domingo, 15 de março de 2015

O QUE SIGNIFICA SER SALVO EM CRISTO?

Acredito que de nada terá proveito o estudo exaustivo de qualquer tema relacionado à Bíblia se não tivermos conhecimento sobre a chamada soteriologia, do grego soterion = salvação +  logia = ciência.  Soteriologia, então, é a “ciência teológica que se refere à salvação da humanidade, de sua redenção” (Larousse Cultural).
Embora muitos cristãos não deem muita importância a esse tema, não podemos nos esquecer  que nossa carreira cristã só tem sentido a partir da nossa salvação, pois sem ela nada do que fizermos terá valor algum. Esta afirmação partiu do próprio Jesus que ao ouvir seus discípulos gabarem-se pelo fato de realizarem prodígios e maravilhas no nome dele, respondeu-lhes: “Não vos alegreis porque os demônios se vos sujeitam, antes, alegrai-vos pelo o vosso nome estar escrito nos céus.” (Lc 10.20).
Além disso, o Evangelho (boas novas) que pregamos é chamado de “O Evangelho da Salvação” (Ef. 1.13) porque a salvação em Cristo deve ser a mensagem central a ser pregada ao Mundo. Salvação é o tema principal da Bíblia, por isso devemos entender o que significa essa palavra e a que se refere, para não sairmos por aí pregando a Palavra de Deus como um mensageiro sem mensagem.
Desde o princípio o plano de Deus era salvar a humanidade. Desde o Antigo Testamento (o antigo pacto de Deus com os hebreus), o seu plano era o de salvar o homem, conforme se vê, por exemplo, em Isaías 35.4: “Dizeis aos turbados de coração; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.” Este é apenas um dos turbilhões de textos do Antigo Testamento que trata da promessa de um salvador.
Quando finalmente Jesus se encontrou no mundo a intenção de Deus continuou sendo a de salvar a humanidade, pois foi Ele quem enviou o seu amado filho para tomar forma humana e morrer para nos resgatar do pecado, conforme observamos nas palavras do próprio Cristo: “O filho do homem veio salvar o que se havia perdido.” (Mt 18.11). A grande questão é: Pode o cristão pregar a salvação se ele mesmo não compreende esse plano de Deus? É óbvio que não.
Acredito que compreendemos bem esse assunto quando nos sentimos aptos a responder a estas quatro perguntas concernentes a salvação:
1.     O que significa o termo “salvação”?
2.     Do que preciso  ser salvo?
3.     Quem poderá me salvar?
4.     Como posso ser salvo?
Se você puder responder essas perguntas de forma genuinamente bíblica, então você compreendeu a doutrina da salvação, e está pronto a propagar o Evangelho de Cristo, que é salvação para todo aquele que crê (Rm 1.16). Lembre-se que a palavra Evangelho significa “Boa nova (boa notícia) ou boa mensagem.”
Muitas pessoas aceitaram a salvação de Cristo, mas na realidade não compreendem o que fizeram. Aceitar a salvação de Cristo não é simplesmente tornar-se membro de uma igreja. Não é apenas passar a viver uma vida vitoriosa, cheia de bênção e alegrias. Não se resume em viver em novidade de vida. Tudo isso é consequência da salvação, mas não é a causa da salvação. 
Vejamos, então, o que significa ser salvo por Cristo. Para ser bastante clara no que quero dizer, darei um exemplo para explicar o que é ser salvo por Cristo.
Suponhamos que você está numa feira de escravos, com as mãos e os pés acorrentados, e está prestes a ser vendido. De repente, alguém se aproxima de você e lhe pergunta: “Você gostaria de ser salvo?”.  É lógico que para lhe responder você precisa entender o que significa a expressão “ser salvo”.
Provavelmente, a primeira coisa que lhe virá à cabeça é que ele te oferece a chance de escapar de uma situação de perigo, ou seja, você corre o risco de ser vendido como escravo, e ao ser salvo estará livre desse risco.
E é exatamente isso o que significa a expressão “ser salvo”. Salvação significa “livramento”, logo, se você aceitar que o gentil cavalheiro da nossa historinha te salve é como se você lhe dissesse que permite que ele te livre da terrível situação a que você está exposto.
Segundo a enciclopédia Larousse Cultural, o termo salvar também significa “remir” ou “redimir”, e ambos significam resgatar. Quando Jesus nos oferece a salvação, ele o faz mais precisamente no contexto de remir ou redimir, isto é, nos resgatar, conforme nos afirma o texto a seguir: “Ele veio salvar o que se havia perdido.” (Lc 19.10). Observe que se Ele veio salvar “o que se havia perdido”, significa que alguém corria perigo. E qual era o perigo? Em Isaias lemos:
“Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nem os seus ouvidos agravados, para que não possa ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados escondem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.”
Observamos neste texto que corríamos o perigo de ficarmos para sempre separados de Deus. Após Jesus sacrificar-se por nós os nossos pecados não mais nos separam de Deus, pois João disse que se pecarmos temos um advogado para com Deus, Jesus Cristo, o Justo (1 Jo 1.2). E quanto a nossa condição de pecadores, através do sangue de Jesus, que nos remiu (resgatou do pecado), fomos justificados perante Deus, isto é, ele não nos vê mais como servos do pecado, mas como filhos. Leia Rm 5.1; Gl 4.7; Tt 3.7.
Para melhor entendermos o ato da salvação em Cristo darei outro exemplo: O filho de um comerciante muito rico foi sequestrado e o sequestrador mandou-lhe um bilhete dizendo o seguinte: “Estamos com seu filho. O valor do resgate é de um milhão de reais. Providencie o  dinheiro amanhã e indicaremos o local da troca.”
Sabendo que a palavra “resgate” significa “adquirir de novo”, podemos substituí-la pelo seu sinônimo e o recado ficaria assim: “Estamos com seu filho. O valor para você “adquiri-lo de novo” é de um milhão de reais. Providencie o  dinheiro amanhã e indicaremos o local da troca..”
Ou seja, o filho que estava ao seu alcance agora está sob o poder dos marginais que o sequestraram. Para trazê-lo de volta (resgatá-lo), você precisa pagar o que os bandidos exigem.
No início, lá no jardim do Éden, onde não havia ainda a penetração do pecado, a Bíblia afirma que Deus visitava o casal Adão e Eva (Gn 3.8). No entanto, a partir da desobediência do homem o pecado o separou de Deus (Is. 59.2) porque Deus aborrece o pecado (a palavra pecado significa “errar o alvo”, em outras palavras, “pecado” é a transgressão, ou seja, a desobediência às leis de Deus).
Uma vez que o homem pecou contra Deus, o objetivo divino era de resgatá-lo do pecado. Usando de figura de linguagem o diabo e representado pela figura do sequestrador que roubou o homem da companhia de Deus (seu pai), o pecado é a corrente que aprisiona o homem, o homem é a vítima (o sequestrado), e Deus é o comerciante rico que quer resgatá-lo, enquanto que Jesus veio ao Mundo, o pagamento para o resquate é o sangue de Jesus.  Por isso o apóstolo Pedro adverte os irmãos a valorizar a sua liberdade, dizendo-lhes não foi com prata ou ouro que foram comprados, mas com o precioso sangue de Jesus (1 Pe 1.18).
Ser salvo por Cristo implica em que o próprio filho de Deus, rebaixou-se a forma humana, e sofrendo como humano deu sua vida em resgate da nossa.
Uma vez entendido isso, fica mais fácil entendermos porque Jesus disse que ninguém pode vir a Deus se não for por Ele (Jo 14.6). Usemos mais uma vez o exemplo que dei acima sobre o sequestro do filho de um comerciante rico para melhor entendermos o que significa estas palavras de Jesus. Imaginemos que Deus é o pai do sequestrado, você é a vítima (o sequestrado) e Jesus veio trazer o valor do resgate (o seu sangue).
Sem o pagamento (o sacrifício do sangue de Jesus) não há resgate, sem resgate não chegaremos ao Pai celestial, por isso, sendo Cristo, o portador do resgate, ele afirmou que sem ele ninguém vai até Deus, afinal ele era o responsável por entregar o pagamento que nos libertaria. Se ele negasse estaríamos perdidos para sempre. Entendeu agora?
É por isso que Jesus não podia falhar em sua missão quando veio ao mundo. Mesmo perto da hora de seu sofrimento, ele pediu ao Pai que o livrasse de passar por aquela situação, mas entendendo sua posição de intermediário entre Deus e o homem, foi fiel até o fim, pagando com o seu sangue o preço da nossa redenção.
Paulo disse que a vontade de Deus é a nossa santificação (1Ts 4.3). Santificação é a separação do pecado, logo, foi com esse intuito que Deus enviou Jesus para fazer o pagamento pelo nosso resgate (o seu sangue em troca de nos resgatar do pecado), conforme nos indica a leitura de Marcos 10.45: “Porque o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos.”
Uma vez libertos do sequestrador, o tal bandido não terá mais domínio sobre o sequestrado. A mesma coisa o apóstolo Paulo afirma sobre as pessoas que viviam debaixo do pecado e quiseram ser remidas (resgatadas) por Deus, através do sangue de Jesus. Em João 8.36 lemos o seguinte: “Se, pois o Filho (Jesus) vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. E o apóstolo Paulo faz sua admoestação (advertência) dizendo aos irmãos da Galácia: “Irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então da liberdade para dar ocasião a carne” (Gl 5.13). Pedro, no entanto, faz outra advertência aos irmãos, dizendo-lhes para viverem como livres, no entanto como servos de Deus (1 Pe 2.16).
Nas palavras de Pedro, subtende-se outra coisa que muita gente desconhece: No mundo espiritual só existe dois senhores: Deus e o diabo (1Jo 3.10; 1Jo 5.19). Ao sermos resgatados do pecado (cujo senhor é o diabo), passamos, automaticamente, a servir a Deus. Em Romanos 10.9, o apóstolo Paulo coloca como condição para a salvação a confissão de que Jesus é o nosso senhor. Por outro lado quem não o confessa, indiretamente confessa-se servo do diabo, segundo o que escreveu João: “Quem pratica o pecado é do diabo” (1 Jo 3.8,10).
O pastor argentino Juan Carlos Ortiz diz em seu livro “O Discípulo” que ao aceitarmos ser salvos por Cristo não significa que ficaremos livres de “senhorio”, apenas trocamos de senhor, isto é, deixamos um senhor que nos sobrecarrega e passamos a servir outro cujo jugo é suave e o fardo é leve (Leia Mateus 11.29,30).
Deus nos resgatou do pecado (e consequentemente, do diabo, porque o pecado pertence a Ele), e ao aceitarmos a salvação enviada por Deus (o sangue de Jesus), aceitamos ao mesmo tempo servi-lo.
Sinto muito, mas você não pode ser seu próprio senhor. Por isso, Jesus designou seus discípulos a pregar o Evangelho, dizendo: “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.” Condenado a quê? A ser eternamente servo do adversário de nossas almas que nos subjuga através do pecado, e sofrer as consequências  dessa escolha (o inferno é uma delas, pois, segundo a Bíblia  ele é real).
 Ser salvo por Cristo significa servir a um senhor capaz de dar a sua vida em resgate da nossa, prometendo-nos levar de volta ao Deus Amor que nos oferece vida com abundância, pois, ao final de nossa vida terrestre, nos premia com um lugar de glória, o céu. Veja suas palavras descritas em apocalipse 3.20: “Eis que estou à porta, e bato; Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele, e ele comigo.”
 Jesus te dá a chance de aceitar seu senhorio em troca de te resgatar do pecado que te oprime. Ele já pagou o preço do resgate agora só depende de você responder a sua pergunta: “Você quer ser salvo?” É pegar ou largar.

Com amor,
Em Cristo Jesus,
Leila Castanha
03/2015


domingo, 1 de fevereiro de 2015

LUCAS, O EVANGELHO DO FILHO DO HOMEM



imagem extraída https://slideplayer.com.br/

Lucas era um médico gentio, ou seja, não era judeu, também era cooperador do apóstolo Paulo a quem acompanhou em suas viagens missionárias. Foi autor do livro que recebeu o seu nome, e também Atos dos Apóstolos (carta onde ele narra exatamente os atos, isto é, as ações dos apóstolos após a ascensão (subida) de Cristo ao céu). Leia At. 16.10; Cl. 4.14; 2 Tm 4.11;  Fm 24.
Lucas escreveu a um amigo chamado Teófilo. Sua primeira carta tinha por objetivo narrar o que Jesus fez enquanto andou na Terra, e a de Atos contava o que os discípulos de Cristo fizeram após Ele retornar ao Céu. Leia Lc 1.1-4 e At. 1.1,2 para melhor entender o propósito de suas cartas.
No capítulo 1 e versículo 3, Lucas trata a seu amigo por “excelentíssimo Teófilo”, e, segundo alguns estudiosos da Bíblia, “excelentíssimo” era um tratamento usado para oficiais.
Lucas julgou necessário escrever ambas as cartas não porque os gentios não haviam ouvido falar de Jesus, mas ele queria contar com pormenores, “por sua ordem”, as ações de Cristo (1.1), a fim de certificar a Teófilo a veracidade das histórias de que ele já ouvira falar sobre o Filho de Deus que se fez homem (v. 3,4).
No entanto, ele achou importante descrever sucessivamente os acontecimentos, começando pelo nascimento de Cristo (como ele veio à Terra), até sua ascensão (como saiu da Terra).  
É importante sabermos que Lucas não pertencia ao grupo dos discípulos que andaram com Jesus. Sua carta foi o resultado de pesquisas e entrevistas feitas aos que presenciaram a trajetória terrena do Filho de Deus (Leia Lc 1.2). 
Mateus e Marcos já haviam escrito cartas narrando a vida de Jesus na Terra. O primeiro escreveu aos judeus, e o outro aos romanos. Agora Lucas escrevia a um gentio, seu amigo, apresentando Jesus, não apenas como Deus, mas como homem.
Para os judeus era fácil ver o Cristo como Filho de Deus, afinal eles já estavam habituados com a existência de Javeh (Deus), e sabiam de sua promessa de enviar seu Filho. No entanto, os gentios não eram conhecedores desse Deus, e tudo o que sabiam sobre Ele baseava-se no que tinham ouvido falar. Era, portanto, mais fácil Lucas apresentar-lhes Jesus como o homem-Deus que se despojou de sua glória e viveu como um humano para nos mostrar a vontade de Deus. O nome Cristo vem do grego, e Messias origina-se do hebraico, mas ambos os nomes significam Ungido.
É importante salientar que somente Lucas (dentre os escritores dos evangelhos sinóticos) apresenta a história do nascimento de João Batista (primo de Jesus), a visita de sua mãe à prima Isabel (mãe de João Batista), e os detalhes do nascimento de Jesus, contando, inclusive, sobre o alistamento de seus pais em Belém. Era importante apresentar-se o parentesco de Jesus para confirmação de sua natureza humana.
Mateus, ao escrever para os judeus, tentou apresentar Jesus como o Rei que havia de vir. Os judeus já esperavam o Ungido de Deus que os livraria da opressão romana. Eles não creram que Jesus fosse esse rei porque ao invés de se rebelar contra o império romano ele ensinava coisas que pareciam denunciar  seu apoio ao governo tirânico dos gentios, como por exemplo: “Dai à César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mc 12.17).
Para provar que Jesus era o rei prometido por Deus Mateus escreveu sua carta começando pela genealogia de Jesus, a fim de mostrar a seus conterrâneos que a descendência dele estava de conformidade com as profecias.
Leia neste blog o estudo sobre “A importância da genealogia de Jesus” para entender melhor por que Mateus iniciou sua carta pela genealogia de Cristo.
Por conta de salientar que Jesus é o rei prometido por Jeová, o evangelista Mateus utilizou muito em sua carta expressões como “Reino dos céus” e “Reino de Deus”, conforme se pode observar em Mateus 3.2; 5.3; 6.10; 8.12; 18.23; 19.12; 19.23; 20.21; 23.13; 24.14 etc. A palavra Reino, neste livro, é proferida mais de 50 vezes.
Marcos, que escreveu aos romanos, teve por intenção apresentar Jesus como o Servo Perfeito, por isso faz todo o sentido ele ter começado sua carta narrando sobre a submissão do Filho de Deus em deixar-se batizar por um discípulo (João Batista). 
Também para enfatizar sua ação no ministério terreno, Marcos utilizou muito expressões como “logo”, a fim de mostrar Jesus como um ser em constante ação, cuja missão era a de servir (Mc 10.45). Para ter ideia de quantas vezes Marcos usa a expressão “logo” em seu  livro leia Marcos 1.10; 1.43; 2.2; 2.8; 2.12; 4.16  etc. Pesquise numa enciclopédia bíblica a palavra “logo” e você verá quantas vezes ela é utilizada por esse escritor.
Por sua vez, Lucas pretendia mostrar Jesus como homem, por isso constantemente referia-se a Cristo como “O Filho do Homem”. Ao usar essa expressão Lucas confirmava a natureza humana de Jesus, pois sendo Filho do homem também era homem, assim como indica a frase “filho de peixe, peixinho é”. Observe algumas passagens onde essa expressão é utilizada na carta de Lucas a Teófilo: Lc 5.24; 7.34; 6.5;  9.22; 9.26; 11.30; 12.8; 12.40;  etc.
O tema base do livro de Lucas, isto é, a frase na qual seu livro se baseia está no capítulo 19.10: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
Toda a narrativa de Lucas se propõe a declarar esta verdade: O motivo de Jesus encarnar-se e viver entre os homens era para salvá-los da condenação do pecado, reconciliando-os com Deus, por meio de seu sacrifício.
Lucas narra em sua carta a apresentação de Cristo no templo e conta as palavras de Simeão, que orando a Deus, agradeceu-lhe pelo privilégio de ter sido escolhido para fazer a apresentação do Salvador, dizendo: “...Os meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos, luz para alumiar as nações e glória de teu povo Israel. (Lc 2. 28-32)
Também escreveu que, ao falar sobre Jesus, João Batista (que era seu primo), revelou aos que estavam presentes que através do Cristo “toda a carne verá a salvação de Deus” (Lc 3.6).
Em sua carta a Teófilo, Lucas também lhe chamou a atenção em como Jesus dava preferência aos rejeitados. Ele narra histórias como as do bom samaritano e a de Zaqueu. Na primeira história há um homem de Jerusalém que a caminho de Jericó foi apanhado por ladrões (salteadores), os quais o roubaram e espancaram-no, deixando-o quase morto. Passou por ele um sacerdote e fingiu não vê-lo. Depois passou um levita, e vendo-o passou de largo. Por fim, um samaritano que passava por ali, vendo-o foi até o ferido e o socorreu levando-o para um lugar onde pudessem tratar dele.
 Observe que a importância dessa história está no fato de que o sacerdote era símbolo do religioso, o levita, dos conhecedores da lei de Deus, e o samaritano pertencia a um grupo de israelitas odiados pelos judeus. Mas foi este quem socorreu o pobre homem, mesmo sendo o moribundo pertencente aos seus inimigos.
Na narrativa sobre Zaqueu, que era um judeu publicano (cobrador de impostos para o império romano), e por conta de seu ofício era odiado pelos seus compatriotas, mesmo contra a vontade da população que chamava Jesus de pecador por comer com aquele a quem consideravam pecador, Cristo respondeu-lhes: “Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” (Lc 19.9,10).
Que bonito quando lemos o livro de Lucas, imaginando Teófilo lendo estas histórias. Que reconfortante para um gentio (que eram desprezados pelos judeus ortodoxos), ver Jesus defendendo os rejeitados, e acolhendo gente de toda nacionalidade, assim como aqueles considerados como o pior pecador. 
Lucas mostrou que Jesus, o Filho do Homem, era um personagem sensível. Ele contou a história sobre o dia em que Jesus chorou ao ver a situação de seus conterrâneos, cujos corações estavam fechados para a salvação que veio ofertar-lhes. E o evangelista Lucas narra que, ao ver a cidade de Jerusalém Jesus chorou sobre ela (Lc 19.41).
Que prova mais contundente da humanidade de Cristo Lucas poderia dar a seu amigo? Um homem que ao sentir a rejeição era capaz de chorar, não apenas por ter sido rejeitado, mas ao pensar no alto preço que seus conterrâneos haveriam de pagar por não aceitarem que ele pagasse o preço de seu resgate!
Tente ler o livro de Lucas, imaginando Teófilo lendo esta carta, mas não se esqueça de que este homem era um gentio, não era familiarizado com o Deus de Israel, e seu amigo Lucas estava contando a vida de Jesus, como o Deus que se fez homem e como ser humano passou 33 anos na Terra, ajudando as pessoas a libertarem-se de seus males e a se reencontrar com o Pai. O evangelista Lucas mostra a Teófilo, por meio de sua carta que, embora sendo homem, Jesus se deu como exemplo para ser imitado por todos quantos queiram ser seus discípulos.
Se você nunca leu esse livro que faz parte dos sinóticos (os evangelhos compostos pelos livros de Mateus, Marcos e Lucas), eu te aconselho a começar a lê-lo, pois para mim, o livro de Lucas é um dos mais detalhados nas narrativas, e gosto da maneira como esse evangelista (escritor dos Evangelhos), conta a história de Jesus na Terra.
Boa Leitura!

Fique na paz do Senhor Jesus!

Leila Castanha

02/2015


quinta-feira, 19 de junho de 2014

COMO DEVO ORAR



O que é orar?
Do latim orare, essa palavra tem o mesmo sentido de prece ou súplica a Deus. Em termos mais simples, orar é conversar com Deus, para agradecer-lhe, pedir-lhe, confessar-lhe, interceder por alguém etc.
Apesar de muitos já compreenderem isso, alguns se perguntam se há algum tipo de ritual ou hábito no momento de oração. A resposta é NÃO. Falamos com Deus com a mesma naturalidade com que falamos com o nosso próximo. No entanto, a Bíblia faz algumas observações para que a nossas orações sejam atendidas por Ele. Apesar de enumerá-las para maior facilidade na leitura, isto não quer dizer que tais itens devem ser seguidos consecutivamente.
 Assim sendo, copiarei algumas exigências bíblicas para a oração ter efeito positivo. A começar pela epístola aos hebreus (11.6), conforme podemos observar a seguir:  “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; Porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos que o buscam.”
Observamos neste texto bíblico três pontos cruciais para Deus atender as nossas orações: 

1. Ter fé: O mesmo escritor (não sabemos quem escreveu a carta aos hebreus), nos esclarece o conceito de fé, dizendo: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem (Hb11.1)
O que você sentiria se um filho ou um amigo seu lhe pedisse dez reais, e antes da sua resposta ele dissesse: “Estou lhe pedindo que me empreste dez reais, mas sei que você não irá me arrumar”?
Se fosse comigo eu pensaria o seguinte: “Se você sabia que eu não iria lhe arranjar o dinheiro, então por que se deu ao trabalho de me pedir?”
O mesmo aconteceria se eu fosse uma médica, e após atender  meu paciente e receitar-lhe os devidos medicamentos, ele me dissesse:
“Desculpe-me, doutora, mas não irei tomar esses remédios porque não confio no seu diagnóstico.” Para que, então, o tal paciente tomaria o meu tempo, se não confia em mim como médica?
Assim, muitos de nós agimos para com Deus, vamos até Ele, porém não acreditamos que Ele poderá resolver nossos problemas ou satisfazer nossas ansiedades. Agimos como aquelas pessoas que dizem: “Só acredito vendo!”
 O problema é que o escritor aos hebreus diz que para agradar a Deus é preciso ter fé, e ter fé é acreditar que Deus me atenderá, e ter tanta certeza disso de forma que você se sente arraigada no “firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.”
Isto é, devemos ter certeza que receberemos o que pedimos a Ele, e sentirmo-nos como se já houvéssemos recebido mesmo antes de ver a resposta concretizada.

2.    Crer que Ele existe: Uma vez explicado o que é a fé percebemos que se orarmos a Deus sem acreditarmos que Ele existe nossa oração não fará diferença alguma. Ninguém em sã consciência conseguirá manter contato com outro ser em cuja existência não acredite, mas que o vê apenas como fruto da imaginação infantil ou como uma lenda cultural.
Prova disto é que, quando a criança ou o adulto descobre que Papai Noel não existe até pode, por ocasião do natal, escrever-lhe uma cartinha pedindo-lhe um determinado presente. Todavia, ele têm consciência de que quem atenderá o seu pedido é uma pessoa real, de carne e osso, e não o bom velhinho. Alguns fingem acreditar em sua existência para entrar no clima das festividades natalinas, a fim, exclusivamente, de alcançar o que desejam do suposto Papai Noel.
Mas com Deus isso não funciona: O escritor aos hebreus diz que “é necessário que creia que Ele existe”.

3-    Crer que ele recompensa os que o buscam:  Aqui observamos duas coisas:
a.    O que ora a Deus deve crer que ele recompensa (é galardoador);
b.    Ele recompensa os que o buscam.
A palavra “galardoador”, quer dizer “aquele que dá galardão”. Galardão é prêmio ou recompensa. Assim, o escritor aos hebreus diz que devemos crer que Deus premia ou recompensa os que o buscam.
De nada adianta orarmos a Deus se não cremos que ele recompensará nossa busca por Ele. Além disso, devemos ter em mente que Ele só recompensa àqueles que o buscam, não as pessoas que o procuram como analgésico na hora da dor.
Em Mateus 7.7,8, o próprio Jesus ensinou que Deus atende a oração daqueles que pedem, buscam e batem, isto é, os que insistem em oração. No livro de 1Crônicas 7.14, no Antigo Testamento (O Antigo Testamento era o antigo pacto de Deus com o homem), lemos as palavras do próprio Deus ao seu povo: “E se o povo que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se  converter do seus maus caminhos, eu o ouvirei do céu...”
Dentre outras coisas, Deus exige que aqueles que se dizem povo dele o busquem em oração.
É bem verdade que a maioria dos crentes não acha dificuldade crer que Deus existe, afinal, não seriam crentes se não cressem (A palavra crente significa “aquele que crê”). No entanto, muitos encontram grande dificuldade em acreditar que Deus realmente recompensa a sua busca.
O problema disso está no fato de que, ao não se crer que haja recompensa em buscar-se a Deus, o cristão fica sem motivação de orar. E sem oração (momento em que o homem fala com Deus), não haverá resposta de Deus, pois ele recompensa aos que o buscam, conforme já vimos acima.
Um dos exemplos disso está registrado em Êxodo 3.9,19; 14.10,14. Crendo na existência e no poderio de Deus, os hebreus oraram por libertação da escravidão do Egito, no entanto, na hora de provarem que sabiam que Deus lhes recompensaria por buscá-lo, eles foram reprovados.
Passaram a lastimar-se para Moisés, dizendo-lhe que antes tivessem continuado escravos, pois lá no Egito comiam do melhor, e Deus apenas os levou para morrer no deserto. Ou seja, os hebreus acreditavam mais na recompensa do seu opressor, Faraó, do que no amor de Deus.
 Isso fez com que o Senhor se irasse de tal maneira contra eles, que não lhes permitiu entrar na Terra Prometida. Para que não dissessem que Deus puniu os hebreus (nome dado aos antigos judeus) porque não conseguiu cumprir sua promessa, O Senhor permitiu que os filhos daquele povo herdasse a Terra em lugar deles.
Costumo usar o seguinte exemplo para falar sobre a nossa falta de confiança na lealdade divina: Às vezes agimos com Deus como pessoas que apresentam suas causas trabalhistas à justiça falha do nosso país, a qual leva anos para julgar uma causa, e por conta da falta de fé nas leis brasileiras desistem de lutar por seus direitos.
Alguns, apesar de saber que existe o órgão da justiça para resolver os seus impasses, preferem deixar para lá, ou começam o processo, desistindo dele no meio dos trâmites, por não acreditarem que seus pedidos serão levados a sério.
É exatamente assim que acontece conosco. Sabemos que Deus nos dá direito de levarmos a ele nossas ansiedades (1 Pe 5.6,7). Porém, ao não acreditarmos que Deus se importa com os pedidos que lhe apresentamos, nossa falta de fé influenciará em nossa percepção sobre a fidelidade divina, e nos fará entregar os pontos, levando-nos a desistir de buscá-lo em oração.
No texto acima, Pedro deixa claro que devemos nos humilhar perante  Deus (depender de alguém é humilhante), no entanto,  o citado apóstolo garante que a seu tempo (no tempo de Deus) Ele nos exaltará.
Essa crença é fundamental para sermos atendidos em nossas petições a Deus.
Uma coisa eu aprendi durante o meu tempo de cristã: Deus nunca se esquece daquilo que entregamos em suas mãos.
Todavia, na nossa fraqueza, temos agido como o povo de Israel em face às dificuldades.
Muitas vezes, achamos mais conveniente crermos no diagnóstico médico do que no  médico dos médicos que promete ouvir nossas súplicas e curar-nos; Cremos mais na justiça humana, que é falha, do que na fidelidade divina em enxugar nossas lágrimas; Cremos  mais na força da tempestade do que no Senhor que domina a natureza, e assim por diante.

HOMENS QUE CONFIARAM NA RECOMPENSA DIVINA
Apesar de tantos exemplos negativos haviam aqueles que criam que Deus é leal com os que o buscam. Dentre eles, encontramos o salmista Davi, que angustiado diante das aflições que o afligiam orou em agonia:
“Por que estás abatida ó minha alma? E por que te perturbas dentro de  mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei.” (Sl 42.3,10, 11) (grifo meu).
O mesmo Davi, certa vez, orando, confessou a Deus: “...Tu, Senhor, nunca desamparas os que te buscam.” (Sl 9.10) (grifo meu)
Não é a toa que a Bíblia diz que Davi era o homem segundo o coração de Deus. Deus ama os que não desconfiam de sua fidelidade!
Jesus, ao orar, nos deixou o exemplo. Enquanto falava com Deus, em oração, ele disse-lhe: “Pai, eu bem sei que sempre me ouves.” (Jo 11.41,42) (grifo meu).
O escritor aos hebreus (10.22) também advertiu aos irmãos que deviam orar a Deus “Em inteira certeza de fé” (grifo meu).
 O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, disse-lhes: “Eu sei em quem tenho crido, e que é poderoso para guardar o meu depósito” (2 Tm 1.12) (grifo meu).
Isto é, Paulo só cria que Deus guardaria aquilo que depositou nele.
Um determinado 1escritor exemplificou esse versículo da seguinte forma:
“Se você tivesse sentado num terminal de aeroporto com sua maleta ao lado e ao afastar-se um momento para conversar com alguém, o que você faria se alguém houvesse roubado a sua bagagem?
Você poderia dirigir-se ao balcão e pedir que a mandassem procurar. A resposta seria provavelmente negativa. Se a maleta estava com você, e você a perdeu, não havia por que recorrer à empresa aérea. Mas, por outro lado, se você já houvesse registrado-se no balcão e constatasse, na chegada, a falta da sua  bagagem, você teria todo o direito de recorrer à transportadora, que logo iniciaria a procura da maleta perdida. Assim, a empresa aérea só é responsável por aquilo que lhe foi confiado.” (p.61)

Resumindo: Devemos orar com fé, crendo que Deus existe e que ele é galardoador (recompensador) dos que o buscam. E não podemos nos esquecer que Deus só resolve aquilo que entregamos aos cuidados dele. Leia as palavras do salmista abaixo:
“Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará” (Sl 37.5)
Observe que o primeiro passo é “entregar” para ele, e depois confiar nele.
Portanto, se assim fizermos, poderemos orar a Deus com a mesma certeza de Davi: “Ó tu que ouve as orações...” (Sl 65.2)

Com amor fraternal,
Em Cristo,
Leila Castanha


1Ravi Zacharias. Do coração de Deus – Editora Textus.





A SANTA CEIA DO SENHOR


   Devido à falta de compreensão das igrejas atuais sobre o real significado dessa solenidade instituída por Jesus Cristo alguns líderes religiosos não dão a importância devida a celebração da santa ceia, e por isso incluem-na em cultos corriqueiros e chegam até, com o passar do tempo, a excluí-la de seu cronograma, julgando não ser necessário os símbolos determinados por Cristo: o pão e o vinho, utilizados com a finalidade de os cristão lembrarem-se do sacrifício de Cristo. No entanto, procuraremos mostrar, biblicamente, a importância desta cerimônia para a Igreja.
   Observaremos que este cerimonial é como um rio muito profundo, e que a compreensão de seus símbolos (pão e vinho), como memórias da carne e do sangue de Jesu equivale a estarmos apenas à margem desse rio, o que nos indica que temos muito a mergulhar em busca de um conhecimento mais apurado em relação a esse tema, como por exemplo, dos porquês do uso de tais elementos para o referido ritual simbólico.
   Vejamos, então, algumas das diversas significações do ato da Santa Ceia do Senhor:
1)           Representa unidade em Cristo:  De acordo com a Enciclopédia Larousse Cultural, Unidade quer dizer "qualidade do que é um ou único (por oposição a pluralidade)”.
   O desejo de Jesus sempre foi haver unidade em sua Igreja , e por isso antes de ele subir  orou ao Pai para que isso fosse possível (Leia Jo 13.35; 17.20,23)

A)          Por que Jesus fez essa oração?
   Porque ele sabia que sua Igreja cresceria, devido à propagação do Evangelho, e se não houvesse essa unidade, uma vez que alguns foram para Ásia, outros para a Judéia, enquanto que outros espalharam-se para as mais diferentes regiões do globo terrestre,  com o passar do tempo o povo se dividiria. O apóstolo Paulo também advertia aos irmãos sobre manterem a união em Cristo (1 Co 10.17; 12.25,26; Ef. 4,3-6).

B)           Por que precisamos cear na Igreja?
   Em primeiro lugar, porque Jesus assim determinou. Foi ele, o grande Mestre, que a seu exemplo, ordenou que os discípulos continuassem essa tradição em memória de sua morte sacrifical pela humanidade (Lc 22.14-20).
     Todavia, por trás dessa ordem havia propósitos, conforme veremos  a seguir:

1-           A  Ceia do Senhor visa o ajuntamento do povo cristão
   A ceia constitui um momento em que todos participam de uma cerimônia, em conjunto. Tanto alimentamos nosso corpo, como também fortalecemos nosso espírito pelo ato de comunhão, tendo, todavia, como primazia o alimento espiritual, conforme indica o apóstolo Paulo, no texto a seguir: “Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação.” (1 Co 11.34)
   Um dos propósitos de Cristo ao ordenar essa cerimônia solene era o ajuntamento dos  cristãos, conforme lemos em 1 Co 11.33: “Quando vos ajuntais para comer esperais uns pelos outros”.
   Um dos grandes problemas que enfrentamos nos dias modernos é que a internet tem substituído as visitas físicas por bate-papos online. Precisamos nos reunir mais com nossos entes e amigos queridos a fim de estreitar nossos laços por meio do ajuntamento.

2-           Reunir-se à mesa, é um ato de comunhão
   Embora na cultura ocidental não se dar importância ao ajuntamento da família em volta da mesa, na cultura hebraica, sentar-se à mesa com os membros da família era algo  valorizado porque significava comunhão.  Leia os textos a seguir para compreender esse pensamento cultural do povo hebreu:
   No Salmo 141.4, o salmista pede a Deus que não permita que ele venha a comer das delícias (da  mesa) dos que praticam o mal. Em  2 Samuel 9.7, Davi, querendo mostrar que Jônatas era bem vindo a sua casa, promete-lhe que sempre comerá à sua mesa. Em 1corintios 5.11, o apóstolo Paulo exorta aos irmãos de Corinto que não se associem a lista de pessoas que ele descreveu, nem sequer comam com eles. Em Mateus 9.11 e Lc 15.2, os evangelistas contam que  os judeus se escandalizavam porque Jesus se dizia Filho de Deus e comia à mesa de pecadores.
   Percebe o quanto isso representava para a cultura judaica? Comer com alguém é o mesmo que dizer que estavam em comunhão, isto é, em comum acordo.

3-           Comer o pão é símbolo de pertencimento à família
   O ato de partir do pão entre os judeus ortodoxos (conservadores) também tem significado. Conforme a narrativa do 1bispo Roberto, ao sentarem-se à mesa para uma refeição, no lugar de orarem agradecendo pelo alimento, o chefe da família parte o pão e oferece um pequeno pedaço a cada membro. Os que não pertencem a sua família não recebem porque aquele pedaço de pão simboliza que as pessoas que os comeram fazem parte do seu corpo. 
   O mesmo sentido existe quando os cristãos reunidos “à mesa de Cristo” recebem o pedaço de pão e come-o. Anunciamos que fazemos parte do mesmo corpo, isto é, do corpo de Cristo (a Cabeça do corpo, ou seja, o líder da família cristã).

4-           Partir o pão - Ato de compartilhamento
   Como já compreendemos anteriormente, tudo o que Cristo ensinou possui algum aprendizado implícito. Compartilhar é a palavra chave para esse mandamento do partir o pão.  Em Isaías 53.5, o profeta diz que “Ele foi moído pelas nossas transgressões”, isto é, foi feito em pedaços.
   Parece que o escritor queria dizer que Jesus dividiu-se em pedaços para que todos nós participássemos dos benefícios de seu sacrifício. Jesus, ao servir a primeira ceia como símbolo de sua morte, partindo o pão, ofereceu-lhe aos seus discípulos, dizendo-lhes: “Esta é a minha carne que é partida por vós”.
   Se o sacrifício pelo pecado fosse feito no Antigo Testamento, cada ofertante teria que trazer sua própria oferta sacrifical, mas no Novo Concerto que Deus fez com o mundo, Cristo foi moído por nós, isto é, sua carne foi partida por nós para que cada um pudesse servir-se dela a fim de serem salvos.
   Ele fez um  único sacrifício que foi dividido por todos. Por isso Jesus nos advertiu de que o mesmo pão seja partido e repartido dentre todos, da mesma forma que confirma  o apóstolo aos gentios (Paulo):  “Todos participamos do único pão” (1 Co 10.17).

5-           A mesa do Senhor é símbolo de igualdade
   Assim como na tradição judaica, todos os que participam da mesa, na condição de membro do corpo de Cristo, são servidos igualmente. Não há acepção para o chefe da família (Cristo), mas todos recebem o pedaço do pão como reconhecimento de que pertencem ao mesmo corpo. Daí se faz entender as palavras paulinas:
“E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis  longe, e aos que estavam perto; Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus.” (Ef 2.17-19).
   Sendo todos reconhecidos como da mesma família, agora, como simbolismo, participamos do mesmo pão que é repartido para todos igualmente.

2) A Santa Ceia representa uma celebração do amor
    A Palavra “Santa” já explica tudo, uma vez que significa “Separada, Sagrada”. Não é uma ceia qualquer, mas uma reunião diferente das demais em que nos juntamos para comer e congratulamo-nos. É tão diferente que Paulo exorta aos irmãos de Corinto que não devem ir a essa solenidade com a intenção de encher a barriga, mas “Se alguém tiver fome, coma em casa” (1 Co 11.34).
   Percebemos nesse versículo que embora devamos participar do pão e do vinho, a Santa Ceia do Senhor não tem como propósito matar  nossa fome física, mas nos lembrar da sua morte em sacrifício pela nossa salvação. Não é o ato de comer que importa, mas nosso ajuntamento e nossa comunhão uns com os outros, conforme nos afirma os versículos 20-22:
“De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor. Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se; Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto  não vos louvo.”
   Observe que o apóstolo aos gentios enfatiza que se fosse para comerem e beberem a vontade deveriam fazer isso em suas casas. O que importava nessa celebração era a mostra do amor pelo próximo, isto é, a união entre eles, que não permitiria que uns comessem demais, enquanto outros padecessem fome.

 3)  Ato de lealdade ao chefe da Igreja (Cristo)
   Certa feita Jesus disse aos seus discípulos: “Vós sereis meus discípulos se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15.14). Ao falar sobre a Santa Ceia do Senhor, o apóstolo Paulo repreende  os irmãos de Corinto, iniciando sua fala com as seguintes palavras: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...”.
  Isto é, ele estava ordenando exatamente o que o Mestre ordenara, estava sendo leal a Cristo. A palavra Sacramento (também utilizada para a Santa Ceia),  deriva do latim que, traduzido, corresponde a “juramento”. Assim, participar da Santa Ceia do Senhor é ser leal ao juramento que ele confiou aos seus discípulos que se baseia em ajuntarmo-nos para, por meio dos símbolos (pão e vinho), lembrarmo-nos da Sua morte até que Ele venha. (Lc 22.17-20; 1 Co 11.26).
Espero tê-lo ajudado a melhor compreender a importância dessa cerimônia, tão ignorada por muitos, mas igualmente, tão importante para aqueles que desejam de coração fazer a vontade do Mestre, vivendo em concordância com os seus ensinamentos.
Que Deus continue te abençoando e o seu Santo Espírito venha esclarecê-lo mais e mais.

Com amor fraternal,
Em Cristo Jesus,
Leila Castanha

14/06/2014



1ROBERTO, BISPO. A Presença Real - Rio de Janeiro: Carisma, 1981.




A FUNÇÃO DO ESPÍRITO SANTO


Desde o momento em que aceitamos a Jesus como nosso Senhor e Salvador o Espírito Santo passa a habitar em nós, por isso é de suma importância que conheçamos melhor este Ser que faz parte da divina trindade, que além dele é composta pelo Pai e pelo Filho (Jesus).
Paulo, em 1Co 3.16 e 6.19, diz que o Espírito Santo habita em nós. Embora sua presença no crente não o torne de imediato crente espiritual, sem ele não conseguimos produzir o fruto descrito em Gálatas 5.22 em diante. Os irmãos coríntios, segundo Paulo afirmou, haviam recebido o Espírito Santo, e, no entanto,  o apóstolo os chamou de crentes carnais.

QUEM É O ESPÍRITO SANTO?
De acordo com as palavras de Jesus, registradas em João 14.16, o Espírito Santo é o “outro Consolador”,  e fora enviado pelo próprio Cristo. O termo “outro”, no original grego é allos, e quer dizer “outro do mesmo tipo”. 
Heteros, outra forma grega de designar o pronome “outro”, difere-se de allos porque significa “outro de tipo diferente”. Isto significa que sendo allos e não heteros, o Espírito Santo é outro Consolador do mesmo tipo que Jesus
Sabemos que Cristo era uma pessoa, isto é, alguém que manifesta qualidades como intelecto, sentimentos e razão, ou, de acordo com a Enciclopédia Larousse Cultural, pessoa é “alguém que é capaz de gozar de direitos e de contrair obrigações”, coisas que uma força ativa, como o vento, por exemplo, não pode fazer.
O Espírito Santo é uma pessoa porque, segundo a Bíblia, encontramos qualidades de pessoas  nele, como se pode ver a seguir:
·        Ele convence (Jo 16.8; 1Co 6.19; 1Jo 2.1,27)
·        Leva o homem a Deus (Ef 2.16);
·          Fala (At 4.3); 
·         Impede (At 16.6);
·           Ensina (Jo 14.26; 1 Co 2.13;Observe  o texto de Lc 12.11,12);
·              Guia ( (Lc 4.1; At 8.29; 16.7);
·         Inspira (2Tm 3.16);
·        Intercede (Rm 8.26 ,27);
·        Justifica (1 Co 6.11);
·         Revela (Ef 3.5);
·        Entristece-se (Is 63.10; Ef 4.30)
PARACLETO: O termo Paracleto, conforme se vê no original grego, foi traduzido por Consolador. No grego, Paracleto significa “aquele que dá força" ou “aquele que encoraja”.
Esta é exatamente a função do Espírito Santo: Encorajar-nos, nos dar força, estar ao nosso lado para nos ajudar, a fim de vivermos de modo prático os ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo.
O sentido do vocábulo Paracleto é também traduzido por advogado, conselheiro, consolador, fortalecedor, socorro, aliado e amigo. A mesma palavra (Paracleto) que foi usado em João 14.16, e traduzida por “Consolador”, também foi usada em 1 João 2.1 em relação a Jesus, sendo traduzida por “advogado”. O que indica ser ele uma Pessoa, não uma força ativa, como querem alguns.
Além disso, podemos entender o Espírito Santo como sendo uma pessoa porque, além das provas já mencionadas, e de acordo com estudantes do grego, o pronome aquele (no grego ekeinos) que foi atribuído a Ele em João 16.8,13 e 14, é usado para designar pessoas.

A  AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO
Observação: O Antigo Testamento era a época em que o testamento (O pacto ou o acordo) de Deus era válido, exclusivamente, para o povo de Israel. Os povos das demais nações (chamados de gentios) não faziam parte desse pacto.
Embora a pessoa do Espírito Santo não apareça muito na história do Antigo Testamento, vimos que desde a fundação do mundo Ele já estava presente: “O Espírito do Senhor pairava sobre a face das águas”. (Gn 1.2). Também observamos sua atuação na vida de algumas pessoas velho-testamentária (da época do Velho Testamento), em exemplos que veremos a seguir.
Apesar de ele estar presente naquela época, sua ação era esporádica (isto é, rara). Ele só agia raramente porque, embora pudesse habitar com os servos de Deus não estava neles, apenas apossava-se deles quando se fazia necessária a intervenção divina.
Assim, quando Deus designava alguém para executar uma missão especial, o Espírito Santo se apoderava daquela pessoa, pois desde o início sua função era dar força e encorajar os homens a fim de cumprirem as ordens de Deus com sucesso.
Assim como hoje, Ele condicionava a pessoa a cumprir seu ofício e executar a missão que Deus lhe confiara, todavia, após a execução do trabalho proposto pelo Senhor, o Espírito Santo se retirava do homem. Podemos observar isso nos exemplos a seguir:
 No momento da unção de Saul a rei de Israel, o Espírito do Senhor se apoderou dele a fim de capacitá-lo e fortalecê-lo para sua missão. Mais tarde, quando já era rei, ele precisava lutar pelo povo, e o mesmo Espírito se apoderou dele (1Sm 10.6; 11.5,6).
 A mesma coisa aconteceu com Sansão (Jz 13.25;14.6,19).Também com Gideão (Jz 6.34), e Bezaliel também teve essa experiência (Ex 35.30-35);
Davi bem sabia quanto era importante a presença desse Ser extraordinário, pois  ao ser ungido rei contou com a  possessão do Espírito Santo sobre ele, conforme nos indica o texto de 1Sm 16.13. Foi o Santo Espírito quem o condicionou a vencer, o até então, maior guerreiro de Israel (o rei Saul).
Dessa forma observamos que, embora não fosse algo constante, as poucas vezes em que o Espírito Santo agia através do ser humano era com o intuito de capacitá-lo, fortalecê-lo ou encorajá-lo a cumprir as determinações divinas.
Sabendo Davi que era o Espírito de Deus quem o fazia forte, certa vez ao confessar sua agonia por ter pecado contra Deus ele clamou ao Senhor angustiado: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e não retire de mim o teu Espírito Santo” (Sl 51. 11).
O apóstolo aos gentios (Paulo), também compreendia a importância vital que esse personagem tinha na vida dos cristãos, de maneira que advertiu os irmãos efésios (4.30): “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.”

O ESPÍRITO SANTO NA ÉPOCA DOS APÓSTOLOS
Nessa época, estando Jesus na Terra juntamente com eles, o Espírito Santo não se fazia necessário habitar neles, apenas estava com eles. Em João 14.17, na última parte do versículo lemos as palavras de Cristo: “... Mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.
Preste atenção: Habita (presente) e estará (futuro). Esta promessa (de o Espírito Santo estar nos discípulos) foi cumprida quando Jesus estava prestes a subir ao céu e comissionou seus discípulos enviando-lhes a continuar sua missão, e ao encerrar suas orientações, disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.21,22). Agora, aquele Espírito que antes estava com eles, passou a estar neles.

A MISSÃO DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DO HOMEM
 Em João 20.22, lemos que “Jesus soprou em seus discípulos e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. O verbo “soprou” (no grego, emphusao) usado nesse texto é o mesmo verbo usado em Gn 2.7, onde diz que Deus soprou no nariz de Adão o fôlego de vida e o fez alma vivente. É também o mesmo verbo usado em Ezequiel 37.9: “Assopra sobre estes mortos para que vivam”.
O uso que João faz desse verbo indica que Jesus estava lhes dando o Espírito a fim de lhes produzir vida. Assim como soprou no homem lhe dando vida física, também soprou nos discípulos para lhes trazer vida espiritual.
Esta é a ação do Espírito Santo em nós, produzir vida espiritual, porque o homem natural não consegue por si mesmo produzir fruto digno de arrependimento, isto é obra do Espírito Santo, conforme Paulo afirma em Gálatas 22.5. 
O papel do  Espírito Santo hoje é nos dar força, visto que “Ele nos ajuda nas nossas fraquezas” (Rm 8.26). Também sua função abrange nos preparar e condicionar para o trabalho para o qual o Senhor  nos chamou, suprindo-nos com os dons que ele dá a cada um, e auxiliando-nos a manter a pureza (santidade) para viver em santificação, como noiva imaculada, aguardando o Noivo (Cristo) que um dia virá buscá-la (Leia 1 Co 12.4-11,27).
Que esse maravilhoso Ser que faz parte da divina Trindade possa ajudá-lo cada dia a aprofundar-se nas profundezas das riquezas de Cristo, escondidas nos recônditos de sua Palavra. 
Abra a sua Bíblia e comece a procurar por este maravilhoso tesouro escondido em suas páginas que o levará as mansões celestiais, junto a Cristo Jesus.

No amor de Cristo,
Leila Castanha
15/06/2013