procurasse uma causa justa, ele não achava, então se frustrava.

Até que, ele desejou ter uma audiência com Deus para argumentar com ele, pois tinha certeza de que Deus não teria justificativas para deixá-lo sofrer sem motivo - Jó 23. 3, 4

Deus concedeu a audiência que Jó desejava (Jó 38.1-3) e começou lhe perguntando: “Quem é esse que obscurece o conselho com palavras sem entendimento?” Em outras palavras, Deus perguntou a Jó: “Quem é você que fala do que não entende?”

Depois de ouvir Deus lhe perguntar coisas que ele não fazia ideia de como respondê-las, Jó assumiu que não entendia nada da mente de Deus, e agora assumiu a posição correta, ele diz: “Eu te perguntarei e tu me ensinarás”. Em seguida, revela que agora ele  conhecia Deus de verdade, e antes só o conhecia de ouvir falar, e termina suas palavras dizendo que se menospreza e se arrepende por sua ousadia de tentar argumentar com a sabedoria divina  - Jó 42. 1-6

Jó entendeu que conhecer Deus pressupunha entender que não somos capazes de compreender sua mente, mas, ainda assim, podemos confiar nele inteiramente.

Aprendamos com Jó para não vivermos frustrados: ao invés de perdermos tempo tentando entender a mente de Deus, encurvemo-nos diante de sua sabedoria e confiemos nele de olhos fechados. 

 

No amor de Cristo,

Leila  Castanha 

05/05/2024

 

BIBLIOGRAFIA

LIMA, Leandro. As grandes doutrinas da graça - a Bíblia e o ser de Deus. São Paulo: Agathos, 2013